30 ANTES DOS 30 ◾ RIO DAS FLORES

Fotografia da minha autoria



«No final sobrevivem os que não se desviaram do seu caminho»

Avisos de Conteúdo: Abuso Animal, Referência a Suicídio, 
Preconceito, Cenas/Linguagem Explícitas


A natureza do ser humano fascina-me na mesma proporção que me intriga, sobretudo, quando há vínculos familiares como plano de fundo. E, ainda, quando nos centramos na educação e no contexto: porque, sendo ambos semelhantes para os intervenientes, não deixa de ser curioso como as pessoas divergem nas suas ideologias e nos seus valores, tal como os protagonistas deste romance histórico de Miguel Sousa Tavares.


HISTÓRIA E ROMANCE

Rio das Flores transporta-nos para três cenários específicos - Alentejo, Espanha e Brasil -, ao longo de trinta anos da história do século XX, «marcados por ditaduras e confrontos sangrentos». Assim, acompanhando a saga da família dos Ribera Flores, o autor traça, então, um paralelismo com a história de Portugal e do mundo.

«Se me bato por alguma coisa, ainda que confusa, é por viver num país 
que seja livre e onde os meus filhos possam crescer em liberdade»

A simbiose entre o enquadramento histórico e o enquadramento romântico é admirável e desarma-nos, já que é bastante natural o desenlace e a participação ativa nos momentos descritos. Seguindo as pisadas de três gerações unidas pela terra e pelas tradições, mas tão distintas nas suas visões políticas e morais, entendemos que cada um procura o seu lugar; que cada um tenta, à sua maneira, lutar por aquilo em que acredita.

«Mas falta-me horizonte, percebes?»

O contraste entre o «que viram nascer» e o desconhecido, o clima de tensão, a relação antagónica entre os dois irmãos e o impacto dos desamores pauta esta narrativa. No entanto, para mim, são mesmo os percursos de Pedro e Diogo que marcam toda a sua energia, até porque espelham várias emoções e problemas. Além disso, levantam dúvidas e provam que, muitas vezes, o preço das nossas decisões é demasiado elevado.

«Quem nunca sofreu por amor nunca aprenderá a amar. Amar é o terror 
de perder o outro, é o medo do silêncio e do quarto deserto, de tudo o que se pensa 
sem poder falar, do que se murmura a sós sem ter a quem dizer em voz alta»

Rio das Flores opõe os princípios do Estado Novo e a procura constante por liberdade, e destaca o ódio que fala mais alto. Talvez este livro nos incentive a um exercício de empatia, reconhecendo que os seres humanos não são exclusivamente bons ou maus, mas que é crucial sabermos em que lado nos queremos posicionar.


Disponibilidade: Wook | Bertrand

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20 Comments

  1. Tenho muita curiosidade em relação à obra do Miguel Sousa Tavares. Só li dois livros. Vou levar a sugestão.

    Beijinho grande, minha querida!

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    1. É mesmo, Francisco. O autor tem uma escrita fascinante
      Obrigada e igualmente

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  3. Hum, parece ser mais uma boa sugestão para conhecer
    Se não me engano nunca tinha ouvido falar desse livro
    Beijinhos
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  4. Muito tempo estive ausente,
    estou voltando devagarinho
    desejo para si como sempre
    paz, muita saúde e carinho!

    Boa semana Andreia, gostei do que aqui li.

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    1. É bom sabe-lo de volta, Edumanes. Espero que se encontre bem

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  5. Acredito que seja um livro com uma narrativa fascinante de ler
    .
    Feliz semana… abraço poético
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Sou suspeita, mas considero que sim :)
      Obrigada e igualmente

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  6. Tenho alguma curiosidade para ler este livro 💛 Tily

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  7. É um livro com uma leitura boa, confesso que fiquei bastante curiosa pelo livro, Andreia bjs.

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    1. Gosto muito da sua escrita e da forma como constrói as narrativas

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  9. Quando li o livro dele o ano passado fiquei surpresa, não pensei gostar tanto. Vale a pena conhecer a sua escrita e a sua criatividade literária.

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    1. Tenho gostado imenso do que tenho lido dele. A escrita é fabulosa *-*

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