Entre Margens

Fotografia da minha autoria



«A vida é feita de momentos colecionáveis»


Setembro. Mês de regressos e de recomeços. De me despedir de mais uma edição da Feira do Livro do Porto. E de receber, de peito aberto, uma das estações do ano que mais me fascina: o outono. Além disso, foi tempo de reorganizar a rotina, de matar saudades e de receber mensagens desarmantes. Setembro chegou luminoso.


⚓ MOMENTOS
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O meu despertador começou a tocar uma hora mais cedo, porque senti necessidade de reajustar a minha rotina matinal. E isso permitiu-me desfrutar da magia que é assistir ao nascer do sol - e da paz do seu silêncio. Parece que tudo flui com outra naturalidade, quando observamos estes detalhes tão inspiradores.

     

As saudades eram imensas. Por isso, soube-me pela vida ir tomar café com a minha gémea de coração. Não importa o tempo que passe, desde que nos vimos pela última vez, porque a ligação e as conversas soarão sempre como se nos tivéssemos encontrado no dia anterior. É assim a amizade. E esta é até ao fim do fim.

              

A Portugalid[Arte] chegou ao nº 12 e, consequentemente, ao seu primeiro ano de existência. Para marcar o acontecimento, que me encheu o coração, renovei a sua imagem, acrescentei um novo segmento e preparei um mimo bastante simbólico para aqueles que a acolheram sem reservas. Sou muito grata pelo carinho.


O mês ficou, ainda, marcado por mais uma ida às urnas, para exercer o meu direito [e dever] ao voto.


📚 LEITURAS
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O Que Veem as Estrelas, Nuno Camarneiro
Alma Lusitana || Gaia

Mar, Afonso Cruz
Uma Dúzia de Livros 2021 || Setembro


Outras Leituras do Mês
O Homem que Confundiu a Mulher Com Um Chapéu [Oliver Sacks], Balada Para Sophie 
[Filipe Melo & Juan Cavia], Gabriel 120419 [Liliana Rodrigues Brito], A Civilização do Espetáculo 
[Mário Vargas Llosa], Tudo São Histórias de Amor [Dulce Maria Cardoso], A Tosse [Mami Pereira], A Verdade Sobre o Caso Harry Quebert [Joël Dicker] e Notas Sobre Ela [Zack Magiezi].


📺 FILMES & SÉRIES
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Chegar a Casa
A nova aposta da RTP 1 é gravada entre Portugal e Espanha e acompanha uma família a desmoronar. Perante um divórcio surpreendente e inevitável, é urgente recomeçar e encontrar alento para não sucumbir ao desgosto e ao julgamento alheio - que vem, não tão raras vezes assim, dos nossos. Embora tenha a sensação que existem cenas um pouco exageradas, não deixa de ser um retrato muito humano e fiel dessa jornada. Ainda para mais, quando se regressa a um meio mais pequeno. Está a ser uma descoberta interessante.


✏ PUBLICAÇÕES
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Feira do Livro do Porto 2021
O evento mais mágico e magnético do ano invadiu a cidade do Porto. Mais concretamente, os Jardins do Palácio de Cristal. E eu voltei a sentir que a época natalícia chegou mais cedo, até porque não resisto a complementar as estantes com novos autores e um plano narrativo infinito. Interligando literatura, cultura e diversidade, a Feira do Livro tem uma atmosfera que aconchega. Um ritmo frenético. E olhares que revelam um profundo amor a esta arte. Talvez seja esse o motivo que me permite ter a sensação de estar sempre em casa.


A Minha Leitura é Melhor Que a Tua e Outras Barbaridades
A aceitação da identidade literária de cada um deveria ser inata - até porque cada ser humano tem a sua. No entanto, continua a ser um processo em desenvolvimento, porque os preconceitos, as exigências e as comparações tendem a sobrepor-se. E isso, no meu ponto de vista, condiciona o caráter mágico da viagem.


Livros, Filmes e Séries Para Abraçar o Outono
O outono é poesia. É o estado mais puro do processo de renovação - interna e externa -, porque abre os seus braços para acolher a mudança. Além disso, há algo de deslumbrante no seu traço melancólico, que nos incentiva a procurar aconchego em tudo aquilo que nos acrescenta. Atendendo a que, a par da Primavera, é a minha estação predileta, no ano transato, partilhei aqueles que considero serem os seus encantos. Para 2021, optei por combinar sugestões culturais que nos permitem abraçar o outono com todo o rigor e propriedade.



🍴 À MESA
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Setembro não me reservou visitas a espaços novos, mas permitiu-me regressar ao Bibó Porto. Além disso, provei os gelados Mini Nocciola, da Mercadona, com sabor a Ferrero Rocher, que são mesmo deliciosos!


📌 ENTRE LINHAS
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Truque Para não Quebrar as Lombadas dos Livros
A Inês Mota partilhou uma dica preciosa para todos os leitores que pretendem manter as lombadas dos seus livros imaculadas. E podem consultá-la sempre que quiserem, pois teve o cuidado de deixá-la num destaque.

Sacos de Pano Cultura Editora
Estou, cada vez mais, rendida aos sacos de pano, tal como mencionei nesta publicação. Por essa razão, não resisti a estas duas opções lançadas pela Cultura Editora. Já as tinha visto a desfilar pela Feira do Livro de Lisboa e fiquei muito feliz por terem-nas disponibilizado online, caso contrário, nunca poderia adquiri-las.




📌 JUKEBOX
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A Surpresa: Shake [Richie Campbell & Sneakbo]
Melhor Duo: Lo Que Soy [Tiago Nacarato & Mari Segura]
A Diferentona: OOO [Branko]
As Favoritas: Boa Sorte [João Couto], Margem do Mondego [Firgun], 
Vem Dançar Comigo [Diogo Piçarra] e Eco [Carolina Deslandes]
Artista Revelação: São Roque


Álbuns: Sub-Urbe Vol.1 [Maze & Azar Azar], A Chama e o Carvão [O Príncipe], Histórias do Meu Lugar [Martim Baginha], No Ar - Live Session [Papillon], Sabi na Sabura [Julinho KSD], 
Ninguém nos Vai Tirar o Sol [Joana Espadinha], Camomila [Luísa Sobral] e Cisma [We Sea]


🎥 VÍDEOS & PODCASTS
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Afonso Cruz Sobre Escrita
O podcast 10.000, do Público, é uma espécie de masterclass áudio, visto que cada episódio é direcionado para uma área em concreto. Assim, convidaram Afonso Cruz para conversarem sobre os labirintos da escrita literária. Aprendo sempre, portanto, não podia perder a oportunidade de apanhar boleia deste testemunho.


Uma pequena nota para partilhar a felicidade de ter Isto é Gozar com Quem Trabalha de volta.


✨ GRATIDÃO
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«Há tanto que mudou, mas vamos lá chegar»

Este mês, estou particularmente grata por ter estado com a minha melhor amiga, por ter visto o golaço do Sérgio Oliveira, por saber que a Carolina Deslandes, com o seu projeto Mulher, foi nomeada para um Grammy e por, num momento de despedida, ter tido o privilégio de ter visto Roda Bota Fora ao vivo, por duas vezes. Foi um projeto inovador, que merece todo o reconhecimento. Espero que esgotem todas as últimas datas da tour.


Como foi o vosso mês?

Fotografia da minha autoria



«Como é ser negro em Portugal no século XXI?»

Avisos de Conteúdo: Racismo, Preconceito, Segregação


A ficção, em determinadas circunstâncias, parece suplantar a realidade, já que há cenários tão surreais, que não podem passar de uma demonstração de criatividade narrativa. Afinal, em que lugar no mundo é que uma mulher só foi chamada para uma entrevista num banco porque não colocou a sua fotografia no currículo? Em Portugal, em pleno século XXI. Porque este é apenas um dos vários testemunhos, presentes no livro de Joana Gorjão Henriques, que evidencia a desigualdade de tratamento com pessoas de cor e a supremacia branca.

«Expor é um passo para se conseguir colocar a questão na agenda»

Racismo no País dos Brancos Costumes parte de uma série de reportagens publicadas no jornal Público, entre agosto e setembro de 2017, com o título Racismo à Portuguesa, cujo intuito principal é expor a forma como este conceito hostil se «incrustou na nossa sociedade». A jornalista portuguesa, consciente do seu privilégio, não pretende, ainda assim, falar por ninguém. Pelo contrário, procura apenas servir de plataforma «para um grupo heterogéneo que continua a ser alvo de discriminação a vários níveis», pelo poder do sistema.

«Só que da mesma maneira que não se pode afirmar que todos os negros 
são criminosos porque houve um negro que praticou um crime, não se pode considerar 
que o sistema reconhece e pune o racismo porque um procurador o fez»

Neste mito do não racismo, compactuamos com um silêncio violento, que condiciona o respeito e a dignidade equitativos. Porém, através de dados e mais de 80 entrevistas elucidativas do problema, somos confrontados pelo ódio, pela violência, pela dualidade de critérios e pela intransigência, como se houvesse seres humanos de primeira e seres humanos de segunda. E é desolador compreender que esta realidade permanece atual e tão próxima de nós. Apesar disso, acho importante fazer uma ressalva: Joana Gorjão Henriques não demoniza os portugueses. Simplesmente, mostra que é urgente agir e erradicar a inércia que paira na nossa sociedade.

«Sou português para os impostos, mas não para os plenos direitos»

Esta leitura revelou-se um autêntico murro no estômago, porque percorre inúmeros campos - desde a habitação ao ensino -, onde a injustiça é gritante. Portanto, sentindo o incómodo deste racismo estrutural, reforço a certeza do quanto continua a ser crucial abordar este assunto, até porque seria benéfico unir esforços para construir ferramentas de combate ao mesmo. Dividido em sete capítulos, não é um ensaio, nem elabora teorias. Acima de tudo, para além de partilhar informações pertinentes e desarmantes, alarga horizontes.

«Os efeitos do preconceito não se notam apenas nos processos 
de seleção, mas também em diversas interacções sociais»

Racismo no País dos Brancos Costumes é uma obra inquietante. Real. E extremamente necessária. Embora seja um pouco avessa a indicar livros de leitura obrigatória, creio que seríamos melhores cidadãos se abraçássemos este. Porque a mudança acontece quando reconhecemos o erro e o privilégio. E quando nos predispomos a lutar pelos direitos básicos do ser humano. Mas, para isso, temos de começar por dentro.

«Nasci portuguesa e ao longo da minha vida fui-me descobrindo negra»


Disponibilidade: Wook | Bertrand

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«(...) é mais estação de alma do que de natureza»


O outono é poesia. É o estado mais puro do processo de renovação - interna e externa -, porque abre os seus braços para acolher a mudança. Além disso, há algo de deslumbrante no seu traço melancólico, que nos incentiva a procurar aconchego em tudo aquilo que nos acrescenta. Atendendo a que, a par da Primavera, é a minha estação predileta, no ano transato, partilhei aqueles que considero serem os seus encantos. Para 2021, optei por combinar sugestões culturais que nos permitem abraçar o outono com todo o rigor e propriedade.

A lista seguinte pode não estar, diretamente, sintonizada com a época em si. No entanto, representa livros, filmes e séries que, para mim, têm muito daquilo que é a sua essência: o conforto e o facto de combinarem, na perfeição, com um programa descomplicado no sofá, com uma manta e uma bebida quente por perto.


LIVROS PARA ABRAÇAR O OUTONO


O Sol e as Suas Flores, Rupi Kaur
Estabelece uma ligação atenciosa entre palavras, mensagem e ilustrações, enquanto marca uma epifania, uma rutura e, posteriormente, uma mudança. Por consequência, parecem existir diversas vozes, de todas as componentes que habitam em nós. E há um grito: de revolta, de resistência, de resiliência. Esta obra lê-nos a alma, ensina-nos a perdoar e a valorizar a empatia. Através de poemas plurais e, acredito, intemporais, compreendemos que há sempre luz, colo e um porto de abrigo. Há amor. E uma caminhada vulnerável.

Capitães da Areia, Jorge Amado
É delicioso reler os detalhes que nos relembram que estamos perante crianças: por causa dos seus sonhos, dos seus medos e, inclusive, de alguma ingenuidade. E isso provoca no leitor uma vontade imensa de as proteger no seu abraço. Este livro não se poupa em aprendizagens. Algumas evidentes. Outras mais subtis. Porém, há uma que, a meu ver, se destaca: podemos nascer condicionados pelo meio, mas não ficamos predestinados à miséria. Podemos, sim, ser influenciados, mas nunca presos.

A Máquina de Fazer Espanhóis, Valter Hugo Mãe
É mais do que um livro sobre solidão, fraquezas - físicas e da alma - e ficar velho. É, acima de qualquer outro tema, sobre o profundo amor que habita no lado esquerdo do peito e que, apesar de já não ser correspondido, continua a despertar o melhor que há em nós. Questionando a morte, o regime Salazarista e a sabedoria adquirida, repensamos a forma como nos posicionamos no mundo. E percebemos que, embora a terceira idade pareça ser o fim da linha, temos sempre a oportunidade de inventar um espaço seguro.

A Sombra do Vento, Carlos Ruiz Zafón
Este romance termina da mesma forma que se inicia, demonstrando o quanto a nossa evolução é cíclica. Através do seu final com notas de esperança, e atendendo a que aborda um pouco de tudo - mistério, morte, política, sexo, amizade -, compreendemos que há obras nas quais tropeçamos e que nunca mais nos abandonam. Porque, neste elo tão umbilical, fazem morada no nosso peito, marcando-nos eternamente.

As Falsas Memórias de Manoel Luz, Marlene Ferraz
A história é feita de inúmeros traços marcantes. E faz-nos deambular pelos vários tipos de amor, no mesmo compasso em que nos ensina a necessidade de convivermos com quem nos amplie. Porque ser alto é ser lúcido e humilde. Apesar de nos tendermos a esquecer, a altura vem de dentro.



FILMES PARA ABRAÇAR O OUTONO


A Todos os Rapazes que Amei
A energia deste argumento é contagiante e cómica, mas não é por isso que não aborda temas de máxima importância. A começar pela necessidade de sermos honestos com os outros sobre os nossos sentimentos. Com um conceito original, a vida da protagonista vira-se do avesso e é fantástico acompanhar o seu crescimento. Há sempre muitas sensações para gerir, mas a inaptidão social cede espaço. E Lara Jean é a voz que muitas gostaríamos de ter tido - mesmo que ela nem sempre compreenda o seu impacto nos outros.

Orgulho e Preconceito
Tem uma crítica social clara. Através da ironia e da sátira, expõem-se a ganância, a ociosidade, a conveniência, o jogo de interesses, a hipocrisia. Num plano oposto, partilha também o peso dos sentimentos, a fragilidade humana e o papel da mulher - e os parâmetros a que tem que corresponder. Nesta dicotomia de status, é incrível como tendemos a ser arrogantes com o que nos deixa desconfortáveis social e sentimentalmente. Sinto que amadurecemos com as personagens. E que os nossos horizontes se expandem.

A Proposta
Já perdi a conta da quantidade de vezes que vi e revi este filme, mas a verdade é que nunca me canso. Pelo argumento e pelo elenco. O seu tom cómico proporciona-nos cenas memoráveis, mas que também nos alertam para questões pertinentes. E, depois, nunca resisto a uma história de amor peculiar.

Coco
Imaginam viver num ambiente em que a música é vista como uma maldição? Eu não. Portanto, senti a dor do pequeno Miguel. Mas se há algo que o nosso protagonista nos ensina é a lutar pelas nossas paixões. Nem que isso nos leve para um mundo muito particular. Inspirado no tradicional Festival do Dia dos Mortos, vamos celebrar aqueles que já partiram e desvendar um mistério familiar.

Chama-me Pelo Teu Nome
Um filme sobre a vida, o amor e a descoberta da sexualidade. Com uma carga emocional palpável, oscilamos pelo desejo, pela inocência e pelas inseguranças de um jovem de 17 anos, que começa a compreender a sua identidade. Apesar de ter gostado da picardia constante entre Elio e Oliver, foi a conversa que o pai de Elio teve com ele que mais me tocou, porque espelha aceitação e tudo aquilo que guardamos dos nossos.



SÉRIES PARA ABRAÇAR O OUTONO


Friends
Passei horas a ver crescer esta amizade. Ri, chorei, senti-me nostálgica e aprendi lições que guardo com todo o carinho. O seu lado proximal, que nos fez acompanhar todos os acontecimentos do quotidiano dos seis protagonistas, levou-nos a criar uma identificação especial, dando-nos a impressão de que poderíamos ser nós a viver cada uma daquelas situações - e, na realidade, não é uma sensação descabida. Rachel, Monica, Phoebe, Joey, Chandler e Ross marcaram gerações, tornando-se numa verdadeira família - entre eles e para quem viu a série. Com um cunho, aparentemente, leviano, pela forma como encaravam o rumo das suas vidas, rapidamente se percebe que o argumento tem consistência, reinventando o género cómico e apresentando um produto digno, original e memorável, que flui com naturalidade. E que tem pormenores inesquecíveis.

How I Met Your Mother
Quem não deseja encontrar o amor da sua vida, exercer o emprego que mais ambiciona ou viver uma aventura «legen... wait for it... dary. Legendary»? E se for entre amigos é ainda melhor! Através de flashbacks, introduzidos pelo famoso Ted Mosby, vamos ficar a conhecer todas as peripécias hilariantes pelas quais passou para encontrar a mulher dos seus sonhos. No entanto, o equilíbrio entre as personagens é o que sustenta todo o enredo, pois a história está longe de se centrar apenas no arquiteto. Com uma elevada dose de humor, não houve um único episódio que não me prendesse ao ecrã. E é a imprevisibilidade e as constantes reviravoltas que os tornam tão fascinantes. Para além disso, tal como acontece em F.R.I.E.N.D.S, vemos o elenco a amadurecer, a tornar-se mais coeso e a reforçar a amizade que partilham.

Castle
Um escritor de best-sellers e uma detetive de homicídios cruzam-se de uma forma particular e pouco amistosa, o que proporcionará momentos hilariantes. Sou apreciadora assumida de policiais puros, mas também não resisto àqueles que adicionam drama e comédia - com qualidade, claro. E sinto que Castle e Beckett, para além de se complementarem, equilibram bem os traços que os distinguem. Nunca faltam peripécias e situações de enorme tensão. E a colaboração entre o escritor e a Polícia de Nova Iorque vai muito para além do trabalho realizado na esquadra. É muito fácil relacionarmo-nos com o elenco e com os casos de cada episódio. Porque tudo é muito bem fundamentado. E agrada-me que as personalidades das personagens principais tenham tanto de cómico como de irónico, tanto de frágil como de força. E o lado sentimental cativa.

Sara
A obra é intensa, é crua, é vulnerável na dose certa. Manifesta a inabilidade, o vazio, a tentativa de perfeição e a constatação de que somos falíveis. Em simultâneo, sentimos a maldade, a mesquinhez, a crítica gratuita e infundada. E, de repente, tudo se resume a uma única condição: chorar. Como se tudo o resto não tivesse valor, como se o talento se desmoronasse sem esse fragmento. A caricatura é magnífica, bem como a ligação antagónica entre algumas personagens. A interpretação mordaz e ácida, de alguém sem papas na língua, abrilhanta a ação e torna-a muito mais poderosa. E é curioso como as situações - e as sensações - são levadas ao extremo, ao limite, mas sem perderem a graça e a leveza. Esse contraste atinge a genialidade.

Até Que a Vida nos Separe
As famílias unem-se na alegria, na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte se intrometa no caminho. Mas e quando é a vida a fazê-lo? Com várias histórias que se cruzam, acabamos a refletir sobre as inúmeras visões do amor. Privilegiando uma aura nostálgica e cómica, num equilíbrio perfeito, traduz humanidade.



Quais são as vossas sugestões culturais para abraçar o outono?

Fotografia pessoal



Tema: Saúde Mental

Avisos de Conteúdo: Depressão, Suicídio, Ansiedade, Preconceito


O conhecimento psicológico é vasto e complexo. Porque o ser humano é feito de emoções e identidades próprias. Por muito que um problema seja transversal, nunca será experienciado da mesma maneira. E a literatura tem a capacidade de nos providenciar um caminho de compreensão maior sobre o assunto, visto que cada escritor procura interpretar e dar voz a todos esses cenários. É por essa razão que nos conseguimos rever nesta multiplicidade narrativa, porque tem uma ponte para vários tipos de comportamentos e realidades.

«Quanto menos tiver, mais a minha liberdade está confinada»

A necessidade de intervir, nas obras literárias, tem sido uma prioridade, porque há um compromisso para auxiliar «pessoas em condições de sofrimento». No entanto, é percetível «a fraca disponibilização de acesso a serviços públicos» e, pior, «o estigma na procura de profissionais para os assuntos de saúde mental». Assim, com o intuito de quebrar essa barreira, a Ordem dos Psicólogos desafiou oito autores portugueses a explorarem «as fronteiras múltiplas e ténues que definem a saúde psicológica e o que dela nos afasta».

«(...) é difícil amar alguém que use a vida como quem constrói um poema»

Uma Dor Tão Desigual é, portanto, um livro de contos, que interliga a imaginação de Afonso Cruz, Dulce Maria Cardoso, Gonçalo M. Tavares, Joel Neto, Maria Teresa Horta, Nuno Camarneiro, Patrícia Reis e Richard Zimler com a campanha de sensibilização em vigor - Encontre Uma Saída. Através de estilos de escrita particulares - e inconfundíveis -, encontramos textos criativos, focados numa perturbação em específico, que nos consciencializam para a importância de estarmos atentos e de cuidarmos sempre da nossa saúde mental.

«Foi a primeira vez que se pronunciou nessa noite, uma frase com princípio, meio e fim»

A liberdade criativa ficou à responsabilidade de cada autor. Por isso, há patologias que não são simples de delimitar. Porém, esse é, também, um dos traços mais fascinantes do[s] enredo[s], pois atribui poder de análise aos leitores. Além disso, leva-nos a refletir sobre a pressão associada à depressão, à solidão e à demência, ao mesmo tempo que nos incentiva a desconstruir as margens que impedem a edificação de muros. Naturalmente, existem contos que nos marcam mais, mas cada um deles leva-nos numa viagem intimista pela perda, pelo delírio e pela esperança. Porque são relatos verosímeis, com histórias que poderiam ser nossas.

«(...) a fixá-la feição por feição, a fim de a resguardar 
para todo o sempre dentro do seu coração»

Uma Dor Tão Desigual é uma coletânea pertinente, centrando-se num tema ainda tabu. Funcionando como um alerta, incentiva-nos a reconhecer sinais e a pedir ajuda. Mesmo que o caminho permaneça longo, foi dado o mote para que se abram as portas destes «quartos escuros». Porque o preconceito não pode ser mais forte. E porque, tal como mencionou Telmo Mourinho Baptista, «não existe saúde total sem saúde mental».

«Acreditas realmente que as almas têm uma direção?»


// Disponibilidade //

Wook: eBook
Bertrand: eBook

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«Quem questionar o meu amor por ti
Tinha o corpo no lugar, mas a cabeça perdi
Parece que foi ontem que te pedi para casar
Mas tu estavas a cair e eu não quis ajudar

[...]

Tão pouco para falar, mas tanto por dizer
Mandaste-me calar e deixei de te ver

[...]

Dois terços do que sei
Cantei mas não falei
Pensei mas não falei
Tentei mas não falei

Porque é que eu não te ajudei
Porque eu não procurei
É que agora acordei 
E não tenho mais ninguém

Quando não há mais ninguém
Perco tudo o que sonhei
Se o silêncio é a lei
Sou dois terços do que sei»

Fotografia da minha autoria



... Organização!

[Eu entendo-me na minha desorganização. Naquele caos intencional - e quase poético - de ideias a fervilhar tanto, que necessitam de se materializar em papéis e objetos. No entanto, faço por manter o meu espaço cuidado, arrumado e funcional, porque é isso que faz sentido na minha rotina e predisposição. Ainda para mais, não vivo sozinha e é crucial respeitar áreas comuns. Assim, no que à organização diz respeito, gosto de escolher elementos decorativos que a privilegiem. Porque esse traço prático também me seduz. E, tendo em conta que a casa não é grande, são estes pequenos truques que a mantêm confortável, pois sou capaz de aproveitar cada espaço sem o atafulhar. Com a casa organizada, parece que tudo o resto vai fluindo melhor].

Fotografia da minha autoria



«A loucura é muito difícil de definir e é muito fácil de cair nela»

Avisos de Conteúdo: Violência, Suicídio, Alcoolismo, Abuso


As dinâmicas familiares são intrigantes, por tudo o que nos revelam e omitem em simultâneo. Além disso, tal como escreveu Tolstoi, em Anna Karenina, «as famílias felizes são todas iguais, as infelizes são-no cada uma à sua maneira», o que demonstra esse caráter dicotómico; esse caráter individual de elos que nos prendem às nossas raízes. E foi neste ambiente familiar que me estreei na obra de Rodrigo Guedes de Carvalho.

«Como se ao espelho, no escuro, munida apenas de uma lanterna 
pequena, apontasse para partes dentro de si que se complicavam»

Margarida Espantada apresenta uma escrita leve, bastante fluída, quase como se fosse uma pena. No entanto, o seu tom é inquietante, porque permanece a sensação de haver algo escondido nas entrelinhas. Crescendo de recantos obscuros das relações intra e interpessoais, foca-se em temas tão duros e pertinentes como a violência doméstica, a saúde mental, os abusos físicos e emocionais, os vícios e a ilusão das aparências. A narrativa parece que não nos pesa de imediato, porém, vai-nos sufocando, pois compreendemos o quanto é ténue a linha que separa a dor e o perdão - e a repetição de determinados comportamentos.

«Não é pelo ruído lá de fora. É pelo ruído que vai começar cá dentro»

O drama desta família torna-se ainda mais evidente pelo retrato intimista que o autor foi desenhando, no decorrer do enredo, transportando-nos para a infância dos quatro irmãos. Decifrando este tempo, percebemos, então, que existem vivências que os moldaram e que, por consequência, condicionaram a convivência entre eles. Assim, talvez seja justificável a amargura, o desespero, a luta oposta e os vínculos tão disfuncionais. Inclusive, sem esquecer o peso das convenções sociais, parece existir uma maldição a dizimar os Duval.

«(...) regressamos a um sítio e as memórias saem dos esconderijos»

A história tem, ainda, um apontamento catártico e uma mágoa que poderia ser a de qualquer um de nós. Com uma mão no passado e de olhar sobre o futuro, sentimos os acontecimentos a escalarem de um modo célere e intenso. E, além do mais, sentimos o impacto do efeito dominó, caindo num círculo vicioso de atitudes que se perpetuam de geração em geração, como se fosse impossível inverter essa sequência preconceituosa.

«E os seus grandes mistérios não são as terras por descobrir mas as pessoas»

Margarida Espantada movimenta-se num clima violento e camufla-se na ironia para estabelecer uma crítica à sociedade, que continua a ignorar o sofrimento alheio. Embora se foque na protagonista que lhe empresta o seu primeiro nome, também é um retrato da forma como os seus familiares a observam. Pautada por um realismo psicológico que nos desorganiza, é impressionante como há tanto que nos passa despercebido. E como há heranças que necessitamos de expiar, para que a nossa vida seja mais do que uma peça de um jogo.

«Ama, mas cuidado com o que amas»


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Fotografia da minha autoria



«Um convite ao saudável convívio»


O nosso jardim à beira-mar plantado tem paisagens de perder o fôlego. Tem lugares únicos, que nos deslumbram e nos convidam a regressar, para os descobrirmos com mais pormenor. E tem uma linguagem - falada e visual - que nos faz sentir dentro de um abraço. Porque, seja qual for o destino, estamos em casa.

Visitar Portugal de Norte a Sul é sempre especial. Porém, reconheço, fazê-lo numa altura de festas e romarias é mágico: não só porque ficamos a conhecer uma nova identidade do local, mas também por contactarmos com uma maior variedade gastronómica, tradicional e cultural. E não há espelho mais bonito da nossa história.

De todos os eventos disponíveis, já tive o privilégio de experienciar alguns deles. No entanto, ainda tenho muitos outros por descobrir. E a verdade é que sinto falta deste ambiente festivo, a transbordar animação. Por essa razão, criei uma lista de cinco Festas e Romarias que, quando voltar a ser possível, pretendo conhecer.


FESTA DAS CRUZES
📍 Barcelos, 3 de maio [tem a duração de, aproximadamente, 10 dias]


«A Festa das Cruzes é considerada a primeira 
grande romaria do Minho, num misto de cor, tradição 
e animação popular. É um dos mais importantes 
acontecimentos barcelenses».

ROMARIA DE NOSSA SENHORA D' AGONIA
📍 Viana do Castelo, agosto


«A Romaria d' Agonia junta-se à história da Igreja d' Agonia. 
A romaria é em honra da Nossa Senhora, nascida em 1722
da devoção dos homens do mar vindos da Galiza e de todo
o litoral português. É um abraço dos Vianenses a todos
os que os visitam».

FESTA DOS TABULEIROS
📍 Tomar, de 4 em 4 anos


«A Festa dos Tabuleiros tem origem no culto do Espírito 
Santo, mas nela vislumbram-se as origens remotas das antigas
festas das colheitas, seja pela profusão de flores, seja pela presença do pão e das espigas de trigo nos tabuleiros».

FESTA DAS FLORES
📍 Campo Maior, sem data definida


As Festas do Povo consistem na decoração das ruas de
Campo Maior com flores de papel e outros objetos em
cartão, feitos pelos residentes de cada rua. E são festas
que não se realizam ciclicamente.

FESTA DAS BRUXAS
📍 Montalegre, Sextas-feiras 13


A Festa das Bruxas tem a sua essências nos serões
tradicionais de Barroso, onde contos e estórias do arco
da velha preenchiam as longas noites de invernia. Parte
desta tradição oral liga-se à superstição e ao fantástico.

Já foram a alguma destas festas?

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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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