O que fala ao coração #14
«A minha ideia é que há música no ar, há música à nossa volta, o mundo está cheio de música e cada um tira para si simplesmente aquela de que precisa», Edward Elgar
Não passo um dia sem ouvir música. Com a escolha desta semana recuo ao ano de dois mil e doze, quando um concorrente do Ídolos chegou ao casting com uma atitude descontraída, quase como se não estivesse importado com o futuro, afirmando que era muito mais guitarrista do que cantor. Podia ter achado aquela postura arrogante, completamente descontextualizada, mas achei-lhe graça, porque senti que alguém com tanta alma de artista não podia estar ali se realmente não quisesse saber. Se não estivesse minimamente importado com os comentários e com o rumo que aquela audição podia tomar.
Gostei da irreverência. Da forma apaixonada com que tocou guitarra. Do timbre diferente e ligeiramente rouco. Da personalidade forte. É preciso ser-se confiante para impor um estilo próprio e não deixar que as pessoas nos moldem consoante aquilo que acham ser melhor para nós. Não há nada pior do que seguirmos um caminho que não é o nosso. Por isso, não, não consegui encontrar arrogância na sua forma de estar naquele primeiro casting. Vi antes alguém seguro de si, com vontade de arriscar, a transparecer calma, acredito, como uma forma de proteção para lidar com uma possível rejeição. Por mais que isso faça parte do percurso e processo de crescimento, verdade seja dita, nunca estamos preparados para ouvir um «não». E todos nós criamos mecanismos de defesa diferentes. O seu talento é justificação suficiente para ter passado à próxima fase. E a todas as que se seguiram até chegar às galas. E o certo é que, como espectadora assídua do programa, vi-o abraçar esta experiência com muita maturidade e inteligência. Deixando a descoberto o seu lado roqueiro, capaz de nos prender em frente ao televisor. Talvez seja suspeita, mas senti-o a evoluir de gala para gala e a traçar um caminho com qualidade.
Gostei da irreverência. Da forma apaixonada com que tocou guitarra. Do timbre diferente e ligeiramente rouco. Da personalidade forte. É preciso ser-se confiante para impor um estilo próprio e não deixar que as pessoas nos moldem consoante aquilo que acham ser melhor para nós. Não há nada pior do que seguirmos um caminho que não é o nosso. Por isso, não, não consegui encontrar arrogância na sua forma de estar naquele primeiro casting. Vi antes alguém seguro de si, com vontade de arriscar, a transparecer calma, acredito, como uma forma de proteção para lidar com uma possível rejeição. Por mais que isso faça parte do percurso e processo de crescimento, verdade seja dita, nunca estamos preparados para ouvir um «não». E todos nós criamos mecanismos de defesa diferentes. O seu talento é justificação suficiente para ter passado à próxima fase. E a todas as que se seguiram até chegar às galas. E o certo é que, como espectadora assídua do programa, vi-o abraçar esta experiência com muita maturidade e inteligência. Deixando a descoberto o seu lado roqueiro, capaz de nos prender em frente ao televisor. Talvez seja suspeita, mas senti-o a evoluir de gala para gala e a traçar um caminho com qualidade.
Fiquei de coração nas mãos quando, na oitava gala, os menos votados foram os dois concorrentes que mais gostava: Diogo Piçarra e João Seilá. E ainda que não fosse segredo para ninguém que o meu favorito era o Diogo desde o primeiro momento, foi injusto o João sair. O percurso dele não deveria ficar por ali, pois sempre achei que tinha todas as qualidades para estar na final - e o quanto eu gostava de os ver aos dois, frente a frente, na última gala. Chegou ao fim uma etapa, mas por todo o talento que tem sabia que o caminho seria longo. E de sucesso.
É um cantor extraordinário, de talento inegável, com uma capacidade de interpretação e composição únicas. Foi das grandes revelações da música portuguesa e com toda a justiça, porque, de facto, aquilo que ele faz é de uma qualidade fora de série. Conseguiu demarcar-se daquilo que foi a sua prestação no Ídolos e isso mostra que sabe muito bem o que quer para o seu futuro. É um homem de palco, que sente aquilo que faz e que consegue chegar a nós pela mesma razão. Depois de vários meses de trabalho, apresentou o seu primeiro álbum de originais: «Filhos da TV». É composto por 12 temas. «Em canção ou num ambiente mais rock, “Filhos da TV” conta a história de um rapaz que procura o seu lugar na música», afirmou. É ainda importante referir que é o autor, compositor e produtor de todos os temas.
«João Seilá, natural de Rio Maior, começou aos 6 anos a estudar música, a tocar violino e guitarra clássica. Aos 12 anos, influenciado pela puberdade e alguns discos de rock n’ roll que se ouviam em sua casa, comprou a primeira guitarra eléctrica e rapidamente começou a tocar com diversas bandas locais.
Com vontade de aprender mais, com 16 anos, no 12º ano de escolaridade, mudou-se para Lisboa e começou a frequentar um curso de jazz. Aos 17 anos foi vencedor de um concurso que visava encontrar o guitarrista para a banda de Mia Rose, tornando-se assim guitarrista da jovem artista.
Por ter perdido uma aposta com uns amigos, participou no programa de televisão, tendo ficado em 4º lugar, o que lhe deu vontade de tentar a sua sorte numa carreira a solo.
João Seilá cresceu em televisão, é ele próprio um “filho da TV”, mas em “Filhos da TV” mostra ser muito mais».
O texto já vai longo, mas não posso deixar de demonstrar a minha tristeza quando ontem, ao chegar ao seu facebook li a seguinte mensagem:
«Após uns tempos ausente e no fim de engolir muitos sapos, como por exemplo receber um email de uma das “grandes rádios” portuguesas, dizendo que não passavam a minha música por ser parecida às músicas do David Carreira. Tenho pena de não ter nem cunhas nem uma saia apelativa para conseguir estar frente a frente com este senhor e poder conversar com ele e mostrar-lhe um tema ou dois. Quem já ouviu as minhas músicas sabe que existe tanta semelhança entre o meu trabalho e o trabalho do David Carreira como existe entre um Urso Polar e uma garrafa de azeite!
A verdade é que tal como o Herman dizia “Não é fácil ser cantor”, não é fácil casar com esta velha bruxa desta indústria de lobby’s, de cunhas e de gente tão ocupada entre as 9 e as 17h! Dito isto, tenho pensado e provavelmente vou-me afastar destas andanças por algum tempo. Ver as coisas do lado de fora por vezes traz outra clareza…
Todos nós vivemos à procura de uma coisa em comum, felicidade. Uma situação económica estável, um emprego que nos complete e que nos dê gozo em trabalhar, 4 Ferraris 1 Helicóptero e 4 bailarinas de leste… Inicialmente achava que trabalhar no mundo da música poderia ser algo realmente bom, agora que conheço melhor as coisas, estou a começar a deixar de gostar de música e já não tenho grande interesse em dar o meu contributo e tentar acrescentar valor ao que já existe! A indústria musical já não tem rigorosamente nada a ver com arte ou com qualidade. Portanto, pelo menos durante uns tempos, vou fazer a minha vida para outro lado!»
É revoltante quando vemos alguém tão talentoso a abdicar do seu sonho por falta de oportunidades. Custa! Ainda para mais quando se percebe que o amor que se sente começa a desvanecer, não por vontade própria, mas porque faz cada vez menos sentido. O mal da música portuguesa não é a música portuguesa em si, porque essa, a verdadeira, será sempre de uma qualidade inatingível, o problema passa pela industria e por se dar mais oportunidades a quem não merece tal. Deixando de parte aqueles que sentem isto na pele, no coração e na alma, e que se dedicam com tudo de si para fazer trabalhos de qualidade. Enquanto não reorganizarmos a nossas prioridades só ficaremos a perder. E não nos pudemos dar ao luxo de perder artistas assim. Com A bem grande!
Já conheciam? O que acharam? Qual a música que gostaram mais? Perdoem-me o texto ser tão extenso, mas há coisas que não consigo deixar passar.
14 Comments
Não conhecia, sempre com boas novidades musicais tu :)
ResponderEliminarSónia
Taras e Manias
Não me lembro dele nos ídolos mas já o tinha ouvido fora disso! Fiquei triste ao ler aquele desabafo dele... ele tem uma voz bem melhor do que a do David Carreira!
ResponderEliminarLembro deles e gostava bastante dos dois.:)
ResponderEliminarAdorei ler-te e a música é mágica.
ResponderEliminarUm beijo da D.
http://acontarvindodoceu.blogspot.pt
Gostei muito deste post, muito escrito com o coração e com uma revolta bem sentida.. é revoltante mesmo, ver as pessoas a desistirem dos seus sonhos :(
ResponderEliminarQuanto ás músicas eu adoro a do Barco à vela, mas não sabia quem cantava..
Obrigada por teres dado a conhecer estes talentos e Artistas com A grande mesmo.
Beijinho
E haverá alguém que passe um dia sem ouvir música, sem "cantar"?
ResponderEliminarr: Exatamente, se é para mostrar orgulho nas vitórias também há que dar apoio nas derrotas.
É, acho que chega a dar uma certa "pena".
ResponderEliminarSem dúvida, mesmo!
ResponderEliminarNão conhecia, dos ídolos só me lembro do ano em que o Filipe Pinto ganhou. Ouvi a primeira música e logo deu para perceber que nada tem a ver com o David Carreira. É de lamentar que lhe tenham dado essa resposta, na rádio. Todos merecem ter a sua oportunidade para brilhar mas, neste país...neste país só os que nascem no sucesso continuam no sucesso. Os outros são invisíveis.
ResponderEliminarMORNING DREAMS
Sofia Silva
Beijos*
Também não passo um dia sem ouvir música... Não consigo viver sem música.
ResponderEliminarBjxxx
É uma descarga de emoções.
ResponderEliminarr. Pois é :s infelizmente há gente para tudo :s
ResponderEliminarVi o nos Ídolos gostei imenso do timbre da voz dele não sabia que tinha lançado um disco tenho de ir ver :)
ResponderEliminarbeijinhos
http://retromaggie.blogspot.pt/
Curioso, não me lembro dele nos ídolos nem me lembro de algum dia ter ouvido falar dele.
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