uma árvore no céu de brooklyn, betty smith

Fotografia da minha autoria



O nome de Betty Smith nunca esteve no meu radar literário, até a Rita da Nova o trazer para o Clube do Livra-te. Curiosa com a história e com algumas opiniões que li depois, decidi fazer reserva na BiblioLED, com previsão para dezembro. Corta para: o exemplar ficou disponível mais cedo, por isso, mudei-me para Brooklyn entre os últimos dias de julho e o primeiro dia de agosto.


 dramas, tumultos e compaixão

Uma Árvore no Céu de Brooklyn leva-nos até ao bairro de Williamsburg para conhecermos a família de Francie Nolan, que «cresce rodeada de pobreza, sonhos e desafios». Com exemplos de trabalho, carisma e determinação, a protagonista aprendeu, «desde cedo, a observar a beleza nas pequenas coisas» e a não dar algo por garantido.

O ambiente cativou-me logo, porque está naquele grupo de histórias sem personagens heroínas, naquele grupo de histórias que se confundem com a realidade e que, por isso mesmo, nos impactam pela verdade, pelos contrastes, pela ausência de reviravoltas. Traçando um retrato muito fidedigno da humanidade, das relações interpessoais e dos problemas sociais, também me rendi à construção das personagens femininas, que se revelaram uma força motriz deste enredo, decentralizando o papel do homem como figura maior da casa.

«Eu acho que é bom pessoas como nós poderem desperdiçar algo de vez em quando e terem a sensação de como seria ter muito dinheiro e não terem de se preocupar com a escassez»

A única fragilidade que detetei prende-se com o ritmo da narrativa, sobretudo no livro três, porque tornou-se lenta e um pouco repetitiva sem ser necessário. Por outro lado, acredito que os pontos mais desarmantes só o conseguem ser em pleno por causa dessa construção demorada, que nos faz sentir na pele a revolta, a dor da desilusão, as diferenças de classes. No fundo, é como se tudo fosse cozinhado em lume brando para que nenhum detalhe nos escape.

Uma Árvore no Céu de Brooklyn relembra-nos a importância dos livros, da educação e do conhecimento. Com passagens dolorosas e outras que nos renovam a esperança, é uma história francamente atual, que me deixou a pensar na coragem necessária para não se desistir e nos esforços que fazemos para protegermos as nossas pessoas, ainda que não as possamos proteger de tudo. Há momentos em que a vida é sombria, mas ver Francie a manter o encanto e a bondade foi inspirador.


 notas literárias
  • Gatilhos: Luto
  • Desafio: Clube do Livra-te
  • Lido entre: 28 de julho e 1 de agosto
  • Formato de leitura: Digital
  • Género: Romance
  • Personagens favoritas: Francie e Sissy
  • Pontos fortes: O ambiente, o contacto com a realidade, a construção das personagens
  • Banda sonora: Let Me Call You Sweetheart, Bing Crosby | Brooklyn Baby, Lana Del Rey | Annie Laurie, The Corries | I'm Wearin' My Heart Away For You, Göta River Jazzman | Come, Little Leaves, Susan Stark

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