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Fotografia da minha autoria |
Setembro traz no regaço uma aura de transição, os primeiros sinais de outono — que bonita que fica a cidade nestes tons misturados de laranja, amarelo e castanho — e a serenidade de uma rotina que continua a deixar margem para o imprevisível.
Este mês não se dividiu em múltiplos planos, mesmo assim sinto que teve várias vidas dentro, ao ponto de parecer estranho pensar que ainda vivi dias incríveis de Feira do Livro do Porto na primeira semana. Além disso, dei por mim a refletir sobre várias questões: o peso da amizade, o interesse que os nosso amigos demonstram em relação aos nossos projetos, a forma como procuramos nutrir — ou não — essas amizades; criação de conteúdo, maternidade e paternidade, mas no que diz respeito a tudo o que os nossos pais não foram por nos terem, e a relevância de ideias que queremos abraçar.
Setembro trouxe conquistas de amigos que me encheram o coração e a leveza que desejei noutras alturas.
as coisas maravilhosas de setembro
os fragmentos aleatórios
O caminho para a Feira do Livro do Porto, quando ia sozinha, era sempre feito pelo mesmo lado, por isso, ao subir a rua de Ceuta, passava em frente à Livraria Almedina. Num dos dias, reparei na tote bag que tinham à porta e achei que era a minha cara. Aproveitando uma promoção, encomendei esta «faz da tua dor um poema» e já não a larguei mais. Para além da frase, tenho de destacar a dimensão do saco, que é perfeita para transportar tudo o que preciso, e a qualidade do material. E adoro que tenha uma espécie de bolso por dentro, prático para guardar objetos mais pequenos.
O Dillaz tem uma presença mais reservada, sendo raro vê-lo em entrevistas ou em qualquer outro formato exterior à música. Recentemente, abriu uma exceção para a GQ e é claro que tive de comprar um exemplar da revista, até porque acho sempre especial quando os artistas que admiramos nos permitem conhecer a pessoa por trás da arte.



Outono combina com bebidas quentes e aquela espuma de leite cremosa. Tinha um batedor dos mais básicos, comprado na Tiger, mas já há algum tempo que queria investir num deste género, quer para poupar tempo, quer para usufruir da dupla função de aquecer e bater o leite. Estou encantada, apesar de o ter há poucos dias, porque nota-se bem a diferença.
Outros fragmentos aleatórios: os dois cadernos novos, o primeiro pumpkin spice latte, os dedais que me ofereceram, pré-encomendar o vinil da Taylor Swift e comprar bilhetes para o Conteúdo do Batáguas — será que estamos a criar uma tradição?
as músicas e os álbuns
A banda sonora de setembro continuou com a curadoria do Lhast, através do Violetta e dos seus trabalhos anteriores. Não obstante, também teve espaço para novas vozes e para descobrir EP's e álbuns que me escaparam na altura em que saíram.
As músicas que marcaram o mês: Aura, BUH BUH | QUEQ SABES D'LOVE, Icaro | Porta 43, Luís Trigacheiro & Diogo Piçarra | Solidão, Rita Santos | Chora Por Mim, Satiro.
O EP e os álbuns que marcaram o mês: Desculpa Qualquer Coisa, Icaro | Child's Play, Carla Prata | The Art Of Loving, Olivia Dean.
as publicações
Após uma pausa no blogue, para desfrutar das férias e reestruturar algumas ideias, setembro marcou o regresso. Do que publiquei ao longo do mês, quero destacar:
- a falta que se esfuma;
- feira do livro do porto: a edição de 2025 e como organizei o meu orçamento;
- as (novas) vozes que estão a fazer o meu ano.
os filmes, as séries e os podcasts
Talvez seja inglório continuar a incluir os filmes neste segmento, uma vez que permanecem ausentes nas minhas escolhas, mas não desistirei. Já as séries chegam sempre em força e, este mês, vi/estou a ver três que aconselho sem reservas.
Espias: É um thriller de espionagem, gravado entre Lisboa e a Figueira da Foz, durante a Segunda Guerra Mundial, numa altura em que Portugal «serve de porto de abrigo e de placa giratória a milhares de refugiados». No entanto, o que está em jogo vai muito para além desse lado humanitário, vai ao ponto de camuflar um palco de interesses e de tentativas subtis de obter «informações vitais para vencer o conflito». É assim que uma rede de espias, recrutadas pelo MI6, entra em ação: por um lado, para descobrir o «posicionamento dos submarinos alemães na Batalha do Atlântico» e, por outro, para «iludir os Nazis sobre os planos futuros dos Aliados», enquanto Salazar «continua a enriquecer os cofres do Estado». A aparente neutralidade do país começa, então, a revelar as suas verdadeiras intenções, embora exista margem para a ambiguidade.
Situações Delicadas: O argumento oscila entre humor negro e uma ligeira insanidade, sempre com ritmo e um excelente equilíbrio. Aliás, acho que uma das maiores valências da série se prende com a capacidade de tornar credível a falsa leveza com que as coisas se processam. Por vezes, existe um traço de normalidade na tragédia: não por a romantizarem, mas pela forma como transformam os comportamentos atípicos em reações quase lógicas, até necessárias, para continuarem a (sobre)viver. E nós acompanhamos esses conflitos.
Pessoas Normais: A RTP apresentou um conjunto de séries exclusivas na RTP Play, entre as quais se encontra a adaptação do meu livro favorito de Sally Rooney, o que me deixou surpresa e felicíssima. A adaptação está extraordinária e é mesmo fascinante ver tudo o que senti com o livro a ganhar forma (até o ranço ao Jamie): assistir aos silêncios, ao desconforto, ao quanto comunicam sem verbalizarem. Como é que duas pessoas que são tão próximas conseguem ter tantos muros entre si? Como é que só são verdadeiramente eles ao lado um do outro e há sempre um tom de tristeza a pairar? Como é que no meio de tantos vazios e desencontros eles conseguem ser a maior constante um do outro? Tenho um fascínio por histórias sem personagens heroínas também por causa deles. Há tanta verdade aqui e, se calhar, é por isso que é tão duro assistir a certas cenas. Mas eles arranjarão sempre maneira de ficar bem.
Quanto aos podcasts, destaco Há Um Livro Para Isso, de Catarina Raminhos e Diana Garrido.
os livros
Como escrevi na publicação das notas literárias, temi que fosse um mês de leituras mornas, mas houve histórias que me resgataram dessa nuvem.
Os favoritos do mês: Mártir!, Kaveh Akbar | O Tanto Que Grita Este Silêncio, Nelson Nunes | Um Lobo no Quarto, Valentina Silva Ferreira.
Outros livros lidos: Vidadupla, Sérgio Godinho | Frágil Como Origami, Raphael T. A. Santos | Uma Boa História, Emily Henry | Crime na Quinta das Lágrimas, Lourenço Seruya | O Palácio de Papel, Miranda Cowell Heller | Caminhantes, Edgardo Scott.
os momentos
A primeira semana de setembro marcou a despedida da mais recente edição da Feira do Livro do Porto e fê-lo de uma forma muito bonita com Rui Reininho, concerto dos Napa, sessão de autógrafos com Hugo Gonçalves e concerto de Sérgio Godinho & Os Assessores com Manuela Azevedo.



Noites dos Jardins do Palácio de Cristal: Diogo Piçarra
O festival Noites dos Jardins do Palácio trouxe um dos meus artistas do coração a um dos meus lugares favoritos da cidade. E isso só podia ser sinal de uma noite mágica. O Diogo que descobri — e por quem vibrei — no Ídolos continua presente, sobretudo na maneira como se entrega à sua arte, como encara o compromisso com o público, no entanto, cresceu, até porque nunca parou de procurar novas rotas. E fá-lo com verdade. Foi, de facto, uma noite mágica, como são todas aquelas em que tenho o privilégio de o ver a atuar, uma vez que a viagem que fazemos através das suas músicas desarma e é sempre única e eletrizante. Com temas mais ou menos dançáveis, ninguém fica muito tempo parado. Ademais, é sempre comovente escutarmos as nossas canções favoritas ao vivo, porque parece que crescem em nós, parece que temos acesso a uma camada paralela, que só conseguimos descobrir ali, com o artista em palco a viver o momento.



Tenho de voltar a alinhar a minha agenda com os jogos do meu afilhado. Enquanto não é possível, vibro à distância e a transbordar de orgulho por saber que já marcou dois golos.
Quase a fechar o mês, ainda deu para matar saudades da Lúcia, da Rita e do Tiago, com um almoço em família, muita brincadeira com a sobrinha de coração mais linda e um passeio pelo Parque da Cidade do Porto.









Outubro, sê gentil ✨
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