Namoro vs (n)AMOR(o)


«Só há uma coisa para a qual não admitimos que nos seja exigido pensar. Chama-se paixão


Quase tudo o que há na vida nos obriga a pensar demais. Das decisões profissionais, aos destinos de férias, às contas ao dinheiro que, mesmo antes de se fazer ouvir na conta, já vem invariavelmente repartido por uma série de variáveis, também estas previamente identificadas. Nem o sexo escapa ao planeamento estratégico do ato. Não se admite que não saibamos as posições que eles mais gostam e, se dúvidas existirem sobre a real localização do ponto G, em qualquer lado se encontra uma resposta apropriada e ilustrada.

Só há uma coisa para a qual não admitimos que nos seja exigido pensar. Chama-se paixão. E, de facto, esta não tem posologia, não traz informações sobre os efeitos secundários, não é planeável, não é pensável. É só ficar a vê-las chegar: tropas e tropas de borboletas paraquedistas que vão poisando e borboleteando na barriga.

Do chegar desta paixão ao iniciar de um namoro não é preciso muito, basta que nos deixemos guiar pela mão desta felicidade fácil e irracional. Mas é certo e sabido que há castigo para tudo o que deixamos que nos escape à razão, até para a felicidade. Aqui, o castigo maior é quando percebemos que esse tal namoro nem está prestes a acabar, mas que na verdade nunca chegou a começar. Noite da inauguração volvida, desligam-se os holofotes e, antes que a coisa comece a dar algum trabalho e nos obrigue a voltar à rotina do pensamento, o ideal é recorrer a uma digna e rápida rescisão por mútuo acordo.

Já o (n)AMOR(oro) não tem nada a ver com isso. Namorar alguém por amor é ter o coração ocupado 24h/7 e aceitar que daí vão começar a surgir preocupações relacionadas com o não cumprimento de determinadas obrigações contratuais. É deixar que as tropas de borboletas exibam agora os seus músculos militares e, de botas bem engraxadas, deixem para trás os paraquedas para ocuparem, não provisoriamente, o arco do triunfo do coração. Requer planos, reflexões, considerações. É uma atenção e uma dedicação que se implanta na vontade dos amantes e que são inatas a isto que é... o amor.

Se o namoro é um brunch de ocasião e de fácil digestão, o (n)AMOR(o), esse, alimenta-se de banquetes de expectativas, inquietações e algumas agonias. É aceitar que da irracionalidade da paixão nasceu uma nova atividade. Chama-se continuar e não faz finca-pé com a razão ou com o pensamento. Ela requer que nos tornemos guardiões do n(AMOR)o e solicita sistemas comunicação e planos de ação suficientemente aplicados para que não se deixe o amor empalidecer, apodrecer, morrer.

No que toca ao (n)AMOR(o), pensar demais não mata. Tomar por garantido é que mata.

E o (n)AMOR(o) não compactua com funerais dignos». (Catarina Sanches, aqui)

Comentários

  1. beautiful post :) I'm agree with you!
    I also have a blog, can you take a look and tell me what you think? many thanks, sweetie!
    I really appreciate your opinion :)

    My CREEPERS
    superCHEAPCLOTHES

    xoxo Marta

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  2. Não conhecia este textinho mas gostei!

    r: Cada um sente o tempo a passar à sua maneira :)
    Sim, eu adoro a sua escrita, sempre adorei ainda para mais a minha universidade tem o nome deste senhor, só bons motivos!
    Ora nem mais, ter força é a chave para quase tudo!
    Beijinhos*

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  3. r2: E quando o fazemos com pessoas que gostamos ainda melhor!
    Não faz mal, é normal não puderes ajudar se não é a tua área, obrigada na mesma *
    Vês a série onde o ian participa "The vampire diaries"?

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  4. R. Já ouvi dizer que era muito doce :)

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  5. resp: mas devia ter sido titular, mas pronto pelo menos entrou :)
    bom domingo *

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  6. R. És como eu, porém gosto de um perfume com um cheiro mais "quente" agora para o tempo mais frio :)

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  7. r: Eu no início também pensava assim, mas depois obriguei-me a continuar a ver para dar uma oportunidade à série e a certa altura aquilo mudou tudo! E fiquei viciada.
    É normal que ele não te chame assim muito à atenção se não vês a série :p

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  8. As posições serão aquelas,
    que a ambos mais agradar
    fecham-se portas e janelas
    para nada os incomodar!

    Não há mais em que pesar,
    num momento de tanta ternura
    amor sentido não mais acabar
    quando vivido sem amargura!

    Resto de bom domingo, um abraço amiga Andreia,
    Eduardo.

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  9. Que texto bonito! Não podia concordar mais com a autora! Obrigada pela partilha, Andreia. :)

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  10. O balancear de emoções é um jogo que se aprende com o tempo e saber a diferença entre o amor e (n)amor(o) nem sempre são obvias...é preciso sentir para perceber. Mesmo quando pesa na respiração e no peito...quando é verdadeiro vale tudo

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  11. Não podia concordar mais. Mt bonito o que escreveste assim como verdadeiro. Um beijinho e boa semana

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  12. ;)

    Não conhecia esse texto... Pra mim namoro é um complemento do amor.

    Ótimo domingo, Andreia!

    Beijo! ^^

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  13. LINDO, eu já tinha lido esta «crónica» chamemos-lhe assim, e rendi-me mas não consegui não ler uma segunda vez porque realmente está muito boa :)

    r: obrigada minha querida. Hoje farei o tal desafio porque realmente fiquei com vontade de o fazer eheh

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  14. R. Eu adoro estes meses mais frescos :)

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  15. Gostei imenso da crónica, adorei a parte referente as borboletas :)
    beijinhos
    http://retromaggie.blogspot.pt/

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  16. "No que toca ao (n)AMOR(o), pensar demais não mata. Tomar por garantido é que mata."

    Esta frase diz tudo! Acho que num relacionamento quando se dá qualquer coisa por garantido, acaba sempre por dar erro.

    Beijinhos*

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  17. Beautiful blog.
    Please enter my international giveaway: Sandy Sandhu

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