Entre Margens

Fotografia da minha autoria



«A vida é feita de momentos colecionáveis»


Novembro trouxe uma energia muito bonita, logo nos primeiros dias, levando-me para perto do que me aconchega. Depois, foi passando sereno, quase despercebido, numa calma que equilibra. Entre leituras, aniversários e preparativos para a época mágica que se avizinha, o penúltimo mês do ano revestiu-se de amor.


⚓ MOMENTOS
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Uma parte das minhas pessoas favoritas faz anos em novembro - afilhado, comadre, gémea -, por isso, é sempre bom celebrá-las! Merecem o mundo e, no que depender de mim, estarei cá para o proporcionar.


Vem Cantar Comigo no Sá da Bandeira
A sensação de estar numa sala de espetáculo, para assistir a um concerto de alguém que admiramos, é sempre indescritível. Porque há um vínculo emocional que nos desarma. E não importa se já tivemos a oportunidade de o ver ao vivo antes, visto que nunca é igual. Aliás, melhora a cada nova presença, porque a maturidade e o compromisso são mais profundos. Portanto, regressei ao Teatro Sá da Bandeira para escutar aquele que é, para mim, um dos nomes maiores do panorama musical português: o inigualável Diogo Piçarra.


Terapia de Casal: A Tour do Livro
Houve cosplay de Fernando Mendes, revelações desarmantes e muita discórdia. Tirando a blasfémia da francesinha com arroz, foi mesmo um evento memorável. E fico-lhes grata por nos presentearem com uma energia tão cómica. Caso não seja pedir muito, regressem mais vezes, porque é um gosto ter-vos em palco.


Sem estar à espera [até porque nada o fazia prever], recebi o mais recente livro da Margarida Rebelo Pinto - A Lenda do Belo Soldado -, gentilmente enviado pelo Clube do Autor - a quem fiquei muito grata pelo gesto.


Visto que há aspetos que não gosto de deixar para a última, aproveitei para tratar das prendas de Natal. Já só me faltam duas [as mais complexas], mas todas as outras já se encontram com um visto à frente.


📚 LEITURAS
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A Espera de Fernanda, Maria Cláudia Rodrigues
Alma Lusitana || Braga

O Sol é Cego, Curzio Malaparte
Uma Dúzia de Livros 2021 || Novembro


Outras Leituras do Mês
Só Tinha Saudades de Contar Uma História [Joel Neto], A Trança de Inês [Rosa Lobato Faria], 
Terapia de Casal [Rita da Nova & Guilherme Fonseca], Heartstopper Volume 3 [Alice Oseman], 
O Livro do Ano [Afonso Cruz], As Doenças do Brasil [Valter Hugo Mãe], Notas Sobre o Luto 
[Chimamanda Ngozi Adichie] e O Labirinto dos Espíritos [Carlos Ruiz Zafón]



📺 FILMES & SÉRIES
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A segunda temporada de Auga Seca [uma produção portuguesa e espanhola] começou, este mês, e tem-me conquistado. Creio que está mais intensa que a primeira, até pela forma como tudo aparenta ser evidente e, ainda assim, carecerem as provas. Além disso, tem sido interessante acompanhar a falta de escrúpulos.



✏ PUBLICAÇÕES
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Boa Sorte no Auditório CCOP
Lá fora a chuva caí[a]. Porém, sem querer dar motivo ao caos, abri o guarda-chuva até ao Auditório CCOP [Círculo Católico dos Operários do Porto], para ouvir o João Couto e o seu Boa Sorte - o álbum que mais tocou, em outubro, cá por casa. Porque há laços que nos unem, quando os artistas partilham a sua verdade em letras desarmantes - e que sentimos como se nos saíssem do peito. Assim, da terceira fila de uma sala onde nunca tinha estado e que nos acolheu com tanta familiaridade, assisti a um dos momentos musicais mais bonitos.


Calendário de Natal da Make-A-Wish
A Make-A-Wish tem uma missão clara: «realizar sonhos de crianças e jovens, entre os três e os 11 anos, em todo o território nacional, que sofrem de doenças graves, progressivas, degenerativas ou malignas, proporcionando-lhes um momento de força, alegria e esperança». Em parceria com a Flying Tiger Copenhagen, criaram mais uma alternativa para o conseguirmos, enquanto sociedade que se preocupa.


Caixa Mágica || Doce
A quantidade de vezes que cantarolei Amanhã de Manhã, Bem Bom ou Ok Ko é inacreditável, mas fruto das letras irreverentes e inesquecíveis. Numa fase prematura do meu crescimento - e conhecimento musical -, não tinha capacidade para compreender as possíveis camadas daqueles versos. Porém, tornaram-se recorrentes no meu reportório. Porque, preferências à parte, as Doce souberam apostar na longevidade, mesmo que tenham passado por várias formações. Portanto, conhecer a sua história só se poderia revelar interessante.




🍴 À MESA
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Recentemente, experimentei um chocolate que fez as delícias cá de casa: o Mousse Negro, disponível na Mercadona. Desapareceu num sopro [até me esqueci de fotografar a embalagem], mas fica a recomendação.



📌 ENTRE LINHAS
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O chá é a minha bebida de eleição, como faço questão de reforçar algumas vezes. Por isso, andava à procura de um bule que acompanhasse esta preferência. Na minha última visita à Flying Tiger, perdi-me de encantos por este amarelo e, desde então, utilizo-o quase todos os dias. Tem o tamanho ideal! Estou mesmo satisfeita.


Instax Mini 11
Aconteceu. Comprei, finalmente, a Instax mini. Era um investimento que pretendia fazer há algum tempo, até porque sou apaixonada por este género de fotografias. Além disso, com a possibilidade de armazenar as fotografias no computador, ficando sempre à distância de um clique, perdi o hábito encantador de as revelar e sentia falta de eternizar certos momentos num formato físico. Aproveitando a campanha de promoção da Worten, apostei neste kit. Adorava que tivessem a roxa disponível neste formato, mas trouxe a bela Sky Blue.



📌 JUKEBOX
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A Surpresa: Fall in Love at Christmas [Mariah Carey, Khalid & Kirk Franklin]
Melhor Duo: Niteflix [Atalaia Airlines & Mike El Nite]
A Diferentona: O Jogo [LAIA]
A Favorita: Chama Por Mim [Miguel Araújo]
Artista Revelação: Alda


Álbuns: Voyage [ABBA], Ao Deus Dará [Rossana], Ilha Digital [Cavalheiro], No Meu Canto [Elisa], Tozé Brito (de) Novo [Vários Artistas], 30 [Adele], Badiu [Dino d'Santiago], Marôco [Miguel Marôco]



🎥 VÍDEOS & PODCASTS
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✨ GRATIDÃO
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«Viverei o resto da vida de mãos esticadas»

A esperança de um amanhã seguro é, por vezes, mínima. Porque parece impossível regressarmos ao que conhecíamos, sem medos. No entanto, este mês trouxe-me mais paz nesse sentido, o que corrobora o quanto a cultura é preciosa para a nossa existência e para a forma como encaramos as adversidades do caminho.


Como foi o vosso mês?

Fotografia da minha autoria



Tema 33: Banana + Óculos + Bicicleta


Imploro por um futuro menos turvo
Algures entre o sonho e a verdade
De quem pedala estrada fora
A velocidade de bicicleta enferrujada
Procurando adiar a colisão

Mas em constante movimento
Escorregamos em conversas vãs
Como se fossem casca de banana ao relento

E eu vou vendo o mundo desfocado
Para lá da lente destes óculos
De haste partida e coração quebrado

Mas é menos que uma lágrima
E ainda assim tudo pesa
E eu volto a escolher a súplica
Por mais uma tentativa
De [su]focar a solidão

«Contigo estou noutro mundo
O tempo passa tão depressa
É como um puzzle
Tudo encaixa peça a peça
Mesmo com roupa
A gente encaixa na conversa

[...]

Por isso, quando vieres
Vem para ficar

[...]

Quando estou contigo, a conversa parece fluir
Seguimos sem rumo e tudo parece magia
Quando estamos juntos, choramos ou fazemos rir
Quero-te no trono e viver na tua monarquia
Porque tudo o que é bom acaba depressa
E nós já demos sinais para não irmos com pressa
Deixamos para depois tudo o que não interessa
E ficamos os dois dentro do nosso planeta»

Fotografia da minha autoria



... Dificuldade em dizer não!

[O tempo dispensado a pronunciar a palavra sim é exatamente igual ao que se demora a dizer não. E, ainda assim, a segunda exige-nos um esforço hercúleo. Talvez por não querermos desiludir os nossos. Talvez por receio de estarmos a ser rudes. Talvez... As justificações são infinitas e eu tenho plena noção que sofro deste mal. Mas a verdade é que é fundamental sabermos dizer não, porque necessitamos de proteger a nossa sanidade emocional. Ao estarmos sempre disponíveis, nesses «sins» intermináveis, acabamos por não respeitar os nossos limites - e isso nunca será benéfico. Estarmos predispostos a ajudar não implica esquecermo-nos de nós. Por isso, procuro trabalhar nesta questão com regularidade. E sem sentir culpa].

Fotografia da minha autoria



«Resume o estilo de vida que o autor procura transmitir»

Avisos de Conteúdo: Problemas matrimoniais, violência


A iniciativa Livraria Às Cegas, da Reli [Rede de Livrarias Independentes], tem-me proporcionado experiências de leitura surpreendentes, até porque me permitem sair da minha zona de conforto e explorar títulos - e autores - que dificilmente priorizaria. Assim, graças à Centésima Página, fiquei a conhecer Rabindranath Tagore.

«(...) mas o coração dizia-me que a dedicação nunca se atravessa no caminho 
da igualdade; apenas torna mais elevado o nível do ponto de encontro»

A Casa e o Mundo apresenta um tom bastante intimista, com um retrato psicológico profundo e uma abordagem que pretende propor uma alternativa à realidade violenta do século XX. Além disso, foca-se na emancipação de Bengala e no papel da mulher. Através de uma narrativa alternada e desenvolvida a três vozes, é percetível o processo de desconstrução humana, fazendo-nos viajar até à essência dos seus valores.

«O nosso amor só será autêntico, verdadeiro, se nos 
encontrarmos e reconhecermos no mundo real»

É, ainda, notório o peso que a sociedade tem nas decisões individuais e o quanto a pátria e as ideologias dicotómicas dividem e rotulam as personagens. Porque esse eco perpetua-se indefinidamente. Abordando, em simultâneo, problemas matrimoniais, a liberdade e a fé, esta obra guarda um mundo novo nas entrelinhas.

«O homem é infinitamente mais do que a ciência natural de si próprio»

A Casa e o Mundo é um romance representativo. Espelhando o estilo que o autor procurou tornar transversal à sua identidade literária - «respeito profundo pela vida, amor pela natureza e religiosidade panteísta» -, mostra-nos que a nossa caminhada tem sempre duas perspetivas que se complementam: a de fora [que, por ser do mundo, nos embala noutros desafios] e a de dentro [que, por ser o nosso lar, nos ampara].

«(...) a presença de outra pessoa não a impede de estar só»

Fotografia da minha autoria



«É tão doce ouvir»


A quantidade de vezes que cantarolei Amanhã de Manhã, Bem Bom ou Ok Ko é inacreditável, mas fruto das letras irreverentes e inesquecíveis. Numa fase prematura do meu crescimento - e conhecimento musical -, não tinha capacidade para compreender as possíveis camadas daqueles versos. Porém, tornaram-se recorrentes no meu reportório. Porque, preferências à parte, as Doce souberam apostar na longevidade, mesmo que tenham passado por várias formações. Portanto, conhecer a sua história só se poderia revelar interessante.

O primeiro passo foi a longa-metragem, nos cinemas. Posteriormente, a RTP voltou a apostar numa série de ficção, concentrando-se na maior banda feminina portuguesa. Baseada em factos reais e com uma interpretação artística de alguns deles, ficamos a conhecer o caminho menos glamoroso da fama e do percurso que Fátima Padinha, Teresa Miguel, Laura Diogo e Lena Coelho foram traçando, numa sociedade marcada por «40 anos de ditadura e pelo preconceito». Num tempo em que a voz da mulher era diminuída, fizeram valer os seus ideais, quebrando várias barreiras, até porque não chegaram para desistir ao primeiro contratempo.

O filme - Bem Bom - permanece em lista de espera, mas a série devorei-a. Porque é emocional, divertida e viciante. Não só pela componente musical, mas também pela abordagem pessoal e individualizada de cada elemento. Embora a história nos seja contada «pelo olhar das quatro protagonistas», o argumento fica enriquecido «pelo círculo de pessoas que lhes são mais próximas», pelas contrariedades, pelos [des]amores, pela relação com a editora e pela própria dinâmica entre as cantoras - por vezes, tão exigente e intensa. E, claro, pela maneira como foram sobrevivendo às sentenças conservadoras que as impediam de progredir.

Senti-me a viver cada episódio com o coração perto da boca e com uma revolta constante a inquietar-me o peito, atendendo a que foram alvo de um sexismo gritante, de descrença, de assédio, de notícias falsas e de um escrutínio público quase sufocante. E é impressionante como estes assuntos continuam atuais e a assumirem proporções nefastas, em pleno século XXI. Assim, percebe-se que existe uma ponte entre o passado e o presente, que nos consciencializa para as dificuldades de singrar num meio artístico tão fechado.

As Doce ousaram, abdicaram de uma série de questões em prol da carreira e vieram revolucionar o panorama da música nacional, suavizando a rota de gerações futuras. Espelhando a intolerância, a mensagem é dura, mas igualmente necessária e fascinante, porque contactamos com três fases centrais: a criação, o sucesso e o término do grupo. Além disso, somos confrontados pela condição da mulher, no início da década de 80.

Acompanhar esta série foi uma montanha russa de emoções. Mas todas fundamentais, visto que nos levam a refletir sobre o que é exposto e o que fica guardado atrás das cortinas, longe dos holofotes do palco. Ao longo de sete episódios, salientam-se as lutas internas e externas, as perdas, as conquistas, os dramas, os medos e a força de cada uma das Doce. Com muito humor à mistura, é um formato que inspira. E que transborda de empoderamento feminino. A banda mais icónica deste jardim à beira-mar plantado fez mesmo história.

Fotografia da minha autoria



«É uma duríssima radiografia do nosso tempo e da nossa cultura»

Avisos de Conteúdo: Linguagem Explícita, Assédio, Suicídio


A cultura é uma peça fundamental na sociedade, porque nos instruí e nos torna mais conscientes das ramificações que certas situações podem assumir. Portanto, sendo um reflexo da realidade que nos envolve, tem sofrido várias metamorfoses, quer na maneira como se diversifica, quer na forma como a acolhemos. Mas será que enfrenta uma crise de valores? É sobre isso que Mario Vargas Llosa tenta dissecar nesta radiografia.

«(...) uma sociedade liberal e democrática tinha a obrigação moral de pôr 
a cultura ao alcance de todos, através da educação, mas também da promoção e 
da subvenção das artes, das letras e restantes manifestações culturais»

A Civilização do Espetáculo concentra-se em vários pontos fulcrais do meio artístico, levando-nos a refletir sobre uma mudança de paradigmas. Embora acredite que, pela sua versatilidade, possa ter um cunho de entretenimento, sem que se torne banal por esse motivo, não deixa de ser interessante que, de repente, o marketing aparente pesar mais do que a qualidade inerente à produção - literária, musical, cinematográfica. Porque isso faz-nos questionar, constantemente, o que é mais importante: o lucro ou a identidade do projeto?

«Agora somos todos cultos de alguma maneira»

O olhar crítico do autor transporta-nos para discussões pertinentes, até porque há abordagens com as quais podemos ou não discordar. Mas se existe um pensamento que subscrevo na totalidade é que a cultura nunca poderá ser restrita a uma elite, esse não pode ser o seu propósito. No entanto, estava à espera que esta obra fosse mais impactante. As pontes estão cá todas, porém, acredito que o conteúdo deveria ser mais visceral.

«A cultura pode ser experimentação e reflexão, pensamento e sonho, paixão e poesia e 
uma revisão crítica constante e profunda de todas as certezas, convicções, teorias e crenças»


Disponibilidade: Wook | Bertrand

Nota: O blogue é afiliado da Wook e da Bertrand. Ao adquirirem o[s] artigo[s] através dos links disponibilizados estão a contribuir para o seu crescimento literário - e não só. Muito obrigada pelo apoio ♥

Fotografia da minha autoria



«São estrelas como estas que fazem os sonhos brilhar»


A capacidade de cuidar do outro não depende, na maior parte das situações, de intervenções megalómanas, porque são os gestos mais simples que fazem toda a diferença. Sobretudo, quando têm como principal objetivo contribuir para a concretização de desejos. E é ainda melhor quando há organizações que os perpetuam.

A Make-A-Wish tem uma missão clara: «realizar sonhos de crianças e jovens, entre os três e os 11 anos, em todo o território nacional, que sofrem de doenças graves, progressivas, degenerativas ou malignas, proporcionando-lhes um momento de força, alegria e esperança». Em parceria com a Flying Tiger Copenhagen, criaram mais uma alternativa para o conseguirmos, enquanto sociedade que se preocupa.

O Calendário de Natal da Make-A-Wish inclui 24 desafios e o mesmo número de autocolantes, de modo a colorirmos a nossa árvore e, assim, revivermos esta quadra natalícia com outra magia. Além disso, não só nos focamos no que é essencial, como podemos inspirar terceiros a abraçar a mesma abordagem, até porque as etapas são acessíveis, mas a transbordar de significado. E estamos, ainda, «a promover um ponto de viragem na vida de crianças e jovens» que têm de enfrentar situações complicadas, acalentando a sua confiança.

Este artigo pode ser adquirido nas lojas Tiger e o seu valor [4€] reverte, na totalidade, para a Make-A-Wish Portugal. Desta maneira, somos capazes de construir pontes para que os sonhos não conheçam limites.

Fotografia da minha autoria



«Livros, livros, livros»


As minhas leituras são pouco planeadas. Tenho o cuidado de definir os livros para os clubes de leitura e de separar aqueles que estou com mais vontade de descobrir, mas a seleção final dependerá sempre do meu estado de espírito. Porque creio ser a abordagem mais benéfica para desfrutar desta experiência literária.

Dentro dos títulos que continuam em espera, na caixa de madeira junto à estante, é inevitável que alguns se destaquem mais. Portanto, excluindo o que estou a ler - O Labirinto dos Espíritos - e o que reservei para o Alma Lusitana - Alice do Lado Errado do Espelho -, agreguei os sete que ainda quero ler até ao final do ano.


 NOTAS SOBRE O LUTO , Chimamanda Ngozi Adichie
«No dia 10 de junho de 2020, na Nigéria, o académico James Nwoye Adichie morreu subitamente. Chimamanda Ngozi Adichie, sua filha, partilha connosco os efeitos devastadores que esta morte teve em si. Tece na sua própria experiência os fios da história da vida do pai até aos seus últimos dias, já em confinamento, em que conversava com os filhos e os netos por vídeochamada. Este livro é um tributo».

 FEMINISMO DE A A SER , Lúcia Vicente
«A 8 de Março de 2019, a primeira greve nacional feminista em Portugal esvaziou locais de trabalho e encheu as ruas de homens e mulheres em protesto contra a desigualdade social e laboral, a violência de género e todas as formas de descriminação a que as mulheres estão, ainda, sujeitas. Num país onde, em 2018, 28 mulheres foram vítimas de femicídio e onde a diferença salarial entre um homem e uma mulher pode atingir os 26%, o feminismo é uma urgência, não um capricho. A igualdade de direitos, de deveres e de oportunidade para todos, independentemente do seu género, credo ou raça, está prevista na lei. A vida das pessoas e os números a que dão origem, porém, demonstram que a concretização desta prerrogativa continua longe do horizonte da maioria. No entanto, «feminismo» e «feminista» ainda são palavras que provocam desdém e desconfiança em muitos, que vêem nele uma guerra vingativa contra os homens e contra a sociedade».

 AS INTERMITÊNCIAS DA MORTE , José Saramago
«Colocada a hipótese, o autor desenvolve-a em todas as suas consequências, e o leitor é conduzido com mão de mestre numa ampla divagação sobre a vida, a morte, o amor, e o sentido, ou a falta dele...».

 DEIXEM PASSAR O HOMEM INVISÍVEL , Rui Cardoso Martins
«Este livro acompanha a viagem de um homem - cego desde os 8 anos - e de um pequeno escuteiro por uma Lisboa subterrânea, depois de uma enxurrada os empurrar para uma caixa de esgoto. Pelo meio desta aventura complexa e intensa, que é também um caminho de memórias difíceis, há um ilusionista, um camaleão que não acerta com a cor e todas as pessoas que continuam a acreditar no salvamento, apesar de tudo».

 O FULGOR INSTÁVEL DAS MAGNÓLIAS , Ivone Mendes da Silva
«Tenho às vezes a obrigação de conversar com pessoas que me deixam sempre constrangida com a infantilidade do pensamento que exprimem. E produzem enunciados onde o bem triunfa sempre sobre o mal e onde basta querer para conseguir alcançar. Tenho a impressão de que se movimentam numa zona da vida que eu não frequento. Além disso parecem por vezes muito preocupadas com o sentido da vida e dessa preocupação nascem as suas únicas inquietações. Tenho a sorte de nunca ter precisado de que a vida me tivesse um sentido e de ser claro para mim que a dimensão trágica da existência é a mais intrínseca».

 O MONTE DOS VENDAVAIS , Emily Brontë
«É uma das grandes obras-primas da literatura inglesa. Único romance escrito por Emily Brontë, é a narrativa poderosa e tragicamente bela da paixão de Heathcliff e Catherine Earnshaw, de um amor tempestuoso e quase demoníaco que acabará por afectar as vidas de todos aqueles que os rodeiam como uma maldição. Adoptado em criança pelo patriarca da família Earnshaw, o senhor do Monte dos Vendavais, Heathcliff é ostracizado por Hindley, o filho legítimo, e levado a acreditar que Catherine, a irmã dele, não corresponde à intensidade dos seus sentimentos. Abandona assim o Monte dos Vendavais para regressar anos mais tarde disposto a levar a cabo a mais tenebrosa vingança. Magistral na construção da trama narrativa, na singularidade e força das personagens, na grandeza poética da sua visão, nodoso e agreste como a raiz da urze que cobre as charnecas de Yorkshire, O Monte dos Vendavais reveste-se da intemporalidade inerente à grande literatura».

 SE O DISSERES NA MONTANHA , James Baldwin
«Neste seu primeiro romance, Baldwin dá voz a John Grimes, um rapaz de catorze anos posto perante um dilema num sábado de Março de 1935, no Harlem nova-iorquino. Prestes a fazer catorze anos, na véspera de um sermão na montanha, John está numa encruzilhada que tanto pode ser uma crise como uma epifania. John quer para si um destino diferente daquele que a família e a comunidade lhe reservaram: o de seguir os passos do padrasto, ministro da Igreja Pentecostal. Mas, numa comunidade discriminada, a liberdade de escolher pode não estar nas suas mãos. Ou pode condená-lo a uma segregação ainda mais profunda».


Que livros pretendem ler até ao final do ano?


«Mais um dia sem saber de ti
Não pergunto porque sei que é assim
Verás em mim alguém frágil e carente
E assim vais estar ausente
Para não gostares de mim

Mais um dia sem nada saber
Sobre o teu dia nada queres dizer
E tenho medo se perguntar
Que te queiras afastar
E sejas feliz assim

[...]

Quero amar sem doer
Sem duvidar se gostam de mim
Quero amar e dizer
Sem ter de esconder
Sem medo do fim

Se não me amas, não me prendas
Por temer que te arrependas
Preferes não largar
Se não me amas, diz sem medo
Se nunca amaste, isso é segredo
E assim choro de uma vez
Tudo o que houver para chorar»

Fotografia da minha autoria



... Porto à noite!

[O meu Porto de mil encantos tem uma luz inconfundível, seja em que altura do dia for. Por isso, mesmo que palmilhe as suas ruas vezes sem fim, aproveito sempre para captar novos registos. E desculpando-me com o espetáculo que fui ver, no Hard Club, levei a câmara e voltei a perder-me por esta paisagem Invicta].








Fotografia da minha autoria



É provável que não quisesses partir. A tua vida obrigou-te a isso. 
Mas também nunca te reconheci um gesto, um grito oposto. 
Talvez fosse esse o teu maior segredo. E o meu desamparo.


🌿


As palavras não são precisas quando o silêncio é tão esclarecedor.


🌿


Fomo-nos cobrando por tudo aquilo que não fizemos.


🌿


Tenho sonhos apontados ao céu, em mantos desiguais, pintados a saudade.

Fotografia da minha autoria



«Dolorosamente engraçado»

Avisos de Conteúdo: Linguagem Explícita


Os livros de não ficção escasseiam nas minhas estantes - e nas listas de desejos, reconheço. Mas não só é maravilhoso sair da nossa zona de conforto, como também há títulos que nos conquistam, mesmo que apenas conheçamos esse pormenor. E foi neste seguimento que me deparei com o manuscrito de Adam Kay.

«Nem sequer verificam se você não suporta ver sangue»

Isto Vai Doer é um diário de um médico, que foi escrevendo para aliviar a pressão e o desgaste da profissão. Compilando episódios com vários pacientes - cujas identidades foram preservadas -, casos insólitos e traumas, é um relato bastante honesto, visceral, e que tem tanto de cómico como de angustiante, porque a sua escrita torna mais leve as situações que nos pesam e que o levaram a abandonar a sua carreira na medicina.

«Prescrevo fluídos IV para o paciente, embora fosse mais 
eficaz prescrever bom senso para alguns dos meus colegas»

Subjacente à narrativa, existe uma crítica à gestão do Sistema Nacional de Saúde Britânico. Porque não deixa de ser surpreendente como, num país evoluído, se perpetuem carências em áreas vitais para a sociedade. Em simultâneo, e sem filtros, coabitamos com as suas dúvidas, a sua entrega e a sua consciência. E talvez seja por essa razão que o livro apresenta um traço tão empático, conquistando-nos ao primeiro pensamento.

«Conto-lhe a minha história de super-herói, na esperança 
de que ele sugira que o meu nome seja atribuído ao hospital»

Isto Vai Doer relembra-nos que, por baixo da bata branca, há um ser humano que também necessita de gerir perdas, medos e frustrações; que também precisa de se cuidar. Com uma excelente dose de humor e sarcasmo, o, agora, comediante e guionista não nos poupa a autênticos murros no estômago. Porque há histórias hilariantes e outras que nos emocionam. E o desfecho do livro deixa-nos numa reflexão profunda.

«Confiarem em nós é muito mais importante 
do que gostarem de nós, mas é bom ter de tudo»


|| Disponibilidade ||

Wook: Livro | eBook
Bertrand: Livro | eBook

Nota: O blogue é afiliado da Wook e da Bertrand. Ao adquirirem o[s] artigo[s] através dos links disponibilizados estão a contribuir para o seu crescimento literário - e não só. Muito obrigada pelo apoio ♥

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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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