O CAMINHO PARA A IGUALDADE

Fotografia da minha autoria



«É uma questão de direitos humanos»


A nossa voz é mais audível. No entanto, há circunstâncias em que parece que gritamos do fundo do mar, cobertas por um silêncio sufocante, porque «quase tudo é sempre mais difícil para as mulheres». Porém, deveria ser uma missão global garantir que os direitos humanos não dependem de géneros: são de todos, sem discriminações. Sobretudo, atendendo a que, no artigo 13º da Constituição da República Portuguesa, «todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei». Quando alcançaremos essa realidade?

O caminho para a igualdade é, portanto, longo. Tal como podemos comprovar no livro de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. Nesta obra pedagógica, que quebra estereótipos e educa-nos para a cidadania, encontramos uma história de ficção e uma análise de dados que nos mostram que esta é uma luta inacabada. Afinal, «em 30 países ainda se pratica a mutilação genital feminina», «em 49 países não há qualquer proteção legal contra a violência doméstica ou contra a violência sexual», «em 18 países ainda existem leis que autorizam os homens a impedir as mulheres de trabalhar fora de casa». E tudo isto continua a acontecer em pleno século XXI.

Com os olhos postos em Portugal e no Mundo, a igualdade não é uma miragem, ainda assim, perdura como um dos maiores desafios da Humanidade, em vários domínios - cívico, político, económico, social e cultural. Não obstante, há conquistas importantíssimas, que atenuam um pouco as diferenças e incentivam a refletir e a proporcionar a mudança, para usufruirmos de uma sociedade menos opressora e bastante mais justa.

O Dia Internacional da Igualdade Feminina nasce, então, da necessidade de promover uma equivalência plena entre homens e mulheres. E como a cultura é uma arma poderosa de consciencialização, porque nos transporta para realidades que podemos não sentir na pele, mas que existem e precisam da nossa empatia, do nosso compromisso e da nossa envolvência, compilei uma lista de livros, filmes, séries, músicas e documentários que nos informam de onde partimos, o que temos de combater e qual deve ser o destino.


 LIVROS 

Todos Devemos Ser Feministas, Chimamanda Ngozi Adichie
«Neste ensaio pessoal - adaptado de uma conferência TED - Chimamanda Ngozi Adichie apresenta uma definição única do feminismo no século XXI. A escritora parte da sua experiência pessoal para defender a inclusão e a consciência nesta admirável exploração sobre o que significa ser mulher nos dias de hoje».

Mulheres Invisíveis, Caroline Criado Perez
«Imagine um mundo onde os telemóveis são demasiado grandes para as suas mãos. Onde os médicos prescrevem medicamentos errados para o seu corpo. Onde, num acidente de automóvel, tem mais 47% de probabilidade de sofrer ferimentos graves. Onde, em cada semana, as suas incontáveis horas de trabalho não são reconhecidas nem valorizadas. Se isto lhe parece familiar, há grandes hipóteses de ser uma mulher. Esta obra mostra-nos como um mundo largamente construído por e para homens ignora metade da população».

Mulheres, Cultura e Política, Angela Davis
«Dividida em três eixos temáticos, "Sobre as mulheres e a busca por igualdade e paz", "Sobre questões internacionais" e "Sobre educação e cultura", a obra aborda as mudanças políticas e sociais pelas quais o mundo passou nas últimas décadas em relação à igualdade racial, sexual e económica. A autora traz dados históricos e estatísticos detalhados sobre as condições das mulheres, da classe trabalhadora e da população negra nos Estados Unidos durante o governo Reagan, mostrando como a política adotada naquela administração operou para enfraquecer esses grupos sociais».

Destemidas, Pénépole Bagieu
«Cientistas, actrizes ou activistas, estas mulheres são destemidas, ousadas, decididas, e lutaram pelos seus sonhos. Este livro apresenta a biografia de 15 mulheres excepcionais que triunfaram perante a adversidade. Pénélope Bagieu mostra-nos aqui mulheres de ideais, épocas, idades e mundos muito distintos, que foram capazes de ir para além das convenções e preconceitos sociais», porque desejaram ser independentes.

Feminismo Para os 99%, Cinzia Arruzza, Tithi Bhattacharya & Nancy Fraser
«Habitação a preços incomportáveis, salários no limiar da sobrevivência, saúde privatizada, educação pública negligenciada, horários laborais exigentes, alterações climáticas com consequências catastróficas. A crise que vivemos hoje é transversal a toda a sociedade e os seus efeitos - políticos, sociais e ambientais - têm um impacto brutal e imediato na vida de 99% da população, com particular gravidade para as mulheres».

Não Serei Eu Mulher?, Bell Hooks
«Nenhum outro grupo na América teve a sua identidade tão rasurada da sociedade quanto as negras. Raramente nos reconhecem como grupo autónomo e distinto dos negros, ou como parte integrante, nesta cultura, do grupo alargado de mulheres. Quando se fala de gentes negras, o sexismo opõe-se ao reconhecimento dos interesses das mulheres negras; quando se fala de mulheres, o racismo opõe-se ao reconhecimento dos interesses das mulheres negras. Quando se fala de gentes negras, a atenção tende a recair nos homens negros; quando se fala de mulheres, a atenção tende a recair nas mulheres brancas».

Mulheres Sem Medo, Marte Breen & Jenny Jordhal
«Liberdade, Igualdade, Sororidade. Mulheres sem Medo é uma novela gráfica que cobre 150 anos de história do feminismo. São 150 anos de coragem, garra e visão de quem lutou e ainda luta pelos direitos das mulheres à volta do globo. Da luta abolicionista ao movimento #MeToo, passando pela história das sufragistas e do direito ao aborto e à contraceção e pela reivindicação dos direitos LGBTQ e do casamento gay».


 FILMES 

As Serviçais


Persépolis


Made in Dagenham


As Sufragistas



 SÉRIES 

3 Mulheres
«É uma série de ficção que, a partir das biografias e da intervenção cultural e cívica da poetisa Natália Correia, da editora Snu Abecassis e da jornalista Vera Lagoa (pseudónimo de Maria Armanda Falcão), recorda os últimos anos do Estado Novo, do início da Guerra colonial à véspera da Revolução de Abril. A ação e os percursos cruzados destas mulheres são um exemplo de coragem e compromisso com os tempos futuros».

Good Girls Revolt
«Baseada na história verdadeira de muitas mulheres no mundo do jornalismo, Good Girls Revolt conta a batalha de um grupo de “investigadoras” – o único título que era permitido às mulheres nas redações daquela época. Faziam o árduo trabalho de investigação, os telefonemas para confirmar as informações, mas não lhes era permitido fazer o trabalho final: escrever e assinar as notícias. Ser repórter era um título apenas para homens, mas este pequeno grupo insurge-se perante as desigualdades de género e luta por aquilo que tanto trabalhou. Esta é uma série sobre estereótipos, discriminação mas também revolta e confiança».

Coisa Mais Linda
«Na São Paulo do final da década de 50 está Maria Luiza, uma moça conservadora e completamente dependente de dois homens: seu pai, Ademar, e o marido dela, Pedro. Sua vida toma um rumo completamente diferente quando Pedro desaparece ao viajar para o Rio de Janeiro a fim de montar um restaurante. Maria Luiza segue os rastros do marido, mas acaba transformando o sofisticado negócio numa casa noturna. A jovem descobre então um novo mundo na companhia de mulheres feministas e liberais e ao som da Bossa Nova».

As Telefonistas
«Na cidade de Madrid nos anos 20, quatro mulheres da Companhia Telefónica Nacional lideram a revolução enquanto lidam com o amor e a inveja, num meio profissional moderno», à procura de um lugar de sucesso.

Inacreditável
«Nesta minissérie inspirada em eventos reais, duas detetives investigam ataques a mulheres que são idênticos a um caso de violação em que a vítima, de 18 anos, foi acusada de mentir».


 MÚSICAS 

Respect, Aretha Franklin


Independent Women, Destiny's Child


Sou Como Sou, Ana Bacalhau


Alfazema, Capicua



 DOCUMENTÁRIOS 

A Girl In The River [HBO]
«No Paquistão, mais de 1000 mulheres vistas como tendo comprometido a "honra" das respetivas famílias são mortas todos os anos. As famílias são frequentemente pressionadas para perdoarem aos agressores, o que lhes permite voltarem a fazer parte da comunidade. Contado através das lentes de uma história de amor, este documentário examina as tensões entre modernismo e tradições no Paquistão. Realizado por Sharmeen Obaid-Chinoy, o documentário pioneiro segue Saba, uma jovem mulher paquistanesa, que sobreviveu a uma tentativa de morte pela honra por parte da sua própria família. Enquanto explora os problemas complexos com que se deparam as mulheres no Paquistão atual, bem com interpretações conflituosas de direitos das mulheres e honra da família e as pressões para perdoar a familiares pelos seus crimes, o filme narra o percurso dramático de uma jovem mulher corajosa que luta pela sua vida, por dignidade e por justiça».

Sand Storm [Netflix]
«Sul de Israel. Jalila está envolvida numa estranha celebração - o casamento do seu marido com a segunda mulher - enquanto tenta lidar com o trauma deste evento. A sua filha Layla está preocupada com outro problema: a sua paixão por Anuar, um rapaz da tribo vizinha, foi descoberta. Enquanto o pai tenta casar Layla à força com outro rapaz, a mãe fica dividida entre os valores religiosos e a preocupação com a filha. Layla encarna o segundo conflito, mais explosivo, de enfrentar a dificuldade de fazer as próprias escolhas, de se casar com quem quer. Mais do que isso, anseia por um futuro mais livre. Quer estudar, quer descobrir um mundo além da aldeia e das tradições a que está presa. A leitura mais elementar de Sand Storm coloca a questão da mulher nas sociedades patriarcais do mundo islâmico. O filme, porém, evita simplificações e vilanias. Por isso, vai muito além dessa superfície mais óbvia. Em grande medida, porque Suliman, o patriarca da família, também vive um conflito. O seu dilema está no afeto profundo pela filha e pela primeira esposa. Tem o desejo íntimo de não as magoar, mas sente o peso daquilo que se espera de um homem».

Azali [Netflix]
«A adolescente Amina leva uma vida pacata ao lado da sua família numa pequena vila. Por engano, e acreditando que está a enviar a sua filha para um lugar melhor, a mãe de Amina vende a menina a estranhos. Amina foge ao lado de outras pessoas que foram traficadas e acaba por se perder em Acra. Mergulha assim no pesadelo da prostituição e da pobreza na capital do Gana».

Para Sama [Filmin]
«Para Sama é simultaneamente uma viagem íntima e épica pela experiência feminina da guerra. Uma carta de amor de uma jovem mãe para a sua filha, o filme conta a história de vida de Waad al-Kateab durante cinco anos de revolta em Alepo, na Síria, ao mesmo tempo que se apaixona, se casa e tem a filha Sama, tudo enquanto o conflito devastador cresce à sua volta. A sua câmara captura histórias incríveis de perda, alegria e sobrevivência enquanto Waad luta com uma escolha impossível – fugir ou não da cidade para proteger a vida da filha, quando sair significa abandonar a luta pela liberdade, pela qual já sacrificou tanto».

Período, o Estigma da Menstruação [Netflix]
«Na Índia rural, onde o estigma da menstruação persiste, as mulheres fabricam pensos higiénicos a baixo custo e lutam pela sua independência financeira. Não é “só” um documentário sobre menstruação: é, acima de tudo, um retrato da importância da educação na independência das jovens em todo o mundo».


Lutar pela igualdade feminina é, também, uma questão de sororidade. Que saibamos sempre acolher em vez de rivalizar. Que, acima de tudo, permitamos que as nossas semelhantes floresçam. E que, enquanto seres humanos que somos, aprendamos a abraçar as diferenças sem que isso seja um motivo de segregação.

Comentários

  1. Vou tomar nota das sugestões. Será que algum dia a igualdade vai existir...

    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  2. Excelente post! Precisamos que se fale mais e mais sobre este tema💪🏻❤️ Adorei e já tenho saudades da série 4 Mulheres! Todas elas são uma fonte de inspiração para mim, para todas nós ❤️ Vou levar as tuas sugestões de livros, séries e filmes, muito obrigada*

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    1. Muito obrigada, minha querida!
      É uma série extraordinária, quem me dera que 3 Mulheres tivesse outra temporada.

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  3. Cada vez mais a igualdade feminina é importante, não tinha noção que havia tantas sugestões sobre o tema. Obrigada por trazeres algumas a este post.

    Beijinho grande, minha querida!

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  4. Dicas e sugestões que me agradou ler. Sou totalmente a favor da igualdade de géneros masculino/feminino. Mas será que alguma vez tal irá acontecer numa forma total?

    No Afeganistão penso que jamais tal, infelizmente, irá acontecer.
    .
    Cumprimentos poéticos
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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    1. Deveria acontecer, mas depois vemos o que se passa no Afeganistão e a descrença aumenta. Mas não podemos deixar de lutar, até porque isso implicaria negligenciar o que já foi conquistado

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  5. Acho que vou levar as sugestões, porque aina não conhecia algumas
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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