ALMA LUSITANA: LIVROS DE CAPA AZUL

Fotografia da minha autoria



«Azul é a cor do sonho»


O infinito é azul, de acordo com as palavras de Majela Colares [poeta e contista brasileiro]. E «até onde o meu olhar for azul não encontrarei limites». Quando tropecei nesta passagem, para uma pesquisa paralela, senti-a tão delicada e tão poética, que quis guardá-la para sustentar um dos meus temas para o Alma Lusitana.

Évora será a próxima paragem e, sem saber bem explicar o motivo, sempre associei a cidade a esta cor - talvez por toda a dimensão de céu que o meu olhar alcança da maravilhosa Praça do Giraldo. Portanto, de uma forma descomplicada, procurei interligar estas duas componentes, criando mais uma rota que nos permita encontrar novos pretextos para lermos e para nos perdermos neste mar particular e inesgotável de livros.

Assim sendo, o propósito será priorizar livros de autores portugueses com capa azul.


 O QUE VOU LER 


O Osso da Borboleta, Rui Cardoso Martins: «Uma cidadezinha atlântica portuguesa, hoje. Tem praia, casino, pescadores, bandidos, o rasto dos refugiados judeus da Segunda Guerra. Nesta terra consumida pela grandeza do passado - ou a falsa memória de que já foi grande - um homem escondeu-se do mundo, num sótão. Fala com as pombas e com deusinhos gregos, tem um Olimpo de vitrine. É ladrão mas não o admite. Quem não fez isto e aquilo e aqueloutro naquela altura? A vizinha de baixo arrasta as pantufas da velhice e da solidão, insulta as suas flores. Já foi a mais bela mulher da cidade. Purificação, ou melhor, Borboleta, antiga especialista em palpites de jogo. O passado vem ter com ela: um deus da província e do dinheiro sujo quer esmagá-la. Borboleta sai à rua e defende-se. Morre o cão, acaba a raiva».


 OUTRAS SUGESTÕES 

      

O Chão dos Pardais, Dulce Maria Cardoso: «Afonso é um homem muito poderoso. Inatingível. A não ser pelos anos, que passam e o envelhecem quase como a outro qualquer. Há muito que já só encontra a juventude nos corpos das amantes. Como o de Sofia, que o odeia e ama Júlio».

Cito, Longe, Tarde, Francisco Geraldes: «
Num acontecimento poético, Francisco Geraldes, juntou dois anos de poesia que culminam no lançamento de Cito, Longe, Tarde. Poemas de interrogação e procura, em que coloca questões fundamentais que o inquietam, pondo em causa o sentido de existência».

Flecha, Matilde Campilho: «Este é um livro de histórias. Narrativas que foram surgindo um dia depois do outro, às vezes durante a tarde, outras logo pela manhã, e a maioria delas quando a noite já havia caído. Talvez o escuro seja mais propício às histórias. Seja como for, de uma maneira ou de outra, todas quiseram chegar-se à luz. Nem que fosse por um segundo. Umas chegaram-se tanto que passaram a ser, elas mesmas, a candeia que iluminou uma noite inteira. Nestas páginas estão retratos imaginários».


      

Vem à Quinta-Feira, Filipa Leal: «No seu mais recente livro de poesia Filipa Leal fala-nos, com uma voz muito própria, de problemas e sobressaltos, dos dramas da sua geração mas também dos tumultos por que passaram as anteriores».

Idiotas Úteis e Inúteis, Ricardo Araújo Pereira: «Reúne mais de cem crónicas humorísticas que RAP escreveu originalmente para o jornal brasileiro de maior tiragem, a Folha de S. Paulo. Da vida política brasileira à cirurgia cosmética facial de Rambo, da etiqueta respiratória sob pandemia ao teorema dos macacos infinitos, da higiene pessoal de James Bond ao cabeleireiro de Medusa, da infância Fortnite ao politicamente correcto, este volume percorre os temas caros ao comediante e o seu modo muito particular de observar o mundo».

Seja o que For, Miguel Araújo: «Estes textos de Miguel Araújo lançam-nos um convite igualmente tentador. Desafiam-nos a que nos consigamos abstrair da correria da vida, nos desliguemos das catástrofes dos noticiários, e nos reencontremos com os grandes nadas e os pequenos tudos».


      

As Falsas Memórias de Manoel Luz, Marlene Ferraz: «Após a morte de um grande editor, Manoel Luz, também ele um homem dos livros, é confrontado com inesperados segredos que o obrigam a suspeitar da verdade e a recompor a sua narrativa de vida com tantos desacertos e acasos. Depois da revolução de Abril, também o livreiro começa uma inevitável renovação na matéria mais íntima. O encontro inexplicável com a rapariga estrangeira, a filha imprevista com nome de flor bravia e o rapaz louco acompanham Manoel Luz nesta revelação de uma realidade improvável, mais deformada e duvidosa mas compensada pela afeição».

Nem Todas as Baleias Voam, Afonso Cruz: «Em plena Guerra Fria, a CIA engendrou um plano, baptizado Jazz Ambassadors, para cativar a juventude de Leste para a causa americana. É neste pano de fundo que conhecemos Erik Gould, pianista exímio, apaixonado, capaz de visualizar sons e de pintar retratos nas teclas do piano. A música está-lhe tão entranhada no corpo como o amor pela única mulher da sua vida, que desapareceu de um dia para o outro. Será o filho de ambos, Tristan, cansado de procurar a mãe entre as páginas de um atlas, que encontrará dentro de uma caixa de sapatos um caminho para recuperar a alegria».

Apneia, Tânia Ganho: «Quando Adriana ganha finalmente coragem para sair de casa com o filho de cinco anos, pondo fim ao casamento com Alessandro, mal pode imaginar que o marido, incapaz de aceitar o divórcio, tudo fará para a destruir - nem que para isso tenha de destruir o próprio filho».


      

Onde Cantam os Grilos, Maria Isaac: «Ainda bebé, Formiga foi deixado num cesto nos degraus da casa da Herdade do Lago. O mistério da sua chegada é apenas mais um na longa história da herdade e das várias gerações dos Vaz, que a assombra de lendas e maldições: uma fonte inesgotável de mistérios fascinantes para a imaginação do rapazinho cabeça de vento».

Depois do Crime, Rita Marrafa de Carvalho: «A partir da investigação em arquivos e processos, e da recolha de entrevistas e de testemunhos, o programa televisivo da RTP Depois do Crime, da autoria da jornalista Rita Marrafa de Carvalho, trouxe novamente à luz do dia os grandes crimes de sangue da história judicial portuguesa [...] Desvela a personalidade dos homicidas, as idiossincrasias das escutas telefónicas, a perceção de quem investigou, a análise de quem viveu os casos».

Jogos de Raiva, Rodrigo Guedes de Carvalho: «Um homem levanta a voz acima da algazarra de conversas. E pede que ponham mais alto o som do televisor do restaurante. É então que todos reparam no que ele vê. Não percebem ou não acreditam. E na rua, no bairro, na cidade, no país, homens, mulheres e crianças vão-se calando. Está por todo o lado, a imagem horrível e hipnotizante. O homem que pediu silêncio leva as mãos à cara e pensa: como chegámos aqui?».


   

A Viagem do Elefante, José Saramago: «Em meados do século XVI o rei D. João III oferece a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V, um elefante indiano que há dois anos se encontra em Belém, vindo da Índia».

No Meu Peito Não Cabem Pássaros, Nuno Camarneiro: «Que linhas unem um imigrante que lava vidros num dos primeiros arranha-céus de nova iorque a um rapaz misantropo que chega a lisboa num navio e a uma criança que inventa coisas que depois acontecem? Muitas. Entre elas, as linhas que atravessam os livros. Em 1910, a passagem de dois cometas pela Terra semeou uma onda de pânico. Em todo o mundo, pessoas enlouqueceram, suicidaram-se, crucificaram-se, ou simplesmente aguardaram, caladas e vencidas».


 CONSIDERAÇÕES 

📖 Podem ler qualquer género e em qualquer formato;
📖 O tema pode ser interpretado de várias maneiras: a capa não tem de ser azul na sua totalidade, mas deve ser a cor predominante, e podem ter apontamentos de outras;
📖 A lista anterior é um mero guia de apoio, caso estejam sem ideias para as vossas leituras, mas podem ler outra obra do vosso agrado, desde que, naturalmente, respeite o tema central e seja de um autor português;
📖 Não há prazos, obrigações, nem meses fixos. E podem ler mais do que um livro;
📖 Utilizem a hashtag #almalusitana_asgavetas para que consiga acompanhar o que estão a ler.


O Alma Lusitana tem grupo no Goodreads. Se quiserem aderir, encontro-vos aqui.

Comentários

  1. Respostas
    1. Muito obrigada, Francisco!
      A maioria também já tive a oportunidade de ler e tenho vários favoritos :D

      Boa semana

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  2. Tenho que ir à minha estante, ver os livros que tenho :)

    Tenho o tema de abril em atraso, mas vou ler agora em maio.

    Beijinho grande, minha querida!

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    1. Vais sempre a tempo, minha querida. Lês quando - e se - conseguires, sem pressão :)

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  3. Excelentes sugestoes, muito obrigada pela partilha *.* Quero muito ler o do Miguel Araujo, o do RAP, e o da Rita :) ca por casa, que me lembre, de capa azul, habita o da Joana Marques :)

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    1. Estou muito curiosa com o da Rita! Os outros dois que referiste aconselho imenso!
      O da Joana também é uma excelente sugestão :)

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  4. Acredito que sejam livros muito interessantes de ler
    .
    Deixando cumprimentos.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Já tive a oportunidade de ler a maioria e recomendo imenso :)

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  5. Sou seu seguidor Andreia.
    Nosso blog FOTOFALADA em convênio com a CLIMATEMPO e o INMET duas excepcionais agencias de previsão do tempo brasileiras nos forneceram como será o clima das eleições no pais nesse ano.
    Um abração carioca SE AINDA TIVERMOS TEMPO!!!

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  6. Adorei o conceito desta publicação!
    Quanto às obras, devo dizer que alguns títulos me deixaram curiosa!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

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  7. Tenho Apneia na minha TBR que nunca mais acaba 😁

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