Q de coração!



Seis anos!

Há alturas em que o tempo me pesa por passar tão rápido. Por o ver quase a levantar voo diante dos meus olhos ou por o sentir a passar tão depressa por entre os meus dedos. Por mais que tente, nunca serei capaz de parar o tempo. Mas há tempos e momentos que saberei eternizar por tudo aquilo que significaram. E continuam a significar.

Dois mil e sete. Dois mil e treze. Passaram seis anos e o meu coração ficou naquele pedaço de passeio a uns metros do hotel. O meu coração perdeu-se naquele sorriso, naquele semi abraço, naquelas palavras e naquela simpatia que eu sempre desejei sentir de perto. Há sonhos que nos acompanham ao longo da vida. E há alturas que, como por magia, acontecem do nada. Sem contarmos. Onde menos esperamos. Quando menos fazemos prever.

Nunca serei capaz de esquecer o nervoso miudinho que se apoderou de mim. Das minhas palavras. E o choque que me toldou o pensamento. E posso afirmar com tudo o que tenho que me lembro de cada segundo daquele momento. Da espera. Da ansiedade. De não querer tirar fotografia com o Lucho (ninguém o faz. Ninguém recusa tirar fotografia com o extraordinário Lucho, só mesmo num estado de nervosismo elevado ao cubo da ansiedade. E de enorme estupidez da minha parte. Ainda bem que o meu pai me “obrigou” a ir ter com ele, só é pena é que depois não tenha registado o momento). Nunca me esqueço da voz a falhar. E da súbita coragem que se apoderou de mim. Do olhar intenso. Do sorriso. E do obrigado que terei que ser sempre eu a dizer e não tu.

Por mim parava o relógio naquele momento. E ficava ali contigo a dizer-te todas as razões da minha eterna admiração. Há pessoas fantásticas que mesmo não conhecendo, nos conseguem arrancar emoções. Tu sempre fizeste isso em cada entrada em campo. Em cada passe. Em cada finta. Em cada golo. Sempre o conseguiste por toda a dedicação. Talento. Entrega. E amor no que fazes.

Contigo aprendi que há vários tipos de amor. E este é dos carregados de orgulho. E aprendi que, quando se gosta verdadeiramente do trabalho de alguém, aprendemos, se não for a amar, pelo menos a respeitar e a tornar um bocadinho nosso outro clube do qual nunca seremos. Contigo aprendi que a distância não apaga as vivências nem as recordações. E nem sequer proporciona o esquecimento.

Contigo sorri. Chorei. Gritei. Aplaudi de pé. Fiquei de boca aberta. Festejei golos. Saltei da cadeira. Vibrei dentro e fora do estádio. Comemorei vitórias em plena sala de estar de uma residencial, cheia de pessoas desconhecidas ou conhecidas de vista, que desfrutavam calmamente das férias (recordar-me-ei sempre da vitória frente ao Braga logo na primeira jornada, onde gritei o teu golo como se estivesse sozinha em casa, pouco me importando com os olhares de quem estava à minha volta). E foi por ti que estampei a minha primeira camisola.

Há seis anos estive contigo pela primeira vez. E este será sempre o dia dois mais bonito que conheço. Ao fim de todo este tempo todo, continuo a não ter as palavras certas para escrever a alegria que se apoderou de mim, o quanto me encheste o coração por toda aquela generosidade e por todos os grandes momentos que vivi contigo de azul e branco e um sete nas costas. Seis anos depois, e uns tantos a somar antes deste dia dois de setembro de dois mil e sete, continuo a não saber escrever para ti.

Continuo a escrever amor. Todos os dias. Especialmente neste dia. E não há nenhum em que não sinta saudades. De te ter vestido com as nossas cores, naquela que também foi a tua casa. E secretamente, em silêncio, mantenho a esperança de um dia te ver regressar, de te voltar a ver com o nosso emblema sobre o peito e a levantar as bancadas.

Com todo o meu coração, agradeço-te por nunca me desiludires e por todos os dias me mostrares que foste a minha melhor escolha. E foi assim que aprendi a escrever amor. Saudades. Boas saudades, que são as melhores, por se sentirem pelos melhores. E para sempre. O meu para sempre mais bonito. É que o futuro é inquestionavelmente incerto, mas há pessoas que incontornavelmente levamos na nossa vida e carregamos no lado esquerdo do peito.

Numa palavra: Incondicionalmente.
  

Comentários

  1. O tempo passa tão rápido que qualquer dia estamos a pintar a pintar as paredes das nossas casas em vez de escrevermos no blogue. Estaremos a pentear os nossos filhos, a vesti-los. Mas o certo é que o coração continuará em nós, os verdadeiros sempre ficarão enquanto os "outros" ficarão pelo caminho e nós agradecemos por isso.
    Há pessoas especiais e tu, sem dúvida, para além de seres uma, encontras-te outra *

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  2. O tempo voa, mas o que é sincero e verdadeiro nunca desapega de nós, sem duvida que há algo de especial por aqui...preserva-o e cuida *

    Fico a espera da tua opinião,
    pensando com arte.

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