Entre Margens

«Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem», Miguel Esteves Cardoso

«É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com Sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava», José Saramago


À boleia do mundo nasce, precisamente, pelo meu enorme fascínio em descobrir sítios novos. Se puder aliar isso à escrita e partilhar com as pessoas será ainda melhor. Preencher-me-à por completo, uma vez que reúno num só momento três paixões: escrever, fotografar e viajar. 

Sou apaixonada por Portugal e tenho a sorte de conseguir dizer que já fui de Norte a Sul, simplesmente não tenho muitas recordações, até porque na altura, e isso custa-me agora, não compreendia o quanto era bom gravar no coração cada pedaço de chão que pisei. Ficam sempre histórias, tenho imagens muito presentes de alguns lugares, talvez por isso os queira revisitar. Redescobrir. Esta nova rubrica talvez seja a desculpa perfeita para o fazer e para recuperar um pouco desse tempo passado, porém com a certeza de que nada é igual. 

Adoro ser turista dentro do meu país. Reparar em cada pormenor como se nunca o tivesse visto antes. Contemplar a beleza natural. Perder-me de encantos e sentir-me em casa. Mas também gosto de alargar fronteiras e estender os meus passos para território espanhol. Confesso, foi o mais longe que fui. E nas férias em família - como adoro viajar com os meus pais - vamos lá todos os dias. É fantástico absorver uma cultura que, não sendo a minha, me soa cada vez mais familiar. 

Esta rubrica será, portanto, uma espécie de diário onde partilharei as minhas viagens/passeios. Onde falarei do que visitei, o que vi, o que senti, as lembranças que inevitavelmente recordo, a gastronomia que tiver a oportunidade de experimentar. Não quero, no entanto, que isto pareça uma aula de história. Não pretendo dar-vos esses factos sobre os lugares (a não ser que ache realmente necessário e relevante), mas sim mostrar-vos a minha visão das coisas - que pode não ser o mais fiel, bem sei, por força da minha grande paixão. Vou mostrar-vos por onde ando, o que conheço, onde me perco e o que me aquece a alma. Será um guia turístico, registado por horas, mas bastante amador, através da forma como olho o mundo.

No passado domingo pude, finalmente, começar a dar forma a esta rubrica, por isso brevemente começarei a partilha-la convosco. Vou tentar, ainda que não o garanta, fazer alguns vídeos, uma vez que há determinadas alturas em que as fotografias e as palavras não são suficientes para descrever com exatidão os caminhos percorridos. 

Estou entusiasmada. Tenho dois cadernos pretos para preencher (e espero que este número aumente). Vamos começar a viagem?

«(...) O primeiro amor ocupa tudo. E inobservável. E difícil sequer reflectir sobre ele. O primeiro amor leva tudo e não deixa nada. Diz-se que não há amor como o primeiro e é verdade. Há amores maiores, amores melhores, amores mais bem pensados e apaixonadamente vividos. Há amores mais duradouros. Quase todos. Mas não há amor como o primeiro», Miguel Esteves Cardoso


O primeiro amor nunca se esquece. É tão intenso. Vivemos tudo à flor da pele. Estamos tão longe de saber como se constrói um grande amor que acabamos por querer experimentar tudo em modo «já», em vez de saborearmos lentamente os momentos. Falta-nos a maturidade para saber esperar, por isso atiramo-nos de cabeça e não esperamos outra coisa a não ser que a outra parte de nós salte sem paraquedas.

«Que estranha forma de vida tem este meu coração. Vive de forma perdida, quem lhe daria o condão? (...) Eu não te acompanho mais. Pára, deixa de bater. Se não sabes onde vais porque teimas em correr?»


Sabem quando ficam fascinados a ouvir/ver algo/alguém que admiram? Foi exatamente assim que me senti quando o Camané entrou em palco. Que me perdoe a Cristina Branco, cujo talento desconhecia, mas o grande motivo que me levou a estar presente foi mesmo o «Príncipe» do Fado, como tão bem o apelidou. Aquela voz quente e aconchegante, de figura elegante, encheu-me a alma e o coração. Foi o realizar de um sonho antigo. E agora só espero pela oportunidade de o ver a sós, num espetáculo à sua imagem. A Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música, que tão bem os acompanhou, é de uma qualidade incrível. Obrigada por mais esta noite memorável. Por novamente ter ficado de lágrimas nos olhos e com a sensação de que sou uma privilegiada por, de tão perto, ter presenciado tanto talento.

É assim que termina mais uma sequência de concertos. Sempre com a promessa de que voltarei para vos contar pormenorizadamente, na rubrica «Minutos com história», o que aconteceu na Serra do Pilar. Enquanto os vídeos estão a carregar no meu canal do youtube, partilho convosco as fotografias que tirei no sábado à noite. Espero que gostem. 






















































Alguém teve a oportunidade de ir?
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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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