Entre Margens

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«A vida é feita de momentos colecionáveis»


Abril é, para mim, um mês especial por excelência, visto que me permite celebrar a vida daqueles que me são tão. Além disso, estende-me a mão para exaltar algo que é já uma extensão da minha identidade: os livros. Com dias serenos e novidades que enchem o coração [como a data da Feira do Livro do Porto], foram 30 dias de muita música, desafios e a possibilidade de, conscientemente, desconfinar. E foram 30 dias que me deram alento para seguir viagem, de energias renovadas.


⚓ MOMENTOS
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Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce
Arrisquei, finalmente, nesta iniciativa. Tal como mencionei no Moleskine de março, anoto as datas do concurso, todos os anos, mas acabo por deixar passar, por falta de uma participação que considere digna para envio. No entanto, desta vez, agarrei-me a uma ideia imprevista e coloquei os receios de lado. Desconheço o futuro, mas não estou preocupada, porque dei um passo importante: acreditar em mim.

Aniversário
Vinte e Nove. E mais uma volta ao sol. Nesta viagem sempre imprevisível, tenho aprendido a escutar a melodia que canta no lado esquerdo do meu peito, ainda que, por instantes, também necessite de uma voz um pouco mais racional. Mas é em todos estes passos em corda bamba que vou saltando sem rede ou estendendo o colo que me ampara. Talvez exista, em mim, uma linguagem feita de saudade, no entanto, continuo a querer abraçar o mundo, neste presente que me foge por entre os dedos, enquanto me impulsiona a voar no seu compasso. E eu sigo, mesmo que não saiba para onde. Apenas porque sei de onde vim. Para celebrar, respondi aos desafios do Preferias, que podem ler aqui.


Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor
Conversar sobre manuscritos e leituras é algo que me entusiasma e que faz parte da minha identidade. Portanto, faço por aproveitar cada oportunidade para dar palco àqueles que vou descobrindo e que vão tornando a minha estante num lugar seguro e a transbordar de uma magia singular. Além disso, na sexta, como se celebrava o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, pensei numa iniciativa simbólica para assinalar esta bela data. E foi assim que floresceu o Dois Para Três.


Abril, mês da Liberdade, de cravos erguidos. Sempre!


📚 LEITURAS
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A Maior Flor do Mundo, José Saramago
Alma Lusitana || Leiria

Uma Solidão Demasiado Ruidosa, Bohumil Hrabal
Uma Dúzia de Livros 2021 || Abril

Sei Porque Canta o Pássaro na Gaiola, Maya Angelou
Ler a Diferença || Dignidade Racial


O Lugar das Árvores Tristes, Lénia Rufino
Os lugares são marcados pelas pessoas que os habitam. Portanto, são sempre tão distintos ao olhar de cada um de nós. Contudo, vivendo numa aldeia, parece que esse horizonte se esgota, porque tudo é mais próximo e mais linear, sobretudo, quando os valores são reproduzidos em uníssono. E no livro de estreia de Lénia Rufino, passado num lugarejo do Alentejo, em plenos anos 60 [e com uma ponte para o ano de 1992], isso é bastante evidente. Numa sociedade profundamente marcada pela tradição religiosa, senti revolta por uma juventude roubada, pela inércia de quem deveria proteger e pelo aproveitamento de uma posição de poder. Além disso, esta obra é um exemplo perfeito de como as vítimas, se forem mulheres, ainda são tratadas como culpadas. A história desarmou-me, porque é evidente a dor, a luta, a dúvida e o renascer. E porque, acima de tudo, também nos consegue mostrar que o amor é o nosso maior impulso, mesmo que implique desafiar o destino.

Matar o Salazar, António Araújo
A 4 de julho de 1937 foi detonada uma bomba, com o intuito de matar António de Oliveira Salazar. Após assistir à série O Atentado, fiquei com vontade de descobrir mais sobre este acontecimento. Por isso, mergulhei nesta obra que nos permite conhecer os culpados e as repercussões deste ato. No centro de um clima de oposição e instabilidade, ficamos perante um processo complexo e elucidativo do ambiente da época e da rivalidade entre as polícias do Estado Novo.

Suite Sem Vista, Inês Fonseca Santos
A poesia tem camadas que nos podem fazer deambular por terreno incerto, porque tanto nos transmitem as angústias e as dores de terceiros, como nos acalentam a esperança. E este pequeno livro parece uma bomba-relógio, pelo simples facto de nos fazer acompanhar uma protagonista a um passo da tragédia. Oscilando entre a fuga e o resgate, os 14 poemas em que se divide encaminham-nos em direção ao abismo, mas sem que as vontades sejam, totalmente, explícitas. Mas talvez não seja necessário, porque as entrelinhas gritam o desfecho.

Livro Redondo, Catarina Nunes de Almeida
O curso da vida parece andar em círculo, partindo de um sítio para chegar ao mesmo lugar. No entanto, no meio de todas essas voltas, há aprendizagens que nos acompanham. Há singularidades e fragilidades. Há amor, incertezas, mitos e metamorfoses. Nunca tinha lido nada da autora, mas sinto que esta coletânea poética encerra o mundo inteiro.

O Vício dos Livros, Afonso Cruz
A voz de cada livro é única e é por essa razão que nos transmite sensações tão distintas. Portanto, nada como apanharmos boleia de exemplares que são janelas infinitas de histórias, de memórias e de curiosidades que se concentram nesta bela arte que é a leitura e a literatura. No seu mais recente livro, Afonso Cruz combina textos soltos, mas cujo fio condutor é o dialeto que nos une enquanto leitores. Com uma escrita aconchegante, esta obra é asa e é casa.

Se Esta Rua Falasse, James Baldwin
A hipótese desperta a dúvida, mas talvez seja inegável que, caso o que nos rodeia tivesse voz, as injustiças seriam menores, até porque não perpetuaria a mentira, nem o abuso de poder. Naquele que é o quinto romance de James Baldwin, acompanhamos um caso que reflete isso mesmo. Mas também somos aconchegados pela força de um amor que resiste a cada nova privação. Oscilando entre o desespero e a esperança, a narrativa aparenta ter um tom leve, porém, pesa-nos no peito, porque a realidade é dura, é angustiante e é, também ela, desumana. Emotivo e intemporal, «Se esta rua falasse» é um romance-manifesto que expõe o cinismo.


📺 Filmes & Séries
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Princípio, Meio e Fim
A nova aposta televisiva da SIC junta quatro nomes talentosíssimos - Bruno Nogueira, Salvador Martinha, Nuno Markl e Filipe Melo -, naquele que é, para mim, um dos conceitos mais geniais a que já assisti: pela originalidade, pela liberdade de criação, pela ousadia, pelo despropósito de alguns pensamentos e, claro, por dar palco a profissionais que admiro e que têm a capacidade inspiradora de pensar fora da caixa, sem se levarem demasiado a sério. Além disso, quando vemos amigos a divertirem-se, é percetível que, desse contexto, só pode resultar um projeto aliciante [podem ler a opinião completa aqui]


Vento Norte
Esta série de época centra-se na história dos Mellos, uma família de aristocratas do Minho, e na vida dos seus criados. E interliga dramas políticos e amores impossíveis. Em «plenos anos loucos», num país «à beira da ditadura», tudo pode acontecer. Mais uma excelente aposta!


✏ PUBLICAÇÕES
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Os Nichos: Necessários ou Condicionantes da Criatividade?

O conceito dos nichos tem 
conquistado espaço e uma 
importância evidente, mas não é 
uma abordagem na qual me reveja.



Dez Livros Que Dariam 
Boas Adaptações

Reuni dez livros de autores portugueses que acredito terem 
imenso potencial para serem 
adaptados ao audiovisual.



Dramas Literários Que Não 
Me Fazem Confusão

Há dilemas literários que não me fazem confusão, porque cada pessoa encontra uma forma de tornar 
cada livro um pouco mais seu.



Onde Bebo a Minha Inspiração

Há muita coisa que me inspira e, 
por essa razão, procuro estar 
atenta aos sinais.





Os Livros Devem Trazer 
Avisos de Conteúdo?

A Beatriz Sousa [Suspiros da Bea] propôs-me este tema para reflexão.




Planear este mês foi, particularmente, entusiasmante. Porque quis dividir as publicações por temas mais pessoais [para celebrar o meu aniversário] e por temas mais literários [para complementar o desafio do Dia Mundial do Livro]. E não podia estar mais satisfeita com isso.


🍴 À MESA
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Dorayakis


Eu acordava, todos os dias, às sete da manhã só para conseguir ver o Doraemon na televisão, antes de ir para a escola. E esta rotina prolongou-se durante bastante tempo, até porque era o meu desenho animado favorito. No meio de tantas peripécias, confesso que havia um detalhe a intrigar-me: os dorayakis. Portanto, quando vi, recentemente, uma receita para preparar esta icónica iguaria, nem pensei duas vezes e coloquei as mãos na massa. Não ficaram perfeitos visualmente, mas o sabor conquistou-me. E são tão fáceis de preparar.

Gin de Noz Moscada


O ingrediente do mês, para o projeto Páginas Salteadas, foi a noz moscada. E, «em redor do edifício de economia doméstica», pairava um «cheio intenso a gengibre, canela, chocolate» e... noz moscada. Partindo desta premissa, fui, também eu, preparar uma bebida: um copo de gin, que ergo em sinal de respeito por Maya Angelou, autora de Sei Porque Canta o Pássaro na Gaiola, livro que potenciou esta receita.

Croissants & Palmiers


Tenho-me divertido na cozinha. E, recentemente, deu-me para tentar fazer croissants [que ficaram ótimos] e palmiers. Estes últimos, ficaram irrepreensíveis no sabor, mas ainda tenho de aprimorar a sua técnica. Apesar disso, são mesmo muito fáceis de confeccionar.


📌 ENTRE LINHAS
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Dia do Livro // Livros Que Não Me Interessam
Celebrar o Dia Mundial do Livro é especial e, pessoalmente, procuro sempre destacar o lado mais positivo da questão - se é que o podemos denominar assim. No entanto, a Rita da Nova comemorou-o com uma abordagem distinta e que faz todo o sentido. Porque definirmos o que não nos interessa ler é, também, uma forma de priorizarmos as nossas preferências e de tornar as leituras mais estimulantes [leiam aqui].


📌 JUKEBOX
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A Surpresa: Monarquia [Diogo Piçarra & Bispo]
Melhor Duo: Cidade [Bárbara Tinoco & Bárbara Bandeira]
A Diferentona: 3,14 [Gson, Slow J. & Sam The Kid]
A Favorita: Passo Forte [Sal]
Artista Revelação: Francisco Fontes


Álbuns: 20PERCEPTION [Rui Massena], AuRora [Gisela João], Vida a Dois [Jorge Benvinda], Murais [Murais], Perdoa Se Há em Mim Pressa Para Ser Feliz [Tomás Adrião], Voz e Violão [António Zambujo], Acordado ou a Sonhar [Jasmim], Mossas [Churky], Ep da Bárbara Tinoco [músicas aqui]


🎥 VÍDEOS & PODCASTS
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Entre Escritores
A Célia Correia Loureiro aventurou-se neste formato e criou um espaço que promove a conversa entre escritores portugueses, deambulando pelas experiências pessoais, pelos desafios e pelo mercado literário em Portugal. Ainda não ouvi tudo, mas está a ser muito interessante.


Relatório DB - Março 2021
Estes vídeos mensais do Diogo Batáguas são uma preciosidade. E a verdade é que os poderia destacar a todos, porque têm sempre conteúdo de qualidade, mas este merece particular atenção, porque alerta-nos para esquemas e artimanhas. E sempre com muito humor inteligente.


É Outra História
A Cultura Editora lançou um podcast que procura desmistificar todo o processo editorial e partilhar o quotidiano de uma editora. Para tal, contará com a presença de autores convidados e, claro, com profissionais da área. Fiquei radiante com esta novidade maravilhosa!



✨ GRATIDÃO
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«Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo,
Onde emergimos da noite e do silêncio,
E livres habitamos a substância do tempo»
[25 de abril, Sophia de Mello Breyner]

Este mês, sinto-me grata por...

... Todo o amor que recebi;


... Terem aderido ao Desafio Preferias;


... Ter acompanhado a caminhada do Porto na Liga dos Campeões. A eliminação não diminui, em nada, o percurso. Voltaremos mais fortes;

... Ser livre!


Como foi o vosso mês?

Fotografia da minha autoria



«O sangue pode pesar tanto quanto a pedra»

Avisos de Conteúdo: doença, violação, morte, manipulação


O amor é feito de infinitas identidades, podendo manifestar-se de maneiras muito distintas. É por isso que tão depressa nos agrega, como nos mantém reféns - a alguém ou a algum lugar -, porque tem elos indeléveis, que nos movem. E no mais recente livro de Susana Amaro Velho, acompanharemos, então, uma das suas essências mais poderosas.

«Afinal, ver bairros do céu era, para mim, coisa de pássaro e, por mais asas 
que eu costumasse dar à minha imaginação, a verdade é que nunca consegui voar»

O Bairro das Cruzes é uma história ficcional, com personagens construídas para aquele contexto. Porém, guarda acontecimentos tão plausíveis, que se torna intuitivo senti-la como se fosse parte da nossa realidade, quer enquanto seres autónomos, quer enquanto país. Além disso, atendendo a que atravessa o período histórico da ditadura, é fácil alimentarmos essa sensação de pertença, mesmo que nos magoe e que nos pese. Porque, lá no fundo, são a prova de uma união que não se quebra, sobretudo, quando há laços familiares a amparar cada passo.

«Eu tinha muito medo (...) mal eu sabia que os meus maiores receios, e outros 
com os quais nunca me tinha sequer deparado, me bateriam à porta em poucos dias»

A escrita da autora é envolvente, viciante. E eu dei por mim a fazer uma caminhada compulsiva, para desvendar os mistérios, as incertezas e a complexidade das relações interpessoais, ao mesmo tempo que procurava prolongar a leitura. Porque a despedida seria dura. Afinal, cruzei-me com protagonistas carismáticos, daqueles que queremos manter sempre por perto. Num bairro onde a vida dos seus habitantes parece fundir-se com a lenda local, é percetível a pobreza, a escassez de oportunidades, a imprevisibilidade do destino, a dor, a dinâmica familiar frágil e a tragédia que se cimenta fora do nosso alcance.

«Há sempre mais, muito mais, escondido do que aquilo que as pessoas mostram»

Há caminhos que seguimos e outros que evitamos percorrer. No entanto, ainda que as nossas escolhas afigurem levar-nos para longe, arranjamos maneira de regressar, pois há algo que nos atrai, impedindo que nos desenlacemos do passado e das nossas raízes. Portanto, neste meio tão caricato, conhecemos o Bairro e as pessoas numa simbiose permanente. Mas já nada é igual. Nem pode ser. Porque crescemos, gerimos emoções antagónicas e aprendemos a questionar até que ponto conhecemos aqueles que nos rodeiam. Pior, aqueles que são sangue do nosso sangue. Ainda assim, nada disso importa, quando o parentesco pesa mais que tudo o resto. E quando continuamos a pertencer ao lugar de onde saímos.

«(...) ela tem duas caras. Ou quatro ou cinco. Tem as que lhe convém»

O Bairro das Cruzes podia ser a nossa história. Porque demonstra as cruzes que carregamos uma vida inteira, condicionando todos os nossos sonhos. Até ao dia em que, num misto de coragem e nostalgia, elas acabam por ruir. Permitindo-nos, finalmente, recomeçar em liberdade.

«E tentamos, a todo o custo, guardar as memórias felizes»


// Disponibilidade //

Wook: Livro | eBook
Bertrand: Livro

Nota: O blogue é afiliado da Wook e da Bertrand. Ao adquirirem o[s] artigo[s] através dos links disponibilizados estão a contribuir para o seu crescimento literário - e não só. Muito obrigada pelo apoio ♥

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«Nós partilhamos o ingrediente, tu escolhes o livro»


A conclusão de qualquer etapa académica é digna de registo e celebração, sobretudo, quando o percurso apresenta dualidade de critérios e o futuro é tão incerto. E as crianças de Stamps vibravam com o término do ano letivo - desde as que estavam prestes a transitar da escola primária, até àquelas que se despediam do ensino secundário. Por isso, nada como elaborar uma festa de finalistas com muito esmero.

As semanas que antecederam a cerimónia «foram preenchidas com actividades inebriantes» e, atenciosamente, «as raparigas mais crescidas foram incumbidas da tarefa de tratar das bebidas». Estas passagens pertencem à obra Sei Porque Canta o Pássaro na Gaiola, de Maya Angelou, que me proporcionou, em mais um alinhamento bonito dos astros, uma nova participação no saboroso projeto Páginas Salteadas.

O ingrediente do mês foi a noz moscada. E, «em redor do edifício de economia doméstica», pairava um «cheio intenso a gengibre, canela, chocolate» e... noz moscada. Partindo desta premissa, fui, também eu, preparar uma bebida: um copo de gin, que ergo em sinal de respeito.


🍹 GIN SUNSET PARTY
- receita Margão -


Ingredientes
- 5 cl de gin;
- 20 cl de água tónica;
- 1 twist de laranja [tira da casca];
- 1 lasca de noz moscada grão;
- 3 grãos de pimenta da Jamaica;
- Gelo q.b.

Modo de Preparação
- Gelar o copo balão com cubos de gelo;
- Passar com o twist no bordo do copo;
- Juntar ao gelo e ao twist a noz moscada e a pimenta da Jamaica;
- Adicionar os 5 cl de gin;
- Acrescentar os 20 cl de água tónica, lentamente, com uma colher de bar, de modo a não destruir o carbono das bolhas da água;
- Servir.

Nota
- Não tenho utensílios de/para gin, nem noz moscada em grão. No entanto, mesmo na base do improviso, ficou uma belíssima combinação.

Fotografia da minha autoria



Tema: Dignidade Racial

Avisos de Conteúdo: Racismo, Preconceito, 
Machismo, Violação, Segregação


A diversidade é um processo em construção - na vida e na literatura. Porque é necessário abrir a porta às minorias, aceitá-las e incluí-las, visto que continuam a ser parte de um todo e a merecer total respeito e consideração. Portanto, potenciar leituras inclusivas é o caminho, atendendo a que leva na bagagem o poder da mudança. E esta é uma missão consciente que também pretendo abraçar, por isso, aderi ao projeto Ler a Diferença, da Elga Fontes [Quem Me Ler]. Neste mês - cujo tema é a Dignidade Racial -, optei por regressar a Maya Angelou.

«Se crescer é doloroso para uma menina negra do Sul, ter consciência 
do seu desajuste é a ferrugem na navalha que lhe ameaça o pescoço»

Sei Porque Canta o Pássaro na Gaiola é um retrato autobiográfico, que nos embala por uma viagem curvilínea e com vários contrastes. Porque une, no mesmo compasso, um mundo opressivo, machista, sexista, no qual são mais as barreiras impostas à comunidade negra, porém, sem deixar de transmitir uma onda de amor e de esperança. Através de uma análise franca e sem subterfúgios, a autora mostra-nos uma identidade resiliente, persistente, inspirando-nos a estender as asas e a libertarmo-nos de um contexto limitador. Assim, estas memórias, que vai desenlaçando, desorganizam-nos por dentro, porque impulsionam-nos a sentir, a refletir e a sermos muito mais empáticos com os demais.

«O mundo inspirara fundo e hesitava sem saber se devia continuar a girar»

O preconceito e a segregação dilaceram. E é este o tom que vai marcando o avançar da narrativa, pois coloca em evidência comportamentos de profundo desrespeito. Mas esta situação torna-se ainda mais angustiante, quando percebemos que se manifesta na vida de uma criança, impedindo-a de viver livre e segura. Além disso, permite-nos conversar sobre a desestrutura familiar, sobre as fragilidades emocionais, sobre a sexualidade e sobre o impacto que certas pessoas têm no nosso crescimento. Porque moldam a nossa conduta e alargam-nos horizontes - mesmo que nos façam acreditar que devem ser diminutos.

«Poderia muito bem ser o fim do mundo»

Esta obra, que carrega uma dose de poesia, implica uma jornada de desconstrução íntima, porque é impossível lê-la sem reconsiderarmos a forma como tratamos quem nos rodeia. Por isso, acredito que não nos mostra só a evolução da sua protagonista: faz-nos crescer também. E em todas as suas camadas senti a revolta, as inseguranças, o deslumbramento, o medo e o desafiar das regras impostas por uma sociedade com tratamentos desiguais, na América dos anos 40, porque My não nasceu para ficar presa a esta injustiça. Nasceu para voar. E eu fi-lo agarrada às suas asas, que nos inspiram a gritar pela mudança.

«O meu velho sentimento de culpa regressou como um amigo de quem sentira muito a falta»

Sei Porque Canta o Pássaro na Gaiola não omite a dor, nem a crueza das experiências, mas mostra-nos que é possível sobreviver. Embora exista muita desumanidade, cada um coloca no mundo o que transporta no peito. E Maya Angelou resistiu. Abriu as portas para abraçarmos a integração e a integridade. E, sobretudo, com uma voz consciente, fez-nos perceber que há sempre uma maneira de não calarmos a nossa essência.

«Compreendia a perversidade da vida, que é na luta que reside a alegria»


Disponibilidade: Wook | Bertrand

Nota: O blogue é afiliado da Wook e da Bertrand. Ao adquirirem o[s] artigo[s] através dos links disponibilizados estão a contribuir para o seu crescimento literário - e não só. Muito obrigada pelo apoio ♥

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«Há beleza no erro»


As histórias, por norma, apresentam um ciclo de três etapas que nos é bastante familiar. No entanto, o processo que lhes dá forma e as permite transitar para a seguinte pode conter inúmeras alternativas e desfechos. É isso que as enriquece e que as distingue, até porque podemos partir todos da mesma premissa, mas a meta terá sempre um formato distinto, dependendo de quem a constrói. Ainda assim, para que seja contada, necessita de desenlaçar um Princípio, um Meio e um Fim.


O PRINCÍPIO

A nova aposta televisiva da SIC junta quatro nomes talentosíssimos - Bruno Nogueira, Salvador Martinha, Nuno Markl e Filipe Melo -, naquele que é, para mim, um dos conceitos mais geniais a que já assisti: pela originalidade, pela liberdade de criação, pela ousadia, pelo despropósito de alguns pensamentos e, claro, por dar palco a profissionais que admiro e que têm a capacidade inspiradora de pensar fora da caixa, sem se levarem demasiado a sério. Além disso, quando vemos amigos a divertirem-se, é percetível que, desse contexto, só pode resultar um projeto aliciante - embora esteja a dividir opiniões.

O conceito do programa tem tanto de simples, como de complexo. Porém, atendendo às suas características, esta odisseia criativa entusiasma, na mesma medida em que nos incita a analisar a ação de mente aberta.


O MEIO

O mais fascinante deste projeto é o facto de termos acesso aos bastidores, ao processo de escrita e de construção de um guião. E é neste ponto que a magia acontece. Porque tem regras muito específicas.

⌛ Numa sala, aparentemente, vazia, têm acesso a um computador e a duas horas para escreverem o texto. Nem mais um segundo. Portanto, se alguma frase ficar a meio, estiver mal escrita e/ou não fizer sentido tem de ficar tal como está. E isso terá consequências na parte final.

⌛ Durante esta etapa, existem obstáculos surpresa, impostos pela produção, para desconcentrarem os autores e tornarem tudo desafiante.

Naturalmente, só assistimos aos melhores momentos dessas duas horas, mas são suficientemente elucidativos da dinâmica do grupo e da maneira como reagem perante cenários de pressão e de total imprevisibilidade. Em simultâneo, é fabuloso ver as ideias a surgir e a serem discutidas; e ver em que direção dispara a imaginação dos intervenientes e o impacto que a comunicação e o desespero assumem no mesmo compasso.

Com muito humor e um equilíbrio inteligente entre as portas que nos abrem e o que apenas visualizamos em cena, há uma linha que une cada etapa do processo. Mas as várias sequências narrativas que ficam em suspenso alimentam a surpresa do espectador. Porque transmitem-nos a sensação de sabermos o que acontecerá, para logo sermos desarmados.


O FIM

O guião é escrito para ser representado - e essa é a última fase. Apesar da caminhada parecer caótica, o objetivo é claro: todas as semanas, cinco amigos reúnem-se para jantar. A primeira frase é sempre a mesma em cada episódio, contudo, depois disso, o que nos espera é uma versão diferente dessa refeição, que não se assemelha à anterior.

Lembram-se quando, parágrafos antes, mencionei que a forma como as coisas são escritas têm consequências na concretização das cenas? Pois bem, é que os atores terão de dialogar tal e qual como aparece no texto. Ou seja, se, por lapso, a palavra estiver mal escrita, di-la-ão dessa forma, sem possibilidade de correção [SPOILER ALERT: no primeiro episódio, esqueceram-se de escrever a resposta de uma das personagens e, no decorrer da ação, isso ficou evidente]. É, também, por isto que o formato é tão estimulante e singular, porque cada detalhe tem peso.


PRINCÍPIO, MEIO E FIM

O programa é exibido aos domingos e eu não podia estar mais rendida, porque transborda inovação. Mesmo que exista estupidez, a gargalhada é garantida e impulsiona a curiosidade para compreendermos o antes, quase como se fizéssemos parte da equipa e do próprio conceito. Assistiria, de bom grado, às duas horas de criação [e penso que já seja possível na OPTO], pois é um privilégio acompanhar o método de trabalho de artistas por quem tenho a maior consideração. É pela cultura que evoluímos e Princípio, Meio e Fim é um pedaço de arte.


«E depois do adeus
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós»



«Ergue-te, ó Sol de Verão
Somos nós os teus cantores
Da matinal canção
Ouvem-se já os rumores
Ouvem-se já os clamores
Ouvem-se já os tambores»



«Só há liberdade a sério
Quando houver liberdade
De mudar e decidir
Quando pertencer ao povo
O que o povo produzir»



«Com bandarilhas de esperança
Afugentamos a fera
Estamos na praça da Primavera»



«Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança»

Fotografia da minha autoria



... Dorayakis!

Eu acordava, todos os dias, às sete da manhã só para conseguir ver o Doraemon na televisão, antes de ir para a escola. E esta rotina prolongou-se durante bastante tempo, até porque era o meu desenho animado favorito. No meio de tantas peripécias, confesso que havia um detalhe a intrigar-me: os dorayakis. Portanto, quando vi, recentemente, uma receita para preparar esta icónica iguaria, nem pensei duas vezes e coloquei as mãos na massa. Não ficaram perfeitos visualmente, mas o sabor conquistou-me. E são tão fáceis de preparar.

Fotografia da minha autoria



«Os livros mudam as pessoas»


Os livros, como alguém afirmou, não alteram o mundo. Porém, mudam todos aqueles que têm a possibilidade de potenciar essas mudanças - a pequena ou a grande escala. E é maravilhoso confirmar, em cada nova história, o poder que certas narrativas assumem nos nossos passos e nos nossos sonhos. Por essa razão, caminho abraçada à literatura, que é a candeia que ilumina este meu amor maior pelas palavras escritas.

Conversar sobre manuscritos e leituras é algo que me entusiasma e que faz parte da minha identidade. Portanto, faço por aproveitar cada oportunidade para dar palco àqueles que vou descobrindo e que vão tornando a minha estante num lugar seguro e a transbordar de uma magia singular. Além disso, como se celebra, hoje, o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, pensei numa iniciativa simbólica para celebrar esta data tão especial. E foi assim que floresceu o Dois Para Três.

O nome nasceu da minha vontade de fazer uma pequena brincadeira com os números da data. Desta maneira, elaborei três perguntas, para as quais serão atribuídas duas opções de resposta. No entanto, teria de existir um apontamento extra, representado pelo Marcador de Página. Porque, neste vício que são os livros, encontramos sempre caminho para casa.


 - DOIS PARA TRÊS - 


📚 Tornei-me leitor/leitora graças ao/à:




Autor/Autora:
 
Torey Hayden


Livro:
Histórias do Tempo 
Vai, Tempo Vem 
[Maria Alberta Menéres]




Uma das primeiras obras que me recordo de ter lido foi esta e marcou-me por ter vários contos dentro. No entanto, foi quando me cruzei com a Torey Hayden que despertei para a leitura, compreendendo que as aprendizagens são infinitas, se mergulharmos nas páginas de um livro.


📚 Na minha primeira ida a uma livraria trouxe:

Autora: Jane Austen | Livro: Orgulho e Preconceito


Atendendo a que não me recordo da primeira ida de todas, recuperei a lembrança da vez que entrei numa livraria e trouxe uma das minhas histórias favoritas: Orgulho e Preconceito. Estava longe de imaginar o seu impacto, quando a escolhi, mas arriscar no desconhecido compensou.


📚 Gostaria de estar na pele de Tânia Ganho, Donna Tartt e Stieg Larsson e ter escrito, respetivamente, Apneia, O Pintassilgo e Os Homens Que Odeiam as Mulheres


Nesta questão tive de fazer uma pequena batota, porque não conseguia selecionar apenas um autor e o seu respetivo livro. E procurei fugir dos mais óbvios, caso contrário, a lista triplicaria. Mas a verdade é que são três histórias poderosas, que me marcaram profundamente. É preciso ter-se um dom enorme para se produzirem obras de arte que nos transformam, porque retratam situações que poderiam acontecer a todos.


 - MARCADOR DE PÁGINA - 


📚 Na minha companhia, sentados numa mesa redonda, gostaria de ter Miguel Esteves Cardoso, Afonso Cruz e Valter Hugo Mãe [que tanto me inspiram] para conversarmos sobre As Falsas Memórias de Manoel Luz [Marlene Ferraz] e Racismo no País dos 
Brancos Costumes [Joana Gorjão Henriques]


Mas também gostaria de ter Maria Isaac, Sofia Costa Lima e Susana Amaro Velho para conversarmos sobre A Árvore Que Não Fazia Sombra [Gonçalo Câmara] e A Cor Púrpura [Alice Walker]

      


📚 Que livro[s] tens em mais que uma edição?


O Principezinho aparece destacado nesta categoria, até porque tenho o livro em edição normal, tenho a edição especial [com Prefácio de Valter Hugo Mãe], tenho a edição Pop-Up e a belíssima edição com comentários de José Luís Peixoto e ilustrações de Hugo Makarov. Logo de seguida, poderia mencionar A Bela e o Monstro [duas], O Amor é Fodido e Como é Linda a Puta da Vida, de Miguel Esteves Cardoso [duas]


Se quiserem participar, utilizem #doisparatres_asgavetas, para 
irmos acompanhando as partilhas. Feliz Dia Mundial do Livro ♥

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andreia morais

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O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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