Entre Margens

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«Gratidão é reconhecer que a vida é um presente»


A minha postura esteve sempre mais próxima da perspetiva do copo meio cheio. Não porque considere que devemos ignorar as circunstâncias negativas ou menos felizes do quotidiano, mas porque acredito que são as restantes que nos impulsionam para a mudança, quase como se fossem uma tábua de salvação, atendendo a que nos serenam. Assim, continuamos a flutuar em vez de irmos ao fundo - pelo menos, não por completo.

Quando a vida nos troca as voltas, quando o caos e o stress parecem assumir o controlo, não é simples reconhecer que o nosso dia possa ter tido acontecimentos positivos, até porque, rapidamente, deixamo-nos consumir pelo primeiro cenário. Portanto, num exercício de consciência, faço por ir registando os pontos altos, mesmo que pareçam mínimos. Porque isso ajuda-me a focar no mais importante e, sobretudo, a ser grata.

Os contratempos e os desafios fazem parte da nossa caminhada [e ainda bem]. E sinto que é fundamental prestarmos atenção a tudo o que nos acontece. É por isso que pratico a gratidão diariamente. Por vezes, por escrito. Por vezes, numa lembrança. Independentemente da dinâmica - e da sua concretização -, faço desta análise um compromisso sério. E a verdade é que marca o meu estado de espírito - sempre para melhor.

Este ano, o meu maior agradecimento volta a centrar-se no bem-estar dos meus. Perdemos um elemento fundamental desta fortaleza - que, agora, é mais uma estrela no nosso céu -, mas permanecemos juntos para o que der e vier. Sem que se anulem, ainda assim, tenho outros 12 pedaços de gratidão para destacar.

JANEIRO
O primeiro mês do ano foi desafiante, sobretudo, emocionalmente. Contudo, reservou-me alguns apontamentos de esperança. E, por isso, estou grata por ter Como é Que o Bicho Mexe como companhia.

FEVEREIRO
A última semana de fevereiro foi dura, porque fomos confrontados com a notícia que ninguém queria receber. Portanto, este fragmento de gratidão é inteiramente dedicado a Alfredo Quintana, guarda-redes de andebol do Porto e da Seleção Nacional, que não resistiu à paragem cardiorrespiratória, sofrida «pouco antes do treino de segunda-feira». Numa ocasião como esta, as palavras escasseiam. Mas nunca serás esquecido. Pelo tanto que nos deste, pelo exemplo irrepreensível de profissionalismo e amor, obrigada, Guerreiro Extraordinário ♥

MARÇO
Março trouxe-me dias de muita poesia e a vontade de arriscar numa iniciativa que tenho vindo a adiar. Porque, todos os anos, anoto as datas do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce, mas deixo passar, pelo simples facto de nunca ter uma ideia que considere boa - ou entusiasmante o suficiente para desenvolver. A seis dias do término das candidaturas, surgiu-me um pensamento que quis explorar e diverti-me imenso no processo.

ABRIL
Grata por terem aderido ao desafio Preferias, tornando a celebração do meu aniversário inesquecível.

MAIO
As conquistas no Andebol. Que grupo extraordinário: pelo talento e pela união que os fez renascer.

JUNHO
Grata por todo o amor que me amparou. Nunca tive dúvidas, porém, o meu núcleo duro voltou a mostrar que não me deixa sem chão. Mesmo à distância, conseguiram ser o abraço forte que tanto precisava.

JULHO
Transbordei de felicidade e gratidão por ter estado presente em duas cerimónias tão cheias de amor.

AGOSTO
As pequenas mudanças no meu quarto, que representa, cada vez mais, a minha identidade.

SETEMBRO
Um dos meus meses favoritos, pelo simbolismo do regresso e do recomeço, deixou-me grata pelo reencontro com a minha gémea - que é uma das pessoas mais inspiradoras que tenho na vida - e por saber que o projeto Mulher, da Carolina Deslandes, foi nomeado para um Grammy. A sua mensagem merece reconhecimento.

OUTUBRO
Grata por voltar a concertos ao vivo [e logo com uma estreia, para escutar o João Couto].

NOVEMBRO
Fiquei sem palavras pela surpresa do Clube do Autor [que me enviou o mais recente livro da Margarida Rebelo Pinto] e pela surpresa do Firgun [que me abriu a porta do seu álbum Marivalva, ainda antes de ter saído].

DEZEMBRO
O dia de Natal no aconchego da família.


Quais são os vossos pedaços de gratidão?

Fotografia da minha autoria



«A literatura ilumina(-nos]»


A minha interação prévia com os livros é feita de duas maneiras: ou aventuro-me de olhos fechados, caso sejam de um autor que me inspira, ou arrisco-me a ler a sinopse, para ter uma pequena noção dos seus contornos gerais. No entanto, a travessia é sempre surpreendente, até porque nunca sabemos ao certo o que as narrativas nos reservam, nem o impacto que terão em nós. Por isso é que é tão desafiante e desarmante.

O meu percurso, durante este ano, confortou-me de um modo indescritível, visto que me cruzei com histórias lindíssimas, arrebatadoras. Não só li bastante, como tenho plena consciência que a maioria representou leituras enriquecedoras, que dificilmente esquecerei. Talvez perca alguns detalhes, reconheço, mas a sua essência será simples de recuperar - só de olhar para a capa do manuscrito ou em partilhas sobre o mesmo.

Não sei se tenho tido sorte na seleção que vou fazendo ou se tenho uma maior predisposição para guardar o melhor de cada exemplar, mas a verdade é que foram mais aqueles que me conquistaram do que aqueles que me desiludiram. Naturalmente, isso deixa-me de coração cheio, porque sinto que embarquei numa viagem literária maravilhosa. Por outro lado, causa-me problemas, pois parece impossível definir a lista de favoritos.

Com muitos avanços, recuos e alterações, sabendo que outros nomes poderiam figurar neste pódio de 12 lugares [sobretudo, se estruturasse uma dinâmica diferente], estes foram os livros que mais me marcaram.


JANEIRO


Filho da Mãe, Hugo Gonçalves
É um relato biográfico, despretensioso e comovente sobre a perda: da mãe e de identidade. Assim, recuando à tarde em que recebeu a trágica notícia do falecimento da sua progenitora, leva-nos numa viagem introspetiva, na qual procura pistas que interliguem as suas recordações e fragmentos que apaziguem a dor, ao mesmo tempo que mantenham presente esse elo relacional, porque é pavoroso termos a noção que nos estamos a esquecer, aos poucos, de características tão identitárias de alguém que significa o mundo para nós. E é através de uma luta interior, com vários percalços pelo meio, que o autor compreende a importância do luto.


FEVEREIRO


Para Onde Vão os Guarda-Chuvas, Afonso Cruz
Abriga um mundo de histórias e de personagens com percursos distintos e, aparentemente, autónomos, mas que encontram uma forma de se interligarem. Tendo o Oriente como pano de fundo, através de efabulações e traços mais fantásticos, somos capazes de estabelecer uma ponte com o nosso quotidiano, porque todos procuramos algo na vida, mesmo que os nossos contextos divirjam. Além disso, é o retrato fiel do «equilíbrio desequilibrado» do universo, que nos coloca à prova e nos leva a reconsiderar decisões e a ponderar uma maneira de quebrar as barreiras que envolvem o ser humano - Pudéssemos chorar estrelas!


MARÇO


As Falsas Memórias de Manoel Luz, Marlene Ferraz
Alterna entre dois planos - flores e livros -, permanecendo interligados por um tom poético que marca toda a narrativa. Além disso, faz uma clara alusão à história de Portugal, numa transição do Estado Novo para a Liberdade. E é neste enlaço que somos confrontados com segredos, ilusões, dicotomias, silêncios e dúvidas, tão próprios de quem vai construindo a sua identidade e gerindo o turbilhão de emoções que florescem num peito inquieto e desejoso de ser grande. Só que o nosso discernimento nem sempre privilegia a postura mais correta, porque nos deslumbramos e criamos ideais frágeis, que nos fazem ruir - para sermos borboleta.


ABRIL


Se Esta Rua Falasse, James Baldwin
É uma corrida contra o tempo. É um romance-manifesto contra o preconceito, o cinismo e a injustiça do sistema judicial. E é, também, uma apaixonante prova de amor. Oscilando entre o passado e o presente, a narrativa é tão real e comovente, que nos coloca no centro da ação, despertando uma total sensação de impotência, porque, por mais esforços que se façam, parece que permanecemos sempre um passo atrás. E por mais empática que eu seja, não consigo imaginar a dor de alguém que é condenado por um crime que não cometeu. Ainda para mais, quando se torna evidente que o maior indício para a condenação é a cor da pele.


MAIO


O Jogo do Anjo, Carlos Ruiz Zafón
O enredo leva-nos para Barcelona dos anos 20, contextualizando melhor a narrativa que se concentra na família Sempere. Com uma abordagem distinta, mas igualmente misteriosa, senti-me perdida num labirinto de acontecimentos suspeitos, cujo destino parece ser apenas um. E dei por mim, em várias passagens, a partilhar a preocupação e o sufoco das personagens. Em simultâneo, também senti todo o amor que habita nestas páginas - desde os impossíveis àqueles que exaltam o seu lado mais puro. Transmitindo a sensação de ser uma história dentro de outra, mostra-nos o preço e as consequências das nossas escolhas e dos nossos atos. E deixa-nos com uma questão: será que conhecemos, verdadeiramente, as pessoas que nos rodeiam?


JUNHO


O Que Dizer das Flores, Maria Isaac
A capacidade de Maria Isaac para contar histórias já me tinha conquistado no seu primeiro livro - Onde Cantam os Grilos -, mas voltou a surpreender-me. Porque há tanta verdade nas suas personagens, nos seus dilemas e nas suas interações, que eu senti-me parte daquele ambiente. Além disso, tem um enredo que caracteriza bem a essência do nosso Portugal rural e da intimidade que vai interligando os seus habitantes, mesmo que haja tanto a separá-los. Com um ritmo aliciante e uma narrativa que demonstra o peso do passado, dos juízos de valor e dos silêncios, queria continuar a acompanhar o quotidiano de Mont-o-Ver. Porém, ainda que me tenha custado um pouco a despedida, sei que dificilmente me esquecerei destes protagonistas tão carismáticos.


JULHO


Heartstopper Volume 2, Alice Oseman
Estava a contar os dias para receber este livro, porque o primeiro volume conquistou-me de imediato. A história é tão relacional, independentemente da nossa sexualidade, que é fácil reconhecermo-nos nos medos, nas dúvidas e em todas as hesitações. Centrando-se mais em Nick e no seu processo de autodescoberta, é percetível que cada um precisa de tempo, espaço e apoio para se conhecer. Além disso, é inspirador quando temos, ao nosso lado, quem respeite isso. Porque esse é o maior sinal de amor. É impossível resistirmos.


AGOSTO


Os Fornos de Hitler, Olga Lengyel
Este livro permite-nos conhecer Olga Lengyel, uma enfermeira húngara que vivenciou na pele o horror, a humilhação e a tortura de Auschwitz-Birkenau. Porém, não se concentra apenas na sua experiência, atendendo a que dá voz, ainda que de uma forma indireta, a todos aqueles que foram remetidos ao silêncio, que caminharam ao seu lado e que se viram privados de segurança e dos seus direitos mais básicos. Escrito com um tom cru e, igualmente, emocionante, este livro é um espelho dos homens, mulheres e crianças que sucumbiram, contra a sua vontade, a ideologias racistas e que viram ser-lhes negada a sua condição humana.


SETEMBRO


Balada Para Sophie, Filipe Melo & Juan Cavia
Uma das mais belas e brilhantes histórias que tive a oportunidade de descobrir. Fui envolvida nesta melodia sem ter noção da leveza com que o tempo avança, porque há um desenvolvimento que inebria; que tanto nos diverte, como nos comove. E se, por um lado, dei por mim a rir com as intervenções do protagonista, não é menos verdade que, por outro lado, fui invadida por lágrimas incontroláveis, sobretudo, na fase final. Porque esta não é apenas a história de um famoso pianista, é uma viagem intimista pela ascensão e pela queda - e por tudo o que ficou por dizer. Além disso, as ilustrações parecem ter vida, transportando-nos para cada momento da ação. Filipe Melo e Juan Cavia estão de parabéns pela magia que habita nestas páginas, pelos pormenores irrepreensíveis e pela sinceridade com que transmitiram cada emoção. Hei-de regressar a esta balada, que tem tanto de simples, como de complexa, por ser tão humana. É uma autêntica obra prima!


OUTUBRO


Coisas de Loucos, Catarina Gomes
A premissa desta obra é cativante, mas o que nos desarma e emociona é a maneira como cada história é contada com tanto respeito, dignidade e empatia. Há muita entrega e trabalho de pesquisa. E há, acima de tudo, uma vontade imensa de dar voz a pessoas cujas vidas ficaram esquecidas. Transportando-nos para o Miguel Bombarda, deambulamos por um mundo de memórias fascinantes, mas sem esquecer que não foi tudo um mar de rosas. Em simultâneo, coloca a saúde mental no centra da discussão, fazendo-nos refletir sobre o progresso dos tratamentos, sobre a privação da liberdade e sobre a sensação de termos o tempo suspenso.


NOVEMBRO


Terapia de Casal, Rita da Nova & Guilherme Fonseca
Este livro é o formato físico do podcast com o mesmo nome, privilegiando a mesma dinâmica e, ainda, a mesma imagem de marca: a discussão sobre «coisinhas insignificantes que dividem os casais no dia a dia». À medida que avançamos nos textos - 15 da autoria da Rita e 15 da autoria do Guilherme -, ficamos com a sensação de estarmos a escutar um episódio, até porque há expressões tão identitárias, que imaginamos as suas vozes a reproduzi-las. Assim, é fácil decifrar que cada argumentação transparece as suas personalidades.


DEZEMBRO


Não Serei Eu Mulher?, Bell Hooks
O Feminismo é uma luta urgente e não exclusiva das mulheres, ainda que sejam delas a voz que grita a desigualdade. No entanto, enquanto ideologia, continua a representar um movimento praticamente branco e elitista, como se percebe por este relato duro, elucidativo e tão necessário de Bell Hooks. Porque nos confronta com a opressão, a desvalorização, o sexismo e o racismo sofrido pelas mulheres negras. Sendo este um movimento que procura erradicar qualquer forma de exclusão, revolta saber aquilo que tiveram de enfrentar, quase como se fossem cidadãs de segunda; quase como se não fossem mulheres. Apesar de ser um livro de 1981, continua a ter perspetivas muito atuais e que nos levam a reconsiderar a nossa postura em sociedade.

Permitam-se só mencionar mais estes sete, porque foram leituras igualmente preciosas: Persépolis [Marjane Satrapi], Crónica dos Bons Malandros [Mário Zambujal], Dia do Mar [Sophia de Mello Breyner], O Lugar das Árvores Tristes [Lénia Rufino], Agora e na Hora da Nossa Morte [Susana Moreira Marques], O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo [Charlie Mackesy] e Notas Sobre o Luto [Chimamanda Ngozi Adichie].


Que livros marcaram o vosso ano?

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«Fiquei fascinada por me envolver nesta experiência»


O balde de pipocas representa uma viagem simbólica pelo universo das longa-metragens e das obras repartidas em episódios. Sei que me repito, mas as séries continuam a ser, neste panorama, a minha prioridade, porque fascina-me o vínculo duradouro que estabelecemos com as histórias e as personagens. É como se fossem a extensão de uma família alternativa, com todas as emoções inerentes a estas relações.

Pela primeira vez, desde que iniciei as minhas retrospetivas, reuni um número simpático de filmes e séries que justificassem a existência deste top anual. A seleção não foi simples, ainda assim, mas eis os meus favoritos.


JANEIRO


Há uma série de assassinatos violentos a acontecer em Lisboa e a equipa de Isabel Garcia, Inspetora-Chefe da Polícia Judiciária, ficou responsável pelos casos que têm vitimado mulheres. Entre a obsessão de encontrar um culpado e as pistas que os levam a lugar nenhum, existe uma aura misteriosa que nos faz duvidar de vários comportamentos. Em simultâneo, acompanhamos o desnorte de uma adolescente, que apenas procura a aprovação dos seus pais. A premissa é interessante, embora tenha cenas um pouco forçadas/exageradas.


FEVEREIRO


As famílias unem-se na alegria, na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte se intrometa no caminho. Mas e quando é a vida a fazê-lo? Com várias histórias que se cruzam, acabamos a refletir sobre as inúmeras visões do amor. Privilegiando uma aura nostálgica e cómica, num equilíbrio perfeito, Até Que a Vida nos Separe é muito humana - e, para mim, uma das melhores séries que a RTP lançou [disponível na RTP Play].


MARÇO


Listen [de Ana Rocha de Sousa] expõe a dura realidade de um casal emigrado, que não só se debate com dificuldades económicas, como também se vê na desgastante luta para recuperar os filhos. E é mesmo angustiante acompanhar a intransigência dos Serviços Sociais, que deveriam ser os primeiros a prestar auxílio às famílias. Assisti ao desenrolar da ação com o coração nas mãos e nem sequer sou mãe, o que só demonstra a carga emocional que envolve esta obra cinematográfica. Será que esta luta díspar terá um fim?


ABRIL


Princípio, Meio e Fim
A aposta televisiva da SIC junta quatro nomes talentosíssimos - Bruno Nogueira, Salvador Martinha, Nuno Markl e Filipe Melo -, naquele que é, para mim, um dos conceitos mais geniais a que já assisti: pela originalidade, pela liberdade de criação, pela ousadia, pelo despropósito de alguns pensamentos e, claro, por dar palco a profissionais que admiro e que têm a capacidade inspiradora de pensar fora da caixa, sem se levarem demasiado a sério. Além disso, quando vemos amigos a divertirem-se, torna-se contagiante.


MAIO


Esta série de época - Vento Norte - sustenta-se na história dos Mellos, uma família de aristocratas do Minho, e na vida dos seus criados. E interliga dramas políticos e amores impossíveis. Em «plenos anos loucos», num país «à beira da ditadura», tudo pode acontecer. Mais uma excelente aposta! [disponível na RTP Play]


JUNHO

Carlos Coutinho Vilhena tem uma nova websérie, denominada Clube da Felicidade, que estreou no último dia de junho - mas o seu primeiro episódio foi tão impactante, que ofuscou o que aconteceu, antes, neste formato. Partindo da pergunta «e agora?», que surge quando se atinge o sucesso, deambularemos pelo bloqueio, pela síndrome do impostor e pela pressão que se cola à necessidade de corresponder às expectativas criadas.


JULHO


Friends The Reunion
Quando soube deste episódio especial, rejubilei de felicidade, pois voltaria a cruzar-me com pessoas que, direta ou indiretamente, foram uma fonte de aprendizagem, de catarse e de lucidez. Contudo, demorei a ver a reunião porque há muitas emoções acumuladas. Porque há uma imagem que pretendo preservar. E porque abriria a porta à nostalgia. Por outro lado, implicaria uma nova despedida - para a qual não estaria preparada. Mas como as saudades bateram mais forte, só poderia embarcar nesta aventura. Se compensou? Totalmente!


AGOSTO


Pôr do Sol
A RTP tem sido pioneira na capacidade de pensar fora da caixa e de investir em conteúdos que nunca vimos - ou que são pouco usuais na nossa grelha televisiva -, que nos desconcertam e que nos prendem do início ao fim. Por essa razão, assim que me cruzei com o anúncio de Pôr do Sol, anotei a data de estreia, pois não queria perder. Confesso que o primeiro episódio me deixou sem palavras, porque fui às cegas. No entanto, regressei no dia seguinte. E em todos os outros depois desse. Porque a surrealidade do projeto cativa - e vicia.


SETEMBRO


Chegar a Casa
Esta série é uma viagem intimista, visceral, pelo mundo tão complexo das relações humanas. E é, também, uma mensagem sobre a importância de renascermos a cada nova adversidade, atendendo a que nós não somos um só momento. E, mesmo que o coração se fragmente, haveremos de encontrar o nosso lugar - físico e emocional. E de nos redefinirmos nele. Porque aprendemos a cair e a não permanecermos no chão.


OUTUBRO


Doce
Acompanhar esta série foi uma montanha russa de emoções. Mas todas fundamentais, visto que nos levam a refletir sobre o que é exposto e o que fica guardado atrás das cortinas, longe dos holofotes do palco. Ao longo de sete episódios, salientam-se as lutas internas e externas, as perdas, as conquistas, os dramas, os medos e a força de cada uma das Doce. Com muito humor à mistura, é um formato que inspira. E que transborda de empoderamento feminino. A banda mais icónica deste jardim à beira-mar plantado fez mesmo história.


NOVEMBRO


A segunda temporada de Auga Seca [uma produção portuguesa e espanhola] começou, este mês, e tem-me conquistado. Creio que está mais intensa que a primeira, até pela forma como tudo aparenta ser evidente e, ainda assim, carecerem as provas. Além disso, tem sido interessante acompanhar a falta de escrúpulos de alguns protagonistas, que estão dispostos a tudo para continuarem a fugir das suas responsabilidades.


DEZEMBRO


O Pintassilgo, adaptação cinematográfica do livro homónimo de Donna Tartt, estava na minha lista de espera, até porque a obra literária tornou-se uma das minhas favoritas de sempre. Com as expectativas em lume brando, para não me desiludir, embarquei nesta aventura alucinante, que faz justiça ao enredo do livro. É verdade que senti falta de mais intervenções do Hobie e da Pippa e que achei algumas passagens demasiado céleres, no entanto, creio que este filme espelha bem o sofrimento, a dor e o desnorte de Theo, enquanto criança. Em simultâneo, é um retrato, a longo prazo, das consequências da tragédia que teve de enfrentar. Explorando temas como o contrabando, a negligência parental e os vícios, O Pintassilgo tem uma carga humana bastante evidente. Por isso é que é tão fácil relacionarmo-nos, principalmente, com o protagonista.


Que séries/filmes marcaram o vosso ano?

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«Eu tenho natureza, arte e poesia»


As manifestações artísticas são camaleónicas. Por essa razão, conseguem adaptar-se às mais variadas circunstâncias, correspondendo aos formatos que procuramos. E eu tenho apreciado bastante esta dança, que me permite desfrutar da magia do audiovisual e de escutar os pensamentos de outros criadores de conteúdo.

Os podcasts são uma presença regular no meu quotidiano, até pela liberdade que me conferem para realizar tarefas em simultâneo, mas os vídeos no youtube vão conquistando o seu lugar, visto que há algo de único na possibilidade de observarmos as expressões de quem os grava - quase como se fosse uma linguagem paralela. Portanto, na simbiose destas duas artes, estreito laços entre a informação e o entretenimento.

Neste percurso surpreendente, tenho de destacar novos podcasts que trouxeram um pouco mais de brilho à minha caminhada: A Noite da Má Língua e Livra-te, bem como o Extremamente Desagradável, os Falsos Lentos e o Par de Jarras. Apesar disso, tenho 12 conteúdos que alcançaram este pódio de preferências.


JANEIRO



Li, finalmente, a série Afonso Catalão, de Nuno Nepomuceno, e foi com particular interesse que escutei o podcast Os Ficheiros Catalão, porque permitiu-me aprofundar um pouco mais a história d' A Célula Adormecida e, inclusive, conhecer melhor o protagonista. Posteriormente, aventurei-me n' O Assassino, protagonizado por uma das personagens apresentadas no livro A Morte do Papa. Recomendo imenso ambos os projetos!


FEVEREIRO


Não há um vídeo da Bumba na Fofinha que eu não goste. Porque, para além de cómica, toca sempre em questões bastante pertinentes. Depois de um interregno no Youtube, regressou com duas partilhas que merecem ser vistas e memorizadas - Falemos Sobre Casar e Falemos Sobre Complexos Físicos e Autoestima.


MARÇO


Crise de Identidade com Inês Mota: Neste episódio, a Sofia Costa Lima esteve a partilhar as suas crises de identidade com a Inês Mota - do blogue Bobby Pins. E o resultado foi uma conversa mesmo inspiradora. Reservem um pouco do vosso tempo, até porque terão a oportunidade de deambular por temas fascinantes.


ABRIL


A Cultura Editora lançou um podcast - É Outra História - que procura desmistificar todo o processo editorial e partilhar o quotidiano de uma editora. Para tal, contará com a presença de autores convidados e, claro, com profissionais da área. Fiquei radiante com esta novidade maravilhosa, até pela originalidade e pertinência.


MAIO


O podcast do Pedro Teixeira da Mota - ask.tm - chegou, há umas semanas, ao episódio 200. Por isso, em jeito de celebração, sentou-se à mesa com três convidados de peso - Bruno Nogueira, Carlos Coutinho Vilhena, Ricardo Araújo Pereira -, para uma conversa que podia não terminar de tão incrível que estava a ser.


JUNHO


O novo projeto do Agir - Eulália - pretende homenagear e eternizar canções inconfundíveis de nomes que tão bem conhecemos e cujos temas já cantarolamos, mais ou menos afinados, nas mais diversas ocasiões. Na companhia de Manuel Oliveira [piano], Guilherme Melo [bateria] e Rodrigo Correia [contrabaixo], as jam sessions adquirem, agora, um formato audiovisual. E, todos os domingos, há[via] vídeo novo no seu canal.


JULHO


Houve duas atuações que me marcaram durante a emissão dos Prémio Play, quer pela mensagem, quer pela harmonia. É por representações destas que a música tem um lugar tão especial na minha vida. Portanto, convido-vos a ouvir a interpretação da Carolina Deslandes e a d' Os Quatro e Meia com a Bárbara Tinoco.


AGOSTO


Tropecei neste podcast da Mariana Bossy e do Kiko sem saber ao que ia, mas tenho-me rido imenso com a dinâmica alucinada do casal. O tom descontraído e irónico combina bem com o meu estado de espírito.


SETEMBRO


O podcast 10.000, do Público, é uma espécie de masterclass áudio, visto que cada episódio é direcionado para uma área em concreto. Assim, convidaram Afonso Cruz para conversarem sobre os labirintos da escrita literária. Aprendo sempre, portanto, não podia perder a oportunidade de apanhar boleia deste testemunho.


OUTUBRO


Reset T2: O projeto da Bumba na Fofinha regressou para uma segunda temporada. E sinto que veio ainda melhor. Logo para começar, recebeu Nuno Markl, cujo talento e postura surpreendem sempre pela positiva.


NOVEMBRO


Passageiro: Pedro Abrunhosa esteve na Estação de São Bento para um concerto único. Embora a sua voz não seja a que mais me arrebata, é a sua interpretação e a mensagem das suas letras que me comovem, sendo um dos músicos portugueses que mais me inspira. Com esta bagagem e tendo um dos lugares mais emblemáticos da cidade do Porto como fundo, este espetáculo é um pedaço de alma que [nos] aconchega.


DEZEMBRO


A Andreia de 12 anos vibrou muito com este reencontro, porque a verdade é que os D'ZRT fizeram parte do meu crescimento, estreitando o meu vínculo com a música e com a dança - na mesma medida em que me abriam portas para um ambiente alucinante e emocionalmente intenso. Eles não só combinaram muito bem enquanto grupo, como também souberam aproveitar os gostos de cada um para se distinguirem e traçarem um caminho identitário. Por isso, sempre que as saudades apertam mais, volto às suas vozes e recuo no tempo. Por outro lado, a Andreia de 29 ficou maravilhada por ter a possibilidade de os ver juntos, nesta sentida e bonita homenagem. Eles farão sempre parte da minha história e eu tenho mesmo o maior orgulho nisso.


Que vídeos/podcasts marcaram o vosso ano?
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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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