Entre Margens

Nunca serei a melhor pessoa para falar dele, até porque não sou a maior adepta de ciclismo. Só que por força maior, isto porque o meu pai é completamente o oposto de mim nesta questão, vou sabendo algumas coisas e alguns nomes importantes. O Rui Costa sempre foi um desses casos que acompanhei de perto. E mesmo que esta modalidade não seja, de todo, a que mais me faz vibrar e ficar com o coração nas mãos, há atletas que merecem todo o meu respeito e força. Como é o caso! 

Habituei-me a sentir um bocadinho este mundo, volto a reforçar, por culpa do meu pai que é capaz de estar um dia inteiro a ver ciclismo, mas também por culpa deste grande senhor. Natural da Póvoa do Varzim, é já uma das maiores referências no ciclismo português. E o mais interessante é que, segundo ele, preferia o atletismo, mas como o pai o «chateou» tanto «foi parar às bicicletas» (saber mais aqui). É caso para dizer: abençoado pai. Acredito que o atletismo ganhasse com esta aquisição, mas o certo é que o ciclismo sairia a perder. Por mais voltas que a vida dê, sinto que as pessoas acabam por fazer aquilo para que foram fadadas. E o destino dele, por esta ordem de ideias, era conquistar o mundo através de pedaladas velozes que o fazem chegar mais longe. Hoje foi só mais uma prova do seu enorme talento. 

É impossível ficar indiferente à conquista e à emoção deste guerreiro quando, no lugar mais alto do pódio, ouviu o nosso hino e se comove. Isto é sentir Portugal da forma mais bonita que eu conheço. E tenho o maior orgulho por saber que foi um português a trazer a taça e a dar-nos, mais uma vez, uma grande lição. Contra mim falo, pois sou uma apaixonada por futebol, mas o nosso país não tem só glórias com uma bola nos pés. Com uma bicicleta também é possível. 

A nossa história ficou mais preenchida e o nosso coração aumentou de tamanho. Obrigada por isso. E parabéns. Não só pelo talento, mas por todos os dias trabalhares para chegares onde chegas, focado na vitória sem nunca perder a humildade. És enorme!




«Rui Costa campeão do mundo de fundo

Ciclista português no momento mais alto da carreira.

Rui Costa sagrou-se este domingo, em Florença, Itália, campeão do mundo de fundo de ciclismo.

O ciclista português bateu ao sprint o espanhol Joaquín Rodríguez, que arrecadou a medalha de prata. Outro espanhol, o experiente Alejandro Valverde, arrecadou o bronze.

A etapa decorreu entre Lucca e Florença, num total de 272,26 quilómetros.

Rui Costa esperou pelo momento certo para atacar, depois de Rodríguez ter tomado a iniciativa cedo de mais. O português esperou que Nibali, que estava com o português na perseguição, fraquejasse, e foi atrás do espanhol. No final, foi mais forte.

O agora ciclista da Lampre - assinou no Verão - já tinha mostrado a sua força este ano ao ganhar duas etapas da Volta a França».


 

«Rui Costa fala de uma vitória que significa «uma vida»

Português confessa que não estava nada à espera de vencer os Mundiais de Ciclismo

Rui Costa confessou no final da vitória nos Mundiais de Ciclismo, em Florença, que este é um dia especial na vida dele. «Não esperava nada, estava em boa condição, mas nunca pensei ganhar aqui», começou por referir.

O triunfo nos Mundiais significa que a partir de agora Rui Costa é considerado o campeão do mundo e veste a camisola aro-íris durante um ano inteiro. 

Ora para o ciclista português poder vestir esta camisola significa «uma vida». «Foi algo que sempre sonhei, mas era difícil de concretizar», acrescentou.

Depois de ter vencido duas etapas na Volta a França, o ciclista da Póvoa de Varzim preparou-se especificamente para o Mundial, uma estratégia que viu este domingo ser recompensada».




Ouvir o nosso hino, por si só, já arrepia e comove. Mas só faz sentido se for vivido assim, com tanta emoção e amor. Porque, afinal de contas, ouvir o nosso hino é isto. É sentir Portugal!

Mais do que qualquer coisa que possa dizer, há notícias que espelham toda a felicidade que sinto neste momento. É por estas e por outras que tenho o maior orgulho em ser portuguesa, porque há sempre alguém que me mostra de quanto talento somos feitos.

Dia vinte e nove de setembro de dois mil e treze ficará marcado pela tua vitória, pela tua conquista e pelos milhares de sorrisos esboçados por te ver chegar tão longe. Hoje escreveste mesmo a história mais bonita do ténis português, e tenho a certeza que ainda vais chegar muito mais longe.

Tu mereces tudo isto, por toda a tua garra, dedicação, talento e amor. Mereces porque tens alma de guerreiro e de um verdadeiro campeão. Obrigada por te teres superado em cada desafio, por teres acreditado em ti e por nunca teres baixado os braços. 

Tudo começa por um sonho e pela vontade de o vencer. Tu começaste assim e venceste-o! E juntamente com mais portugueses acreditei de coração nas mãos, ainda que coberta por um nervoso miudinho incontrolável, que serias capaz. E foste! A sorte nem sempre protege os audazes, mas recompensa quem trabalha com afinco. 

A perseverança é a chave do sucesso. Hoje conquistaste o mundo. Parabéns!




«Tenista de Guimarães é o português a vencer um torneio do ATP Tour e deve entrar no top-50 do ranking.

João Sousa escreveu este domingo a página mais bonita da história do ténis português em na vertente homens: o tenista de Guimarães foi o primeiro português a ganhar um torneio ATP. Fê-lo em Kuala Lumpur, numa final com um terceiro set dramático.

Venceu o francês Julien Benneteau, de 31 anos e número 33 do ranking, em três sets pelos parciais de 2-6, 7-4 e 6-4.

O português não começou bem, porém. No primeiro set cometeu alguns erros que lhe custaram caro e permitiu que Julien Benneteau ganhasse calmamente por 6-2, deixando o português no jogo que fechou o set até a zeros.

O melhor veio depois, no entanto.

Foi aliás o momento fundamental desta final: João Sousa venceu o segundo set de uma forma emocionante e que meteu até algum drama pelo meio. O tenista de Guimarães esteve quase a perder a final, teve de salvar um match point favorável a Julien Benneteau quando servia, logo a seguir quebrou o serviço do francês e fechou o set em 7-5 no ponto seguinte.

O match point salvo foi um momento decisivo deste segundo set, a partir daí João Sousa melhorou claramente a qualidade do ténis, fez dois passing shots e venceu com autoridade o set.

A partir daí sentiu-se sempre o português por cima de Benneteau. Entrou no terceiro a quebrar o serviço do francês, para logo a seguir fazer o 2-0. Benneteaureduziu para 2-1, João Sousa fez o 3-1 e o francês fez o 3-2: foi um ponto importante, também, no qual João Sousa teve dois pontos de break que não aproveitou. Reagiu no jogo seguinte, que ganhou em vantagens, fazendo o 4-2.

Este não era contudo um set simples e o oitavo jogo voltou a ser dramático: Benneteau teve três pontos de break para fazer o 4-4 e João Sousa salvou-os a todos. Depois ganhou o ponto e fez o 5-3, para fechar pouco depois em 6-4.

Foi um dia histórico na Malásia para João Sousa, que teve momentos de grande brilhantismo, mas venceu sobretudo devido à capacidade de trabalho demonstrada, que lhe permitiu salvar um match point no segundo set e responder ao número 33 do mundo com um excelente jogo.

O português de 24 anos, natural de Guimarães e que cresceu em Barcelona, venceu 115 mil euros de prémio, somou 250 pontos e de acordo com as previsões vai entrar no top-50 do ranking ATP, ele que partiu para este torneio na posição 77: algo nunca conseguido por um tenista português (o melhor foi Rui Machado em 59º lugar)». (notícia MaisFutebol)


Tenho que recuar à minha infância para conseguir explicar o quanto sou adepta de desporto. Sempre fui muito maria-rapaz, o que atualmente já se tornou num cliché que eu continuo a achar graça. As meninas não deixam de o ser só porque gostam de dar uns toques na bola ou por se interessarem por desporto no geral. Não perdemos a feminilidade, apenas despertamos a nossa curiosidade para outras questões. Portanto, sempre fui a típica maria-rapaz, que preferia brincar com carros em vez de bonecas e jogava futebol no intervalo das aulas. 

À medida que fui crescendo, este meu lado desportista de bancada, pois nunca fiz parte de uma equipa, alargou horizontes. Comecei a acompanhar não só futebol, mas a sentir paixão por hóquei de patins, andebol, ténis e basquetebol. Confesso que futebol e basquetebol são as minhas duas primeiras paixões, mas acompanho tudo sempre que posso. Não sou a pessoa mais entendida neste meio, mas compenso em dedicação à causa. 

Gostava de ter tempo para fazer uma espécie de roteiro desportivo por tudo o que se passa de extraordinário nesse mundo. Acompanhar todos os jogos. Saber todas as conquistas. Para já, é humanamente impossível e o bom senso também não me permite, já que há outras coisas que precisam da minha atenção, nomeadamente a faculdade. E a minha vida pessoal, que não sendo das mais fascinantes, também precisa de ser trabalhada. Se me permitisse acompanhar todos os jogos, de todas as modalidades, certamente passaria o dia fechada em casa, sentada no sofá e à frente da televisão. Não que isso fosse necessariamente mau, visto que passaria momentos agradáveis a ver algo que me encanta, mas talvez não fosse adequado.

Não podendo acompanhar tudo ao minuto e em tempo real faço-me auxiliar pelo MaisFutebol, pelo O Jogo e pelo site do FCP. Assim mantenho-me informada sobre o meu clube e de tudo o que se passa nas modalidades que me dizem tanto. E sendo uma adepta, principalmente, de desporto, não poderia deixar passar em branco três notícias que me tocam particularmente. 




«HASTEAR DA BANDEIRA INICIOU COMEMORAÇÕES DO 120.º ANIVERSÁRIO
O hastear da bandeira do FC Porto deu início às comemorações do 120.º aniversário do FC Porto. Numa cerimónia simples, os presidentes dos três órgãos dirigentes do clube içaram a bandeira do FC Porto, enquanto se ouvia o hino do clube.
Fernando Ribeiro, dos Moonspell, e Inês Santos cantaram uma soberba interpretação do hino do FC Porto, um original de Maria Amélia Canossa, acompanhados pelo quinteto de Artur Guimarães, que também tocou um original composto propositadamente para a cerimónia.
As comemorações do 120.º aniversário do FC Porto prosseguem às 12h00, na Sé do Porto, com a celebração da missa de acção de graças.
Para as 15h00 está marcado o grande momento do dia, com a inauguração do museu do FC Porto, ficando para a noite, às 21h30, a gala dos Dragões de Ouro». 


«Oh, meu Porto, onde a eterna mocidade diz à gente o que é ser nobre e leal. Teu pendão leva o escudo da cidade que na história deu o nome a Portugal. Oh, campeão, o teu passado é um livro de honra de vitórias sem igual. O teu brasão abençoado tem no teu Porto mais um arco triunfal (...) Quando alguém se atrever a sufocar o grito audaz da tua ardente voz. Oh, Oh, Porto, então verás vibrar a multidão num grito só de todos nós»

Cento e vinte anos. De lutas. De conquistas. De altos e baixos - mais altos do que baixos. De história. E eu tenho um orgulho incondicional por fazer parte desta família guerreira, que nunca baixa os braços e defende este emblema como ninguém!
Em 1893 António Nicolau de Almeida fundava o Futebol Clube do Porto. Desde então foi sempre a vencer. Obrigada, com todo o meu coração, por fazerem deste o melhor clube do mundo. E de sempre. Para mim, todos os dias. Feliz aniversário. Feliz cento e vinte. E que venham muitos mais cobertos de tanta glória. 

«A cidade acordou com olheiras por ter folgado até às tantas. E as varandas da Ribeira ainda estavam azuis e brancas. Lá em baixo até o rio tinha um tom menos barrento, mas bem na alma era dragão Douro, portista a cem por cento (...) É só um pouco mais de azul, é só um pouco de euforia (...) Há muito quem beba do fino e coma em pratos de marfim. A gente primeiro come a relva e faz a festa no fim».

«A alma deixou de ser pequena, pequeno foi o palco do mundo (...) O Porto está na rua e a sua missão é clara: é não virar a cara ao sonho e à ambição. É conquistar a Lua com os pés no chão». Há poucas certezas como estas, escritas com tanto amo. Para sempre!




«Portugal fora da final com golo de ouro
Equipa nacional perdeu com a Argentina na meia-final do Mundial. A decisão chegou na forma de golo de ouro.
Portugal perdeu o acesso à final do Mundial de hóquei em patins, que se está a disputar em Angola, ao averbar uma derrota, por 1-0, frente à Argentina.
A partida ficou resolvida ao terceiro minuto do prolongamento, num golo de Carlos Nicolia, de livre direto, que teve origem na 10ª falta cometida pela Seleção Nacional».


A bravura não se mede pelo resultado, mas pela garra com que se encaram os jogos. E pela honra com que defendem o emblema que carregam sobre o coração. Independentemente do desfecho, são enormes e indiscutivelmente os melhores.

Nem sempre a sorte protege os audazes. Já o referi uma vez e volto a fazê-lo hoje. O vosso talento não deixa dúvidas e eu tenho o maior orgulho em vocês.

Cabeça erguida. Sempre! 




«João Sousa na final de Kuala Lumpur
João Sousa voltou a ter um dia em grande. O tenista português qualificou-se este sábado para a final do torneio de Kuala Lumpur, depois de vencer o austríaco Jurge Melzer, quarto cabeça de série, por 6-4, 3-6 e 6-4.
Em dois dias, o português consegue dois grandes feitos para o ténis luso. Na sexta-feira, recorde-se, João Sousa já tinha tido uma das maiores vitórias nacionais na modalidade, ao afastar o número quatro mundial e primeiro cabeça de série do torneio de Kuala Lumpur, o espanhol David Ferrer. 
A vitória deste sábado foi conseguida sobre o número 26 do mundo em pouco mais de duas horas.
O português vai agora defrontar na final, agendada para este domingo, o vencedor do encontro entre o suíço Stanislas Wawrinka, segundo cabeça de série e vencedor do Portugal Open, e o francês Julein Benneteau.
João Sousa, de 24 anos, tornou-se assim o primeiro português a atingir uma final de um torneio do circuito ATP em piso rápido, imitando o feito de Frederico Gil, que, em 2010, atingiu o encontro decisivo do Estoril Open.
Com esta prestação, o tenista garantiu cerca de 61.500 euros e 150 pontos para o ranking mundial, que lhe vão permitir melhorar a sua melhor posição de sempre, que atingiu esta semana: número 77 do mundo».


Há notícias que, incontornavelmente, nos aquecem o coração. Esta pertence claramente a essa categoria. 

Ninguém consegue ficar indiferente ao talento que se escreve em português. Ao caminho que, passo a passo, se vai conquistando. E à história bonita que se vai escrevendo, carregada de orgulho. Só falta um pequeno passo para a glória. Mas a verdade é que o principal já foi feito. 

A garra, o querer, a força, o amor e o talento estão lá em cada movimento, em cada jogada e em cada ponto. E tu chegaste longe por ti e porque tens raça de campeão. E a recompensa de toda essa dedicação está à vista.

«Não é sorte, é talento». E dos grandes. Que continuem os feitos, tu mereces!


Ídolo. No sentido literal significa «imagem de divindade que se adora» e no sentido figurado apresenta-se como «objeto de grande paixão»; «pessoa ou coisa que se admira». Herói. É uma «pessoa de grande coragem ou autora de grandes feitos», é sinónimo de valente, mas também de «pessoa que provoca admiração» e que, por isso mesmo, também pode ser considerada um ídolo. Guerreiro. Não é só aquele que é bélico, que combate numa guerra, mas é também uma «pessoa que demonstra coragem e força». Campeão. É «quem é vencedor de um concurso ou prova de desporto». Conquistador. Como a própria palavra indica, é «aquele que conquista». Craque. No dia à dia é uma «pessoa que se distingue em determinada função, área profissional ou ramo do saber», mas no futebol caracteriza o «desportista que se destaca pelo seu desempenho e pelas suas qualidades superiores»; um craque é um: Ás. Que é um «indivíduo de grande valor e preponderância». Ricardo Quaresma. No dicionário não encontramos uma definição, mas para mim é a pessoa que reúne todas estas características e ainda é capaz de apresentar mais umas quantas - humilde, lutador, coração gigante, talento, génio. E só por isso, será sempre o melhor do mundo!

Em dia de aniversário, sabe-me bem recordar as palavras de quem, de uma forma ou de outra, admira o teu trabalho. E sabe-me bem recordá-las porque é também nelas que encontro aquilo que sinto e aquilo que sei que tu és. Não são as minhas palavras, mas bem que poderiam ser, porque todas elas expressam o meu orgulho inalterável e a certeza de que não sou a única a saber da tua genialidade. Por isso só fazia sentido fazer dos elogios deles os meus elogios e juntar-me a eles quando descrevem as tuas qualidades de uma forma tão reconfortante que só me faz aumentar o coração. A isto eu aprendi a chamar de amor. O que eles dizem aprendi a guardar com carinho e, sobretudo, com gratidão.

Luís Freitas Lobo: «Quando recebe a bola em campo, cada jogador tem uma intenção do que fazer com ela a seguir. Coisas simples, um passe curto e já está, ou coisas diabólicas, fintas, remate impossível e o jogo virado do avesso. Quaresma pertence à segunda casta. Ainda bem (…) Gosto muito de falar do lado táctico do jogo, depositada no cofre-forte tacticista da primeira espécie, mas não custa crer que são os segundos que nos fazem levantar extasiados dos nossos lugares. Quaresma já o fez muitas vezes. E em todas essas vezes podia ter resolvido os lances de forma mais simples. Mas não. Ousou fazer algo grande, mágico, e pintou obras de arte, golos ou centros assombrosos. E foi aplaudido e loucura (…) Quaresma não inventa quando cruza ou remata dessa forma. Ela é, apenas, a forma técnica de tornar mais eficaz a sua intenção táctica. É a sua particular biomecânica. Contrariá-la ou assobia-la é atentar contra a riqueza e a beleza do jogo (…) Se Quaresma decide jogos nesses seus rasgos, o treinador tem de o aproveitar. Ao mesmo tempo, tem de adaptar a equipa a isso, para o caso de quando ele falhar, perder a bola, ter médios ou laterais atentos para, nas suas costas, activar a transição defensiva. É a tal táctica, com «T» grande. A colectiva (...) Daqui a quinze/vinte anos, quando o cigano rebelde do Dragão pendurar as botas e recordarmos o jogador que foi, ninguém vai dizer «eu naquele dia assobiei o Quaresma!”. Pelo contrário, vão todos dizer, orgulhosos: “Eu, naquele dia, vi jogar o Quaresma!”». 

Ricardo Costa: «O Quaresma bem fisicamente consegue "voar"».

Hugo Almeida: «O Quaresma, que é um grande amigo, um grande companheiro».

José Mourinho: «Quaresma é único - o técnico do Inter realça que o extremo faz coisas que nunca viu ninguém fazer...»; «Hoje é um futebolista regular, objectivo, que desequilibra, que joga para fazer golos, assistir e ganhar, tendo deixado de fazer as coisas que lhe davam gozo» 

Manuel Queiroz: «Quaresma joga mais a dormir, ou com um pé só, do que alguns, que Carlos Queiroz foi chamando, acordados e com os dois pés». 

Tiago Barroso: «Já o Ricardo Quaresma era o craque. Ele era incrível com a bola, tinha já uma habilidade notável, era daqueles jogadores que já nascem com o futebol nas pernas. Fazia o que queria com a bola e passava por quem queria. O Quaresma é que resolvia nessa altura ». 

Paulo Manso: «Quaresma: criativo e imprevisível » (in, O Onze da minha vida).

Luís Figo: «Quaresma é um dos melhores jogadores portugueses da actualidade. Ele tem as qualidades certas para poder jogar na equipa que quiser, bastando-lhe escolher o destino mais vantajoso».

Marcelo Lippi (ex-seleccionador de Itália): «É um dos meus jogadores favoritos. No dia em que voltar a treinar tudo farei para o ter na minha equipa. Quaresma deve dar o salto para um grande clube e deve ser comprado no imediato».

José Mota: «O nome que lhe puseram (Harry Potter) define bem o tipo de jogador que Quaresma é: um mágico. Assiste, finaliza...»

Deco: «Todos conhecemos a qualidade do Quaresma, um jogador que sempre me encantou e que tem um largo futuro à sua frente. Sempre fui fã dele desde que ele começou no Sporting».

Maniche: «Quaresma é um grande jogador e é por isso que o FC Porto está a colocar tantos obstáculos para o vender. Não vale a pena falar da sua qualidade, porque toda a gente o conhece, mas é certo que faz coisas com a bola que muitos poucos jogadores no mundo fazem». 

Benny McCarthy: «Afortunados os pontas-de-lança que têm a seu lado jogadores tão brilhantes como Quaresma. Ele é uma verdadeira benção de Deus para qualquer avançado. Quaresma sabe, como ninguém, servir-nos as bolas. A nossa tarefa fica extremamente facilitada com os cruzamentos dele, pois praticamente só temos de empurrar a bola para o fundo da baliza». 

No dia do trigésimo aniversário não posso deixar de recordar como o tempo avança sem nos pedir licença. Assim como não posso deixar de recordar quando vieste para o FC Porto com a mesma idade que tenho agora. Cresci a ver-te crescer, por te ver conquistar o mundo de jogo para jogo. E aprendi contigo que as saudades se matam com amor. Foste tu que me ensinaste isso. Ensinaste-me que as saudades só nos mostram o quanto alguém é especial. E que só assim faz sentido, porque se não significassem tanto, não sentiria saudades. E só tu sabes, mesmo depois de todas as palavras que mostrei ao mundo, directamente do coração para o papel, que és a verdade mais bonita que guardo no coração.

Mesmo que o tempo corra de nós, continuarei a escrever essas saudades a azul. Com um azul de amor. O nosso amor azul constante, de todos os dias, com branco ou só azul; de saudades ou só de amor. « Alguém escreveu o teu nome por toda a parte », a tinta permanente no (meu) peito, com um tom azul que nos une a cada instante. «Essa palavra repetida [...] para nos lembrar que o amor » fala mais alto que todas as saudades que me arrancam o coração do peito. Porque por mais que os ponteiros se movam, esta história a azul e branco será sempre parte daquilo que me une a ti. Até porque me fazes falta de azul ao peito, com toda essa força, essa vontade e esse querer.

Hoje são os teus trinta e os meus desejos de sempre: felicidade redobrada, amor, sorte, conquistas. E se me permites, o desejo de um dia te ver regressar a esta casa que sempre foi tua. Agora de mão sobre o peito e de olhos fechados, dou pequenos passos no vazio seguindo o batimento dos teus. É que quando confiamos assim nas pessoas não temos medo, porque sabemos que nunca serão capazes de nos desiludir.

Há poucas certezas como esta - de que será para sempre - escritas com tanto amor. E não há distâncias que nos separem, pois sempre caminhei ao teu lado, no mesmo ritmo e com a mesma esperança. Nunca é de mais reforçar o orgulho e a confiança depositada no teu talento. Não há ninguém como tu! Feliz aniversário. Meu melhor do mundo


«Nunca Quis Acreditar que Aquela Farda Enrugada, Esfarrapada, Queimada e Encurtada era a Dele 

Talvez a imagem seja cruel... bem mais cruel é a realidade! 

Este foi o momento em que me cruzo com a ambulância onde vinha o Toninho e o jipe onde vinha o Daniel e o Vítor. Foi o momento mais marcante deste verão... Atrás deles fui tentar ajudar... a guerra fazia vitimas. Estas foram vítimas inocentes de um terrorismo que roubou a juventude, a vida, a companhia, a presença de seres humanos que se destacam de uma sociedade anónima e invejosa, sem compaixão e sem respeito. Atacaram o nosso grupo. Sofremos baixas... Cada vez que morre um Bombeiro a sociedade fica mais pobre, as comunidades mais pequenas, as pessoas mais desprotegidas! (ler notícia completa aqui)» 





Todo os anos, sempre que o Verão nos bate à porta, as notícias que nos invadem são predominantemente marcadas por esta realidade triste e igualmente revoltante. Todos os anos passamos pelo mesmo. E o que mais me custa é que caímos sempre no mesmo erro. 

Por mais que me esforce, nunca serei capaz de entender (e principalmente aceitar) o prazer inerente a atear uma floresta. Ultrapassa-me. Ultrapassa-me a realidade e o facto de não conseguir reconhecer esses seres como pessoas. É impossível que alguém dotado de raciocínio seja capaz de agir de forma tão cruel e desumana. Pesa-me o coração reconhecer que há aqueles que usam e abusam dos outros, que ainda se riem por isso e que agem puramente por maldade. Ninguém é inteiramente bom, assim como gostava de acreditar que também ninguém é inteiramente mau, mas acho que a vida nos oferece dois caminhos de mão beijada e nós escolhemos o que queremos seguir - há quem siga o coração e se preocupe genuinamente com a humanidade e há quem se desprenda da bondade e viva de costas voltadas para o mundo. 

Calculo que todos (ou pelo menos grande parte) pensamos ser bombeiros quando éramos crianças. Não me lembro se passei por essa fase, mas sei que sempre tive um enorme respeito por estas pessoas de farda que todos os dias enfrentam a morte sem hesitar. A coragem que lhes corre no sangue, que os faz sair todos os dias de casa mesmo sabendo que podem não voltar, assusta-me ao mesmo tempo que me protege. Assusta-me porque aquelas pessoas são filhos/filhas, irmãos/irmãs, sobrinhos/sobrinhas, afilhados/afilhadas, pais/mães, maridos/mulheres, netos/netas de alguém. Alguém que fica constantemente de coração nas mãos. Alguém que, apesar disso, sente um orgulho descomunal naquela pessoa. O problema é que na hora da verdade, o orgulho, infelizmente, não lhes salva a vida enquanto lutam para nos salvar a nós. E assusta-me porque não está nas nossas mãos decidir quem parte e quem fica - e nestas situações partem sempre os inocentes. Por outro lado, a proteção que nos fazem sentir aconchega, pelo simples facto de sabermos que há pessoas dotadas de um sentido de união fascinante. E é preciso ser-se feito de uma massa diferente dos outros, pois nem todos somos capazes de arriscar a nossa vida por mais que nos preocupemos. 

Um bombeiro é um Herói. Por tudo aquilo que faz só o podia ser. E a verdade é que se arriscam por milhares e milhares de pessoas que nunca tiveram oportunidade de conhecer. Arriscam a vida deles para salvar a nossa, mesmo que não nos devam nada. Li há algum tempo que os bombeiros são super heróis, mas sem poderes mágicos. Não deixa de ser verdade, embora considere que há alturas em que fazem verdadeiros milagres. Também não deixa de ser verdade que as minhas palavras serão sempre escassas para agradecer tudo aquilo que fazem por nós, por esquecerem os seus medos e enfrentarem o perigo, por terem escolhido lutar pela humanidade e não contra ela e por serem bravos o suficiente para continuarem a vestir aquela farda, mesmo quando está cravada de perdas.

Todos os anos o cenário é o mesmo: florestas pintadas de negro. E antes fosse de forma figurada, antes fosse uma realidade inventada numa história sem consequências reais. Todos os anos perdemos parte da nossa beleza paisagísticas e, sobretudo, Guerreiros. O sentimento de impotência tolda-me os sentidos, parte-me o coração em mil pedaços sempre que ligo a televisão e ouço as mesmas palavras e o mesmo desfecho. 

A culpa também é nossa! Há realidades que não se conseguem evitar, mas podem ser atenuadas. Esta é uma dessas situações. Acho verdadeiramente bonito e comovente que se façam iniciativas para ajudar as corporações de bombeiros. Só que não devíamos fazer isso só agora, só no verão, só quando o fogo nos leva aqueles que o enfrentam. Infelizmente, as nossas florestas passam a maior parte do ano sem serem limpas, cuidadas, tratadas. E perdoem-me a franqueza, mas em vez de termos pessoas em casa a receberem o rendimento mínimo, quando o trabalho não lhes bate à porta ou lhes fecham a porta na cara, talvez pudessem fazer esse serviço. E quem sabe se em vez de deixarmos um euro na corporação de bombeiros mais próxima apenas numa data em específico o pudéssemos fazer mais vezes durante o ano. Talvez nos pudéssemos juntar todos mais vezes para limpar as florestas. E talvez se todos tivessem a preocupação de limpar os seus terrenos muitos dos fogos fossem evitados e muitas vidas poupadas. 

Não sei o que se passa, mas acho que de ano para ano esta realidade ganha proporções gigantescas. A quantidade de notícias que este ano nos davam conta da perda de mais um bombeiro foi verdadeiramente assustadora. E nada ajuda, desde pessoas com mau fundo ao vento que propaga o fogo; desde a falta de água à falta de meios. E por mais Heróis que os bombeiros sejam (e disso ninguém tem dúvidas), infelizmente ainda não se conseguem multiplicar e dar conta do recado sozinhos. É preciso investir na formação, em reforços, em meios, em tudo. Porque aqui não estão apenas em causa os terrenos queimados pelo país fora, estão em causa vidas. Vidas de pessoas que tinham um mundo inteiro para conquistar, mas que foram travadas a meio da viagem. 

Eu sei que a maior parte das pessoas fazem o que pode para ajudar e só não fazem mais porque, por vezes, não está ao seu alcance. Se há coisas das quais me orgulho nos portugueses é esta capacidade de entreajuda, de solidariedade, de luta por causas nobres. E acredito que um dia seremos capazes de inverter esta situação. Acredito que um dia estes Homens de coração gigante e coragem no sangue serão capazes de vencer as adversidades. E quem sabe se um dia essas pessoas que escolheram seguir o caminho errado da vida voltem as costas a esse percurso, retrocedam e se juntem aos que lutam por um mundo melhor. 

Nunca é de mais lembrar e homenagear quem merece. Assim como nunca será de mais agradecer e lembrar que todos podemos contribuir. Obrigada Bombeiros de Portugal por nos protegerem todo o ano sem nos cobrarem um bocadinho que seja. São pessoas como vocês que me fazem acreditar na humanidade, que há pessoas com bons princípios e o coração no sítio certo. 

A mudança tem que partir de nós, só assim conseguiremos mudar o mundo. E temos que começar agora. Por nós e por eles. Sobretudo por eles que batalham incondicionalmente para nos proteger. Quem sabe se, todos juntos, para o ano, quando o Verão nos bater novamente à porta, não conseguimos escrever uma nova história. Desta vez com um final mais feliz e digno para os nossos super Heróis sem poderes, mas com um coração onde cabe este mundo e o outro. E ainda mais algum que possa existir. 


«Anjos estão presentes em todas as horas das nossas vidas e principalmente nas mais difíceis. Nós não os conhecemos, mas são heróis que estão sempre ao nosso lado. Os anjos não salvam somente, anjos aconselham, protegem e cuidam. É muito bom saber que todos nós temos um anjo que faz tudo pela vida, mesmo sem ter asas». 

A época de 1986/87 já vai bem distante. Mas há momentos que nunca se esquecem. E esta época que já passou não deixa de ter algo em comum com esta que agora se inicia: Viena. E quem sente como eu este clube da Invicta sabe o significado que isto tem. 

Em 87 ainda estava longe de saber e sentir o que é ser Porto. E estava igualmente distante de viver de perto a alegria que foi conquistar o mundo naquela altura. Em 87 ainda nem sequer estava em projeto para nascer, por isso não vivi as emoções daquela glória nem a ansiedade, muito menos festejei com milhares a história que escrevemos naquele estádio. Só que o legado passa de geração em geração, como se nos viesse nos genes. É por essa razão que assim que nasci e compreendi - ou melhor, senti - o que era ser portista, me pude dar ao luxo de ter um carinho especial por aquele momento, como se lá tivesse estado. Ou apenas o tivesse visto na televisão e me tivesse deixado absorver por toda aquela euforia.  

Nasci em 92, portanto não sou do tempo em que conquistamos a Liga dos Campeões em Viena «por um calcanhar vagabundo», mas esse momento será sempre de extrema importância para mim e para todos os portistas, principalmente para os que o viveram, mas também para nós que aprendemos a ouvir falar dele com tanto amor. E de recordação em recordação, era praticamente como se em 87 já soubéssemos ser Porto. 

Viena será sempre um palco de sonho. Para mim sê-lo-à por relembrar essas memórias. Mas anos mais tarde, já na época de 2003/2004 voltamos a repetir a história. Não em Viena, mas em Gelsenkirchen. Não estive lá, mas já pude viver aquilo que tantas vezes ouvi falar. A 26 de Maio de 2004 senti na pele os nervos, a adrenalina, o sonho, as lágrimas de felicidade, o grito de glória que se forma no peito. Em 2004 foi a minha vez, e a de tantas outras pessoas, de sentir o que é ver o nosso clube a conquistar o mundo, novamente. E digo-vos que é de cortar a respiração. Mas no bom sentido. Porque vê-los levantar aquele troféu é das melhores sensações que um adepto pode ter. 

Não gosto de viver do passado, mas a verdade é que as memórias bonitas que eu tenho desses tempos ainda me saltam do coração. E eu gosto de as sentir diante dos meus olhos, sobretudo quando há a possibilidade de as repetirmos. É claro que nunca será da mesma forma, mas há uma linha que as une. Por isso é que todos os anos, assim que começa a Liga dos Campeões, recordo 2004 e 1987, ainda que esta última data seja mais distante e menos vivida por mim, por força de ainda não ser nascida. Contudo, faz parte da minha história enquanto adepta deste clube a azul e branco. É como vos digo, nasce connosco, vem-nos nos genes e assim que nascemos faz parte da nossa identidade. 

Lembro-me de assistir à primeira parte do jogo contra o Mónaco, em 2004, e não conseguir controlar os nervos e o meu coração acelerado, que mais parecia uma bomba prestes a explodir. E por não ser capaz de gerir essa ansiedade, sobretudo depois de nos encontrarmos a ganhar por uma bola a zero, decidi que tínhamos que ir fazer a nossa caminhada. Quando o tempo está bom, eu e os meus pais costumamos fazer uma caminhada depois do jantar. Só que em dia de jogo, ainda por cima transmitido em canal aberto, era impensável fazer tal coisa. Mas a verdade é que fiz. Fiz porque não sabia mesmo como conseguiria sobreviver àquele jogo de nervos sem, a qualquer momento, me esquecer de respirar e cair da cadeira ou, então, fazer um buraco no chão por não parar quieta. Naquele momento percebi o que tantas pessoas sentiram em 87, e que muitas delas o estariam a viver novamente. E apesar de todos aqueles nervos incontroláveis, aquela carga emocional só podia ser boa, afinal de contas o nosso clube estava novamente a disputar uma final da Liga dos Campeões. 

Fui para a rua, mas o coração ficou em casa em frente à televisão. A diferença é que não sabia o resultado. Por força disso apurei o ouvido, é que qualquer ruído era motivo para ficar alerta. O primeiro sinal de mudança foi quando nos pareceu ouvir festejos numa casa amarela. Nada de conclusivo porque não foram festejos ruidosos, por isso duvidamos da veracidade daquele momento. Por vezes o desejo tolda-nos os sentidos, por isso respirei fundo, fazendo figas para que não me tivessem enganado desta vez, e esperei até ter a certeza. Quando regressávamos a casa, fazendo o trajeto inverso, senti o coração e o corpo a parar assim que passamos em frente a um prédio amarelo, situado ao lado do Life Club. Não vi as pessoas a saltar da cadeira nem do sofá, nem da cama, e também não vi os sorrisos, os braços no ar e os abraços, mas ouvi o prédio inteiro a gritar golo, como se estivessem todos juntos. Naquele exato momento senti a descarga emocional que reprimi em forma de cautela e proteção a percorrer-me o corpo todo. E sem qualquer embaraço, gritei com todas aquelas pessoas, ainda que não lhes visse a cara. E ali estava eu no meio da rua a gritar um golo do meu clube de coração, aos saltos, aos abraços com o meu pai e extremamente orgulhosa. A partir daí foi como se tudo se catapultasse: os carros em constantes buzinadelas, a contagem decrescente para terminar o jogo e começar a festa. Naquele momento já só pensava em correr dali para fora para chegar a casa depressa e ver com os meus próprios olhos que aquilo não era um sonho. Não corri! E pelo caminho ainda paramos para perguntar a um taxista o verdadeiro resultado. 3-0! Afinal a nossa audição não nos tinha enganado.

Não vivo do passado, mas recordarei aquele momento sempre que a ocasião proporcionar. Ainda que me faltem as palavras certas para o descrever, sei que serei capaz de reviver com exatidão cada pormenor, como se fossem partes de um filme prestes a começar. Ali estava eu de regresso a casa, ainda atordoada com toda aquela emoção. E assim que ligo a televisão lá estavam eles, os campeões do mundo, num abraço que eu senti a muitos quilómetros de distância, como se também eu estivesse lá no meio. E depois veio o momento de erguer a taça e as lágrimas de felicidade rolaram pelo rosto em direção ao chão.

Quando o coração acalmou, tudo pareceu efémero, demasiado rápido para a intensidade daquele dia. Não me lembro se consegui dormir ou se a excitação era de tal ordem que me mantive acordada só para acompanhar cada momento da festa. Ao fim de todos estes anos, compreendi que aquele dia não foi, de todo, efémero, que de uma maneira ou de outra o vivemos muitas vezes, e que continua a ter a mesma importância e significado que tinha naquela altura. Apenas fomos conseguindo novas conquistas e novos feitos para recordar. 

Nove anos depois começamos mais uma fase de grupos da Liga dos Campeões. E adivinhem? Regressamos a Viena. Parece que o tempo recuou a 87, onde o sonho nos levou longe, onde deixámos o mundo de olhos postos no nosso talento. E como diz a música «a alma deixou de ser pequena, pequeno foi o palco do mundo». A grande diferença é que em 87, Viena foi o palco da final e desta vez é o palco do nosso primeiro jogo. Não sei se será algum presságio ou uma mera coincidência, mas seja como for é bom lá voltar. E quem sabe se a mística daquele lugar não nos inspira a repetir a história uma terceira vez. 

Ainda é cedo para falar na final, que será no Estádio da Luz, por isso concentremo-nos na importância que foi ganhar o primeiro jogo. É sempre crucial começar bem, não só porque conquistamos três pontos, mas também porque reforçamos o ânimo e a ambição. E ainda que a primeira parte não tenha sido um espelho da vossa qualidade, as adversidades permitem-nos crescer, assentar ideias e lutar com mais afinco. Talento não vos falta. Assim como não vos falta a capacidade de superação, a vontade, a garra e a raça dos verdadeiros Campeões. Porque vocês são isso mesmo: campeões! 

Nunca fui capaz de separar o emblema das caras que o defendem, mesmo concordando com a ideia de que «os jogadores vão, mas o clube fica», porque desde cedo percebi que há jogadores que sentem este clube como eu sinto, ainda que um dia possam vestir o equipamento de outra equipa. E quando entram em campo, acredito que vão defender as nossas cores com o mesmo orgulho e determinação com que eu as defendo. Sempre fui portista, não por imposição, mas por convicção. Sou portista porque acho que este amor nasceu comigo, porque por alguma razão aquele clube me chamou e me comoveu. E acho que não seria tão feliz se não fosse do FC Porto!         

Não sei o que o futuro nos reserva, mas de vocês só espero o melhor. Por isso desejo que se repitam os passos, os feitos e a história que escreveram em 87, os mesmos que eu vivi intensamente em 2004. Repitam-se também os nervos, a ansiedade e o coração que explode num misto de felicidade e cautela, por juntos termos aprendido a dar um passo de cada vez e a «conquistar a lua com os pés no chão». Repita-se tudo, mas com outros Guerreiros no comando. É a vossa hora! E isto é o que temos de melhor: a nossa identidade. Que não se perde, mesmo que se percam aqueles que um dia nos levaram à glória.   

A «missão é clara: é não virar a cara ao sonho e à ambição». Vamos à conquista. Com o emblema bem cravado no peito e o sonho bem protegido na palma da mão. Que comece em Viena. E que o percurso nos leve a reescrever uma das nossas histórias mais bonitas. «Este é o nosso Destino», meus Heróis de azul e branco coracao azul Emoticons Secretos do Facebook 
   


«Dança com as estrelas» é um programa de emoções. Das fortes, como eu gosto. É também um programa de superação. Tanto da qualidade coreográfica como da qualidade que os concorrentes apresentam semana após semana.
  
É um enorme orgulho, para mim que sempre acompanhei, ver o Cifrão e o Paulo Vintém a fazerem o que fazem. São extraordinariamente brilhantes. Além disso, comovem, prendem ao ecrã e deixam-nos com vontade de levantar da cadeira e aprender a dançar. Não desfazendo nenhum dos concorrentes, e muito menos os dançarinos que são do melhor que temos, estes dois, para mim, serão os primeiros por tudo aquilo que me habituei a ver. São dois artistas. E um verdadeiro artista, para além da técnica, tem o coração e as emoções à flor da pele. E isso é muito bonito de ser ver.

Além disso, é fantástico ver o crescimento do Pedro Teixeira (por quem também sempre tive uma enorme admiração), que todas as semanas aumenta a fasquia. E claro que a genialidade da Raquel Tavares e a forma como a Sara Matos tem evoluído ajudam à festa. A juntar a eles, todos os outros concorrentes, que pelo formato do programa foram saindo gala após gala, deixaram a sua marca. Mostraram-nos que há talento em todo o lado e que através de esforço e dedicação se consegue chegar onde nunca se pensou.

Alguns começaram por dizer que eram uns verdadeiros pés de chumbo. Outros que tinham mesmo dois pés esquerdos. Eu, que vejo desde o primeiro programa, nunca vi nada que comprove essa teoria. Vi sim pessoas que, mesmo estando fora da sua zona de conforto, tiveram prestações brilhantes, de nos deixarem sem fôlego e de lágrimas nos olhos. Todas as semanas o grau de exigência e de dificuldade aumentava e mesmo assim vi-os todos a superaram-se. 

Sobretudo, o «Dança com as estrelas» mostra-nos aquilo que temos de melhor. A dança. Os dançarinos. E a dança será sempre uma arte, uma forma de comunicar. Mas com o corpo. E agora que se começa a chegar ao fim já se sente a nostalgia da primeira gala. Os dançarinos profissionais que não são só brilhantes em talento, mas na capacidade de ensinar, conseguiram fazer milagres e coreografias excecionais.   

O coração enche-se de orgulho, de felicidade, de tudo, por ver, em particular, o Cifrão e o Vintém. E também por se fazerem apostas como estas, que nos deixam de boca aberta pelo talento que existe em Portugal.


Deixo-vos com um pequeno exemplo do que se passou na última gala: 



Quem não acompanha, aconselho a perder nem que sejam cinco minutos do seu tempo. Talvez acabem a ver o programa todo. Talvez concordem comigo quando digo que não é tempo perdido. E talvez sintam que é uma pena estar a chegar ao fim.

Esta semana é a semi-final e com ela vem o desejo de voltar ao início ou então o desejo de uma segunda temporada. Mas enquanto não acaba, vou só ali ligar a televisão e perder-me na dança que nos envolve por ver dançar os outros. E se me permitem, porque o corpo não sossega, vou levantar-me do sofá e dançar, dançar, dançar...



«Vai ter uma festa 
que eu vou dançar 
até o sapato pedir pra parar.
Aí eu paro,
tiro o sapato
e danço o resto da vida» (Chacal)

«Entrou com o pé direito na fase qualificação para o Campeonato da Europa a seleção sub-21 de Portugal. A equipa de Rui Jorge venceu a congénere da Noruega com números expressivos, apesar de ter estado em desvantagem no marcador. Betinho, Ivan Cavaleiro, Sérgio Oliveira, William Carvalho e Ricardo, apontaram os golos da equipa das quinas. Bom arranque da equipa portuguesa, com um resultado que certamente trará confiança e motivação para as hostes dos jovens lusos. Três golos na primeira parte e mais dois na etapa complementar carimbaram o resultado final. 
Perante mais de dez mil espectadores a equipa de Portugal reagiu bem ao golo inaugural da equipa da Noruega e partiu para uma exibição segura e tranquila, com o expoente máximo no ataque com golos para todos os gostos...» (ler artigo completo aqui)





As bancadas do Estádio Cidade de Barcelos não estavam totalmente cheias, mas quase. A união que se fazia sentir e a esperança de ver «os miúdos» a começar bem eram comuns a todas aquelas pessoas que, mesmo sem se conhecerem, durante noventa minutos gritaram a uma só voz. Agora silêncio. «A Portuguesa» quer fazer-se ouvir. 

Há algo no nosso Hino que me comove. Arrepia. Ainda para mais quando um estádio cheio (ou quase) se junta num abraço infinito e o canta com alma. Só faz sentido cantá-lo assim, com os nossos, com os que nos representam dentro de campo, com toda a nossa garra e esperança. Serei sempre suspeita, assim como todos os portugueses, mas o nosso Hino é o mais bonito. Será sempre! E por mais vezes que o ouça nunca me cansarei. Era impossível. E será como se o ouvisse pela primeira vez em todas essas vezes. Se a juntar a isso podermos contar com a glória imposta pelos nossos, que se agigantam quando o jogo começa, ainda melhor.   

Há Guerreiros em todo o lado, em todas as profissões e de todas as formas. Estes Guerreiros vestem-se de vermelho e verde e de t-shirt e calções. E têm uma vontade imensa de conquistar o mundo. É que também se conquista o mundo através do futebol, que será (ou deveria ser) sempre um momento de festa, de união e de quebrar barreiras. Quando joga a seleção não há clubes nem há ódios de estimação, e sofremos todos juntos. Depois do jogo acabar voltamos ao mesmo, aos clubes, aos ódios, aos dissabores individuais. Mas durante noventa minutos (pelo menos) as únicas cores que vestem o país são as da nossa bandeira. E os únicos cânticos que se entoam são de apoio a Portugal. 

Os «miúdos» arrancaram bem. E com isso arrancaram aplausos das bancadas, a famosa onda e um estádio em euforia. Talvez o entusiasmo dos adeptos tenha embalado a nossa seleção, talvez lhes tenha dado ânimo e ainda mais força para iniciarem com o pé direito. Ou com o esquerdo. Dependendo da preferência do jogador. O certo é que, coordenações à parte, de pé direito ou de esquerdo, foram cinco. E mereciam sempre mais. 

«Apesar de terem entrado melhor na partida, os comandados de Rui Jorge sofreram um golo em contra-corrente ainda nos instantes iniciais do jogo». E apesar de ter sido através de um penálti que não o era (a falta foi fora da área e não dentro), a equipa lusa não se deixou abalar. Nem um beliscão no orgulho, na esperança e na atitude. Mesmo em desvantagem, a determinação não esmoreceu, e a prova disso é que em cinco minutos deram a volta ao resultado. A partir daí foi vê-los a elevar a fasquia. Quer do resultado, quer do talento. E pouco importou se o adversário era a vice-campeã europeia, pois os jovens portugueses encheram-se de brio e encararam os noruegueses de frente, sem medos, como sempre nos habituaram os grandes jogadores. 

Foi mesmo um arranque de luxo, não só pela goleada que invadiu o Estádio Cidade de Barcelos, mas também pela preocupação de jogar em equipa; onde todos se destacassem pela qualidade que imprimiam ao coletivo. Porque uma equipa é isso: o coletivo. Haverá sempre um jogador que se destacará mais que os outros, mas um grupo nunca será um jogador só, até porque para esse brilhar precisa que os restantes sigam o mesmo caminho. E isso trabalha-se, sente-se, melhora-se. E esta equipa, que terá sempre um caminho promissor e margem para progredir (porque os melhores superam-se sempre), é tudo isso: um grupo que trabalha pelo grupo e não pelo ego. 

Os «miúdos», que a nível de talento estão longe de o ser, deram uma lição de humildade e de como jogar futebol. E é pena que também eles não tenham direito a uma transmissão especial a partir das seis da tarde, nem comentários prévios em jeito de análise, nem se acompanhe a chegada do grupo ao estádio. É pena que estes jovens cheios de talento não tenham o destaque que merecem (e se com eles é assim, com as camadas mais jovens ainda pior). Mas eles continuam iguais a eles próprios, fortes, determinados, com garra, rumo a um único objetivo: vencer. Sempre!

Mesmo quando as luzes da câmara não estiverem apontadas para eles, eles continuarão a fazer história. E a chegar longe. E muitos destes Guerreiros, um dia, serão o futuro da nossa seleção A. Talvez aí recebam a atenção que merecem desde sempre. Mas até lá, continuarão a dar cartas com os pés, a encher estádios e a arrancar ovações. Talvez eles só precisem mesmo de jogar à bola. Talvez sejam mais felizes assim. E talvez por isso a concentração seja outra. É que há uma maior preocupação com o espetáculo dentro das quatro linhas do que com o espetáculo que se passa fora delas.   

Quando o apito do árbitro indicar o final da partida, a imagem panorâmica será a de um estádio ao rubro, mesmo quando a sorte não os proteger. E quando as luzes se apagarem ainda seremos capazes de ouvir os aplausos, os festejos e o nosso hino. Mesmo que não tenham direito a emissões especiais, os «miúdos» continuarão a crescer, a vencer e a conquistar o mundo. É que as vitórias conquistam-se dentro de campo, com suor, com lágrimas, com raça, com ambição, com querer e com amor. E eles têm tudo isso.

A história faz-se de sonhos, mas a glória faz-se de concretizações. E no fim, quando nos pedirem para recordar tudo isto, ninguém se irá lembrar se o jogador levava óculos azuis ou dourados, ou se chegou de calças ou calções. Não! Quando nos pedirem isso, todos falaremos do mesmo: dos passes, dos cruzamentos, dos golos marcados e dos que ficaram por marcar, das fintas, das faltas, dos festejos. E tudo o resto, tudo o que é exterior, ficará no esquecimento. 

Só não nos esqueceremos dos jogadores. E das vitórias. E dos «miúdos» que chegaram longe! E agora de pé (porque é assim que aplaudo os gigantes) e com o coração cheio de orgulho (pela classe com que defendem o nosso emblema) vejo-os sair do relvado (ainda que apenas os veja pela televisão), com uma goleada no resultado e mais um passo dado para a conquista do sonho. E por entre sorrisos e aplausos combinamos um novo encontro para terça-feira. Porque estes «miúdos», devagarinho, sem pressas, com muita inteligência e capacidade de superação, ainda vão dar muito que falar. Em Portugal. E no mundo!


Um dia acordamos e percebemos que a nossa vida sofreu uma reviravolta (o que não tem necessariamente que ser mau). Os objetivos não são os mesmos, as necessidades alteram-se e com isso decidimos mudar de casa!

Naturalmente que a primeira coisa a fazer é encontrar um lugar agradável para se viver e, de preferência, com boa vizinhança. É um pedido lógico e, à partida, simples. E claro que depois de se escolher aquele que será o nosso novo lar, de se tratar da papelada e de se encaixotarem todas as coisas essenciais (e mesmo as que não são) para levar, é hora de fazer a mudança. Até aqui nada de novo nem nada de estranho. O problema é quando chegam e percebem que a comunidade (que em breve será a vossa) age de uma forma pouco normal e vocês vêm a descobrir que são... Extraterrestres. 

Esta série gira em torno de uma família que decide ir viver para «Hidden Hills», um condomínio fechado em New Jersey. Para eles, parecia uma mudança tranquila, mas depressa mudam de ideias quando se deparam com uma comunidade vestida da mesma maneira, que tem nomes de jogadores conhecidos no mundo do desporto e passeiam pelo condomínio de carrinho de golfe. Não, de facto não é um comportamento normal. Mas piora. É que lêem em vez de comer, recebem alimento através dos olhos e da mente e choram pelos ouvidos. Só que não choram água (obviamente), mas sim uma substância viscosa. E verde. 

Quem estiver de passagem talvez nem repare nas diferenças. Talvez só os ache esquisitos. Mas não se deixem enganar. É que apesar de terem adotado o aspeto humano, rapidamente voltam à sua forma normal. Para isso só precisam de bater palmas por cima da cabeça. Mas nem tudo pode ser mau. Apesar de todas estas particularidades, são inofensivos e acolhedores.

A família Weaver não terá a vida facilitada e terá que se habituar à nova vizinhança. Que apesar de ser constituída por indivíduos autónomos (duvido que lhes possamos chamar «indivíduos»), é como se fossem uma pessoa só. Larry Bird é o líder da comunidade, como tal, tem que dar o exemplo. E tudo aquilo que lhe acontece, seja uma afronta ou um simples fechar da porta na cara, é sentido por todos os membros da mesma, que mudam de estado de espírito mais depressa que um piscar de olhos. É que todos sentem as mágoas uns dos outros e as alegrias também. Por isso sim, é fácil de perceber que os Weaver terão tudo menos uma vida sossegada. E não lhes faltarão aventuras. 

Apesar das diferenças, e dos pesadelos de Debbie Weaver (que sendo vizinha de extraterrestres sonha que estes lhe vão raptar os filhos), acabarão por construir uma relação de amizade. E talvez se tornem quase como uma grande família (se bem que a filha mais velha dos Weaver apaixonar-se-à pelo filho mais velho daquela família vinda de outro planeta). A primeira reação de estranheza e desconfiança dissipar-se-à há medida que o tempo avança. 

O que não muda são mesmo as gargalhadas impossíveis de controlar por parte de quem está deste lado. Esta série é transmitida na Fox Life, à tarde. Normalmente, são quatro episódios. Mas sabe a pouco. É que, realmente, a ideia está bem estruturada e os episódios cheios de peripécias. Por isso é natural que queiramos saber o que se passará a seguir. Apesar de serem famílias muito distintas (a começar pelo planeta a que pertencem), têm muito a ensinar uns aos outros, e são mais parecidos do que aquilo que julgam ser. 

Depois disto, se um dia resolver mudar de casa, primeiro certifico-me que a vizinhança não se veste toda de igual nem conduz carrinhos de golfe. E depois verifico se posso bater palmas à vontade, sem ter que me preocupar que possam ficar verdes a qualquer momento.



Deixo-vos o trailer para vos aguçar a curiosidade 







   

«Saiba que o simples perfume de uma flor
Pode vir, e ser um grande amor na sua vida
Não gaste palavras pra viver
De iludir, os seus sonhos tão raros com mentiras
Não maltrate o coração,
Que dedicou, ao seu sorriso as suas batidas
Será livre pra sentir
Anseios de uma paixão, a ser uma história linda

Diga que me adora
Deixe o orgulho e venha, porque já
Está na hora, da gente se encontrar e sermos um
Mas não demora, que é pra chama não desencantar
Se esvair no ar, e só restar lembrança

Eu tô cansado de sofrer,
Quero dançar sentir calor
E poder só olhar o universo em torno de você
Brilhando em vida, Sorrindo à toa
Só vibrando amor e paz
Vejo a Lua, lembro do sonho
Torço pra realizar
Sinto a noite, Penso em você
Lembro como é bom amar»
  



O título desta música não podia começar de melhor forma. «Sorri»

Acredito - desde sempre - que a forma como encaramos o que nos acontece influencia as nossas atitudes. E sempre defendi que, para além de sermos os únicos responsáveis por aquilo que colhemos, só nos compete a nós decidir como devemos reagir perante determinada situação. Além disso, acredito e defendo que bons pensamentos atraem boas consequências. 

Por feitio ou herança, sempre tentei (há alturas em que é impossível) encarar a vida com o sorriso mais bonito que tenho. Daqueles que se guardam na gaveta para ocasiões ou pessoas especiais. Aquilo que temos de melhor é o que aprendemos com os nossos. Por palavras. Por atitudes. Por presenças. E pelo silêncio que tantas vezes fala mais alto e melhor que as palavras. Por vício ou pura aprendizagem, habituei-me a observar a vida por aquilo que ela tem de melhor. E a absorve-la pela perspetiva do «copo meio cheio». 

Há alturas em que o nosso cansaço, a nossa fúria, o nosso desalento, a nossa tristeza se apoderam de nós por inteiro. Toldam-nos os gestos e o pensamento. Tomam conta de nós e baixam-nos as defesas. Nessas alturas tendemos a cair. Mas só permanece no chão quem, realmente, tiver medo de se levantar. As quedas fazem-nos crescer. Não nos tornam fracos. Muito pelo contrário. Tornam-nos resilientes. E quem sabe encarar a vida de frente, por mais que vá de cara ao chão, há-de levantar-se sem hesitar. É disso que precisamos. Não hesitar, avançar sem recuar, partir e não voltar. Sorrir. 

Já aqui vos confessei o meu amor por música. Sim, amor. Não paixão. É que a paixão fica-se pela primeira atração e o amor passa além disso. Conserva, protege, cuida, afeiçoa, aproxima e permanece além do tempo. E porque sou uma pessoa de muitas fés, acredito que a música é capaz de moldar o nosso estado de espírito, virar-nos a alma do avesso e regular-nos o coração. 

Há músicas que nos acompanham uma vida inteira e há as outras que se completam como um puzzle por serem espelhos de partes do que somos. Esta é das que me enche o corpo de boa energia. Que me faz viajar sem levantar os pés. Que me dá força. E vontade de mudar. Quando a minha alma desperta mais cinzenta que um dia de nevoeiro cerrado, esta música é das que me balança o corpo, me forma um sorriso no rosto e me faz querer dançar. Sozinha. Agarrada. Mas dançar livre e sem preocupações. E então é como se uma espécie de cortina se abrisse e a minha alma voltasse a brilhar. 

Há músicas que funcionam melhor que comprimidos. E há músicos que, pelo talento que têm, aprendemos a leva-los no coração, na memória, na ponta da língua ou nos ouvidos. É nesta altura que confesso a minha admiração pela enorme Mónica Ferraz, detentora de uma voz que não nos deixa indiferentes, que nos acalma e nos provoca emoções, e pelos Natiruts, que nos chegam ao nosso cofre mágico pelas letras, pelo ritmo, por tudo. Esta parceria não poderia ser melhor. É perfeita. E se há músicas que sabem bem cantar todo o dia esta é uma delas. 

Por hábito ou por vontade intrínseca, sempre gostei de sorrisos largos e de gargalhas estridentes (como a minha) e prolongadas. Ganham-se anos de vida. E desde sempre me ri de tudo, sobretudo de mim própria. «Sorrindo à toa», sem hora, sem tempo, sem contar, sem parar. Experimentem, faz mesmo bem. A tudo. E ouçam música. Já agora, experimentem as duas coisas ao mesmo tempo, faz milagres!  

«Sorri, sou rei». Quer dizer, rainha. Mas sem coroa. É que, afinal de contas, a melhor arma que nós temos é mesmo o sorriso.


Seis anos!

Há alturas em que o tempo me pesa por passar tão rápido. Por o ver quase a levantar voo diante dos meus olhos ou por o sentir a passar tão depressa por entre os meus dedos. Por mais que tente, nunca serei capaz de parar o tempo. Mas há tempos e momentos que saberei eternizar por tudo aquilo que significaram. E continuam a significar.

Dois mil e sete. Dois mil e treze. Passaram seis anos e o meu coração ficou naquele pedaço de passeio a uns metros do hotel. O meu coração perdeu-se naquele sorriso, naquele semi abraço, naquelas palavras e naquela simpatia que eu sempre desejei sentir de perto. Há sonhos que nos acompanham ao longo da vida. E há alturas que, como por magia, acontecem do nada. Sem contarmos. Onde menos esperamos. Quando menos fazemos prever.

Nunca serei capaz de esquecer o nervoso miudinho que se apoderou de mim. Das minhas palavras. E o choque que me toldou o pensamento. E posso afirmar com tudo o que tenho que me lembro de cada segundo daquele momento. Da espera. Da ansiedade. De não querer tirar fotografia com o Lucho (ninguém o faz. Ninguém recusa tirar fotografia com o extraordinário Lucho, só mesmo num estado de nervosismo elevado ao cubo da ansiedade. E de enorme estupidez da minha parte. Ainda bem que o meu pai me “obrigou” a ir ter com ele, só é pena é que depois não tenha registado o momento). Nunca me esqueço da voz a falhar. E da súbita coragem que se apoderou de mim. Do olhar intenso. Do sorriso. E do obrigado que terei que ser sempre eu a dizer e não tu.

Por mim parava o relógio naquele momento. E ficava ali contigo a dizer-te todas as razões da minha eterna admiração. Há pessoas fantásticas que mesmo não conhecendo, nos conseguem arrancar emoções. Tu sempre fizeste isso em cada entrada em campo. Em cada passe. Em cada finta. Em cada golo. Sempre o conseguiste por toda a dedicação. Talento. Entrega. E amor no que fazes.

Contigo aprendi que há vários tipos de amor. E este é dos carregados de orgulho. E aprendi que, quando se gosta verdadeiramente do trabalho de alguém, aprendemos, se não for a amar, pelo menos a respeitar e a tornar um bocadinho nosso outro clube do qual nunca seremos. Contigo aprendi que a distância não apaga as vivências nem as recordações. E nem sequer proporciona o esquecimento.

Contigo sorri. Chorei. Gritei. Aplaudi de pé. Fiquei de boca aberta. Festejei golos. Saltei da cadeira. Vibrei dentro e fora do estádio. Comemorei vitórias em plena sala de estar de uma residencial, cheia de pessoas desconhecidas ou conhecidas de vista, que desfrutavam calmamente das férias (recordar-me-ei sempre da vitória frente ao Braga logo na primeira jornada, onde gritei o teu golo como se estivesse sozinha em casa, pouco me importando com os olhares de quem estava à minha volta). E foi por ti que estampei a minha primeira camisola.

Há seis anos estive contigo pela primeira vez. E este será sempre o dia dois mais bonito que conheço. Ao fim de todo este tempo todo, continuo a não ter as palavras certas para escrever a alegria que se apoderou de mim, o quanto me encheste o coração por toda aquela generosidade e por todos os grandes momentos que vivi contigo de azul e branco e um sete nas costas. Seis anos depois, e uns tantos a somar antes deste dia dois de setembro de dois mil e sete, continuo a não saber escrever para ti.

Continuo a escrever amor. Todos os dias. Especialmente neste dia. E não há nenhum em que não sinta saudades. De te ter vestido com as nossas cores, naquela que também foi a tua casa. E secretamente, em silêncio, mantenho a esperança de um dia te ver regressar, de te voltar a ver com o nosso emblema sobre o peito e a levantar as bancadas.

Com todo o meu coração, agradeço-te por nunca me desiludires e por todos os dias me mostrares que foste a minha melhor escolha. E foi assim que aprendi a escrever amor. Saudades. Boas saudades, que são as melhores, por se sentirem pelos melhores. E para sempre. O meu para sempre mais bonito. É que o futuro é inquestionavelmente incerto, mas há pessoas que incontornavelmente levamos na nossa vida e carregamos no lado esquerdo do peito.

Numa palavra: Incondicionalmente.
  
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andreia morais

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O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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