Entre Margens

«A recordação é o perfume da alma. É a parte mais delicada e mais suave do coração, que se desprende para abraçar outro coração e segui-lo por toda a parte», George Sand  


A Cátia do blog Linhas tortas teve a ideia de criar o seu moleskine viajante (ver publicação aqui). Para quem não sabe, é um caderno que circula entre várias pessoas e onde cada uma pode fazer o que quiser: escrever, desenhar, colar... Basta deixar fluir a imaginação. Adorei esta iniciativa e senti logo que tinha que participar. Além disso, não foi nada difícil saber qual seria o meu contributo. Na passada quarta-feira recebi uma encomenda e pelo envelope percebi logo o que era. Agora só preciso de começar a trabalhar no que pensei. Não vos posso revelar muito, até para não estragar a surpresa, mas levanto a ponta do véu para vos dizer que envolve um pouco de trabalho manual e uma espécie de edição especial de uma das rubricas que podem ler n' As gavetas da minha casa encantada. Estou ainda a pensar enviar uma recordação, mas continuo indecisa entre dois objetos. Quando regressar ao destino e se a responsável me permitir partilho detalhadamente o que fiz nestas páginas que ficarão preenchidas de histórias de toda a parte.

Quem está a participar? Conseguem adivinhar o que vou fazer?

«Por isso pára de chorar, carrega no batom, abusa do verniz, põe os pontos nos "is"»

Antes de sair de casa olhei-me ao espelho. E silenciosamente pensei «és bonita», de forma a mentalizar-me que tenho que me aceitar como sou. Depois sai porta fora pronta a conquistar o mundo.

«Gosto de gente simples e generosa, gente de afectos, que gosta com o coração todo, que ajuda, que dá sem pensar em contrapartidas, que ouve, que sorri com os olhos, que se emociona e que se entusiasma com as pequenas coisas. Gosto de pessoas que gostam das outras pessoas. Sem filtros».


As nossas ações têm consequências. Inevitavelmente. E acho que, por vezes, nos esquecemos do quanto as nossas palavras podem tocar alguém e que um simples gesto faz a diferença. Estava longe de imaginar o impacto que o texto de ontem teria, por isso só vos posso agradecer por todas as mensagens que me fizeram chegar. Foram incríveis e deixaram-me de coração cheio. 

Chorei e sorri ao ler cada comentário. A força que recebi de todos eles nunca serei capaz de esquecer. Nem quero! Além disso, saber que ajudei alguém a desabafar é a melhor sensação de sempre. Receber uma mensagem de uma pessoa com quem nunca falei, mas que reconheço de vista, a partilhar um pouco da sua experiência deixou-me feliz. Naturalmente, preferia que não se tivesse identificado com a minha partilha, mas sentir que confiam em mim para libertar um pouco dessas inseguranças fez-me perceber que escrever este texto foi das decisões mais acertadas que tomei. 

Como o referi, adiei muitas vezes escreve-lo. Por vergonha, por receio, por não ser fácil. Mas quando finalmente decidi que estava na hora de falar disto sem medo de represálias fi-lo não por ter pena de mim, porque nunca tive, mas para conseguir ajudar de alguma forma. Muitas vezes só precisamos de um incentivo para libertar os nossos fantasmas. E é quando nos permitimos falar sobre eles que compreendemos que nunca estamos sozinhos. Não estamos. Do outro lado da estrada, do mundo, da vida há sempre alguém igual a nós. 

Há várias formas de nos sentirmos amados. E ontem foi assim que me senti! O caminho é longo, mas todos os dias vou gostando um pouco mais de mim. Vocês que estão desse lado, que me acompanham há algum tempo, não tinham qualquer obrigação de escrever o que escreveram e mesmo assim fizeram-me ganhar o dia. Não nos conhecemos pessoalmente, tudo o que sabemos uns dos outros é do que vamos partilhando neste espaço em comum, mas nada disso vos impediu de revelar a imagem que têm daquilo que sou. Acreditem, foi muito importante. Obrigada.

Todos nós temos algo que nos atormenta, por mais mínimo que nos pareça comparado com outros problemas. Não devemos desvalorizar, até porque os danos na auto-estima podem ser elevados. É por isso que tenho um desafio para vocês: são capazes de responder ao «If You Really Knew Me...»? 

Muitas vezes duvidamos que exista alguém com o mesmo problema que nós, porque nos parece tão insignificante que mais ninguém se lembrará dele. Há tantos mais importantes, como é que podemos deixar que aquele pormenor nos derrube? Vamos surpreender-nos com a quantidade de pessoas que pensam o mesmo e que todos os dias colocam esta questão. Também duvidei muitas vezes, mas hoje arrependo-me de não ter publicado este texto mais cedo. É importante partilharmos as nossas experiências, nunca sabemos quando é que através dela vamos ajudar alguém.

Vamos fazer a diferença?  

«Encontra o caminho aquele que rompe as próprias máscaras, encara a verdade sobre si mesmo, experimenta a amplitude de sua vulnerabilidade e age, superando-se continuamente», Maria Aparecida Giacomini Dóro.


Fiquei a conhecer o projeto «If you really knew me...» (podem saber em que consiste aqui) através do blog da Bu' e já há algum tempo que queria participar. Contudo, acho que me faltou a coragem suficiente para fazê-lo mais cedo. Não é fácil pousarmos a máscara que usamos para nos proteger de algumas coisas e sermos nós sem qualquer filtro, sobretudo quando isso implica expor-nos sem medos. A verdade é que os temos e nem sempre são poucos. Mas como em tudo na vida, chega a uma altura em que percebemos que tem que ser. E a sensação de liberdade que surge depois disso é reconfortante. Senti que era o momento de me dar a conhecer, talvez de uma maneira que só eu me conheço. E sabem uma coisa? Fez-me bem! Sem mais demoras, deixo-vos com o meu simbólico contributo:


Se tu realmente me conhecesses saberias que... 

Nunca me achei bonita. Quando me olho ao espelho não consigo encontrar algo que seja suficientemente merecedor de atenção por parte das outras pessoas. Eu sei, o que importa - ou o que deveria importar - é a personalidade, mas todos nós sabemos que ainda há quem viva de aparências, como se beleza fosse sinónimo de sermos boas pessoas. Nunca gostei do meu corpo, porque sempre fui gorda. Inevitavelmente, há complexos que surgem e mecanismos de defesa que se desenvolvem. Tento muitas vezes lutar contra isso, mas por qualquer razão volto à estaca zero, como se me sabotasse propositadamente. Ou me tivesse conformado que seria assim para o resto da vida.

Não me lembro de alguma vez ter ouvido um rapaz dizer que era bonita ou a mulher da vida dele. Nem me recordo do que é estar numa relação, sentir-me amada e desejada. E muitas vezes questiono-me se algum dia voltarei a sentir tudo isso. A ter aquele frio na barriga e saber que do outro lado há correspondência. Sou insegura quanto às minhas qualidades, duvido muitas vezes que sou capaz e tenho medo da solidão. Sempre quis casar e ser mãe, mas às vezes pergunto-me se algum dia realizarei esse sonho porque acho que nunca serei suficientemente boa para que alguém queira passar o resto da sua vida ao meu lado. Tenho vinte e dois anos, muito pela frente, mas há momentos em que me sinto a ficar para trás. 

Guardo muitas coisas só para mim. Prefiro ouvir os problemas dos outros, para os tentar ajudar, do que preocupá-los com os meus. Choro sozinha e odeio que me vejam chorar. Não porque veja isso como uma fraqueza, mas precisamente por não querer que se preocupem comigo. Nunca me vitimizei, nem sinto pena de mim. Nunca me olhei como «coitadinha», nem o podia fazer. Se calhar, hoje gosto um pouco mais de mim, mas ainda tenho um longo caminho pela frente. Aceitar-me como sou devia ser intrínseco à personalidade, mas é das coisas mais difíceis de se conquistar. E a minha timidez leva-me a ter receio de avançar.

Tenho muitas saudades da minha avó. Ainda há alturas em que espero que, por volta do meio dia, chegue a casa depois do seu passeio diário. Há coisas que continuam a magoar, pessoas que deviam ter estado presentes e não estiveram. Talvez me falte a capacidade de perdoar essa falha dos outros. Tenho igualmente saudades do meu avô. E o dia em que faleceu, por ter sido no dia do meu aniversário, foi - e continua a ser - o mais traumático. Já tinha partilhado esta informação com algumas pessoas próximas, mas só o ano passado é que consegui escrever detalhadamente sobre o assunto, muito por culpa da música «Volta» do Diogo Piçarra.  

Nos últimos dois anos desiludi-me com duas pessoas bastante importantes e acho que isso abalou a minha confiança e fez-me repensar na forma como me entrego aos outros . Amei em segredo e engoli muitos sapos em prol de amizades. E no fim sempre achei que a culpa das coisas não resultarem era minha, que podia ter feito mais. E talvez hoje continue a achar o mesmo. E que, se calhar, se fosse embora daqui não faria assim tanta falta.  

Independentemente de tudo isso, saio sempre de casa com um sorriso nos lábios e continuo a acreditar que um dia vou encontrar o amor da minha vida. Continuo a achar-me a pessoa mais sortuda do mundo por ter a família que tenho e os amigos que conheci ao longo do tempo. Aprendi a ter força e a não deixar que algumas coisas me derrubem. Há pormenores que só eu sei, dúvidas que me perseguem, inseguranças que não consigo deixar para trás. Mas esta sou eu, sem filtro e sem máscaras. E talvez um dia descubra que sou bonita exatamente por ser assim. 

E se eu te conhecesse realmente como seria? 

«Solidão é o modo que o destino encontra para levar o homem a si mesmo», Hermann Hesse


E de repente
Percebemos que o mundo não para
E a dor da mágoa
Se espalha
E de nada vale 
Fechar a janela
Quando a noite impera em nós.
E o sol continua
A brilhar lá fora
E os pássaros não voam do ninho
Cantando.
E quem perde somos nós
Que deixamos de viver
E agarrar a beleza
Que permanece no lado de lá do vidro
Por quem já não lembra
E já nada quer daquilo que fomos.


M, 06.07.2014

«Só há uma coisa para a qual não admitimos que nos seja exigido pensar. Chama-se paixão


Quase tudo o que há na vida nos obriga a pensar demais. Das decisões profissionais, aos destinos de férias, às contas ao dinheiro que, mesmo antes de se fazer ouvir na conta, já vem invariavelmente repartido por uma série de variáveis, também estas previamente identificadas. Nem o sexo escapa ao planeamento estratégico do ato. Não se admite que não saibamos as posições que eles mais gostam e, se dúvidas existirem sobre a real localização do ponto G, em qualquer lado se encontra uma resposta apropriada e ilustrada.

Só há uma coisa para a qual não admitimos que nos seja exigido pensar. Chama-se paixão. E, de facto, esta não tem posologia, não traz informações sobre os efeitos secundários, não é planeável, não é pensável. É só ficar a vê-las chegar: tropas e tropas de borboletas paraquedistas que vão poisando e borboleteando na barriga.

Do chegar desta paixão ao iniciar de um namoro não é preciso muito, basta que nos deixemos guiar pela mão desta felicidade fácil e irracional. Mas é certo e sabido que há castigo para tudo o que deixamos que nos escape à razão, até para a felicidade. Aqui, o castigo maior é quando percebemos que esse tal namoro nem está prestes a acabar, mas que na verdade nunca chegou a começar. Noite da inauguração volvida, desligam-se os holofotes e, antes que a coisa comece a dar algum trabalho e nos obrigue a voltar à rotina do pensamento, o ideal é recorrer a uma digna e rápida rescisão por mútuo acordo.

Já o (n)AMOR(oro) não tem nada a ver com isso. Namorar alguém por amor é ter o coração ocupado 24h/7 e aceitar que daí vão começar a surgir preocupações relacionadas com o não cumprimento de determinadas obrigações contratuais. É deixar que as tropas de borboletas exibam agora os seus músculos militares e, de botas bem engraxadas, deixem para trás os paraquedas para ocuparem, não provisoriamente, o arco do triunfo do coração. Requer planos, reflexões, considerações. É uma atenção e uma dedicação que se implanta na vontade dos amantes e que são inatas a isto que é... o amor.

Se o namoro é um brunch de ocasião e de fácil digestão, o (n)AMOR(o), esse, alimenta-se de banquetes de expectativas, inquietações e algumas agonias. É aceitar que da irracionalidade da paixão nasceu uma nova atividade. Chama-se continuar e não faz finca-pé com a razão ou com o pensamento. Ela requer que nos tornemos guardiões do n(AMOR)o e solicita sistemas comunicação e planos de ação suficientemente aplicados para que não se deixe o amor empalidecer, apodrecer, morrer.

No que toca ao (n)AMOR(o), pensar demais não mata. Tomar por garantido é que mata.

E o (n)AMOR(o) não compactua com funerais dignos». (Catarina Sanches, aqui)

«O que é mais difícil não é escrever muito; é dizer tudo, escrevendo pouco», Júlio Dantas. 


Vi a TAG «Uma só palavra» no blog Morning Dreams e achei-a mesmo interessante. O objetivo é responder às perguntas, tal como o nome indicada, com uma única palavra. Não é nada fácil, até porque se algumas são óbvias outras nem por isso. Ainda assim, e mesmo não tendo sido nomeada diretamente, quis fazê-la pelo desafio que é. Vamos ver se o consegui superar?


1 - Onde está o seu telemóvel?
Mesa

2 - Seu parceiro?
Caderno

3 - Seu cabelo?
Encaracolado

4 - Sua mãe?
Vida

5 - Seu pai?
Vida

6 - Seu objecto preferido?
Livro

7 - Seu sonho da noite passada?
Calmo

8 - Sua bebida predilecta?
Chá

9 - O carro dos seus sonhos?
Porsche

10 - O quarto onde você está neste momento?
Sala

11 - Seu ex?
Distante

12 - Seu medo?
Desiludir

13 - O que você deseja ser em 10 anos?
Feliz

14 - Com quem você passou a noite passada?
Família

15 - O que você não é?
Irresponsável

16 - O que você fez por último?
Catequese

17 - O que você está usando?
Roupa

18 - Livro predilecto?
Principezinho

19 - A última coisa que você comeu?
Pão

20 - Sua vida?
Boa

21 - Seu humor?
Constante

22 - Seus amigos?
Essenciais 

23 - Em que você está pensando neste momento?
Concerto

24 - O que você está a fazer neste momento?
Escrever

25 - Seu verão?
Espetacular

26 - O que está passando na sua TV?
Castle

27 - Quando você sorriu pela última vez?
Hoje

28 - Quando você chorou pela última vez?
Quinta

29 - Escola?
Objetivo

30 - O que você está escutando nesse momento?
Volta

31 - Actividade predilecta dos finais de semana?
Passear

32 - Profissão dos seus sonhos?
Educadora

33 - Seu computador?
Necessário

34 - Do lado de fora da sua janela?
Rua

35 - Cerveja?
Preta

36 - Comida mexicana?
Incógnita

37 - Inverno?
Agasalho 

38 - Religião?
Acreditar

39 - Férias?
Conhecer

40 - Em cima da sua cama?
Almofadas

41 - Amor?
Imprescindível

Foste a loucura que sempre quis viver até não te querer a viver mais dentro de mim.

#pessoal #loucura #vida #amor #coração #longe #semti #afastamento 

04.09.2014

«É uma alegria representar este clube. Sempre o disse. Cada vez amo mais este clube, vestir esta camisola, representar o clube e a cidade. É isto que nos motiva...», Ricardo Quaresma.


Subestimam-te, mas ainda não perceberam que não te derrubam. É esse amor que tu tens, maior do que todos, que não te deixa desistir. A irreverência, o talento, a capacidade de encontrar espaços, as fintas, os rasgos de genialidade que deixam uns quantos para trás, a garra, a raça, a vontade são todas as qualidades que te distinguem e te levam ao topo. Para junto dos gigantes. O Harry Potter do Dragão é feito de magia pura e é isso que nos prende à cadeira, como se o nosso coração parasse de palpitar por segundos, e logo a seguir nos faz levantar numa ovação entusiasmante e apaixonante. Mas o Quaresma não é só isto. É muito mais do que isto. Porque se desafia e, consequentemente, se supera. E é melhor todos os dias. A equipa não é só ele, nem o pode ser, porque antes das individualidades está um nome mais importante: o do clube. Contudo, ontem foi mais uma prova, sem teres que provar algo a alguém, que o banco não te pertence. O teu lugar é dentro de campo, a fazer o que sabes com mestria, a desequilibrar, a proporcionar momentos de qualidade a quem assiste no estádio, em casa ou no café. Porque o Porto também és tu, que o sentes como se te estivesse cravado no sangue desde que nasceste. «Os artistas são assim: teimam em escolher caminhos difíceis». E eu sei, porque o sinto também, que dás tudo o que tens. E por mais difícil que o caminho seja tu hás-de estar lá, sem medos, por nós. «O avançado correu em direção ao centro, agarrou a camisola e gritou para os céus. Aquele tinha de ser o momento do jogo». E foi! Para mim ainda mais por significar o teu regresso, onde demonstraste, novamente, a honra com que defendes o emblema que carregas sobre o lado esquerdo do peito. Essas duas cores são o nosso amor por inteiro. Por mais que digam que não sabes o que é ser Porto, és a maior referência deste plantel. E é com tristeza que te vejo relegado a um lugar que nunca será o teu. Ficou a certeza de que nunca serás o problema, mesmo quando nem tudo corre bem, mas a solução. Deram-te o estatuto de Herói, para mim ele acompanha-te todos os dias. Tu sabes para onde queres ir. Chegas e conquistas. Partilhamos o grito da glória, aquele com que deviam dizer o teu nome sempre que sobes ao relvado. E eu continuarei aqui, com o orgulho a transbordar porque não existe algum outro jogador que me encha tanto as medidas como tu. És o maior. Precisamos de ti, Guerreiro! 

«Enquanto houver estrada para andar a gente vai continuar», Jorge Palma

«Eu sei que o tempo não pára. O tempo é coisa rara e a gente só repara quando ele já passou», Mariza.


Um ano. É mesmo verdade? O tempo avançou assim tão rápido para nem darmos por ele? Há dias em que acho que a minha memória me atraiçoa, baralha as datas e troca as lembranças. Hoje não é o caso, passou mesmo um ano. E vejam onde nos tem levado toda esta aventura!

Vamos recuar a vinte de outubro de dois mil e treze e saborear este percurso em câmara lenta. Lembram-se dos Bring Us Tomorrow? Sim? Eu também! E tudo começou assim: com outro nome. Mas a essência dos Aurora esteve sempre ali, bem dentro de cada um deles. Talvez não o soubessem na primeira vez que pisaram o palco, ainda em separado, mas depressa chegaram lá. Ao projeto mais fascinante de toda a competição. A «Homem do Leme» com que se deram a conhecer elevou a fasquia, não só para eles, mas para todos os outros concorrentes, por ter sido cantada, tocada e interpretada de forma tão brilhante. Estavam ali para vencer, para marcar a diferença, e isso ficou claro, pelo menos para mim, quando afirmaram com toda a convicção que iam cantar em português porque «devemos valorizar a nossa língua». Conquistaram-me naquele instante. E desde então nunca mais parei de me render a todo o talento que têm. 

Há um ano compramos um bilhete sem volta para esta viagem alucinante que têm sido os Aurora. Se a música dos Xutos&Pontapés marcou o início de algo tão fantástico, a «Sete Mares», dos Sétima Legião, encerra um ciclo. E a chegada de uma nova etapa. Pelo meio muitas foram as músicas que nos deixaram sem palavras. Em êxtase. A sorrir. De lágrimas nos olhos. E por mais distintas que sejam têm todas em comum a entrega, o respeito e o amor com que se dedicaram a trabalhá-las. Porque ser Aurora é inovar. E tornar a música portuguesa ainda mais bonita.

Por gostar tanto do que é nosso, cresci a ouvir todos os temas que cantaram no Factor X. E não podia ter ficado mais orgulhosa por vê-los a fazê-lo com tanta alma. Nunca me esquecerei do choque, acompanhado de uma grande satisfação, quando percebi que iam cantar a «Cenário», dos Toranja - é das minhas músicas favoritas e acho que nunca ouvi alguém a interpretá-la num programa deste género. Além disso, foi uma honra sabe-los trazer a palco grandes nomes como António Variações, Heróis do Mar, Resistência, Sitiados, Rui Veloso, Pedro Abrunhosa, Ornatos Violeta. 

Superaram medos, dúvidas, nervos e pressão. Aliaram-se e encontraram o caminho certo. E a amizade que criaram é um dos trunfos mais valiosos. Nada os fez parar. Podem não ter sido os vencedores em título, mas o que é que isso importa quando aquilo que fizeram gala após gala foi único e insuperável? Claro que mereciam sê-lo, por mais suspeita que possa ser, mas venceram no exato momento em que se juntaram e começaram a traçar o seu destino: original, criativo, sem máscaras. Tudo o que são é tudo o que nos mostram. E isso tem que valer alguma coisa. Para mim valerá sempre mais do que um troféu.

Cresceram tanto! A rampa de lançamento que o programa se tornou depressa os fez voar mais alto, mas nunca perderam o norte. E foi mesmo de Norte a Sul que deixaram a sua marca, em todos os concertos que ficam para a história. O público é cada vez maior e isso é a consequência inevitável e merecida por serem tão incríveis. Mesmo que as pessoas os reconheçam de um programa de televisão a verdade é que rapidamente se descolaram dessa imagem. São os Aurora. Ponto. Essa fase das suas vidas fará sempre parte daquilo que são, mas hoje, um ano depois, são muito mais que isso.   

Perdoem-me o egoísmo de recordar este ano pelos meus olhos, pelo que me transmitem e por tudo aquilo que são para mim. Passou tão rápido! E no decorrer desta viagem podemos escrever dois originais, um projeto solidário, um vídeo oficial e um álbum a caminho. Partilhamos momentos, alguns à distância e outros bem perto. Partilhamos o aniversário do David em palco, em Arouca; partilhamos a Gafanha da Nazaré e Espinho. Deixaram-me sem saber o que dizer em todas as atuações, em todos os textos meus que partilharam, por nos abrirem o vosso mundo e nos deixarem acompanhar os vossos passos. E nunca me cansarei de realçar o cuidado que têm com quem os acompanha. Acho que não falo só por mim quando afirmo que é o mínimo que podemos fazer por tudo aquilo que nos fazem sentir. Sou mesmo feliz a ouvi-los!

Se há algo que se mantém comum ao dia em que começaram? Há! A humildade, a maturidade, a consideração pelo trabalho dos outros, o amor ao que fazem. Cresceu a dedicação, o talento, a entrega, a vontade, o à vontade em palco, a ligação entre eles. Fizeram crescer todas as qualidades que já tinham. Intensificaram-nas. Deram-lhes muito mais valor e significado. E a evolução é notória. Sempre que os ouço soam-me melhor. Pergunto-me muitas vezes como é que o conseguem e a resposta é sempre a mesma: porque querem! E fazem acontecer. Há muito futuro aqui!  

Há um ano deram início a esta família e agora têm um mundo inteiro pela frente para conquistar. Hoje celebram o primeiro aniversário e muitos mais virão depois deste. Estou aqui, desde o primeiro dia, até ao fim - mesmo que a idade pese e me obrigue a andar encurvada ou de bengala. Envolvemo-nos todos de alma e coração porque acreditamos em conjunto. Só faria sentido assim. Obrigada por este ano tão extraordinário. A partir daqui é a sempre a subir. Parabéns!

«Que é o Natal? É a ternura do passado, o valor do presente e a esperança do futuro. É o desejo mais sincero de do que cada xícara se encha com bênçãos ricas e eternas, e de que cada caminho nos leve à paz», Agnes M. Pharo


Se vos disser que já comecei a imaginar como vou decorar a árvore de natal, mesmo que os objetos não mudem de um ano para o outro, e que já iniciei, ainda que mentalmente, a lista dos livros que quero parece-vos demasiado precipitado? É das épocas festivas a que mais me encanta, até porque será sempre sinónimo de família. E não gosto de deixar tudo para a última da hora. Com que antecedência começam a preparar ou, pelo menos, a idealizar o vosso Natal?

«Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo», Álvaro de Campos.


A Cidchen do blog Cidi's World nomeou-me para a TAG 5 perguntas. Como devem estar recordados, se não estiverem eu ajudo, as regras são as seguintes:

• O desafiador deve fazer 5 perguntas sobre o blog escolhido; 
• O desafiador deve deixar os links dos blogs que desafiou; 
• O blog que for desafiado deve deixar na TAG quem o desafiou; 
• Só é permitido criar perguntas SOBRE o blog; 
• Os blogs desafiados devem ser informados disso e responder nos comentários da TAG se aceitam ou não.

Antes de responder, quero agradecer por esta nomeação. Por razões óbvias não irei desafiar cinco pessoas, mas quem quiser pode levar a TAG, utilizando as perguntas que me colocaram.


As cinco perguntas:

1. Já deixaste de escrever alguma coisa no blogue por medo de censuras?
Não e tentarei ao máximo que nunca aconteça. Não faz sentido, uma vez que o espaço é meu. E, como tal, posso escrever sobre o que quiser, tenho é sempre a preocupação de fazê-lo mantendo uma base que para mim é fundamental: o respeito. Por norma, nunca conto episódios da minha vida de forma muito direta, mas se o fizer e se envolver terceiros tenho o cuidado de preservar o seu anonimato. Mas isto é uma questão de bom senso, porque não posso expor alguém sem que essa pessoa saiba e queira. Todos nós temos pontos de vista diferentes e formas distintas de lidar com determinados assuntos, mas não posso deixar de os demonstrar por pensar que as pessoas podem censurar a maneira como os penso e vejo. 

2. Já te desiludiste com um blogger?
Felizmente não. E espero que se mantenha assim.

3. Qual a razão que te tornou um blogger?
A razão principal foi o meu primo que me incentivou a criar um. E aceitei o conselho pelo facto de adorar escrever. De ser uma paixão e algo que me deixa feliz e em paz. Além disso, é uma forma de me desafiar, de crescer e de ter um refúgio só meu, onde posso ir quantas vezes quiser, tendo a certeza de que nunca estarei sozinha, pois há sempre alguém com uma palavra reconfortante e/ou que nos faz pensar para além da nossa bolha. 

4. Qual é a coisa que mais odeias neste mundo dos blogues?
Não tenho algo que odeie neste mundo dos blogues, até porque se tivesse, muito provavelmente, já teria deixado de publicar. 

5. O que foi o melhor e o pior que o blogue te deu?
O melhor? Sem dúvida as pessoas, o facto de estarem sempre disponíveis para deixar uma palavra de conforto, um elogio, uma critica construtiva. O pior? As ligações que se perdem sem aviso, ou porque simplesmente deixam de publicar ou quando abandonam o blog em definitivo. 

Todos nós precisamos de horizontes. De paz. E de força e inspiração para os expandir. 

«A geração que entusiasma, a traquinice do jogo de rua que resiste ao espartilho das academias».


A garra com que estes «miúdos» jogam é comovente. É por profissionais como eles que sou tão apaixonada por futebol - sentimento que só tem tendência para aumentar. Não é só talento, e esse, como todos podem ver, é inesgotável. Soberbo. Hipnotizante. A forma como trocam a bola com maturidade é absolutamente fascinante. Todos eles carregam amor. À camisola. Ao emblema. E levantam multidões. Estejam atentos a estes craques, são o futuro. A esperança que às vezes no falta. São um exemplo e um verdadeiro orgulho. Esqueçam as idades, aquilo que fazem dentro de campo está ao mais alto nível. 

Num percurso imaculado de vitórias provaram todo o seu querer, o quanto estavam ali de corpo e alma para conquistar o objetivo comum a todos nós: Campeonato da Europa de 2015. Conseguiram, porque acreditaram até ao fim. Acreditaram que era possível fazer história e fizeram. Estes «miúdos» são do que temos de melhor. E nunca falham, mesmo quando cometem erros. Há uma diferença que os distingue de todos: a genuinidade. E depois a vontade. O trabalho. A união. Ninguém fica para trás e o ambiente dentro daquela equipa deve ser fantástico. Porque se respeitam e ajudam mutuamente. Porque sabem perfeitamente que antes dos nomes de cada um está um nome maior: Portugal. E é pela nossa seleção que lutam incondicionalmente.

Parecem amigos à jogar à bola sem o peso da responsabilidade que hoje carregam. O palco é diferente, mas mantém-se o que é essencial: a felicidade em todas as vezes que a bola lhes chegava aos pés. A criatividade em inventar o trajeto que faria de seguida. As «maldades» que se queriam impor ao adversário, seja pela famosa «cueca» ou por outra finta qualquer - muitas vezes sem que os próprios intervenientes soubessem como o fizeram. É este querer ser melhor que os faz crescer. E só não vão mais longe se lhes barrarem o caminho. Nunca percam o foco, nem tirem demasiado os pés do chão - só se for para voar mais alto que o adversário -, porque isso significaria perder jogadores brilhantemente talentosos e nós precisamos de vocês.

Não conheço o Rafa, o Sérgio, o Rúben, o Bernardo, o Ricardo, o Tozé, o Paulo,... Fora das quatro linhas têm uma vida que desconheço, mas dentro de campo a história muda. Naturalmente, acompanho mais uns do que outros, até porque alguns deles representam/representaram as cores que me movem desde sempre: azul e branco. Ali dentro não há clubes e o apoio é repartido por toda a equipa, mesmo que o carinho seja maior por aqueles que conheço melhor. Sou por todos quando sobem ao relvado com as cores da nossa seleção e tenho pena que por esse país fora ainda exista quem não conheça toda a habilidade que têm. Isso vai mudando aos poucos, por culpa de toda a dedicação que lhes corre no sangue. E por demonstrarem que não vão parar por aqui. 

Eles dão espetáculo, é por isso que os jogos nos entusiasmam. E os nervos aumentam a cada instante, não por falta de confiança, mas pela imprevisibilidade das suas jogadas. Gosto de jogadores irreverentes, que jogam bonito, que mesmo sobre pressão conseguem arrancar em velocidade e desfrutar do momento. E é na conquista de um sonho de criança, nessa pureza de um dia vir a ser jogador de futebol, que nos prendem à cadeira ou nos fazem levantar dela mais rápido que um piscar de olhos. Talvez deixe de respirar por segundos enquanto os observo pela intensidade que imprimem ao jogo e por nos contagiarem. Posso não entender grande coisa de táticas, mas o coração com que jogam compreendo bem, porque sou adepta e admiro quem sente o que faz. E enquanto houver jogadores que me façam sentir assim sei que o futuro do nosso futebol está bem entregue.   

Vamos juntos para a República Checa, com fé, com determinação e com raça. E tenho a certeza que aos poucos vão conquistando o mundo. Ontem deram mais um passo firme rumo a esse objetivo. Obrigada!

... sabor a farinha de pau de frango, feita divinalmente pela minha avó. Era um dos meus pratos favoritos de criança e ainda hoje ocupa esse estatuto. Já não o como com tanta regularidade, mas a minha mãe também o sabe fazer de forma deliciosa, aprendeu contigo. Só que nenhum saberá como o teu, avó. 

«Olha, entre um pingo e outro a chuva não molha», Millôr Fernandes


Sentei-me no parapeito e fiquei a ver a chuva cair. Mantive-me nesta inércia por tanto tempo que perdi a conta às vezes que os ponteiros rodaram no meu relógio. Gosto do som que ecoa quando as gotas tocam nos paralelos irregulares e do cheiro à terra molhada. Aprecio a calma que me invade e as memórias que me traz. Sou tão tudo e tão nada naqueles instantes que me fragmento em mil bolhas de água, como se também eu estivesse prestes a cair naquela superfície cinzenta e a desfazer-me para sempre. Permiti-me abrir a janela, sentir os chuviscos na minha cara, nas minhas mãos e na pequena parte de braço descoberta pelas mangas à 3/4. A sensação de frescura, de leveza e de liberdade é perfeita em mim. Espero tantas vezes por esta permissão de não ser eu dentro do meu próprio corpo que me esqueço que o posso fazer nos pormenores mais simples. Perco-me de mim sem precisar de estalar os dedos e se o mundo terminasse aqui seria a mesma sem o ser, com a minha alma a vaguear fora do corpo, mantendo-se a uma distância considerável e que me possibilita alcançá-la quando quiser regressar à realidade. Apetece-me dançar à chuva. Talvez dias assim sejam para ser passados no sofá, enrolados numa manta, de cabeça pousada no peito de alguém - aquele alguém - e uma chávena de chá a fumegar, ao mesmo tempo que os olhos travam uma luta para se manterem abertos enquanto o filme, ou a série, continua a avançar. Sou naturalmente do contra. Permiti-me viver. Ignorar as lembranças que me obrigam a parar. E saltei da janela, deixando o corpo movimentar-se ao som de uma qualquer música imaginária. E por ali fiquei até ser noite. Até parar de chover. Cá fora. E em mim. Senti o aroma do chocolate quente a invadir a sala e abri os olhos. Olhei-te. Tinhas a tua mão sobre o meu ombro. Por onde andaste tu? Procurei-te durante toda a minha vida. E num abraço profundo, encostei a minha cabeça ao teu peito, dançando a melodia que estes dois corações criam a um só tempo. Não te percas. Não te percas de mim. Acompanha-me. Um dois três, um dois três...   

«Sem a música a vida seria um erro», Friedrich Nietzsche


Ideal para quando se chega à distância. Para quando se quer estar e se consegue, nem que seja de coração. Para qualquer ocasião em que se pretenda fechar os olhos e sair daqui. 

Os Aurora atuam hoje em Torres Vedras num concerto solidário. O objetivo é ajudar a APECI, instituição de solidariedade social que apoia pessoas com deficiência mental deste mesmo concelho. Uma causa nobre e que faz a diferença. Deviam existir mais pessoas como a Cristiana Teixeira e a Patrícia Alves, responsáveis por esta iniciativa. 

Hoje podem ouvi-los num formato acústico - e concertos acústicos são a minha perdição -, o que me deixa com ainda mais pena de não conseguir estar presente. Como tal, e para diminuir as saudades, vou ouvir todo o reportório com que já nos brindaram de forma tão brilhante. Não será assim tão diferente dos outros dias, até porque não há um que não os ouça. Mas hoje, por estar longe, é como se os sentisse um bocadinho mais perto. Fico a apoiar à distância, com a certeza de que vão encantar o público de Torres Vedras e arrasar como sempre. Que seja casa cheia. E que se consiga ajudar quem mais precisa!

Banda Sonora de hoje: Aurora - Deves Estar a Chegar (música original dos Oioai).


«Não te vi,
E tentei voltar a dormir,
Sabendo que a Ásia ainda estava longe ...
Mas como não chegaste,
Fiquei preocupado;
Nada nas notícias,
Porque é que não estou a receber uma chamada tua?»

Fragmento-me ao pensar em tudo o que te dei sem retorno

#fragmentar #divisões #retorno #dar #tudo #nada #vazio #tu #pessoal 

04.09.2014



Capítulo 3 (conclusão)
05.08.2014


14h32: Depois de almoçar é altura de pôr a leitura em dia. Vou perder-me nas palavras de Júlio Magalhães, no seu romance «Não nos roubarão a esperança». 

17h06: O tempo está ótimo, mas temos que ir embora, uma vez que precisamos de fazer as compras para esta semana.

Os meus tios têm casa em Bragança e emprestam-na para virmos cá passar uns dias. Com uma oferta destas é claro que aproveitamos, até porque vale sempre a pena estar num lugar que nos transmite paz. E é uma excelente maneira de sair da rotina e mudar de ares. Todos precisamos de descanso, as energias ficam logo renovadas. Sentimo-nos em casa e não nos importamos minimamente de cozinhar. Se calhar, muitos não vão achar isto férias, para nós é do melhor. 

(Galende-Cubelo-El Puente-Puebla de Sanabria-Ungilde-Rihonor de Castilla-Rio de Onor-Varge-Vale de Lamas)

18h03: Chegamos àquele que será o lar que nos irá acolher durante quase onze dias. Olho à minha volta e sinto que está tudo na mesma. Isso é bom, fico com a sensação de que ainda ontem estive cá, quando, na verdade, já se passou um ano. Gosto muito da familiaridade que encontro aqui. 
Viemos pousar as malas para depois irmos à cidade.

18h45: Posteriormente a termos estado com o meu tio e o meu primo, esvaziamos o carro. Agora sim estamos prontos para ir às compras!

(Vale de Lamas-Bragança)

20h05: Abastecidos com tudo o que precisamos para esta semana, regressamos a casa. Há um jantar para preparar. E em família, porque tem um toque mais especial. 

Hoje não vamos à cidade à noite, ficamos por aqui na conversa. A noite está agradável e o céu estrelado. Muitas histórias foram partilhadas e outras ficaram pendentes, mas não esquecidas. Numa próxima oportunidade, de certeza, não escapam. Começo a sentir o cansaço acumulado, ainda assim ficamos um bom pedaço ao ar livre, sentados em redor da mesa. Jantamos congo à moda de Bragança e estava divinal. Tinha mesmo que estar já que não sou grande apreciadora de peixe e repeti!
E assim se passou o tempo até cada um regressar à sua vida. Depois de ajudar a preparar a salada para o almoço de amanhã vou arranjar-me para ir dormir. 

24h00: Já na cama, é hora de fechar o caderno. Por hoje. Com a certeza, porém, de que o voltarei a abrir daqui a poucas horas. 

Capítulo 3 (continuação)
05.08.2014


(Galicia-Província de Ourense-Feces de Abaixo-Puebla da Sanabria)

11h07: Paramos na Puebla, que é um local obrigatório para visitar sempre que cá venho. Vou subir à fortaleza, ao todo são 232 degraus. Acompanham-me?

Chegamos ao topo! Cá em cima há um mundo inteiro para contemplarmos. O castelo de Benavente que tenho que visitar, as casas de pedra, as ruelas, os restaurantes, o hotel, as flores à porta, o museu dos gigantes que também quero descobrir, as lojas, as pessoas, a fonte. É uma autêntica cidade dentro de muralhas grandiosas e magistrais. Não sei explicar a vontade de me perder neste lugar, nem como acho a Puebla mais bonita de cada vez que cá venho, mas a verdade é que se sente uma magia surpreendente. E aqui estamos nós, mais uma vez, preparados para redescobrir este mundo de príncipes e princesas, de mil histórias que surgem rapidamente, carregado de fantasia, simpatia e familiaridade.
É importante referir que não é obrigatório subir todos aqueles degraus, pois há um espaço aberto que não requer tanto esforço e nos permite visitar o lugar sem perdermos o fôlego. Mas, pelo terceiro ano consecutivo, subimos a escadaria, até porque, para mim, não faz sentido ir pela outra parte. Não sei, mas há algo que me chama. E por mais que tenha que parar a meio, quando chego ao topo a recompensa é gratificante.
Tive que controlar o impulso de querer voltar a fotografar cada pormenor, pois acho tudo maravilhoso e cada vez mais belo. A vista que se tem cá de cima é soberba, parece que estamos no topo do mundo.

12h03: Vamos agora embora, rumo ao Lago da Sanabria

(El Puente-Cubelo-Galende) 

12h19: A Playa Arenales de Vigo é a nossa última paragem, por agora. Durante a tarde vamos deliciar-nos com a imensidão do Lago. A sua paisagem reconfortante. Com a paz que nos invade e a água fria, que nos assusta ao entrar, mas que depois nos faz querer lá ficar por tempo indeterminado, e cristalina, permitindo-nos ver os peixes a nadar ao nosso lado. É bom estar de volta!

A primeira coisa que fiz foi vestir o biquíni, para depois ir para a água. Estava fria, como seria de esperar. Gosto de me sentar na «nossa» rocha e fechar os olhos, deixando que o sol me queime a pele, mas é igualmente prazeroso olhar em redor e não ver mais nada para além das montanhas. Tudo tão verde, tão tranquilo, tão próximo e, ao mesmo tempo, tão longe. Era capaz de olhar para esta paisagem o resto da minha vida. É difícil acreditar que toda esta beleza resultou de uma catástrofe natural - em 1959 a barragem Vega de Tera não aguentou as chuvas fortíssimas e as temperaturas extremas, acabando por ceder. O rebentamento da água, que atingiu uma grande parte do território, provocou a morte de 144 habitantes, dos quais apenas 28 corpos foram resgatados, perdendo-se os restantes.
No inverno, ao que parece, o lago chega mesmo a gelar. Ainda não tive oportunidade de vir cá durante essa altura do ano, mas ainda não perdi a esperança de o fazer. 
Os miúdos divertem-se dentro de água, é percetível pelas gargalhadas. Isto é mesmo um pequeno paraíso, com imenso para descobrir. Há percursos pedestres, colónias de férias, passeios a cavalo; há gaivotas de água e muita paz. Não se vê o lago de mais lado nenhum a não ser vir até cá. Já o vi em toda a sua extensão quando, há dois anos, subi à Laguna de Los Peces e é magnífico. As palavras nunca serão fiéis à sua grandeza e esplendor. Sou tão feliz aqui! 



Continua... 
(qualquer dúvida não hesitem, deixem nos comentários ou mandem e-mail)

Capitulo 3
Terça, 05.08.2014


05h00: Toca o despertador. Levanto-me e ligo a televisão num dos canais de música, depois vou-me arranjar. 

Estamos prontos! Agora é começar a carregar as malas para o carro.
O relógio da sala marca as seis. Fecham-se as portas, apagam-se as luzes, baixam-se as persianas. É tempo de sair de casa, voltamos daqui a uns dias.

06h05: Carro ligado, partimos para a aventura. Destino: Férias!

(Gaia-Porto-Águas Santas-Valongo-Campo-Baltar-Paredes)

Está frio e demasiado nevoeiro. Verão, onde andas tu? Vir de calções, que até são amarelos a chamar o sol, começa a parecer-me uma má opção, já me apeteceu enrolar a toalha da praia nas pernas. 

(Penafiel-Amarante)

A paisagem do Marão parece saída de uma tela a óleo. Irrompe o nevoeiro com as suas montanhas grandiosas e rodeadas por casas pequenas de pedra e estradas intermináveis. Cheira a ar puro. E a imagem que gravo do que vejo é difícil de descrever.

(Aboadela-Ansiães)

Já me fartei de rir à custa do Nilton, no Café da Manhã, com o telefonema para o Novo Banco (ouçam aqui).
O sol começa a aparecer. Tão bom!

(Arrabães-Vila Real-Calçada-Gravelos-Escariz-Benagouro)

A paisagem é mesmo deliciosa de se observar e quanto mais se sobe melhor fica, mas dispensava as curvas. 

(Vilarinho da Samardã-Covêlo-Freguesia de Telões-Vila Chã-Carrica-Vila Pouca de Aguiar)

Há festa do granito e festas da vila, de 1 a 5 de agosto. Os foguetes começam cedo. As lojas começam a abrir e o mercado também já está a ficar composto. Gosto da sensação de percorrer os mercados, da proximidade, do cheiro a fresco. A biblioteca e a praça têm um espaço agradável, convidativo a ficar. 

08h04: Paramos em Vila Pouca de Aguiar para tomar o pequeno-almoço.

Terminada a primeira refeição do dia fomos dar um pequeno passeio até à Praça João Paulo II, onde se realiza a feira. Posteriormente fui à procura de uma loja onde pudesse comprar mais um dedal.

09h03: Estamos de volta à estrada, com a certeza de que este concelho com paisagens encantadoras e património histórico digno de ser descoberto tem vida. E merece uma visita com mais tempo, porque a terra do ouro, da prata e da água tem muito para nos oferecer. 

(Nuzedo-Sampaio-Vila Meã-Pedras Salgadas-Sabroso de Aguiar-Oura-Vidago)

As ruas estão todas enfeitadas. Das duas uma: ou há festa ou está para chegar.

(Vilarinho das Paranheiras-Vilela do Tâmega-Bóbeda-Vila Nova-Outeiro Jusão-Chaves)

09h52: Depois de sermos mandados parar pela polícia, numa espécie de operação stop, voltamos a fazê-lo para o meu pai ir tomar café. 
O sol a esta hora está bem quente (afinal trazer calções não foi uma má ideia) e segundo a meteorologia são esperados 30ºC para Bragança. Assim falamos à verão!

09h58: Seguimos viagem porque o caminho ainda é longo.

(Vila Verde da Raia)

Entramos em solo Espanhol. 



Continua... 
(qualquer dúvida não hesitem, deixem nos comentários ou mandem e-mail)
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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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