ENTRELINHAS
TUDO SÃO HISTÓRIAS DE AMOR

Fotografia da minha autoria



«Um destino chamado amor»

Avisos de Conteúdo: Doença, Depressão, Vício, Morte, Violência, Linguagem Explícita


Os sentimentos que nos agregam - a nós e aos nossos pares - conseguem ser complexos, porque usufruem de camadas dúbias, que por vezes nos confundem. No entanto, têm, igualmente, uma pureza que nos serena e que permite que a nossa jornada seja mais acolhedora. Embora todos cumpram o seu propósito, há um que talvez seja o elo que nos sustenta. E, se dúvidas existissem, o livro de Dulce Maria Cardoso comprova-o.


AMOR EM TUDO O QUE NOS RODEIA

Tudo São Histórias de Amor é uma coletânea de 20 contos. Sendo este género narrativo tão independente, mostra-nos que podemos transitar entre várias realidades - pela ordem que melhor nos aprouver -, compreendendo não só a pluralidade de significados que um mesmo tema terá em diferentes contextos, mas também que até no caos, que até nos cenários mais melancólicos e dolorosos há manifestações de amor.

«Pergunto-me porque somos tão mais capazes de cuidar dos corpos do que das cabeças»

A forma como a autora desenvolve determinados pensamentos, como se socorre da realidade [mesmo que a generalidade das partilhas não seja autobiográfica] para estabelecer conjeturas e análises mais profundas acerca da mesma e do ser humano, é fascinante. E desarma-me sempre, porque proporciona-nos viagens intimistas, de introspeção, espírito crítico e de empatia. Desta maneira, encontramos, em planos complementares, a tragédia e o seu reverso descritos com imensa sensibilidade, com imensa honestidade.

«Tinha vivido ainda tão pouco que era sempre para o futuro que eu partia»

O local de onde a narrativa parte é benigno, mas não é por isso que é menos intenso. Atendendo ao poder da escrita, leva-nos a refletir sobre o impacto que uma doença prolongada tem no paciente e na sua família, sobre maldade, inveja, vícios e sobre o medo de não sermos suficientes, o medo de não estarmos à altura de cuidar dos nossos. Sem qualquer tentativa de romantizar situações, resgata-nos para a necessidade de reconhecermos os «eus» que nos habitam e que precisamos que nos auxiliem, quando nos sentimos perdidos.

«Não revelarei como, onde e com quem encontrei essa doce prisão que ao tornar-nos cativos nos faz ousar 
os mais subidos voos, sem nos importarmos saber que asas não possuímos...»

O amor é complexo e, tal como percecionamos nesta obra, há vários momentos em que parece não estar presente. No entanto, acompanha-nos, ainda que o faça de um modo tão subtil. Porque, continuo a acreditar, Tudo São Histórias de Amor - algumas menos convencionais, outras mais arrebatadoras, mas todas de amor.


Disponibilidade: Wook | Bertrand

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