Entre Margens

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«A vida é feita de momentos colecionáveis»


Janeiro manteve-me de coração inquieto, porque, quando os nossos não estão a cem porcento, nós também não conseguimos ser verdadeiramente funcionais. Tentamos, já que a vida não entra em suspenso, mas há sempre ali um salto sem rede que nos faz saltar uma batida. Ainda assim, foi um mês de apontamentos bonitos, com muitos planos de escrita e leituras, com ofertas comoventes e com um regresso ao teatro.

Querido janeiro, demoraste uma vida a passar, podemos seguir viagem.


       MOMENTOS       

O mês começou com um misto de ronha e de vontade de iniciar novos capítulos. Por isso, graças ao Spotify, criei uma playlist para o futuro. Depois, também criei uma playlist para os livros que for lendo, este ano.

Autores Lusófonos
A Estante da Nara, em janeiro, comprometeu-se a fazer uma publicação diária a promover alguns dos nossos autores, convidando algumas pessoas para a acompanharem nesta iniciativa. E foi com o maior gosto que aceitei o desafio de falar um pouco sobre A Vida Oculta das Coisas, de Cláudia Cruz Santos. Vejam aqui.

Nem a Ponta do Mindinho
Quero dedicar um texto mais completo a este espetáculo, mas tinha de o mencionar nesta retrospetiva, porque adorei voltar ao Sá da Bandeira para ver a Inês Aires Pereira e a Raquel Tillo. Confesso que não sabia bem o que esperar, mas achei o conceito extraordinário. Sinto que estive o tempo todo a rir, elas são incríveis.

Receber Livros
A Rita da Nova lançou o seu primeiro livro de ficção e eu fiquei mesmo feliz com esta conquista, porque acredito que escreve muito bem e que tem várias coisas para dizer ao mundo. Portanto, imaginem a minha comoção, quando me perguntou se queria receber um dos exemplares, durante o período de pré-venda. É um voto de confiança e de generosidade que nunca esquecerei. Como se este gesto não fosse suficiente para me desarmar, a Ana Gil Campos também me surpreendeu com o envio de um livro seu. Não vos mereço!

      

      

      

      

Outros apontamentos bonitos do mês: o presente do meu amigo secreto, conhecer as músicas do Festival da Canção, todas as horas de escrita e o Porto conquistar a Taça da Liga (finalmente, quebramos o enguiço).


       LEITURAS       

📖 Os Vampiros, Filipe Melo & Juan Cavia
Alma Lusitana

📖 Comer / Beber, Filipe Melo & Juan Cavia
Alma Lusitana

📖 Racismo em Português, Joana Gorjão Henriques
Alma Lusitana

📖 A Cidade das Mulheres, Elizabeth Gilbert
Clube do Livra-te

📖 A Liberdade é Uma Luta Constante, Angela Davis
Clube Leituras Descomplicadas


Outras leituras do mês: A Recolha de Morel (Afonso Cruz), O Último Voo do Flamingo (Mia Couto), A Filha Rebelde (José Pedro Castanheira & Valdemar Cruz) e Este Ano Escrevo Um Livro (Agência das Letras).


    FILMES, SÉRIES E PODCASTS    

Janeiro ficou marcado por três regressos muito aguardados: Mentes Criminosas, Tabu e Vale Tudo.

O Crime do Padre Amaro
A obra homónima de Eça de Queiroz já teve inúmeras adaptações, por isso, sinto que o maior desafio para esta nova aposta da RTP será mesmo encontrar uma nova abordagem que a torne original. Para além de um elenco de luxo, e consciente que vi poucos episódios para fazer uma avaliação ampla e justa, sinto que conseguirão fazer isso mesmo, porque existe «um olhar [bastante] crítico sobre a sociedade e [sobretudo] sobre a Igreja, em Portugal». Transportando-nos para Leiria, no século XIX, espera-nos uma luta constante entre fé, valores e um lado humano vulnerável, na qual imperam dúvidas, desejo, sedução e amor.

Podcasts
🎤 Terapia de Casal #160, que tem a energia caótica indicada para abraçarmos uma nova semana;
🎤 Menina Alzira, que junta José Luís Peixoto e a sua mãe para uma série de conversas ternurentas;
🎤 O Coração Ainda Bate, com as crónicas fascinantes de Inês Meneses.


       À MESA       

Neste segmento, tenho três destaques para fazer:

🍴 Os chocolates Dark Sublime, com quatro variantes, que são uma autêntica perdição;
🍴 Papas de Sarrabulho, que já não me lembrava de comer, mas que adoro;
🍴 Taças de Aveia e Manteiga de Amendoim, uma receita nova que já me conquistou.



       ENTRE LINHAS       

O meu telemóvel já não estava muito funcional, por isso, tive necessidade de investir num novo (e, mesmo assim, adiei o máximo). Mantive-me no mundo dos Samsung, por estar habituada, mas, desta vez, optei pelo A33 - embora não seja a maior entendida no assunto, pareceu-me ter a melhor relação qualidade-preço, face ao que estava disposta a gastar. O tempo de uso ainda não é elevado, mas estou bastante satisfeita.

Newsletter Martim Mariano
Uma das newsletters que recebo, no e-mail do blogue, é a do Martim Mariano, porque acho interessante a forma como comunica com os leitores e os temas que aborda. E adorei um dos seus envios mais recentes, porque alertou para a escrita com simplicidade. Por vezes, queremos mostrar-nos tão cultos, que tornamos os nossos textos ausentes de identidade, portanto, é bom ter estes lembretes, que melhoram a mensagem.

Almanaque Sincero
Almanaque Sincero é a newsletter semanal de Guilherme Fonseca, Pedro Durão e Duarte Correia da Silva. Todas as terças-feiras, receberemos um e-mail com três textos, de 250 palavras cada. Os temas poderão ser sobre tudo e mais um par de botas, dependendo do foco dos respetivos autores. Para ficarem com uma amostra daquilo que é [ou pode ser] este Almanaque, convido-vos a lerem a primeira representação aqui. O tom descontraído e humorístico - ou não fosse essa a área deles - dá logo uma energia diferente ao dia.


       JUKEBOX       

Top 5 de favoritas 
🎧 Pé Descalço (Domingues);
🎧 Nome de Mulher (Stereossauro, Ana Magalhães e Ricardo Gordo);
🎧 A Festa (Edmundo Inácio);
🎧 Flowers (Miley Cyrus);
🎧 Nasci Maria (Cláudia Pascoal).


Álbuns: 
Vida Antiga (Tomás Wallenstein), Horta da Luz (Falso Nove) e Princípio, Meio e Princípio (Diana Castro)


       GRATIDÃO       

«A expectativa de recomeçar»

Janeiro reservou-me dois pontos de gratidão: o mais importante de todos, saber que o meu pai continua a recuperar; de seguida, a confiança entrelaçada à oferta dos dois livros que chegaram cá a casa.

Como correu o vosso mês?

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A banda sonora de uma viagem literária


O meu percurso literário, em 2023, terá uma nota diferente, porque associarei uma música a cada livro. Assim, nasceu a Estante Cápsula Jukebox, uma playlist que será atualizada sempre que terminar uma nova leitura.

A combinação poderá ser feita de várias maneiras: pelo título, pela dinâmica da história, por um detalhe em particular, por ser mencionada no enredo, entre outros. Portanto, todos os meses partilharei o motivo que sustentou a minha escolha, complementando a narrativa. Para janeiro, a banda sonora tem nove canções.


OS VAMPIROS, FILIPE MELO & JUAN CAVIA
Os Vampiros, Zeca Afonso: Não só pelo título e por ter sido uma fonte de inspiração para a obra citada, mas também por transmitir a sua mensagem em perfeita simbiose.


RACISMO EM PORTUGUÊS, JOANA GORJÃO HENRIQUES
Esquinas, Dino d'Santiago & Slow J: Pensei logo neste tema por causa do verso «nossos corpos também são pátria», uma vez que grita o respeito racial que deveria ser um direito e não uma luta constante.


COMER / BEBER, FILIPE MELO & JUAN CAVIA
Memória, Ana Bacalhau: Os dois contos do livro são unidos pelas memórias que a comida e a bebida conseguem preservar, por isso, senti que esta música o acompanhava muito bem.


A CIDADE DAS MULHERES, ELIZABETH GILBERT
You're On Your Own, Kid, Taylor Swift: Confesso que esta escolha não foi tão óbvia. Primeiro, pensei na Welcome to New York, porque um dos locais mencionados na história é, precisamente, Nova Iorque, que tem grande importância para a protagonista. Mas, depois, senti que esta encaixava melhor, porque, apesar de tudo o que lhe aconteceu, apesar dos laços que foi estreitando, a verdade é que Vivian dependeu sempre dela.


ENCICLOPÉDIA DA HISTÓRIA UNIVERSAL: 
A RECOLHA DE MOREL, AFONSO CRUZ
Dandelions, Ruth B.: As narrativas que encontramos nestes volumes fazem-me sempre pensar em dentes-de-leão, porque, em frases curtas, tal como um sopro, dividem-se em infinitos fragmentos. Nestas histórias, em particular, que nos encaminham por inúmeras encruzilhadas, factos e burlas, senti-me a viajar à boleia de cada um desses fragmentos, que, depois, pousam em terreno fértil e permitem que tantos outros floresçam.


A LIBERDADE É UMA LUTA CONSTANTE, ANGELA DAVIS
Freedom Is a Constant Struggle, Barbara Dane & The Chambers Brothers: Uma escolha literal, até porque é mencionada no livro. O ritmo demorou a conquistar-me, tenho de admitir, pois parece mais uma oração, no entanto, é a melhor representação da mensagem desta obra.


O ÚLTIMO VOO DO FLAMINGO, MIA COUTO
Bloco Novo, Omar Sosa & Tiganá Santana: Estava difícil encontrar a canção desta leitura, por isso, resolvi seguir uma via alternativa. Foi assim que cheguei ao nome de Omar Sosa, responsável pela trilha sonora da adaptação cinematográfica. Embora este tema não seja contemplado na mesma, até porque é muito mais recente, senti que encaixava na perfeição: 1) pela melodia ancestral, mais espiritual, tão adequada à escrita de Mia Couto; 2) por mencionar dificuldades e pobreza, problemas também referidos no livro.


A FILHA REBELDE, 
JOSÉ PEDRO CASTANHEIRA & VALDEMAR CRUZ
Havana Son, Alexander Wilson & Davide Giovannini: Estive indecisa entre esta música e a Como Fué, por ser o tema de abertura da série Cuba Libre, adaptada a partir desta obra. No entanto, fiquei-me pela primeira opção, porque achei que o ritmo combinava melhor com a personalidade de Annie e com o seu percurso: tão revolucionário, tão audaz, tão sedutor.


ESTE ANO ESCREVO UM LIVRO, AGÊNCIA DAS LETRAS
Livros, Caetano Veloso: Para um exemplar que tem como principal foco a escrita de um livro, é claro que a música só poderia ser sobre o mesmo tema. Confesso que não me estava a recordar desta, mas, assim que a escutei, percebi que não precisava de procurar mais.

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«(...) a expectativa de recomeçar a sua vida»


A lista das séries que vejo já foi extensa. Hoje, está mais reduzida, porém, não recuso abraçar novas narrativas que me pareçam apelativas o suficiente para as incluir na minha rotina semanal. Depois de alguns lançamentos que não me convenceram, Alaska Daily, uma das mais recentes apostas da Fox Life, prendeu-me ao ecrã.


SINOPSE

Eileen Fitzgerald é uma jornalista de investigação implacável e cheia de talento, mas vê-se envolvida numa polémica que a descredibiliza e, além disso, que a obriga a reestruturar toda a sua vida. É no meio desse caos que, perante a proposta de um antigo chefe, deixa Nova Iorque e se muda para Anchorage, com o intuito de não só começar a trabalhar no jornal local, como também de se dedicar a uma história bastante particular.


A HISTÓRIA

A premissa pode não revelar uma centelha de originalidade, mas é a história central que traz um novo vigor ao conteúdo audiovisual, uma vez que Eileen e Roz Friendly (sua colega de redação) combinarão esforços para investigar o caso de mulheres indígenas desaparecidas e mortas no Alaska, caso esse que aparenta não ter qualquer interesse para a polícia. Roz, por pertencer à comunidade indígena local, tem uma propriedade particular em relação a esta tragédia, portanto, torna-se fascinante acompanhar a dinâmica entre ambas.

O momento em que Fitzgerald é apresentada à equipa não é pacífico e isento de desconfiança, mas um aspeto que me conquistou de imediato foi a ausência de sobranceria. Quer dizer, a jornalista tem plena consciência do seu valor e não o esconde, mas não procura elevar-se. Embora prefira trabalhar a solo, compreenderá que é na relação com os outros que poderá construir melhores alicerces para se reerguer e chegar mais longe.

Outros artigos serão escritos em simultâneo, mas a morte de mulheres indígenas esconde um submundo perverso, do qual ainda sabemos muito pouco. É, assim, neste ponto que se evidencia o quanto o bom jornalismo é necessário, porque dá voz a quem tenta manter-se oculto [por medo ou intencionalmente] e porque, contra todas as circunstâncias, procuram descobrir e repor a verdade - apesar das consequências.

O sucesso tem sempre um preço, assim como mexer nos destroços. Com várias camadas e focos cruciais, que passam por questões de ansiedade, corrupção, obsessão, racismo e intolerância, Alaska Daily escalou para o topo das minhas séries favoritas. E creio que o seu desfecho tem tudo para me surpreender ainda mais.

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«Angola ficou lá. Escondida, desconhecida»

Avisos de Conteúdo: Linguagem e Cenas Explícitas, Morte, Homicídio


A minha visita à Fonte de Letras, em agosto do ano passado, materializou-se na compra de um livro [e de um saco de pano alusivo à livraria], porque seria impossível voltar para casa sem uma recordação desta natureza. Deste modo, optei por arriscar numa autora que desconhecia, mas que tem raízes portuenses: Dora Fonte.


UMA LONGA E DESUMANA CAMINHADA

O Rapto é o espelho de uma tragédia divida em duas frentes: a guerra angolana, que ecoava com impacto, e o ataque da UNITA em Sumbe, que fez com que a autora, o seu marido e os restantes moradores do prédio onde ficaram alojados fossem feitos prisioneiros e embarcassem numa realidade surreal e difícil de esquecer.

«Mas nós ansiávamos ir. A nossa vida estava parada, queríamos trabalhar, conhecer 
a cidade, os nossos alunos, os nossos colegas, a nossa rua, a nossa casa. O Sumbe»

O casal partiu de Portugal com o intuito de cooperar no ensino, mas viu-se envolvido em algo muito mais complexo. Ao que tudo indica, eram os únicos professores voluntários destacados para esta zona que há muito estava a ser observada pela UNITA. Após o ataque, «fizeram uma longa caminhada, durante três meses», desde a costa até Jamba. Como se esta circunstância não fosse angustiante o suficiente, ainda lhes foi reservada uma espera de mais três meses. Ou seja, meio ano sem notícias, sem qualquer nota de esperança.

«A imagem do terror estampava-se-lhes nos olhos»

O clima de desconfiança foi-se sobrepondo, adensando o pânico, as perdas e a carência. Sem conhecer os contornos deste enredo, fui surpreendida pela dureza e pelo desgaste do relato. Por um lado, é impressionante a desumanidade desta extensa jornada, por outro, ainda que isso não valide a tortura invisível de inocentes, acabamos por compreender o propósito; acabamos por perceber que há uma tentativa de lutar por igualdade.

«O medo enfiava-se-me na pele, nas entranhas, transformava-se em pânico»

Marcada por vivências desesperantes, nas quais é inevitável que se perca a fé no futuro, esta narrativa mostra, também, uma força de espírito inspiradora. Contado na primeira pessoa, O Rapto deixa-nos mais perto de sentir a realidade de cada um dos rostos que fez parte deste pesadelo, «em cativeiro, até à libertação».


Disponibilidade: Wook | Bertrand

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Uma viagem literária para descobrirmos os nossos autores


O Alma Lusitana, em fevereiro, tinha bilhete para partir à descoberta das histórias de Catarina Costa e de Nelson Nunes. Esse destino não se inverteu, mas contarão com a presença de uma autora extra: Rita da Nova, cujo primeiro livro a solo sairá no mês em questão. Estou com expectativas elevadas para estas leituras.


CATARINA COSTA

Nasceu em Coimbra, em 1985, e é nesta cidade que continua a residir e a trabalhar. Para além de Periferia, narrativa que escolhi para este contacto inicial, tem mais oito livros publicados, entre prosa e poesia.

      

Dos Espaços Confinados: «Não deixa de ser notável que a autora consiga de um modo tão eficaz ligar ruas, espaços, escadas, janelas, soleiras, vultos esquivos que se movem à noite, envoltos em halos de luz, mas com o aviso do tempo sempre presente, fustigado em cada criação poética. Tempo e luz, acção e claridade apresentam-se quase sempre, na poesia de Catarina Costa, como uma dialéctica necessária ao poema».

A Ração da Noite: «Poemas há que foram escritos como rações calibradas ao miligrama e que não são mais do que o indispensável à sobrevivência da carne desamparada. Assim deverão ser lidos os poemas d’ A ração da Noite, fármacos depurados para uma fome que os alimentos da terra não saciam».

Essas Alegrias Violentas: «Essas Alegrias Violentas é um lugar onde a alegria contém em si o gérmen de uma violência que não mata mas conflagra. Aqueles que buscam essa alegria intensa não querem perder o matiz de nenhuma conflagração».


   

O Vale da Estranheza: «No vale da estranheza vamos deparar-nos com aquilo que não coincide consigo mesmo, é dúplice e está desfocado. Vamos encontrar todos esses seres sem encaixe: marionetas de gestos incertos, marionetistas na sombra, pessoas que não sabem domar as suas próprias personagens, criaturas no limiar da humanidade. Tão próximo de nós, um robô vai-se parecendo humano até ao ponto em que as parecenças se tornam monstruosas e tudo se torna demasiado estranho».

Periferia: «A vida de uma mulher num universo totalitário. Um romance tocado por uma tristeza tépida e quase doce, cheio de silêncios, distância, murmúrios… e suspense. Ninguém sabe localizar a Periferia, nem dizer de que lugar ela traça o limite. Mas é para lá, para essa orla de um lugar desconhecido, que estão a ser enviados os Pacientes que habitam a cidade, descendentes das cobaias da Experiência. Na Periferia, o ar é mais puro, dizem, e os Pacientes têm uma constituição mais frágil, carecem de cuidados especiais. Mas nem todos aceitam ir. Uma Paciente permanece clandestina na cidade, contando com a ajuda de uma outra habitante. Deambula aleatoriamente pelas ruas todos os dias, de manhã à noite, misturada na multidão, tentando passar despercebida e evitando ostentar algum sinal, expressão ou gesto que a denuncie. Os acontecimentos, porém, vão impedi-la de continuar no coração da cidade como perpétua foragida. A sua fuga toma a direcção dos arrabaldes e de zonas mais periféricas, novos territórios onde encontrará outros modos de sobrevivência».

Outras obras: Marcas de Urze, Síndrome de Estocolmo, Chiaroscuro e Analema


NELSON NUNES

É escritor, jornalista e trabalha há dez anos na área da comunicação. No seu percurso profissional, a título de exemplo, foi jornalista na revista Focus, produtor na Rádio Renascença e assessor do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol. No currículo literário, já conta com vários livros de não ficção e dois romances.

      

Um Dia Não São Dias: «O drama de dois homens confrontados com as suas próprias fraquezas leva-nos à vida quotidiana do seu dia comum, que, no fundo, poderia ilustrar toda uma vida. Acossados pela desgraça do desemprego, estes são seres humanos que poderiam ser, na verdade, qualquer um de nós. Um Dia Não São Dias mostra-nos as fragilidades da Humanidade ao longo de uma narrativa fluída, demonstrando que, afinal de contas, o Homem é bastante mais que o simples trabalho que executa».

Quando a Bola Não Entra: «Este livro reúne relatos de interesse humano, mostrando a dura realidade de jogar nas divisões inferiores do futebol em Portugal, bem como as lutas diárias com salários em atraso, agentes traiçoeiros e promessas vazias. Aqui joga-se na fronteira da glória, onde o futebol é mais escuro, e estes jogadores são alguns dos que não conseguiram singrar num meio hostil».

Com o Humor Não se Brinca: «Ricardo Araújo Pereira, Herman José, Nuno Markl, Bruno Nogueira, João Quadros, Salvador Martinha, Nilton e muitos outros humoristas (incluindo os mais destacados da novíssima geração) levam-nos, neste livro, até ao fascinante centro do mundo da comédia portuguesa, revelando os seus mecanismos, fronteiras e polémicas. Repleto de histórias pessoais sobre o percurso, as técnicas e o pensamento dos principais comediantes portugueses, este livro desvenda as ferramentas fundamentais para a escrita humorística e aborda com absoluta frontalidade as problemáticas mais importantes para a criação de uma piada. Através de conversas com os comediantes, Nelson Nunes dá-nos a conhecer as suas carreiras - os passos em falso, os momentos de sorte, os grandes êxitos, as rivalidades, o que os une e os afasta - e revela tudo o que pensam sobre a arte de fazer rir os outros e as dúvidas que o humor pode suscitar».


      

Isto Não é Um Livro de Receitas: «Susana Felicidade, Rui Paula, José Avillez, Henrique Sá Pessoa, Marlene Vieira, Vítor Sobral e tantos outros chefs levam-nos até ao fascinante mundo da gastronomia que se pratica em Portugal, revelando as suas técnicas, preferências e rivalidades. Repleto de histórias pessoais sobre o percurso e o pensamento dos grandes chefs portugueses, este livro desvenda as bases fundamentais para a criação gastronómica e aborda com total clareza o processo de criação de um prato de autor. Através de conversas com os chefs, Nelson Nunes dá-nos a conhecer as suas carreiras — o momento da descoberta, a aprendizagem, os mentores, os grandes êxitos — e revela tudo o que pensam sobre a alta cozinha e de como alcançar — e manter — uma estrela Michelin».

Quem Vamos Queimar Hoje?: «O que têm em comum Henrique Raposo, Maitê Proença, José Cid e Carolina Patrocínio? Todos se viram na mira do ódio virtual. Neste livro, estas e outras figuras públicas conversam com Nelson Nunes sobre o que originou a polémica, quais as consequências para as suas vidas e como lidaram com isso. Na Idade Média, os autos-de-fé aconteciam num lugar público, onde todos podiam ver o «penitente» a ser queimado. Hoje, as redes sociais assumiram esse papel. Um comentário fora de contexto, uma piada a que alguém não achou graça… e a indignação coletiva começa a circular e a crescer, podendo atingir a força de um furacão, destruindo tudo e todos pelo caminho! O objetivo: demonizar, ridicularizar, inferiorizar e envergonhar quem se atreveu a exprimir uma opinião. Da mesma forma que as redes sociais são um poderoso instrumento de denúncia de injustiças, a sua força pode transformar-se numa forma de controlo social, através do recurso à vergonha pública. Quem Vamos Queimar Hoje? é um conjunto de conversas sobre a vida moderna, repletas de verdades reveladoras acerca de como os limites do que é aceitável estão a ser redefinidos. Um retrato honesto dos ataques cometidos nas redes sociais!».

Preciosa: «Este livro é uma carta de amor de um filho à sua mãe. Porque foi ela quem o salvou de ter sido morto pelo pai, porque foi ela quem o impediu de se atirar de um quarto andar rumo à única libertação que se lhe afigurava possível. Esta mulher, que durante anos foi vítima de violência doméstica, teve a coragem de enfrentar o seu carrasco. Salvou-se. E salvou o filho. Este é o relato de um filho que podia já não estar aqui. Um testemunho poderoso de uma realidade assustadora e que quase nunca é descrita por essas outras vítimas da violência doméstica: os filhos».

Já li e recomendo: Com o Humor Não Se Brinca


RITA DA NOVA

A Rita da Nova é uma comunicadora nata. Se passar das 21h, como a própria afirma, é capaz de estar a dormir, no entanto, podemos lê-la no seu blogue e/ou escutá-la nos seus podcasts. Enquanto autora, publicou Terapia de Casal em parceria com o marido, Guilherme Fonseca, e, agora, assina uma história só sua.

   

Terapia de Casal: «A terapia de casal de que os casais não precisam. A blogger Rita da Nova e o humorista Guilherme Fonseca têm um podcast chamado Terapia de Casal no qual, contrariamente a tudo o que seria expectável, passam o tempo a discutir. Entre bocas, piadas e uma eterna rivalidade, oferecem aos seus seguidores sessões de terapia pouco recomendáveis sobre manias irritantes, características de personalidade questionáveis, hábitos incómodos e tanto, tanto mais. Indiferentes ao facto de não estarem a ajudar ninguém, a Rita e o Guilherme decidiram continuar a disseminar a discórdia entre casais com humor… agora em livro. O resultado está à vista: pela primeira vez em Portugal, chega às livrarias uma obra com 30 temas polémicos e 30 direitos de resposta que tem como único objetivo causar o caos nas relações. no final, ainda podem escolher quem é #TeamRita ou #TeamGuilherme, só para espicaçar mais um bocadinho. Lamentamos se gostavam que os vossos relacionamentos durassem mais tempo, mas com estes dois vai ser difícil chegar ao fim do livro sem pensar em divórcio. Já sem dar uma gargalhada é impossível».

As Coisas Que Faltam: «Quando tinha oito anos, Ana Luís pediu pela primeira vez para conhecer o pai. Era muito comum a mãe dizer-lhe que não a tudo - não, não podia ir para casa das colegas porque tinha de estudar; não, não podia comer gelados porque eram só gelo e açúcar. De todas as respostas negativas que estava habituada a receber, porém, aquela foi a que doeu mais. Ana Luís cresce a sentir que lhe falta algo e que não pertence a lado nenhum. a convivência com a mãe, uma mulher fria e dominadora, aprisiona-a num lugar solitário. É na figura do pai que deposita todas as suas esperanças: ele é a peça do puzzle que falta e, quando o conhecer, a sua vida vai finalmente fazer sentido e sentir-se-á completa. O tão aguardado romance de estreia de Rita da Nova, traz-nos a história de uma mulher à procura do seu lugar no mundo. Numa trama de densidade emocional crescente, a autora explora com destreza a complexidade da identidade humana, a importância do círculo familiar e as histórias que se repetem, às vezes de geração em geração».

Queria muito ter incluído a Rita da Nova na lista de autores do Alma Lusitana, para este ano, mas, em dezembro, quando apresentei a edição de 2023, a data de lançamento do seu livro ainda não era conhecida. Por esse motivo, disse que poderiam surgir nomes extra. As Coisas Que Faltam sai a 15 de fevereiro.

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«Um dia disse uma andorinha»


A primavera começa a instalar-se no horizonte. Do terraço de onde avisto o mundo, ecoa o estilhaço do meu trauma. Intermitente, a transbordar de mágoa e de raiva, mas sempre presente. Presa nesta bolha, balanço no parapeito, enquanto, na estrada lá em baixo, um embate ativa gatilhos na minha memória. E, então, eu cedo.

Em queda lenta, recuo àquela rua estreita, quase desértica, que pôs termo à nossa paz. Escuto a rebentação dos foguetes e o carro a derrapar, olho pelo espelho e o caos cresce num cenário de horror. Abandono o veículo, à procura de algo que não sei bem o que pode ser e vejo-te inconsciente, caído em desamparo, mas não tenho qualquer nome para te chamar. Ao nosso redor, há gritos, poeira e histerismo. Ouço vozes desesperadas e alguém a pedir auxílio por um homem tombado do muro, ensanguentado. O meu corpo move-se em piloto automático, mas a minha alma parece ter-me deixado só, porque está tudo longínquo. Também escuto sirenes frenéticas, a encurtar a distância. Sinto alguém a abraçar-me, por isso, permito-me cair. Já não sei onde estou, mas sei que alguém permanece do meu lado. De repente, fica tudo turvo e eu desmaio.

- Doutora, está a acordar... Perdemo-la novamente.

Esta espécie de dança, soube mais tarde, demorou, como se me recusasse saber o que tinha acontecido. É provável que me tivessem dado uma razão para o sucedido, seguida de recomendações médicas, mas não prestei atenção: só conseguia pensar naquele corpo estático, nas notícias que se repetiam na rádio. Quando o sufoco abrandou, fui assaltada por outra imagem: um telemóvel a tocar em surdina e sem ninguém para o atender. Olhei-te, olhei-o... Como é que se faz calar o medo, quando ninguém nos confidencia segurança?

Há uma vazio que não me permite entrelaçar as pontas soltas, mesmo depois de todo este tempo. Há qualquer angústia que insiste em não desaparecer, talvez por imaginar que poderia ser eu do outro lado daquela chamada não atendida, na tentativa de encontrar respostas; se calhar, porque senti o peso de não ter quem se preocupasse, quem ansiasse por novidades sobre o meu estado. A solidão consegue ser mesmo paralisante.

Regresso ao presente. Ganhei o hábito de vir para aqui, sempre que os pensamentos se tornam mais audíveis e o coração acelerado. Existe algo neste terraço que me acalma os nervos e que me concede espaço para respirar fundo. Há, de facto, experiências que nos moldam e, embora seja autossuficiente, embora não tenda a bloquear em situações vulneráveis, não escondo que, por vezes, são maiores as recaídas. Como hoje.

Lá em baixo, o trânsito abrandou, a circulação retomou a normalidade - menos aquelas vidas, menos as nossas. Ao longe, noto os primeiros sinais de mudança, mas algo sobressai: o silêncio das andorinhas.

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«É fundamental resistir à representação da história como obra de indivíduos heróicos»

Avisos de Conteúdo: Referência a Racismo, Segregação, Violência, Abusos, Morte


A minha estreia na obra de Angela Davis, cuja essência ativista já pretendia ter descoberto há mais tempo. Assim, na Feira do Livro do Porto, visitei o stand da Antígona para adquirir um dos seus livros. E aproveitei a dinâmica do Clube Leituras Descomplicadas, para este ano, de modo a não adiar mais este nosso encontro.


FERGUSON, A PALESTINA E AS BASES DE UM MOVIMENTO

A Liberdade é Uma Luta Constante é uma coletânea de ensaios, entrevistas e discursos sobre as lutas contra a violência do Estado e a opressão em vários pontos do mundo, «demonstrando as estruturas do sistema capitalista que apenas sobrevivem perpetuando conflitos». Portanto, esta narrativa é uma resposta interventiva.

«(...) não só precisávamos de reivindicar direitos legais no âmago 
da sociedade vigente, mas também de exigir direitos concretos»

A reflexão que tece acerca dos combates históricos do movimento negro, nos Estados Unidos, bem como em relação ao feminismo e à abolição dos sistema prisional, é uma ponte para reconsiderarmos o racismo sistémico e para abandonarmos a ideia de um indivíduo heróico, agindo como uma comunidade, porque é urgente criarmos ligações que sustentem as causas que deveriam ser transversais a toda a humanidade.

«O problema é que muitas vezes se parte do princípio de que 
a erradicação do aparelho legal é equivalente à abolição do racismo»

No decorrer da leitura, senti que andamos em círculo, porque repetiram-se temas, perguntas, partilhas e comportamentos da sociedade. Sendo este último ponto tão central, é revoltante perceber como evoluímos tão pouco, como ainda segregamos terceiros pela cor de pele, pela orientação sexual, pelo género; é revoltante verificar que ainda há quem tenha de lutar, constantemente, por algo que deveria ser um direito. Embora seja uma obra dura, por todas as realidades que aborda, lê-se de uma forma célere e, por isso, gostava que se aprofundassem mais os temas, visto que continua a ser imperativo fazê-lo: não só para os compreendermos na sua totalidade, mas também para nos aliarmos a um espaço de resistência, no qual se recusa a desistir.

«É nas colectividades que encontramos reservatórios de esperança e optimismo»

A Liberdade é Uma Luta Constante reúne mais perguntas do que respostas, mas funciona como oposição à supremacia branca, ao patriarcado e a uma identidade enraizada que precisamos de combater. Penso que a estrutura do livro não faz justiça à mensagem, mas vozes como a de Angela Davis são imprescindíveis.


🎧 Música para acompanhar: Freedom Is a Constant Struggle, Barbara Dane and The Chambers Brothers


Disponibilidade: Wook | Bertrand

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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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asgavetasdaminhacasaencantada
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