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Fotografia da minha autoria |
O meu gosto musical começou a ser construído relativamente cedo, no entanto, sofreu algumas mudanças, porque fui percebendo melhor quais os artistas que queria manter por perto. Portanto, aos 17, mais segura dessa identidade, cruzei-me com um tema que ficou a ecoar, Blame It On Me, e que foi determinante para estreitar laços com o cantor.
Na altura, confesso, não foi evidente que Richie Campbell ocuparia todo esse espaço, mas a verdade é que passei a aguardar com entusiasmo a chegada de novas canções, de álbuns e de datas para concertos. Aliás, a minha estreia na Queima das Fitas do Porto, a 2 de maio de 2011, foi para assistir ao seu concerto e parte de mim adorava conseguir recuar no tempo só para desfrutar desse momento outra vez, porque foi extraordinário!
A agenda alinhou-nos poucas vezes ao vivo, apesar disso, é um dos artistas da minha vida e dificilmente passo um dia sem escutar alguma das suas canções. Ainda que nem sempre perceba todas as letras, há uma energia diferente - e a forma como interpreta e nos entrega os temas diminui logo qualquer barreira linguística. Para mim, o poder da música é mesmo esse: interligar-nos mesmo quando não somos capazes de traduzir o que está a ser dito, porque a mensagem passa pela emoção. E ainda que não saibamos a história completa, sentimos na pele o que nos está a ser cantado. As suas músicas já foram companheiras de dança, mas também já foram o conforto de um coração ferido.
No fundo, a arte do Richie Campbell tem capacidade para ser banda sonora das mais distintas ocasiões e tem sido maravilhoso assistir à sua evolução. Sei que terei sempre um carinho especial pelos temas dos primeiros álbuns, mas vê-lo a explorar registos diferentes, sem perder a sua essência, entusiasma-me, porque é o exemplo perfeito da extensão do seu talento e, sobretudo, da maneira como se posiciona no meio artístico.


As saudades de estar num concerto dele eram imensas, mas o Senhor de Matosinhos veio colmatá-las. Estava à espera que durasse um pouco mais, mas não comprometeu a experiência. Aliás, ele podia atuar cinco minutos que eu tenho a certeza que seriam os melhores cinco minutos da noite. Para além de estar atenta ao alinhamento e de vibrar com as músicas, gosto sempre de reparar na postura em palco e aquilo que eu sinto é que ele aproveita ao máximo. Não há ali esforço para parecer bem, há, sim, verdade, já que está comprometido para proporcionar o melhor espetáculo possível. E creio que isso fica evidente no sorriso rasgado, nas pausas breves para apreciar a resposta do público, na forma como o envolve em várias dinâmicas. É por essa razão que creio que os seus concertos estão num patamar superior e que se tornam sempre contagiantes.
Atuar em festas populares é agridoce: é bom para quem ouve, porque, geralmente, não tem custos, mas pode não ser o mais estimulante para o artista, já que aquela não é a totalidade do seu público. Há um cruzamento de universos e isso faz a diferença. Uma vez que fiquei mais para trás, longe do palco, consegui compreendê-lo melhor e até foi curioso reparar que, por exemplo, tinha pessoas à minha volta em conversas paralelas e pessoas nas varandas a desfrutarem do concerto em pleno, com direito a um jogo de luzes bem coreografado. E não acho que a atuação tenha sido condicionada por não ser num contexto pago - a duração talvez, o que faz sentido, mas não a forma como se entregou, como construiu o espetáculo. Há um respeito mútuo que é bonito de sentir.
O meu coração está em paz com o facto de, gradualmente, ir deixar de ouvir os meus temas favoritos ao vivo, porque ouvi-lo vale por tudo o resto. E que bom que foi voltar a estar num concerto do Richie Campbell, precisava mesmo daquela energia que me transcende. Venha o próximo, para ver «nuvens a transformarem-se em céus azuis».
2 Comments
Por acaso é um artista que não acompanho regularmente, mas já ouvi uma ou outra canção e gostei.
ResponderEliminarÉ sempre especial ver ao vivo quem nos inspira.
Beijinho grande, minha querida!
Sou suspeita, porque adoro, mas acho que tem uma energia incrível e moldável a várias situações.
EliminarÉ mesmo 🥺