Os dois estão errados. Cada um com a sua verdade, cegos pelo orgulho de não quererem dar o braço a torcer. E a solução era tão simples, tão ao alcance de ambos... se se quisessem escutar.
«(...) Tu sempre quiseste
Mas tu nunca foste embora
Capítulo 19 (conclusão)
31.08.2014
Sem contar, fomos pela igreja de onde vão sair os andores. A procissão é às 17h e as pessoas que dela farão parte já estão prontas (pelo menos, aparentemente). A fanfarra, por seu lado, está a subir a rua para se juntar.
A rua para o Castelo é de dois sentidos, mas é muito estreita, o que se revela uma dificuldade para ceder passagem caso venham carros de ambos os lados. Não o cheguei a visitar, mas quando regressar tenho que o fazer, obrigatoriamente.
Capítulo 19 (continuação)
31.08.2014
13h01: Está na hora de subirmos ao Santuário. É preciso respirar fundo e ter fôlego, a escadaria ainda é longa. Encontramo-nos no topo.
13h32: Chegamos! Contei 614 degraus, ufa!
Capítulo 19
Domingo, 31.08.2014
07h15: Mais um dia a começar cedo e sem hora de terminar (ainda que isso não possa acontecer muito tarde, uma vez que os meus pais já estão a trabalhar).
Já com o rádio ligado, vou arranjar-me.
08h46: O pequeno-almoço está tomado, aqui vamos nós!
«Oh can't you see
I'm falling down
Trying to breathe
I'm all cried out
Adormeci com o teu perfume
Agarrado à minha pele
A sensação de um corpo
Percorrido de beijos
Um toque aveludado
Ofegante de paixão.
- Como pode tudo isto ser errado se me parece [e sinto] tão certo?
Há momentos em que sinto que sou uma amiga desnaturada. Ontem, finalmente, escrevi uma carta que já devia ter enviado há meses. A vida mete-se pelo meio e acabamos por descurar gestos tão gratificantes como o carinho que recebemos de quem não está perto. E como é maravilhosa a sensação de nos correspondermos com as pessoas de quem gostamos assim. Devia ter este hábito presente mais vezes!
«Antes a inquietação de um amor, que a paz de um coração vazio», Caio Fernando Abreu
Tenho tanto dentro de mim
Guardo palavras que queria gritar
Senão escrevo, expludo
E neste emaranho de emoções
Quando respiro
E (te) liberto em prosa
É como se desprendesse
A corda que me ata
À incerteza que sufoca
E me baralha o caminho
Esmorecemos com aquilo que nos unia. Reerguemo-nos, cada um com um amor diferente. Não nos culpo. Algures, por aí, perdidos em nós, perdemo-nos do que tínhamos. Comecei a ser menos quando te tornaste mais [para mim]. Passaste a ser nada quando me tornei tudo [para ti]. O nosso egoísmo sobrepôs-se à nossa paixão. Afinal, contra tudo o que defendemos, não é à prova de bala. Nunca foi. Percebi-o no exato momento em que ao olhar para ti os teus olhos cor de mel não me pediam insistentemente para ficar. Percebeste, possivelmente antes de mim, quando colocavas as mãos na minha cintura os meus dedos não tentavam acariciar os teus cabelos dourados. Sem mágoas, foi como tinha que ser. Fomos. Passado. Tornamo-nos ausentes. E agora, no presente, o tempo urge e a nossa história escreve-se em linhas paralelas, que não se cruzam. Nem mesmo nos sonhos que continuamos a partilhar em silêncio para ninguém notar.
«Um cenário de terrível desastre assola Lisboa. Entre os sobreviventes há um velho editor procurando amigos e amores desaparecidos. Encontra um manuscrito e um rapaz e, neles, a porta para uma outra dimensão na vida. Por Este Mundo Acima é a consagração dessa melhor forma de amor a que chamamos amizade. Uma história sobre a importância redentora dos livros»
Patrícia Reis era um nome totalmente desconhecido para mim, até encontrar o seu livro numa das bancas de promoções que o Continente costuma fazer. Neste caso concreto, podíamos comprar um livro por seis euros ou três por doze. Tendo em conta o preço normal, era uma oportunidade fantástica, por isso analisei cada exemplar disponível ao pormenor. Nenhum deles fazia parte da lista dos que pretendia adquirir, mas encarei isso como algo positivo: podia alargar horizontes e descobrir autores que, de outra forma, talvez me passassem completamente despercebidos. Assim que li a sinopse de «Por Este Mundo Acima» não resisti, tive que o trazer comigo.
A marca Moleskine «é sinónimo de cultura, viagens, recordações, imaginação e identidade pessoal, tanto na vida quotidiana como no mundo digital. Identifica uma família de cadernos, diários, agendas e inovadores guias de cidades para diferentes funções». Há artigos para todos os gostos. E, por essa mesma razão, enquanto explorava o site (aqui), deparei-me não só com os tão famosos cadernos, mas também com caixas de oferta. De todas as que se encontram disponíveis, há três que me prenderam logo a atenção, por razões que me parecem mais do que óbvias.
Aceitavam um encontro às cegas? E se esse encontro não fosse com uma pessoa, mas com um... livro? Parece que, afinal de contas, não são só os casais apaixonados que têm direito a comemorar o dia nos namorados, os amantes da leitura também. Curiosos?
A Cátia Barbosa, do blogue Viagens pelo Mundo, nomeou-me para a Tag Irmandade das Blogueiras. Antes de avançar, tenho que lhe agradecer por isso. Já não respondia a um desafio destes há algum tempo, mas há coisas que não se alteram: continuar sem destacar alguém para responder. Sendo assim, há duas regras que não vou cumprir, mas quem quiser sinta-se à vontade para levar a tag. Passamos ao mais importante?
«Partiste para outro mundo», Diogo Piçarra
O tempo
Nunca será
Suficientemente rápido
Ou suficientemente lento
Felicidade
Feli(z)
Cidade
«A principal mentira é a que contamos a nós mesmos», Friedrich Nietzsche
Há tanto que não percebo
Mas calo as palavras
Para não fechar o coração
O meu coração está doente. Precisa que venhas cuidar dele. Vens?
«Segurar algo (na mente) é como segurar a respiração. Se você persistir, você vai sufocar», Deepak Chopra
Sufoquei
Reprimi o meu grito
Frustrado
Angustiado
Inseguro
Carregado de lágrimas
«O mar é o habilidoso desenhador de ausências», Mia Couto
O teu beijo
Sabe-me a mar
Com esse traço salgado
Amargo
Intenso
Que só reconheço em ti
Funcionamos em bolha. Protegemo-nos como se vivêssemos numa redoma. Mas um dia o vidro parte, a bolha rebenta, e percebemos o quanto somos frágeis. E sem estruturas que nos ensinem a sair ilesos enquanto há laços que se insistem em quebrar.
«Adoro quando te deixas levar assim», Sara Tavares
Balanço em rede
E em rede me liberto
Dos fantasmas que se prendem
Aos fios invisíveis
Que a minha alma liga
Ao teu corpo
Desprovido de calma
Aparentemente, silêncio!
[- há um turbilhão de pensamentos que grita e ecoa na minha cabeça]
Ofereço-te um bilhete de ida, sem volta, para qualquer lugar que te faça sentir em paz!
[cruzo os dedos, faço figas, para que escolhas o meu coração]
«Ninguém sai de onde tem paz»
Eles prometeram. E, como o prometido é devido, lançaram o segundo EP com mais quatro versões de quatro músicas portuguesas extraordinárias. Sétima Legião, The Gift, B Fachada e Pedro Abrunhosa foram os artistas escolhidos. O resultado? Ainda mais surpreendente do que aquilo que poderíamos estar à espera. Já devia saber de cor que os Aurora superam constantemente as nossas expectativas, mas é maravilhoso carregar no play e perceber que há sempre algo novo. Nunca percam este lado criativo que é tão vosso. E que vos distingue de todos os outros!
O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá