ALMA LUSITANA:
LIVROS COM VIAGENS DENTRO

Fotografia da minha autoria



«O livro é a minha viagem»


O meu passaporte de sonho, enquanto não voo para outras paragens, tem a forma de um livro e transporta-me para várias partes do mundo sem que saia do sítio. É natural que viver os lugares tenha um encanto singular, porque contactamos com realidades distintas, mas imaginá-los através das palavras dos autores traz aconchego, sobretudo, quando esse destino é distante e o encontro pouco provável no nosso horizonte.

Embora não seja a pessoa mais aventureira, sinto-me sempre entusiasmada para embarcar em histórias com viagens, porque existe algo de mágico na possibilidade de saber um pouco mais sobre determinado local. E, assim, vou encurtando distâncias, permitindo-me marcar novas viagens no mapa. Além disso, mesmo que muitas vezes não seja esse o cenário descrito, acho poético viajar de mochila às costas, num compromisso intimista, mas não sei se teria essa coragem. Por isso, perco-me, antes, nas narrativas que me levam para longe, mantendo-me na minha bolha, a suspirar pelo momento em que alcançarei o outro lado da margem.

A bela cidade de Coimbra será o ponto de partida, neste tema do Alma Lusitana, para percorrermos trilhos desconhecidos. Para auxiliar no processo de escolha, reuni 15 livros que podem ser autênticos guias turísticos.


 O QUE VOU LER 


Mami Geographic, Mami Pereira: «São cinco anos de grandes aventuras e quase cem relatos cómico-heroícos, tão suados como inspirados que dão para rir, abrir o apetite, aprender umas coisas exóticas e quiçá fazer rolar uma lágrimazinha de beleza...  Enfim, literatura de viagens como deve ser, sem aquelas estopadas épicas à Lua-de-Mel alheia e advérbios à Camilo Castelo Branco. Além de serem o presente ideal para oferecer a quem sabe ler, servem ainda como roteiro de vários países da América Central, Sudeste Asiático e África. Fica a saber as melhores dicas sem teres que passar pelos perigos malvados e pelas dores de barriga. E o melhor de tudo é que, além das letras, também têm bonecos - magníficas colagens de Margarida Girão».


 OUTRAS SUGESTÕES 

  
 
No Teu Deserto, Miguel Sousa Tavares: «Vinte anos após o fim de uma longa viagem (física e interior) pelo Sahara, uma fotografia antiga motiva Miguel Sousa Tavares a escrever No Teu Deserto. Este livro continua a marcar os leitores pela belíssima homenagem ao silêncio e à imensidão do deserto, à amizade e à vida».

O Retorno, Dulce Maria Cardoso: «A descolonização instiga ódios e guerras. Os brancos debandam e em poucos meses chegam a Portugal mais de meio milhão de pessoas. O processo revolucionário está no seu auge e os retornados são recebidos com desconfiança e hostilidade. Muitos nao têm para onde ir nem do que viver. Rui tem quinze anos e é um deles. Durante mais de um ano, Rui e a família vivem num quarto de um hotel de 5 estrelas a abarrotar de retornados - um improvável purgatório sem salvação garantida que se degrada de dia para dia. A adolescência torna-se uma espera assustada pela idade adulta: aprender o desespero e a raiva, reaprender o amor, inventar a esperança. África presente mas cada vez mais longe».

As Estradas São Para Ir, Márcia: «Numa altura em que ficou sem poder cantar, devido a um problema numa corda vocal, Márcia encontrou, no meio do seu silêncio, um outro som precioso: a poesia. Este livro é um encontro íntimo com esta voz interna de Márcia. Um conjunto de poemas, de pensamentos soltos...».


  

Uma Viagem à Índia, Gonçalo M. Tavares: «É um livro cheio de fantasmas, fantasmas d’Os Lusíadas, fantasmas do homem contemporâneo, uma viagem, uma anti-epopeia, e é um livro extraordinário. Estou convencido de que dentro de cem anos ainda haverá teses de doutoramento sobre passagens e fragmentos».

Leva-me Contigo, Afonso Reis Cabral: «Durante vinte e quatro dias, completamente sozinho, deixou que a estrada o guiasse: cruzou montanhas e planícies, mergulhou em rios, caminhou debaixo de tempestades e sob o sol ardente. Mas sobretudo parou para conversar com quem encontrava. No fim de cada dia, publicava na sua página de Facebook um diário escrito no telemóvel relatando os principais eventos da viagem».

Viagem a Portugal, José Saramago: «Entre outubro de 1979 e julho de 1980, José Saramago percorreu o país lés a lés a convite do Círculo de Leitores, que comemorava o décimo aniversário da sua implantação em Portugal. Disse o autor após essa deambulação, misto de crónica, narrativa e recordações, que "o fim de uma viagem é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já..."».


  

Para Onde Vão os Guarda-Chuvas, Afonso Cruz: «O pano de fundo deste romance é um Oriente efabulado, baseado no que pensamos que foi o seu passado e acreditamos ser o seu presente, com tudo o que esse Oriente tem de mágico, de diferente e de perverso. Conta a história de um homem que ambiciona ser invisível, de uma criança que gostaria de voar como um avião, de uma mulher que quer casar com um homem de olhos azuis, de um poeta profundamente mudo, de um general russo que é uma espécie de galo de luta, de uma mulher cujos cabelos fogem de uma gaiola, de um indiano apaixonado e de um rapaz que tem o universo inteiro dentro da boca. Um magnífico romance [...] que se desdobra numa sublime tapeçaria de vidas».

Luanda, Lisboa, Paraíso, Djaimilia Pereira de Almeida: «Chegados a Lisboa, Cartola e Aquiles descobrem-se pai e filho na desventura. Até que num vale emoldurado por um pinhal, nas margens da cidade mil vezes sonhada pelo velho Cartola, encontram abrigo e fazem um amigo. Será esta amizade capaz de os salvar?».

Sinal de GPS Perdido, Gonçalo Cadilhe: «Neste novo livro, Gonçalo Cadilhe desafia o leitor a ir para lá dos lugares-comuns da narrativa de viagens: hoje, o que faz com que uma viagem seja original não é o facto de ser desconhecida para muitos ou de estar reservada a poucos - é a perspetiva do viajante».


  

Dentro do Segredo, José Luís Peixoto: «Desde o interior da ditadura mais repressiva do mundo, desde um país coberto por absoluto isolamento, Dentro do Segredo. Em abril de 2012, José Luís Peixoto foi um espectador privilegiado nas exuberantes comemorações do centenário do nascimento de Kim Il-sung [...] Também nessa ocasião, participou na viagem mais extensa que o governo norte-coreano autorizou».

A Terceira Índia, Íris Bravo: «Sofia tem 32 anos, é professora num colégio em Lisboa e casada com um arquiteto de uma família nobre ribatejana. Ele conservador e ela liberal, não tinham nada em comum quando se apaixonaram numas férias de verão dez anos antes. Viveram um namoro feliz seguido de um casamento de sonho, desgastado pela sua obsessão por uma gravidez. Quando descobre que foi traída, aceita uma proposta para substituir a sua mentora e viaja para Moçambique [...] e irá descobrir tudo aquilo de que é capaz».

As Rotas do Sonho, Tiago Salazar: «Da América à Ásia, da Europa a África, todos os caminhos vão dar a viagens inesquecíveis. Tiago Salazar guia-nos por praias de sonho, refúgios distantes, por cidades turísticas com histórias por contar, leva-nos até ao Nepal e à herança de Buda, descreve-nos o céu, único, de África e recupera o romantismo de Veneza. De país em país somos levados na bagagem do viajante que atravessa o mundo distante, mas que regressa sempre à Europa, esse velho continente que ainda não nos contou tudo».


 

O Vento dos Outros, Raquel Ochoa: «É um relato apaixonante de uma viagem à América do Sul. Uma viagem exterior e interior na escrita de Raquel Ochoa, autora vencedora do Prémio Agustina Bessa-Luís».

Viagens Contadas, Maria João Ruela: «"As montanhas são sempre tristes e gélidas antes de o nascer do sol. A neve sem luz exala um desconforto frio, que dá vontade de fugir em vez de me aproximar. Foi assim que olhei, pela primeira vez, para as pirâmides sentinela dos Annapurnas, massas gigantes de neve e gelo (…)". Maria João Ruela viaja sempre com um caderno de notas na mochila. O seu bem mais preciso. É aí que vai anotando tudo o que os olhos registam, lugares que encontra perdidos no mapa e que lhe marcam a alma, paisagens que a deixam sem fôlego, o preço de um café em determinado canto do Mundo, o nome de um vinho que acompanha uma refeição especial, as pessoas com que se cruza, as palavras trocadas».


 CONSIDERAÇÕES 

📖 Podem ler qualquer género e em qualquer formato;
📖 O tema pode aparecer representado de várias maneiras [e não só de um modo literal, com viagens físicas];
📖 A lista anterior é um mero guia de apoio, caso estejam sem ideias para as vossas leituras, mas podem ler outra obra do vosso agrado, desde que, naturalmente, respeite o tema central e seja de um autor português;
📖 Não há prazos, obrigações, nem meses fixos. E podem ler mais do que um livro.
📖 Utilizem a hashtag #almalusitana_asgavetas para que consiga acompanhar o que estão a ler.


O Alma Lusitana tem grupo no Goodreads. Se quiserem aderir, encontro-vos aqui.

Comentários

  1. Acho que vou continuar no meu escritor preferido, depois de A Viagem do salmão, vou embarcar numa viagem à Coreia do Norte. :)

    Beijinho grande, minha querida!

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    1. Parece-me uma excelente escolha! Por acaso, gostava muito de ler este que inclui na lista, para me aventurar noutros registos de JLP 😊

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  2. Uma boa selecção de livros, neste momento ando a ler Hermann Hesse.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. Obrigada, Francisco! Boas leituras 😊
      A minha próxima leitura será, finalmente, O Livro do Desassossego

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  3. Eu não conheço nenhum dos livros, mas amei as indicações.
    bjs bjs https://beperes.blogspot.com/

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    1. Se te fizer sentido, pode ser uma boa desculpa para o leres :D

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  5. Que sim, são uma boa sugestão para ir conhecer, ainda não tinha ouvido falar,
    Beijinhos
    Novo post
    Tem Post Novos Diariamente

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    1. Obrigada, Sofia! Há vários que também tenho para descobrir

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  6. Boas escolhas! Confesso que não li nenhuma das obras que referes!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

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  7. Ainda não li nenhum dos que mencionas... mas vou tomar nota.
    Bjs
    Coisas de Feltro

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  8. Por acaso o que gosto muito de encontrar nos livros é exatamente isto!

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  9. Para juntar às tuas sugestões: a colecção de Literatura de Viagem da Tinta-da-China é uma boa perdição.


    A Sofia World

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    1. Obrigada pela dica! A minha carteira talvez não aconselhe, mas vou já procurar ahahah :D

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