ALMA LUSITANA: OS AUTORES DE FEVEREIRO

Fotografia da minha autoria



Uma viagem literária para descobrirmos os nossos autores


O Alma Lusitana, em fevereiro, tinha bilhete para partir à descoberta das histórias de Catarina Costa e de Nelson Nunes. Esse destino não se inverteu, mas contarão com a presença de uma autora extra: Rita da Nova, cujo primeiro livro a solo sairá no mês em questão. Estou com expectativas elevadas para estas leituras.


CATARINA COSTA

Nasceu em Coimbra, em 1985, e é nesta cidade que continua a residir e a trabalhar. Para além de Periferia, narrativa que escolhi para este contacto inicial, tem mais oito livros publicados, entre prosa e poesia.

      

Dos Espaços Confinados: «Não deixa de ser notável que a autora consiga de um modo tão eficaz ligar ruas, espaços, escadas, janelas, soleiras, vultos esquivos que se movem à noite, envoltos em halos de luz, mas com o aviso do tempo sempre presente, fustigado em cada criação poética. Tempo e luz, acção e claridade apresentam-se quase sempre, na poesia de Catarina Costa, como uma dialéctica necessária ao poema».

A Ração da Noite: «Poemas há que foram escritos como rações calibradas ao miligrama e que não são mais do que o indispensável à sobrevivência da carne desamparada. Assim deverão ser lidos os poemas d’ A ração da Noite, fármacos depurados para uma fome que os alimentos da terra não saciam».

Essas Alegrias Violentas: «Essas Alegrias Violentas é um lugar onde a alegria contém em si o gérmen de uma violência que não mata mas conflagra. Aqueles que buscam essa alegria intensa não querem perder o matiz de nenhuma conflagração».


   

O Vale da Estranheza: «No vale da estranheza vamos deparar-nos com aquilo que não coincide consigo mesmo, é dúplice e está desfocado. Vamos encontrar todos esses seres sem encaixe: marionetas de gestos incertos, marionetistas na sombra, pessoas que não sabem domar as suas próprias personagens, criaturas no limiar da humanidade. Tão próximo de nós, um robô vai-se parecendo humano até ao ponto em que as parecenças se tornam monstruosas e tudo se torna demasiado estranho».

Periferia: «A vida de uma mulher num universo totalitário. Um romance tocado por uma tristeza tépida e quase doce, cheio de silêncios, distância, murmúrios… e suspense. Ninguém sabe localizar a Periferia, nem dizer de que lugar ela traça o limite. Mas é para lá, para essa orla de um lugar desconhecido, que estão a ser enviados os Pacientes que habitam a cidade, descendentes das cobaias da Experiência. Na Periferia, o ar é mais puro, dizem, e os Pacientes têm uma constituição mais frágil, carecem de cuidados especiais. Mas nem todos aceitam ir. Uma Paciente permanece clandestina na cidade, contando com a ajuda de uma outra habitante. Deambula aleatoriamente pelas ruas todos os dias, de manhã à noite, misturada na multidão, tentando passar despercebida e evitando ostentar algum sinal, expressão ou gesto que a denuncie. Os acontecimentos, porém, vão impedi-la de continuar no coração da cidade como perpétua foragida. A sua fuga toma a direcção dos arrabaldes e de zonas mais periféricas, novos territórios onde encontrará outros modos de sobrevivência».

Outras obras: Marcas de Urze, Síndrome de Estocolmo, Chiaroscuro e Analema


NELSON NUNES

É escritor, jornalista e trabalha há dez anos na área da comunicação. No seu percurso profissional, a título de exemplo, foi jornalista na revista Focus, produtor na Rádio Renascença e assessor do Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol. No currículo literário, já conta com vários livros de não ficção e dois romances.

      

Um Dia Não São Dias: «O drama de dois homens confrontados com as suas próprias fraquezas leva-nos à vida quotidiana do seu dia comum, que, no fundo, poderia ilustrar toda uma vida. Acossados pela desgraça do desemprego, estes são seres humanos que poderiam ser, na verdade, qualquer um de nós. Um Dia Não São Dias mostra-nos as fragilidades da Humanidade ao longo de uma narrativa fluída, demonstrando que, afinal de contas, o Homem é bastante mais que o simples trabalho que executa».

Quando a Bola Não Entra: «Este livro reúne relatos de interesse humano, mostrando a dura realidade de jogar nas divisões inferiores do futebol em Portugal, bem como as lutas diárias com salários em atraso, agentes traiçoeiros e promessas vazias. Aqui joga-se na fronteira da glória, onde o futebol é mais escuro, e estes jogadores são alguns dos que não conseguiram singrar num meio hostil».

Com o Humor Não se Brinca: «Ricardo Araújo Pereira, Herman José, Nuno Markl, Bruno Nogueira, João Quadros, Salvador Martinha, Nilton e muitos outros humoristas (incluindo os mais destacados da novíssima geração) levam-nos, neste livro, até ao fascinante centro do mundo da comédia portuguesa, revelando os seus mecanismos, fronteiras e polémicas. Repleto de histórias pessoais sobre o percurso, as técnicas e o pensamento dos principais comediantes portugueses, este livro desvenda as ferramentas fundamentais para a escrita humorística e aborda com absoluta frontalidade as problemáticas mais importantes para a criação de uma piada. Através de conversas com os comediantes, Nelson Nunes dá-nos a conhecer as suas carreiras - os passos em falso, os momentos de sorte, os grandes êxitos, as rivalidades, o que os une e os afasta - e revela tudo o que pensam sobre a arte de fazer rir os outros e as dúvidas que o humor pode suscitar».


      

Isto Não é Um Livro de Receitas: «Susana Felicidade, Rui Paula, José Avillez, Henrique Sá Pessoa, Marlene Vieira, Vítor Sobral e tantos outros chefs levam-nos até ao fascinante mundo da gastronomia que se pratica em Portugal, revelando as suas técnicas, preferências e rivalidades. Repleto de histórias pessoais sobre o percurso e o pensamento dos grandes chefs portugueses, este livro desvenda as bases fundamentais para a criação gastronómica e aborda com total clareza o processo de criação de um prato de autor. Através de conversas com os chefs, Nelson Nunes dá-nos a conhecer as suas carreiras — o momento da descoberta, a aprendizagem, os mentores, os grandes êxitos — e revela tudo o que pensam sobre a alta cozinha e de como alcançar — e manter — uma estrela Michelin».

Quem Vamos Queimar Hoje?: «O que têm em comum Henrique Raposo, Maitê Proença, José Cid e Carolina Patrocínio? Todos se viram na mira do ódio virtual. Neste livro, estas e outras figuras públicas conversam com Nelson Nunes sobre o que originou a polémica, quais as consequências para as suas vidas e como lidaram com isso. Na Idade Média, os autos-de-fé aconteciam num lugar público, onde todos podiam ver o «penitente» a ser queimado. Hoje, as redes sociais assumiram esse papel. Um comentário fora de contexto, uma piada a que alguém não achou graça… e a indignação coletiva começa a circular e a crescer, podendo atingir a força de um furacão, destruindo tudo e todos pelo caminho! O objetivo: demonizar, ridicularizar, inferiorizar e envergonhar quem se atreveu a exprimir uma opinião. Da mesma forma que as redes sociais são um poderoso instrumento de denúncia de injustiças, a sua força pode transformar-se numa forma de controlo social, através do recurso à vergonha pública. Quem Vamos Queimar Hoje? é um conjunto de conversas sobre a vida moderna, repletas de verdades reveladoras acerca de como os limites do que é aceitável estão a ser redefinidos. Um retrato honesto dos ataques cometidos nas redes sociais!».

Preciosa: «Este livro é uma carta de amor de um filho à sua mãe. Porque foi ela quem o salvou de ter sido morto pelo pai, porque foi ela quem o impediu de se atirar de um quarto andar rumo à única libertação que se lhe afigurava possível. Esta mulher, que durante anos foi vítima de violência doméstica, teve a coragem de enfrentar o seu carrasco. Salvou-se. E salvou o filho. Este é o relato de um filho que podia já não estar aqui. Um testemunho poderoso de uma realidade assustadora e que quase nunca é descrita por essas outras vítimas da violência doméstica: os filhos».

Já li e recomendo: Com o Humor Não Se Brinca


RITA DA NOVA

A Rita da Nova é uma comunicadora nata. Se passar das 21h, como a própria afirma, é capaz de estar a dormir, no entanto, podemos lê-la no seu blogue e/ou escutá-la nos seus podcasts. Enquanto autora, publicou Terapia de Casal em parceria com o marido, Guilherme Fonseca, e, agora, assina uma história só sua.

   

Terapia de Casal: «A terapia de casal de que os casais não precisam. A blogger Rita da Nova e o humorista Guilherme Fonseca têm um podcast chamado Terapia de Casal no qual, contrariamente a tudo o que seria expectável, passam o tempo a discutir. Entre bocas, piadas e uma eterna rivalidade, oferecem aos seus seguidores sessões de terapia pouco recomendáveis sobre manias irritantes, características de personalidade questionáveis, hábitos incómodos e tanto, tanto mais. Indiferentes ao facto de não estarem a ajudar ninguém, a Rita e o Guilherme decidiram continuar a disseminar a discórdia entre casais com humor… agora em livro. O resultado está à vista: pela primeira vez em Portugal, chega às livrarias uma obra com 30 temas polémicos e 30 direitos de resposta que tem como único objetivo causar o caos nas relações. no final, ainda podem escolher quem é #TeamRita ou #TeamGuilherme, só para espicaçar mais um bocadinho. Lamentamos se gostavam que os vossos relacionamentos durassem mais tempo, mas com estes dois vai ser difícil chegar ao fim do livro sem pensar em divórcio. Já sem dar uma gargalhada é impossível».

As Coisas Que Faltam: «Quando tinha oito anos, Ana Luís pediu pela primeira vez para conhecer o pai. Era muito comum a mãe dizer-lhe que não a tudo - não, não podia ir para casa das colegas porque tinha de estudar; não, não podia comer gelados porque eram só gelo e açúcar. De todas as respostas negativas que estava habituada a receber, porém, aquela foi a que doeu mais. Ana Luís cresce a sentir que lhe falta algo e que não pertence a lado nenhum. a convivência com a mãe, uma mulher fria e dominadora, aprisiona-a num lugar solitário. É na figura do pai que deposita todas as suas esperanças: ele é a peça do puzzle que falta e, quando o conhecer, a sua vida vai finalmente fazer sentido e sentir-se-á completa. O tão aguardado romance de estreia de Rita da Nova, traz-nos a história de uma mulher à procura do seu lugar no mundo. Numa trama de densidade emocional crescente, a autora explora com destreza a complexidade da identidade humana, a importância do círculo familiar e as histórias que se repetem, às vezes de geração em geração».

Queria muito ter incluído a Rita da Nova na lista de autores do Alma Lusitana, para este ano, mas, em dezembro, quando apresentei a edição de 2023, a data de lançamento do seu livro ainda não era conhecida. Por esse motivo, disse que poderiam surgir nomes extra. As Coisas Que Faltam sai a 15 de fevereiro.

Comentários

  1. Ótimo artigo! Conteúdo rico em informações interessantes e úteis. Obrigado por compartilhar.

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  2. Excelentes sugestōes como sempre :) Muito obrigada pela partilha, minha querida *.*

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    1. Obrigada, minha querida! Estou mesmo curiosa com as leituras deste mês :)

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  3. Ainda não li nenhuma destas obras mencionadas.🫣

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    1. Se achares que é uma boa altura para descobrires alguma, és muito bem-vinda :)

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  4. Adorei essa lista. Maravilhosa. Incríveis esses nomes.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar com muitos posts interessantes. Não deixe de conferir!

    Jovem Jornalista
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    Até mais, Emerson Garcia

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  5. Parecem-me excelentes escolhas :)
    Beijinho grande, minha querida!

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  6. Que são uma boa sugestão para ler e conhecer, mas acho que vou levar mesmo a sugestão mas não para mim, para quem adoro ler cá em casa
    Beijinhos
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    Tem Post Novos Diariamente

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  7. Adorei ler seu artigo! Muito bom mesmo, vou salvar em meus sites favoritos para ler todo final de semana.

    luckypatcher.app.br

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