ENTRELINHAS ||
O VERMELHO E O VERDE

Fotografia da minha autoria



«Os erros da República»

Avisos de Conteúdo: doença, morte, assassinato


A literatura tem o dom de nos aproximar de histórias do nosso país, ainda que as suas páginas não sejam somente preenchidas por factos verídicos. Por isso, é sempre um privilégio ser presenteada com obras que me permitem sair da minha zona de conforto, porque, talvez, não fossem uma seleção óbvia, tal como este exemplar de José Jorge Letria.

«Ela era livre de escolher e foi do meu lado que quis ficar»

O Vermelho e o Verde é um romance histórico, cujo tempo de ação se desenrola entre o dia 1 de fevereiro de 1908 - data do Regicídio - e o fim do Verão de 1918. E é no centro deste panorama político, marcado por tantos confrontos ideológicos, que estabelecemos a ponte com uma família em particular, altamente influenciada por regimes antagónicos. Por consequência, acompanhamos a divisão, os ódios ora silenciosos, ora verbais e a tentativa de permanecer sempre do lado certo da luta, nem que, para isso, seja necessário virar costas a quem mais amamos.

«Chorei e não me arrependi de o ter feito, porque os 
verdadeiros homens são os que não têm vergonha das lágrimas»

Com uma escrita que nos envolve como se fossemos parte do enredo, torna-se evidente que este livro é um retrato amplo da oposição entre valores sociais e afetivos - e entre as várias visões do mundo. Além disso, gritando pela liberdade, sentimos o impulso para refletirmos sobre o papel e o impacto das artes, sobre o clima de conspiração e sobre as perdas que se tornam irreversíveis, sobretudo, quando é o orgulho a falar mais alto, cegando-nos. Pautado, também, pelo sofrimento, pelas privações físicas e emocionais e por personalidades intensas e tão cheias de paixões, não deixa de ser irónico e poético que a morte tenha a capacidade de potenciar reencontros e recomeços.

«Ele era, para mim, a primeira vítima do sonho republicano»

O Vermelho e o Verde não é só uma narrativa sobre política. É, acima de tudo, a prova que o luto não escolhe ideologias. Portanto, não há guerra nenhuma que valha mais que o amor que nutrimos pelos nossos.

«A verdade é que nada permanece como dantes quando se vive o que nós vivemos»

18 Comments

  1. Uiii adoro o tema <3 Vai ja para a lista :)

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  2. Nunca li nada do autor, mas romance histórico não é dos meus preferidos.

    Obrigada pela sugestão.

    Beijinho grande, minha querida!

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    1. Também foi uma estreia para mim e surpreendeu-me bastante :)

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  3. Ainda não conhecia, fiquei bem curiosa. Amei suas considerações sobre a obra :)

    http://www.meblog.com.br/

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  4. Deve ter uma história bem boa para conhecer, nunca tinha ouvido falar
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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  5. Não conhecia, mas parece-me uma boa aposta! :)

    www.amarcadamarta.pt

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  6. Adorei os excertos que aqui nos deixaste!
    A fotografia ficou muito bonita :)

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  7. Do autor só conheço livros infantis.

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