As minhas viagens de metro #20


«A melhor saída é seguir em frente», Robert Frost


Perdi a batalha!

Não precisei de te ouvir dizer que não me querias mais na tua vida. As atitudes que foste tendo ao longo do tempo foram suficientemente esclarecedoras. Poupei-te o incómodo e desapareci. Só não posso acrescentar a parte «sem deixar rasto» porque, na verdade, continuo a estar onde sempre estive. Perto. Apenas desisti de dar notícias e de te procurar. 

Nada que tu não tivesses feito antes, mas não entendas isto como um jogo de vinganças. Não. Não deixei de o fazer só porque o fizeste primeiro, abri foi os olhos e compreendi que não podia ser a única a lutar. Entendi que remar sozinha contra a maré pode provocar mudanças, mas, neste caso, impedia-me de continuar. E como não gosto de prender alguém a mim também não gosto que me barrem a passagem no meu próprio caminho. 

Somos, muitas vezes, o nosso pior inimigo. O obstáculo que nos impede de seguir viagem. Não sou de desistir, mas cansei-me de batalhar por algo que percebi não valer a pena. E agora sinto-me assim: cansada. De ti.

Quero que compreendas uma coisa: doeu quando te foste embora sem aviso. Hoje não dói mais. Já não tens o dom de me magoar. Desapareceste da minha vida por vontade própria, quando foste tu que me pediste para nunca me afastar, por isso deixaste de ter qualquer influência no meu coração. Guardarei para sempre as saudades que tenho tuas. Do que foste, não do que és, porque deixaste bem claro que não querias que te conhecesse mais. Não sei se mudaste ou se foi a vida que te mudou. Se sempre foste assim e eu é que nunca percebi. Talvez te tenhas revelado. Apenas isso. E eu é que depositei em ti muitas esperanças. Sonhos. Amor. Erro meu.

Lembra-te só de uma coisa: não fui eu que me afastei, obrigaste-me a isso. Fui-me embora. E agora que deixei de te esperar é que compreendi o quanto me iludi. Contigo. A mim própria. Preservo o melhor de ti, o que foste para mim, a pessoa que já não és. Que já não me és. Já não me és nada. Finalmente. 

Agora sim fechei a porta. As pernas já não tremem. O coração já não falha. Já não dói. Já não lembro. Já não é amor. E não me podia sentir mais feliz! É estranho que uma perda signifique tanta felicidade, mas isso é porque encontrei o caminho certo. Libertei o coração do que me fazia sofrer e lutei por mim. Hei-de amar-te uma vida inteira, só não te espero mais. Nem te quero mais. Fui embora e não volto. Fui ser feliz, sou livre.

Perdi a batalha. Ganhei a guerra!


M, 18.05.2014

Comentários

  1. E quantas vezes isto nos acontece na vida.....

    Sónia
    www.tarasemanias.pt

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  2. Infelizmente são coisas que acontecem...

    Bjxxx

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  3. Que sejas muitas feliz e que venças muitas batalhas ao longo da tua vida! Por vezes tem de ser assim temos de deixar ir...como eu te compreendo.

    r: és sempre fantástica nos comentários que fazes, obrigada pelo carinho.

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  4. resp: eu sou bastante teimosa, e resmungona :s

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  5. ;D

    A vida tem dessas coisas. O que importa é não se deixar abalar!

    Ótima quarta, Andreia!

    Beijo! ^^

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  6. Realmente não é fácil. Mas vamos ficando à prova de balas!

    Bom final de tarde, Andreia!

    Beijo! ^^

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  7. Que lindo texto, na vida temos estas batalhas há que saber sair por cima e sermos felizes acima de tudo e tirar o melhor partido se aconteceu foi por alguma razão.
    beijinhos
    http://retromaggie.blogspot.pt/

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  8. Texto encantador e sem olhar para traz arrasou
    Blog: http://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br
    Canal de youtube: http://www.youtube.com/NekitaReis

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  9. Identifiquei-me tanto com este texto passei por tudo o que descreves.

    Gostei muito do texto. Beijinhos!!!

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  10. O que importa é que no final tenhas ficado feliz! Dói sempre quando se perde uma batalha mas há muitas mais para travar e é nisso que temos que nos concentrar :)

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  11. E és livre !! Gostei muito deste texto ;) está fantástico !

    Beijinhos ;)

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