ALMA LUSITANA:
LIVROS DE AUTORES POUCO CONHECIDOS

Fotografia da minha autoria



«Não tenha medo do desconhecido»


O que está para lá do que alcançamos é sempre desafiante, porque não sabemos o que esperar. Além disso, não controlamos o seu impacto e, muito menos, a sua importância na nossa jornada. Por isso, quando se trata de abraçar o desconhecido, somos bastante cautelosos, num nível de prudência que, por vezes, nos retrai. Mas ultrapassar essa barreira pode implicar descobrir o paraíso - ou algo muito semelhante a esse conceito.

Reconheço que não sou a pessoa mais aventureira. No entanto, dentro desta esfera segura que é a literatura, gosto de arriscar em novas vozes, de procurar por nomes que desconheço e que podem escalar para o meu pódio de favoritos. Porque, verdade seja dita, o pior que pode acontecer é perceber que determinada obra ou autor não se encontra alinhada/o com as minhas preferências. Mas isso pode verificar-se em qualquer circunstância, porque não é exclusivo daqueles que descubro pela primeira vez. E, seja como for, valerá sempre a pena, pois não só me cruzo com registos distintos, como também fomento o meu perfil de leitora.

Assim, vou estando atenta a autores que se estreiam neste mercado literário, procurando, dentro da minha bolha, dar-lhes um pouco mais de visibilidade. Porque o talento não é menor por ainda não terem um nome conceituado e acho importante recordar que os nossos escritores de eleição também já estiveram desse lado da margem: mais ocultos, à espera do seu salto de fé para conquistar o público e o seu lugar de destaque.

Com paragem em Leiria, o novo tema do Alma Lusitana convida a ler livros de autores pouco conhecidos.


 O QUE VOU LER 


Par de Olhos, Inês Morão Dias: «A forma de escrever poemas patente neste livro (uma edição da resistente livraria Poetria, do Porto) nem parece de uma estreante, tal a segurança verbal, estrófica, sintáctica; em contrapartida, não saberíamos responder à pergunta 'sobre que é este livro?' E ainda que o 'sobre', em poesia, não seja um elemento determinante, é insólita a coexistência de linguagem precisa e tema vago. A não ser que o 'tema' seja a escolha do tema poético, ou antes, a escolha de uma atitude a ter em relação a temas poéticos. Tendentes à abstracção, os poemas deste livro nunca são de facto abstractos; capazes de nomear o quotidiano (o sofá, o PC, a mãe), parecem querer rasurar tudo o que seja da ordem da banalidade ou do pitoresco. (…) Por dúvida, ou por delicadeza, esta poesia hesita, faz-se mais cerebral do que gostava. E reconhece então que "o cubismo é humano”, quer dizer, que o humano está em processo, em montagem, em andamento».


 OUTRAS SUGESTÕES 

    

Cordão, Ana Freitas Reis: «Estas páginas recolhem inquietações e pulsões, ao ritmo de múltiplas respirações, na absoluta disponibilidade para o silêncio. Portanto, livro-ponto-de-escuta, livro-caminho, no qual os encontros, mais do que forma onde encaixar, suscitam deformação, o desdobramento dos percursos».

Guarda-me o Que Ficar, Inês Fernandes: «Este livro descreve a vida em prosas curtas, simples e cruas. Aqui não uso filtros. Não escondo premissas. Aqui falo de sentimentos. Dos bons e dos maus. Aqui sou fria. Sou totalmente irracional. Aqui não existem regras. Existo eu e os outros. Eu não sei se escrever me cura ou se me destrói um pouco mais. Mas não consigo levar a vida de outra forma».

Diálogos Que Nunca Tive, Carolayne Ramos: «Uma manifestação de todos os romances que concebi na minha imaginação e dos quais fui protagonista. Ao teu lado, de outros, sempre esquecendo-me de que eu poderia ter sido a minha companheira».


    

Rasura, Maria Brás Ferreira: «Aceitava de uns os cigarros dos seus maços./Com outros era-me higienicamente exigido comprar o meu/próprio maço./Entre moedas e restos de folha de tabaco/sobram-me as mãos vazias inolentes;/compõem-se os poemas - mulheres bonitas que os homens gostam de namorar/fumando».

Amor à Primeira Assinatura, Leonor Ferrão: «Teresa alcançou o seu maior sonho: publicar um livro, e não podia estar a ter mais sucesso! No entanto, a sua carreira e a sua vida entram numa montanha-russa de acontecimentos e emoções quando Simão, o rapaz que lhe partiu o coração reaparece na sua vida, com uma única intenção: difamar o seu nome e o seu livro».

Escavadoras, Marta Pais Oliveira: «Maria e Petrúcio ergueram o lar em frente a uma árvore de raízes fundas e tiveram três filhas: Violeta, Helga e Mariana, que nunca saiu de casa, nem para o parto de Lucília. Alguém começa a ver em duplicado e diz ter encontrado as almas do mundo, alguém se levanta de madrugada para reparar melhor, insânia após insónia. Há quem faça listas intermináveis contra a finitude. Petrúcio emudeceu e assiste aos avanços ameaçadores das escavadoras a esventrar a terra, rondando o terreno. Quem não aceita que lhe corrijam o problema ocular procura a lua em quarto minguante. Essa é a noite do grande incêndio».


    

Os Números Que Venceram os Nomes, Samuel Pimenta: «O que é um nome? — A pergunta ressoou por toda a divisão, embateu nas paredes e voltou ao emissor sem obter resposta. Um Nove Um Seis estava sentado na única cama do quarto número onze do hospício. Via as paredes do quarto a girar como se tivessem sido empurradas por uma criança que brinca com um globo terrestre pela primeira vez. Além disso, sentia-se como se estivesse de olhos abertos debaixo de água, estava tudo turvo. Era efeito dos fortes medicamentos. Sentado numa cadeira ao lado da cama, um médico observava-o de testa plissada, enquanto segurava uma folha no colo, onde fazia algumas anotações».

Autismo, Valério Romão: «Trata-se da primeira abordagem literária de um tema que toca cada vez mais gente em Portugal. Este primeiro romance do jovem autor dá-nos a experimentar, de um modo nunca óbvio, o impacto devastador da doença na família, mas também faz um retrato impiedoso da comunidade médica além de abordar, sempre de um modo fortemente literário, as inúmeras consequências do autismo. O romance, com um final inesperado, afirma-se como reflexão dinâmica e até aventurosa sobre a solidão, a impossibilidade de comunicar e o desespero».

Valentina, Carina Romano: «A história possibilitará ao leitor calçar o sapato de uma criança da cidade do Porto, simples, humilde e resiliente, que amadurece, confrontada com múltiplos desafios ao longo da sua infância e adolescência. A Valentina, mergulhada em cenários de negligência, permite-se caminhar em direção ao amor que, no final, é a sua salvação. O livro impulsiona a reflexão de diferentes questões e faz-nos acreditar que, se há amor no mundo, há esperança. A história é baseada em factos reais».



Ao Teu Lado, Ribeiro: «Ana e Miguel conhecem-se, por acaso, enquanto crianças. Durante umas férias de verão, percebem que apesar das diferenças que os separam, têm muita coisa em comum e descobrem juntos a essência de uma amizade imaculada. Mas à medida que crescem, os dois percebem que manter a sua proximidade é uma batalha árdua. E quando menos esperam, Ana e Miguel descobrem que o tempo acabou por engrandecer aquilo que sentem. Os sentimentos mudam, tornam-se mais fortes e explodem num amor desmedido e assolapado».

Tudo o Que Sempre Quis, Ana Rita Correia: «Salvador. Lucas. Helena. Sara e Martim. Cinco jovens que se perderam algures na estrada da vida. Todos eles têm assuntos pendentes, cicatrizes e fantasmas que insistem em persegui-los onde quer que vão. Até mesmo quando, um por um, por um motivo ou por outro, se refugiam numa pequena Vila à beira-mar sem saberem até que ponto os seus destinos estão traçados. Uma história de amor, de amizade, de dor, perdão e segundas oportunidades. Mas acima de tudo, lealdade. Ninguém é forte o suficiente ao ponto que não precise de outro alguém. O que faria com uma noite que mudou tudo? Até onde iria em nome do amor?».

Krismas: A Aldeia Luminosa do Natal, Sandra Monteiro: «Krismas era uma aldeia especial, cheia de luz e cor. Os seus habitantes eram muito peculiares, tinham características físicas únicas. Destacavam-se as mãos grandes, como a bondade que abundava em toda a aldeia. Todos os dias eram especiais em Krismas, mas a época de Natal fazia toda a aldeia andar numa grande azáfama. Preparavam-se a todo o gás as decorações para montar a grande árvore de Natal. Na noite de Natal, Krismas ficava adormecida numa magia única para receber a visita muito especial de Nicolae. Por entre tanta agitação, Marielle andava triste, pois tinha perdido o seu amiguinho Flop. Mas um sonho vem mudar o rumo da história».


  

Não Penses Mais, Ana S. Lobo: «Um romance sobre a vida. Sobre nós. Sobre as relações e emoções. Sobre o amor, amizade, família e esperança. Mas também de incerteza, medo, tristeza e traição».

Os Medos da Cidade, Vários Autores: «De Coimbra a Tomar, de Lisboa ao Porto, uma coisa é certa: todas as cidades têm os seus mistérios. Os Medos da Cidade reúne dez contos de vozes únicas portuguesas que abriram a caixa de Pandora citadina e que nos mostram os seres que vagueiam pelas nossas ruas, as sombras que habitam as nossas calçadas. Afinal, que segredos guardam as cidades portuguesas?».


 CONSIDERAÇÕES 

📖 Podem ler qualquer género e em qualquer formato;
📖 O tema pode ser interpretado de várias maneiras [um autor pouco conhecido para vocês; um autor que já conhecem e sentem que merece mais destaque; um autor que tenha acabado de lançar o seu primeiro livro];
📖 A lista anterior é um mero guia de apoio, caso estejam sem ideias para as vossas leituras, mas podem ler outra obra do vosso agrado, desde que, naturalmente, respeite o tema central e seja de um autor português;
📖 Não há prazos, obrigações, nem meses fixos. E podem ler mais do que um livro;
📖 Utilizem a hashtag #almalusitana_asgavetas para que consiga acompanhar o que estão a ler.


O Alma Lusitana tem grupo no Goodreads. Se quiserem aderir, encontro-vos aqui.

Comentários

  1. Que surpresa tão boa, minha querida, ver aqui o meu Ao Teu Lado. Obrigada <3

    Tenho que há minha estante ver os livros que tenho lá para abril.

    Beijinho grande!

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    1. Nada que agradecer, minha querida, fazia todo o sentido 💛

      Boas leituras!

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  2. Nestes livros de autores desconhecidos muitas vezes temos agradáveis surpresas.
    Um abraço e bom fim-de-semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. Temos mesmo! Se nos permitirmos descobrir novas vozes, acabamos por encontrar grandes talentos 😊

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  3. Tantas sugestoes tao boas *.* Li o Krismas da Sandra e recomendo <3

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  4. Quantos livros maravilhosos, há muitos autores desconhecidos que tem grande talento, bjs.
    http://www.lucimarmoreira.com/

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  5. São realmente nomes que não conhecia, mas fiquei curiosa com alguns dos títulos que sugeres!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

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  6. Que tens aí umas boas sugestões para conhecer, vou levar cada uma
    Beijinhos
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    Tem Post Novos Diariamente

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  7. Minha querida, obrigada por divulgares o meu Tudo o Que Sempre Quis. 🙏❤️

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