as coisas maravilhosas de maio

Fotografia da minha autoria



A agenda de maio esteve bastante preenchida, o que não é, de todo, uma queixa, já que me permitiu ter vários programas culturais, apaziguar saudades, ver as minhas pessoas a darem passos importantes e bonitos e, até, a aceitar convites que me levaram para fora de pé. Ainda assim, confesso, senti falta de dias mais tranquilos, sobretudo ao fim de semana, para repor energias e lidar com todo o cansaço que se foi acumulando.

Cheguei à conclusão de que não sou a maior entusiasta de meses com 31 dias - e estes trouxeram algum desalento em relação ao futuro do país. Contudo, acabaram por me reservar motivos para não baixar os braços. Resistiremos!


as coisas maravilhosas de maio


 os fragmentos aleatórios

Book Lamp
Uma amiga ofereceu-me uma book lamp como prenda de aniversário e, agora, a estante do quarto está muito mais bonita. Já andava a namorar este artigo há algum tempo e fiquei mesmo radiante quando o desembrulhei.

   

Tote Bag Apesar do Sangue
A Wook fez edição especial do mais recente livro da Rita, Apesar do Sangue, e um dos artigos da caixa era este saco de pano com a capa estampada. Claro que não desperdicei a oportunidade e tem andado comigo para todo o lado, porque tem as dimensões certas para levar todas as minhas tralhas e o tecido é resistente.

   

Muti e Zenith
Um jantar de amigas levou-me até ao Muti e uma sessão de escrita foi a desculpa perfeita para ir ao Zenith. No primeiro, comi a pizza Del Re e, no segundo, optei por uma Bowl de Frango. Fiquei muito agradada com ambos, quer ao nível do espaço, quer ao nível das refeições, e espero regressar em breve.

   

Outros fragmentos aleatórios: a nova capa para o Kobo, a pulseira que os noivos ofereceram, o bronzer e o iluminador da Mercadona, os novos livros no catálogo da BiblioLED e os 10 anos de carreira do Diogo Piçarra.


 as músicas e os álbuns




 as publicações

Apesar do Sangue tem uma profundidade e uma sensibilidade surpreendentes. E tão depressa nos dilacera, como nos apazigua. Neste retrato a quatro vozes, há um toque muito humano, personagens complexas e credíveis e uma cadência que nos envolve desde a raiz. Parte de mim, gostava de esquecer o que leu só para ser arrebatada outra vez, não obstante, a parte que resta sabe que esta história encontrará novas forma de crescer, porque é daquelas que, quanto mais pensarmos nelas, mais camadas seremos capazes de traçar.

Os livros são eternos portais mágicos que entusiasmam qualquer leitor. Para celebrar o dia do autor português, a minha premissa foi responder à seguinte pergunta: se pudessem ser um escritor português por um dia, quem gostariam de ser?


 os filmes, as séries e os podcasts

Ruído
Ruído coloca-nos no lado da clandestinidade, ao mesmo tempo que nos faz pensar na quantidade de condicionantes que parecem pairar no humor. E não me refiro à velha questão de quais são os seus limites, refiro-me, sim, ao facto de ser «cada vez mais visto como algo a combater», como indicou Bruno Nogueira, sobretudo se tocar em temas sensíveis. Embora não pretenda fazer da série um manifesto político, faz-nos pensar nessa vertente e, acima de tudo, refletir sobre aquilo «que poderia ser feito se, um dia, o riso fosse mesmo proibido», priorizando sempre o lado do entretenimento. O humor é desconcertante e estou muito curiosa para perceber até onde escalará.

Favàritx
Favàritx é uma série policial que cruza «um desaparecimento com assassínios em série e redes de narcotráfico». O alerta sobre o desaparecimento da Vereadora Laura Vidal provoca agitação: não tanto por ser uma figura influente, mas por isso revelar um caso ainda mais complexo. Portanto, neste cenário de crime e desconfiança, a dificuldade maior será compreender a origem de certas ligações e em quem se poderá confiar. A premissa talvez não seja a mais original, porque já vimos como o tráfico de droga é capaz de contaminar diferentes ambientes e corromper valores, não obstante, acho que tem potencial e quero perceber como é que alguns caminhos se cruzaram.

Pedro Teixeira da Mota, neste terceiro solo, concentra-se nas suas próprias limitações e fragilidades. Quando fui ver o solo ao vivo, partilhei a experiência no número 27 da newsletter, por isso, vou poupar-vos a repetições de ideias, mas venho alertar para o facto de o humorista ter disponibilizado o espetáculo no seu canal de Youtube. Claro que já aproveitei para o rever e para descobrir expressões e micro dinâmicas que não são tão percetíveis na plateia, e reforcei o quanto tinha achado o texto extraordinário.



 os livros

Os favoritos do mês

Outros livros lidos: Gula de Uma Rapariga Esquelética de Amor, Gabriela Relvas | A Família Caserta, Aurora Venturini | Visitar Amigos e Outros Contos, Luísa Costa Gomes | Augusta B. ou As Jovens Instruídas 80 Anos Depois, Joana Bértholo | É Normal?, Leonor de Oliveira | Gente Feita de Terra, Carla M. Soares | Constelação, Sónia Balacó | Apesar do Sangue, Rita da Nova (releitura).


 os momentos

Fnac Talks com Capicua
A rapper portuense lançou Um Gelado Antes do Fim do Mundo em plena primavera, no dia mundial da poesia, abrindo-nos a porta para um álbum revestido de detalhes e de significados preciosos. No passado dia 4 de maio, na Fnac do Norteshopping, esteve à conversa com Luís Oliveira para nos falar um pouco mais sobre as mensagens que o revestem, o processo criativo e as questões ambíguas e urgentes que a inquietam. A magia desta conversa, para mim, vem muito do equilíbrio, da honestidade e do facto de acalentar a esperança no meio da neblina. Foi um momento bastante inspirador.


Casamento e Batizado
Conhecia a Rita no sexto ano e nunca mais largamos a mão uma da outra: tornou-se a irmã que nunca tive e, por mais que a vida nos troque a direção, sabemos sempre estar perto, porque cuidamos uma da outra sem hesitações. É das pessoas mais especiais que tenho na vida, por isso, torço sempre para que conquiste o melhor. Neste caminho, entrou o Tiago e vi o amor deles a crescer, a construir os alicerces que sustentam relações firmes. Nem tudo foi simples, mas eles também sempre souberam encontrar o caminho para casa. Vê-los a dar um passo tão bonito na sua relação deixou-me comovida e grata por me terem escolhido como madrinha. Torço muito por eles e estar nesta celebração de amor foi (continuará a ser) um dos pontos altos do meu ano. Para o tornar ainda mais especial, juntaram o batizado da minha sobrinha de coração. Adoro-os!

      

Apresentação de Silêncio no Coração dos Pássaros
A sessão de apresentação foi conduzida pelo Álvaro Curia e achei mesmo interessante a análise que ele trouxe, porque foi fazendo uma viagem por vários elementos centrais da narrativa, entrelaçando-nos ainda mais à história, às suas mensagens, aos detalhes que a destacam e demonstram a evolução da escrita da Lénia - e que concedem espaço para reflexão. Aliás, sinto que o Álvaro é bastante generoso na forma como interpreta o texto, mostrando a atenção e o cuidado que tem durante todo o processo de leitura - e sem estragar a experiência de leitura a quem for à apresentação sem ter lido a obra. Foi maravilhoso escutar a Lénia a falar sobre a construção de Silêncio no Coração dos Pássaros, a explicar a ideia, a sua intenção com determinadas situações, as ligações, os cuidados que tem durante o processo de escrita e, inclusive, aquilo que não pretendia explorar naquele enredo. E creio que foi ainda mais bonito porque havia um brilho diferente na sua forma de comunicar, de nos puxar mais um bocadinho para o livro. Eu já tinha ficado rendida, e tenho quase a certeza que será um dos meus favoritos do ano, mas esta apresentação deu-me ainda mais razões para achar a história sublime.


O Livro da Minha Vida
O meu vizinho foi convidado pela Casa da Cultura de Avintes para ir falar sobre o livro da sua vida. Quando me contou, disse que gostava de sugerir o meu nome, algo que quis recusar de imediato, e deixei a ideia a maturar. Apesar de ser algo completamente fora da minha zona de conforto, decidi arriscar e ir conversar sobre A Criança Que Não Queria Falar, de Torey Hayden. Muitos nervos à parte, acho que correu bem e o grupo foi bastante generoso: não só na forma como me acolheu, mas também na troca de ideias que aconteceu depois de ter feito a apresentação. Se me vejo a fazer isto mais vezes? Talvez não, mas fiquei contente por ter sacudido o impulso de dizer que não e ter superado este desafio.

      

Carolina de Deus no Casino da Póvoa
Gostei bastante do ambiente intimista e da presença em palco. Não contava comover-me tanto com uma música que ainda não conhecia (e que espelha bem os estilhaços de certas relações), mas, tal como previa, comovi-me com a Lembras-te de Mim?. Recuei no tempo com alguns dos temas mais antigos e achei fascinante como nos mostrou uma faceta diferente ao cantar uma música em francês. Além disso, gostei que nos abrisse a porta do seu processo criativo ao contar-nos as histórias das canções. Ela diz que não se cala e eu acho isso positivo, porque cria um elo maior entre o músico e a plateia. Foi uma noite muito bonita, porque a Carolina encheu a sala de emoção e uniu-nos a todos - pela iniciativa e pela música. Talvez aquele não seja o seu público habitual, no entanto, parece-me que, depois deste concerto, dificilmente lhe ficarão indiferente. É bom ver artistas mulheres a conquistarem novos palcos e a darem passos firmes: com graça, humildade e sem rejeitarem a sua essência, mesmo que essa decisão provoque hesitações. De coração aberto, foi-nos cantando a sua história e isso foi inspirador - experiência completa aqui.

      

Sessões de Apresentação de Apesar do Sangue
A Rita fez as malas e rumou ao Norte do país para uma série de apresentações do seu mais recente livro, Apesar do Sangue. A Bruna Martiolli fez a apresentação na Note! Trindade e foi incrível ver estas duas mulheres incríveis a conversarem sobre relações familiares, sobre laços afetivos, sobre experiências pessoais, sempre com o cuidado de não condicionarem a experiência de leitura a quem ainda não tinha começado. Achei a análise da Bruna muito generosa, até porque conseguiu entrelaçar a sua formação académica ao seu lado de leitora. Já o Álvaro Curia e o Ludgero Cardoso (Literacidades) fizeram a apresentação na Fnac do Norteshopping e tenho pena de não ter conseguido ouvir desde o início. Apesar disso, ainda deu para apanhar a parte final e escutar as perguntas do público. Acredito que a história cresce por esta partilha e pelo facto de irmos descobrindo pontos distintos. A Rita é uma comunicadora nata e consegue, de uma forma natural, abordar temas delicados com empatia e graça. E, para além da sua escrita, também é isto que nos une e que nos leva para as suas sessões. Espero que seja sempre assim, porque ela merece.

      

Book Club Fnac
A Carolina Branquinho é a moderadora do Book Club da Fnac do NorteShopping. Só para contextualizar, todos os meses é selecionado um livro, através de uma votação, e, posteriormente, é marcada uma sessão para se conversar sobre essa escolha. Em maio, o livro vencedor foi Silêncio no Coração dos Pássaros, o mais recente da Lénia Rufino.

Uma vez que já tinha lido, achei que fazia todo o sentido ir assistir a este encontro e ouvir a Carolina ao vivo, até porque estou habituada a acompanhá-la através da sua página de instagram, Singularidade dos Livros. E posso já adiantar que gostei muito.

   

É complicado falar sobre este livro sem revelar demasiado, visto que a narrativa é mais de construção de personagens do que de enredo. Portanto, existe um conflito interno sobre o qual não é possível refletir a fundo sem que se desvendem detalhes cruciais. Se todos os que foram à sessão tivessem lido a história, isso não seria um problema, mas era preciso planeá-la a contar com o cenário oposto e creio que a Carolina conseguiu.

Acho sempre valioso ouvir conversas sobre obras que já lemos, porque acabamos por ter acesso a camadas sobre as quais não refletimos antes. E, por isso, sei que passei a gostar ainda mais deste Silêncio no Coração dos Pássaros depois de ter compreendido aquilo que chamou mais à atenção da Carolina. Sinto que a nossa opinião está muito alinhada, não obstante, redescobri-o nas suas palavras. Além disso, também gostei de contribuir com os meus dois cêntimos para o debate. Talvez participe mais vezes.


Junho, sê gentil ✨

6 Comments

  1. Que o mês de junho seja rechaeado de cosas boas!
    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  2. Que mês incrível, repleto de momentos especiais.

    Que junho seja ainda melhor.

    Beijinho grande, minha querida!

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    1. Trouxeram um quentinho extra, sem dúvida!

      Tem um excelente junho, querida Ana

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  3. Foi um mes longo mas recheado de memorias boas *.* Estou rendida a Ruido, da que pensar... imaginem termos de rir às escondidas... :/ Os nossos antepassados ja passaram e nos temos de continuar a resistir para nao acontecer #ninguemlargaamaodeninguem 💜
    Tenho o livro da Rita para ler nas ferias, e de momento estou a ler Burning Questions da enorme Margaret Atwood que recomendo vivamente.
    Feliz Junho, querida Andreia *.*
    Bom São João 🎈

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    1. Deixa-me mesmo apreensiva pensar num cenário assim!
      Espero que gostes do livro da Rita. Acredito mesmo que é o melhor dela 🥺 Tenho de voltar a Margaret Atwood!
      Obrigada e igualmente para vocês

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