FEIRA DO LIVRO DO PORTO 2021

Fotografia da minha autoria



«Herborizar para resgatar o tempo»


O evento mais mágico e magnético do ano invadiu a cidade do Porto. Mais concretamente, os Jardins do Palácio de Cristal. E eu voltei a sentir que a época natalícia chegou mais cedo, até porque não resisto a complementar as estantes com novos autores e um plano narrativo infinito. Interligando literatura, cultura e diversidade, a Feira do Livro tem uma atmosfera que aconchega. Um ritmo frenético. E olhares que revelam um profundo amor a esta arte. Talvez seja esse o motivo que me permite ter a sensação de estar sempre em casa.



 EDIÇÃO 2021 

Com início a 27 de agosto e fim a 12 de setembro, a personalidade homenageada é Júlio Dinis, «o mais esquecido dos escritores portugueses conhecidos». E celebrá-lo tinha todo o sentido: não só pela qualidade da sua escrita [ainda não me aventurei], mas também por ser reconhecido que a Invicta tem «lugar cimeiro em inúmeros textos que publicou». Portanto, deliniou-se uma simbiose perfeita para evocar esta revisitação.

Em simultâneo, face ao período conturbado que sentimos na pele, tornou-se evidente que os livros «foram pontos de ancoragem», confortando-nos e estimulando a nossa esperança. Assim, o mote para a edição de 2021 foi o conceito Herborizar, que é uma prática que «responde à necessidade de estudar, reconhecer e classificar as espécies do mundo vegetal». Neste caso, construindo uma ponte semântica, o objetivo era «preservar uma memória». Atendendo a que o autor fez um herbário na Ilha da Madeira, com o intuito «de se curar da tuberculose de que padecia», estreitamos laços para, através das plantas, exaltarmos o seu legado.

Abrindo a porta aos romantismos, a organização estruturou um programa multidisciplinar, privilegiando conversas, oficinas, música, cinema, exposições e lições, com várias atividades pensadas para toda a família.



 ORGANIZAÇÃO 

À semelhança do edição anterior, a Feira do Livro do Porto aplicou um plano de contingência «orientado para a prevenção e mitigação dos riscos associados à Covid-19». A grande diferença é que, este ano, o recinto tem uma lotação máxima de 1000 pessoas [em 2020, era de 3500], o que garante uma circulação mais segura.

Em traços gerais, o uso de máscara é obrigatório, devemos caminhar sempre pela direita, respeitar o número máximo de visitantes em cada stand, privilegiar o pagamento por multibanco e, naturalmente, manter a distância. Uma vez que as medidas de segurança não se limitam ao espaço exterior, definiram-se regras de acesso aos pavilhões e para as interações comerciais/sociais. Por isso, ainda que gratuitas, algumas atividades/sessões só podem ser frequentadas mediante inscrição ou através do levantamento de bilhetes.

Com vários pontos de higienização e uma equipa atenta, não tenho qualquer crítica negativa a apontar.



 PROGRAMA & STANDS 

A minha presença neste festival literário é feita para garantir duas componentes centrais: o revisitar de um dos meus lugares favoritos na cidade e a aquisição de livros que permanecem na minha lista de desejos. Aliando o melhor de dois mundos, também procuro usufruir do programa cultural que tantas ofertas interessantes nos potencia. Este ano não me foi possível comparecer, porém, houve sugestões que me interessaram bastante.

⚓ A abertura da Biblioteca Popular de Pedro Ivo;
⚓ Porto Literário «Trocado Por Miúdos»;
⚓ O Vício dos Livros [conversa entre Afonso Cruz e Tito Couto];
⚓ Dulce Maria Cardoso [encontro entre escritores, cronistas e comunicadores];
⚓ Contra Mim [Valter Hugo Mãe conversa com Rui Couceiro].

Quanto aos stands, gosto sempre de dar uma vista de olhos por todos, mas a verdade é que é a Livraria Flâneur que fica sempre com o meu coração - e as minhas poupanças. Não só por ter um catálogo maravilhoso, mas também pela simpatia do casal que dá forma a este projeto. Este ano, não foi exceção, mas também passei pela Poetria, que me cativou pela diversidade, pela amabilidade dos livreiros e pela sua editora, a Fresca, que se dedica à publicação de novos escritores, proporcionando-lhes uma plataforma de ascensão - com paragens mais pontuais, também fui à Relógio D' Água, à Antígona, à Dom Quixote e à Tinta da China.



 PLANO & COMPRAS 

A minha missão era aproveitar alguns livros do dia, com um preço mais simpático. Portanto, com a lista disponível no site da Feira do Livro, anotei as oportunidades que não queria mesmo perder e quais aquelas que, não sendo prioritárias, também não eram logo descartadas [dependeriam da minha disponibilidade temporal]. Pelo meio, claro que aproveitei para adquirir títulos que já ambicionava e arriscar em novos autores.

No total, tenho 18 novos habitantes para as minhas estantes

1. O Fulgor Instável das Magnólias, Ivone Mendes da Silva;
2. Se o Disseres na Montanha, James Baldwin;
3. Par de Olhos, Inês Morão Dias;
4. O Monte dos Vendavais, Emily Brontë;
5. O Homem Que Confundiu a Mulher Com Um Chapéu, Oliver Sacks;
6. Deixem Passar o Homem Invisível, Rui Cardoso Martins;
7. Gente Melancolicamente Louca, Teresa Veiga;
8. Eliete, Dulce Maria Cardoso.


9. Merda Para as Musas, João Coles;
10. Não Serei Eu Mulher?, Bell Hooks.


11. O Livro do Ano, Afonso Cruz;
12. Feminismo de A a Ser, Lúcia Vicente;
13. Balada Para Sophie, Filipe Melo & Juan Cavia.


14. Rasura, Maria Brás Ferreira;
15. Pão de Açúcar, Afonso Reis Cabral;
16. Novas Cartas Portuguesas, Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta & Maria Velho da Costa;
17. O Apocalipse dos Trabalhadores, Valter Hugo Mãe;
18. Águas Passadas, João Tordo.


A Feira do Livro do Porto só termina domingo, porém, penso que já fiz a despedida. E bastante satisfeita com o evento em si e por abraçar uma infinidade de histórias que chegam para nos ajudarem a voar. Até para o ano ♥

Comentários

  1. Feira dos Livros é sempre uma oportunidade para adquirir livros mais baratos e que já saíram das livrarias.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. Sim, é verdade, também é uma ótima oportunidade para isso :)
      Obrigada e igualmente!

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  2. Este ano não fui à Feira do livro, porque o José Luís Peixoto não está presente, com muita pena minha. Confesso que era o motivo principal de lá ir, tenho pena de não poder ir à de Lisboa para assistir à apresentação do Almoço de Domingo com o Rui Nabeiro. O JLP está a marcar algumas apresentações, espero que uma delas seja em Chaves :)

    Beijinho grande, minha querida!

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  3. Que saudades da Feira do Livro <3 A ultima vez que fui, foi tambem a ultima realizar-se nos Aliados... mas concordo que faz muito mais sentido num sitio tao magico quanto os Jardins do Palacio de Cristal, que me diz tanto <3 <3 <3 Adorei as tuas compras, e eu, no teu lugar tambem me teria perdido assim ou muito mais :) Mas é por um bom motivo :) Quero muito esses dois do VHM e os 11, 12 e 13, alias quero todas as tuas escolhas, por favor e ja agora o saco que é lindo <3
    Por aqui comprei um livro dos 5, esta nova saga adequada aos tempos modernos está soberba :)
    O que seria de nos sem livros? Sinto-me verdadeiramente viva no meio deles :)

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    1. Nos Aliados também era encantadora, mas acho que este evento combina ainda melhor com os Jardins do Palácio de Cristal *-*
      Chega a esta altura e, confesso, não tenho controlo. É mesmo difícil resistir ahahah
      O do Valter Hugo Mãe ainda vou demorar a ler [porque vou reservá-lo para a edição do ano que vem do Alma Lusitana], mas estou muito curiosa!
      Parece-me interessante :D
      Serias mais incompletos!

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  4. Pelos títulos imagino serem todos bons livros de ler. Não li o livro mas vi o filme: "" O Monte dos Vendavais ""
    .
    Cumprimentos poéticos
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Da lista, já tive a oportunidade de ler Balada Para Sophie e amei *-*
      Também vou querer ver o filme

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  5. Que sim é sempre bom haver enventos assim, essa feira deve ser boa para comprar o que não encontramos perto de onde vivemos
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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    1. Vale imenso a pena: pelo passeio, pelas atividades culturais e, claro, pelos livros :)

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  6. Confesso que este ano ainda não fui, e por algum motivo não me estou a sentir com o animo de anos anteriores!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

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  7. Fui pela primeira vez este ano à feira do livro em Lisboa e é uma experiência realmente fantástica. Eu não sabia bem como era mas é surreal mesmo!
    Só comprei dois livros consegui controlar-me muito bem, mas aqueles que comprei foram dois que já queria há muito tempo e um deles era o livro do dia, portanto teve um desconto espetacular!
    No dia em que eu fui estava um bocadinho caótico, foi no sábado à tarde, mas mesmo assim dava para circular mas não tão livremente. Acho que a feira do Livro em Lisboa é no Porto não funciona da mesma forma porque não me lembro de existir nenhum tema, mas se calhar fui eu que não notei...
    Adorei as tuas escolhas há muitas que também estão na minha lista!!

    Beijinhos,


    Catarina Cardeira

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    1. É verdade, parece que entramos num mundo completamente novo!
      Nunca fui à de Lisboa, mas espero, um dia, ter essa experiência.
      Isso é que foi auto controlo, tens de me ensinar o truque ahahah mas é tão bom quando encontramos aqueles livros que já queríamos há tanto tempo.
      Sim, são diferentes, até porque também não são organizadas pela mesma entidade

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  8. Visitei a de Lisboa meio à pressa (e ainda apanhei molha), mas apesar de estar bem organizada não reparei na lotação de pessoas, pelo menos estava "ao barrote" e era impossível manter distância.
    Quanto à higienização das mãos havia vários pontos para isso mesmo, ainda que as bancas muitas vezes estivessem apinhadas no interior.
    Para o ano, se Deus quiser, há mais!

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    1. Também já parte do bom senso de cada pessoa.
      Sim, venha ela :D

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  9. A feira do livro deve ser uma perdição para ti!

    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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