UM ENTRELINHAS DE LIVROS PERDIDOS NA GAVETA

Fotografia da minha autoria



«Não existe conhecimento sem uma boa bagagem de leitura»


As minhas leituras são sempre acompanhadas por um caderno e uma caneta, porque gosto de ir registando pensamentos e emoções sobre a história em questão. E faço-o não só como auxiliar de memória para o Entrelinhas - atendendo a que as partilhas são feitas por ordem cronológica -, mas também para ter anotações que me relembrem daqueles contextos. Porque é uma maneira de eternizar cada uma das narrativas.

No entanto, nem todos os livros despertam, em nós, a vontade de nos perdermos em análises profundas. Ou porque não nos marcaram o suficiente ou porque, se desenvolvermos muito as nossas impressões, corremos o risco de contar mais do que devíamos, prejudicando a experiência dos demais. Além disso, nem sempre nos apetece escrever sobre todos os exemplares que lemos - o que é válido. Por esse motivo, alguns vão passando despercebidos nas nossas plataformas digitais.

Deambulando pelo meu Bullet Journal, tive consciência que há, pelo menos, sete obras de escritores portugueses que ficaram perdidas nessa gaveta, porque não tenho assim tanto para partilhar sobre as mesmas.


OS PÁSSAROS, CÉLIA CORREIA LOUREIRO

A dor tem sempre um peso considerável na nossa caminhada, mas a verdade é que não fui capaz de me relacionar com esta narrativa. Porque demorei a compreender a sua cadência e porque senti que ficaram pontas soltas, sendo exploradas questões secundárias, 
que pouco acrescentaram ao desenvolvimento. Apesar disso, a escrita da autora é encantadora e foram 
evidenciados assuntos de máxima importância. 
Talvez necessite de o reler.


O GUARDA DA PRAIA, MARIA TERESA MAIA GONZALEZ

Uma história amorosa sobre a amizade e os detalhes 
que nos ligam às pessoas e aos locais que nos rodeiam, tendo em conta que são parte da nossa jornada. 
Portanto, nesta viagem física, emocional e introspetiva, 
a proximidade ao mar é absolutamente inspiradora. 
E ficamos com vontade de acompanhar o protagonista, cujo coração e os valores que o movem têm tanto 
para nos ensinar.



EXPLICAÇÕES DE PORTUGUÊS EXPLICADAS OUTRA VEZ, MIGUEL ESTEVES CARDOSO

Uma viagem pelos nossos sentimentos, pelos comportamentos da nossa sociedade e pelos 
preciosismos da nossa língua. Ninguém escreve, para mim, com tanta ironia e afeto sobre os portugueses 
- e Portugal - como Miguel Esteves Cardoso. Por isso 
é que será sempre um privilégio lê-lo. Porque, no seu idioma mordaz e certeiro, há um retrato 
que se prolonga no tempo.



ESCRITA EM DIA, MARGARIDA FONSECA SANTOS

Uma aproximação a um curso de escrita criativa, mas 
em livro e com uma diversidade de exercícios que nos permitem alargar horizontes. Construído com quatro patamares de dificuldade distintos, Margarida Fonseca Santos articulou, na perfeição, a teoria e a prática, fazendo-nos refletir sobre partes importantes de uma narrativa, para, depois, nos implicar no processo.




HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA, JOSÉ SARAMAGO

A premissa é mesmo interessante, intercalando dois caminhos temporais com originalidade. Além disso, mostra-nos que uma palavra pode mudar toda a nossa vida. E permite-nos refletir sobre os cercos que construímos à nossa volta, impedindo-nos de viver certas experiências. No entanto, sinto que algumas passagens podem tornar o ritmo de leitura mais demorado, por serem bastante descritivas.



GRANDE HOTEL DE PARIS, OCTÁVIO M. FÉLIX

Este livro é bastante especial por dois motivos. 
Primeiro, porque foi escrito pelo meu primo. Segundo, porque permite desvendar mais um pouco da história 
do Porto, centrando-se no hotel mais antigo da cidade. Por muito suspeita que eu seja, a sua escrita faz-nos recuar no tempo, transportando-nos para o centro da ação. Que memórias fabulosas.




JÁ DIZIA O OUTRO, GONÇALO CÂMARA

O primeiro livro de crónicas de Gonçalo Câmara 
compila uma série de textos «livres, soltos, joviais, zombeteiros, eloquentes e, quem sabe, até profícuos». Dividido em três partes - com uma nota introdutória 
de Salvador Martinha -, analisa situações caricatas do quotidiano. Com a capacidade de nos fazer rir 
com ele, também nos consegue emocionar.




Que opiniões de livros ficaram perdidos na gaveta?

Comentários

  1. Eu confesso que por falta de tempo tenho deixado a leitura um pouco de lado.

    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

    ResponderEliminar
  2. "Os Dias da noite" do Pedro Chagas Freitas, "O Mundo de Sofia" de Jostein Gaarder, "Para uma voz só", Susanna Tamaro.

    Agora estou a dar uma nova oportunidade ao Mundo de Sofia.

    Beijinho grande, minha querida!

    ResponderEliminar
  3. Mais uma vez nao estas sozinha, minha querida. Tambem tenho a minha conta de livros que nao me puxaram a atencao. Da tua lista quero muito ler a Historia do Cerco de Lisboa :)

    ResponderEliminar
  4. A História do Cerco de Lisboa foi um dos livros do nosso Nobel que mais me impressionou.
    Os livros de Mia Couto continuam na estante „virgens“.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Confesso que estava à espera de outra coisa!
      Ainda só li Terra Sonâmbula, mas quero muito aventurar-me em mais obras de Mia Couto

      Eliminar
  5. Andreia belíssimos os livros, livros trazem conhecimento, confesso que estou precisando ler mais, bjs.
    http://www.lucimarmoreira.com/

    ResponderEliminar
  6. Confesso que ainda não conhecia de todo os que tens aí, mas é sempre bom fazer os nossos apontamentos quando estamos a ler o que mais gostamos
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É uma maneira de não perdermos anotações importantes :)

      Eliminar
  7. Alguns são novidades para mim, outros nem por isso. Mas são óptimas sugestões!
    xoxo

    marisasclosetblog.com

    ResponderEliminar
  8. Apenas conheço (e adorei) "O Guarda da Praia". Obrigada pelas sugestões, querida :)

    ResponderEliminar

Enviar um comentário