Entre Margens

Fotografia da minha autoria



«A vida é feita de momentos colecionáveis»


Março veio com poesia no regaço, com um desfile de tulipas, que são das minhas flores favoritas, e com os primeiros sinais de primavera. Não escondo que também se revestiu de ansiedade, muitos nervos e hesitações, mas ficará sempre marcado como o mês em que o meu manuscrito em construção saiu da gaveta e levantou voo. O futuro é incerto, ainda assim, estes trinta e um dias foram feitos de detalhes encantadores.


       MOMENTOS       

Apresentação d' As Coisas que Faltam, no El Corte Inglês
Escrevi sobre esta experiência aqui, portanto não me vou alongar muito, mas nunca será de mais destacar o quanto adorei este momento intimista, porque é sempre especial ouvir falar sobre histórias que nos transformam. Além disso, a Rita é um amor e gostei imenso de trocar dois dedos de conversa com ela.

Celebrar Datas Importantes
Em março, há três datas que faço por assinalar, quer no blogue, quer nas redes sociais, porque acredito que têm um impacto incrível na sociedade, cada uma à sua maneira: o Dia da Mulher, o Dia Mundial da Poesia e o Dia do Livro Português. Interligando a literatura a todas elas, podem ler as celebrações aqui, aqui e aqui.

Enviei o Manuscrito
Ser escritora sempre foi um propósito, mas andei muito tempo perdida naquele que pretendia que fosse o meu caminho. Encontrei-o na poesia, construí o manuscrito - desde o conceito até aos versos -, concluí-o e, depois, deixei que o medo falasse mais alto. Foi uma jornada oscilante, com imensas dúvidas e a síndrome do impostor no auge, mas defini uma data e fui trabalhando nesse sentido. Assim, no Dia Mundial da Poesia, com o coração acelerado, enviei o meu livro para três editoras. Agora é continuar a respirar fundo e aguardar.

      

      

      

      

Outros apontamentos bonitos do mês: comprar tulipas (muitas, de várias cores), receber a merch dos D'ZRT (estou mesmo rendida aos artigos) e receber o livro da Ana Rita Areais (generosidade da autora).


       LEITURAS       

📖 Alegria Para o Fim do Mundo, Andreia C. Faria
Alma Lusitana

📖 Mulheres Não São Chatas, Mulheres Estão Exaustas, Ruth Manus
[com reflexão sobre o dia da mulher]

📖 Correria dos Pássaros Presos, Ana Gil Campos
Clube Leituras Descomplicadas

📖 Dislike, Diogo Simões
Alma Lusitana


Outras leituras do mês: Uma Educação (Tara Westover), A Loja de Antiguidades (Charles Dickes), Ad Astra Per Aspera - Por Ásperos Caminhos até aos Astros (Ana Rita Areias).


     FILMES, SÉRIES & PODCASTS     

Motel Valkírias
Três mulheres com grandes problemas económicos e sociais cruzam-se num motel transfronteiriço e as suas vidas acabarão por ser viradas do avesso, quando se veem envolvidas num crime - e, sem saberem, com a máfia. A partir desse momento, acompanhamos um jogo de omissões e de sombras, que as obriga a conhecerem-se e, sobretudo, a confiarem umas nas outras. Além disso, esta série é um ponto de partida para refletirmos sobre relações humanas, sobre violência e o impacto da chantagem emocional; e, claro, sobre o mundo da criminalidade, onde há tantos limites a serem quebrados. Estou a gostar bastante desta série.

Revolta
A pandemia e uma forte crise económica deixaram a população num estado de revolta extremo. No dia em que há uma marcha popular, Paulo e Cristina, o casal protagonista do argumento, «não se juntam à indignação porque combinaram organizar um jantar para dois amigos», o que não esperava é que este momento pudesse ser tão caótico. Não fui completamente arrebatada pelo filme, até porque houve alturas em que o senti exagerado, mas valorizo muito os temas explorados, porque nos permitem refletir sobre as relações de intimidade, traições, saúde mental, a dependência das redes, ciência vs energias e as incoerências do ser humano, em várias questões mundanas. Tem um toque constante a tragédia e a surrealidade.

Lançamentos AXN
O AXN lançou duas séries novas - Accused e Alert. Enquanto a primeira me convenceu de imediato, porque são histórias contadas do ponto de vista do arguido, sem termos conhecimento do que o levou àquele momento no tribunal, a segunda está a ser mais oscilante, atendendo a que sinto que o foco central da série é muito célere. No entanto, é na linha narrativa secundária que ganha força e é por ela que continuo a assistir.

Podcasts
🎤 Verde Menta, em especial o episódio Tirar Fotografias ou Aproveitar o Momento;
🎤 Afinal, em que é que ficamos?, da Andreia Moita e da Rita Nobre Mira, sempre com duas perspetivas;
🎤 Ponto Final, Parágrafo, no episódio em que a Magda Cruz conversou com a Rita da Nova;
🎤 Debaixo da Língua, onde Rui Maria Pêgo está à conversa com convidados de várias áreas.


       À MESA       

Por incompatibilidade de agendas, este mês não foi possível riscar mais um nome no meu roteiro gastronómico. Em compensação, trouxe duas receitas: uma de húmus e uma de tarteletes de aveia e banana (e chocolate, se também quiserem adicionar). Estão ambas disponíveis nesta publicação do Doce ou Salgado.

   

E como um gelado cai sempre bem, não resisti aos de chocolate negro da Mercadona.


       ENTRE LINHAS       

A fotografia tem um espaço muito importante na minha vida, por isso, há investimentos que pretendo fazer, tendo em conta as minhas poupanças, com o intuito de continuar a explorar esta paixão - e de me auxiliar na criação de conteúdo. É certo que não precisava de nada muito profissional, mas fui adiando a compra em questão, até que, no início do mês, adquiri dois tripés: um para a máquina fotográfica e outro para o telemóvel. São ambos da marca Hama e o da máquina veio mesmo revolucionar os momentos em que fotografo para o blogue, porque me dá outra liberdade, ao mesmo tempo que consigo experimentar outras perspetivas.

   

Publicações
✏ Timing, Criatividade e Rock & Roll, da Marisa Vitoriano;
✏ Na Minha TBR: Livros Escritos Por Mulheres, da Sofia Costa Lima.


       JUKEBOX       

Top 3 de favoritas
🎧 Juro Já Nem Paro, Iolanda;
🎧 Na Escola, Os Quatro e Meia;
🎧 Eu Não Sou Assim, GNR.


Álbuns: Portuguesa (Carminho), Endless Summer Vacation (Miley Cyrus), Caos (Carolina Deslandes), Pedrouços Clandestino (Félix Gambino), Leva-me Pra Longe (Joana Almeirante), Heartbreak & Other Stories (Richie Campbell). A Miúda do 319 (Rita Rocha), Prazer Prazer (Beatriz Pessoa), Invisível (Isaura).


       GRATIDÃO       

«Leva-me para longe»

Março floresceu, que nem traço de primavera. Portanto, o meu pedaço de gratidão destina-se ao momento em que decidi parar de adiar o envio do manuscrito - e de já não ficar completamente no vácuo, porque uma das editoras respondeu. Foi uma resposta negativa, mas prefiro isso à expectativa. Em simultâneo, não me esqueço do privilégio que foi ouvir a Rita da Nova a apresentar o seu extraordinário As Coisas Que Faltam.

Fotografia da minha autoria



A banda sonora de uma viagem literária


A playlist literária de março tem um tom mais melancólico, mas com espaço para vozes interventivas, que nos resgatam para o centro das causas e das entrelinhas. Com leituras que estimularam um lado reflexivo, contabilizei um total de sete temas para as acompanhar. Ficou assim a Estante Cápsula Jukebox deste mês.


ALEGRIA PARA O FIM DO MUNDO, ANDREIA C. FARIA
Alegria, Francesca Gagnon ▫ A associação foi automática pelo título, mas também sinto que os versos do livro e os versos da canção estão em sintonia. É que nos poemas da autora encontramos vários estados de espírito dicotómicos, que transitam entre o sofrimento e a felicidade, entre o ceticismo e a magia de acreditar. Além disso, são feitos de vários raios de vida, tal como esta música, tal como a jornada de cada um de nós.


MULHERES NÃO SÃO CHATAS, 
MULHERES ESTÃO EXAUSTAS, RUTH MANUS
Pagu, Rita Lee ▫ A artista brasileira é uma das primeiras vozes em que penso, quando o tema é a quebra de estereótipos, a desconstrução de comportamentos que condicionam e diminuem as pessoas por aquilo que elas são. Por isso, só podia escolher este tema, uma vez que a letra transborda empoderamento feminino.


CORRERIA DOS PÁSSAROS PRESOS, ANA GIL CAMPOS
Olá Solidão, Os Quatro e Meia ▫ Num mundo tão cheio de pessoas, de partilha, de uma falsa ilusão de pertença e de proximidade, acredito que a protagonista experienciou uma solidão extrema, apesar de nunca estar totalmente sozinha, porque a dependência das redes sociais se revelou mais forte do que os laços criados fora de um ecrã. E «tão focada em [si]», na sua identidade online, foi-se perdendo do seu caminho.


UMA EDUCAÇÃO, TARA WESTOVER
Redemption Song, Bob Marley ▫ Esta música é mencionada pela autora e, depois de a escutar, senti que lhe encaixava na perfeição: pela ideia de emancipação, pelo medo, pela questão da saúde mental. Há aqui, tal como na narrativa, uma tentativa de cumprir o que vem no Livro - e quem não o fizer, vive em pecado.


DISLIKE, DIOGO SIMÕES
Save Me, Hanson ▫ A escolha deste tema foi imediata, porque os comportamentos do protagonista transportaram-me para os versos iniciais: «I'm needing you just to open up the door/If begging you might somehow turn the tides». A viver um grande amor (talvez maior do que aquilo que imaginou), a ideia de salvação também está muito presente e manifestou-se de várias formas, através de várias personagens. E eu acho sempre poético como os elos que estabelecemos com os outros nos podem resgatar da escuridão.


A LOJA DE ANTIGUIDADES, CHARLES DICKENS
O Jogo, Tiago Bettencourt ▫ A palavra jogo foi crucial para me relembrar desta canção maravilhosa e para perceber que nesta história, tal como na vida em geral, as apostas que fazemos nem sempre são as mais favoráveis - nem mesmo quando não sabemos largar tudo o que é nosso e trilhar um novo percurso. Fugiu-se do tempo, do medo, da desconfiança e, mesmo assim, parece-me que ninguém ganhou este jogo perigoso.


AD ASTRA PER ASPERA, ANA RITA AREIAS
Lost, Linkin Park ▫ O livro é, sobretudo, acerca de perda, de luto e de saudades. Embora se foque noutros temas, os poemas que me encantaram mais foram aqueles em que esse traço era visível, por isso, e porque há cicatrizes que ficam connosco para sempre, achei que este tema dos Linkin Park era o mais apropriado, uma vez que evidencia a dor, as memórias e a confusão de quem tenta continuar em frente com o coração desfeito.

Fotografia da minha autoria



«Cozinhar é como tecer um delicado manto»


É fascinante como o mesmo ingrediente consegue ser tão versátil, como diferentes métodos de confeção o fazem renascer. Sei que pode soar a exagero, ainda assim, se tivesse um laço mais estreito com a cozinha, penso que este aspeto seria um dos mais entusiasmantes, porque é ver mudanças dependendo da receita.

Divagações à parte, trago duas opções com ingredientes que aprecio bastante. A primeira pode ser uma entrada, um acompanhamento ou um molho; a segunda pode funcionar como pequeno-almoço ou lanche.


       HÚMUS       

INGREDIENTES
▴ 1 frasco de grão de bico cozido;
▴ 2 dentes de alho;
▴ Sumo de limão;
▴ Sal;
▴ Pimenta;
▴ Tahini (pasta de sésamo);
▴ Água;
▴ Azeite.

MODO DE PREPARAÇÃO
▴ Num tacho, juntar o grão de bico, água e os dentes de alho, deixando ferver por 5 minutos;
▴ Com o grão fervido, misturar os restantes ingredientes, triturando tudo até ficar uma pasta cremosa;
▴ Servir, regando com um fio de azeite.

NOTA
▴ Para uma textura mais cremosa, podem substituir o azeite por aquafaba (água de cozer o grão);
▴ Podem triturar num processador de alimentos ou usar a varinha mágica;
▴ Podem usar outros temperos (eu acrescentei salsa e cebolinho);
▴ O húmus pode ser congelado até 4 meses, num tupperware de vidro fechado.


 TARTELETE DE AVEIA E BANANA 

INGREDIENTES
▴ 1 ovo;
▴ 60 gr de aveia (farinha ou flocos);
▴ 1 banana;
▴ 100 ml de leite ou bebida vegetal;
▴ Chocolate em pó (opcional).

MODO DE PREPARAÇÃO
▴ Numa taça, bater o ovo e misturar todos os ingredientes;
▴ Passar a varinha mágica até ficar uma massa homogénea;
▴ Verter a massa para as tarteletes e levar ao microondas por 4 minutos;
▴ Servir com toppings a gosto.

NOTA
▴ Dobrei a receita e fiz metade das tarteletes sem chocolate e a outra metade com;
▴ Cada taça rendeu três tarteletes.



Bom apetite!

Fotografia da minha autoria



«A história de um sobrevivente»

Avisos de Conteúdo: Holocausto, Suicídio, Depressão, 
Saúde Mental, Tortura, Linguagem Explícita


A minha viagem pelo mundo das novelas gráficas é relativamente recente e tem sido espaçada. Ainda assim, descubro sempre camadas surpreendentes nestas «histórias aos quadradinhos» e a última que li desarmou-me por completo, porque Art Spiegelman partilhou uma abordagem particular em relação ao Holocausto.


MEMÓRIAS A PRETO E BRANCO

Maus é um testemunho intimista e verídico, centrado na vida do pai do autor, que sobreviveu aos horrores de Auschwitz, divididos entre perseguições, racionamento, tortura e uma ausência plena de direitos. O massacre dos campos de concentração deixou marcas permanentes e são essas que revisitamos ao longo da história.

«Esperemos que seja verdade. Tenho medo de que nunca consigamos sair daqui»

O livro é composto por duas partes, com personagens construídas através de um processo de efabulação exímio e com um traço caricatural. No entanto, é uma narração dura, inesquecível, que nos revolta pela desumanidade gritante. Por essa razão, nenhuma palavra fará justiça ao cenário descrito, sobretudo agora, que podemos lê-lo num lugar confortável, sem sentirmos na pele os traumas e a necessidade de resistir.

«Mas eles não teriam ajudado mesmo se não pudesse pagar? Afinal, eram da mesma família...»

O sofrimento é identificado com facilidade e, para além dos relatos sobre Vladek Spiegelman, é interessante compreender como é que as suas vivências passadas influenciam as relações familiares e a própria vida do filho. Portanto, nesta leitura, verificamos como é frágil o elo entre eles, como consegue ser tão inconstante e, até, distante. Por outro lado, é um quadro das consequências do pós-guerra e das sombras da segregação.

«Comecei a acreditar. Sabes, ele deu uma nova vida a mim»

O cartoonista encontrou nesta obra uma maneira segura de expiar fantasmas e de desconstruir as suas memórias: a preto e branco, para respeitar a carga emocional histórica e humana. Em simultâneo, foi impressionante ver como existe uma certa transferência de culpa, como os remorsos são tão castradores.

«Eu preferia matar-me a passar por tudo aquilo»

Maus descobre-se num sopro, mas é um livro desolador e catártico. Sem qualquer omissão, os retratos são crus e levam-nos a questionar se aqueles que conseguiram sobreviver não se terão perdido para sempre.


🎧 Música para acompanhar: Never Again, Stephen Melzack


Disponibilidade: Wook | Bertrand

Nota: O blogue é afiliado da Wook e da Bertrand. Ao adquirirem o[s] artigo[s] através dos links disponibilizados estão a contribuir para o seu crescimento literário - e não só. Muito obrigada pelo apoio ♥

Fotografia da minha autoria



«O papel tem mais paciência que as pessoas»


A literatura encontrou-me numa fase bastante avançada da minha adolescência, alargando uma série de horizontes. Por isso, também compreendi o encanto de, para além de ler, estudar e conversar sobre livros, mas escrever sobre eles revelou-se um processo demorado - e demorou até que me dedicasse a esse conteúdo.

É evidente que não sou crítica literária, mas isso nunca excluiu um certo receio e intimidação: pelo desafio e pela responsabilidade, pois estamos a avaliar o trabalho e o sonho materializado de alguém. E acho que, acima de qualquer conhecimento técnico (que fica para os entendidos), tem de existir empatia e sensibilidade suficientes para sermos corretos na apreciação, independentemente de o autor ter, ou não, acesso à mesma.

Quando escrevo sobre as obras que li, prefiro focar-me naquilo que me fizeram sentir e nos temas que me pareceram vitais para a construção da narrativa, é por esse motivo que mantenho o meu Bullet Journal perto, para garantir que não perco pensamentos e detalhes que me serão úteis para sustentar a argumentação.

A minha primeira review remonta a maio de 2014 (tive de ir pesquisar) e, naturalmente, existem diferenças quando comparada com as atuais, porque a minha forma de comunicar mudou, porque talvez esteja mais criteriosa e consciente de determinados pormenores e porque tenho vontade de explorar outras abordagens, outras perspetivas. Faz parte do processo de amadurecimento, que nos permite descobrir a nossa identidade.

Numa altura em que há tantos meios para debatermos leituras, tantas contas dedicadas a livros, dei por mim a refletir sobre os cuidados que tenho ao escrever acerca do que leio - e que acabo por incluir noutras áreas.


   CUIDADOS QUE TENHO AO 
 ESCREVER OPINIÕES LITERÁRIAS   


INCLUIR AVISOS DE CONTEÚDO
Foi um elemento que passei a incluir, talvez há dois anos, e que me deixa muito mais confortável, porque permite que qualquer leitor perceba se a obra tem temas que lhe são sensíveis e que podem despertar gatilhos. Sei que algumas pessoas os encaram como spoiler - e eu entendo, mesmo que não partilhe dessa opinião -, mas entre isso ou garantir que a experiência de leitura é segura, é claro que optarei sempre pelo segundo. Portanto, a não ser que não detete qualquer trigger warning, farei essa ressalva no início do texto.

HONESTIDADE
É um valor crucial em tudo, portanto, não seria diferente neste nicho. Independentemente de o autor ler a nossa crítica (ou não), temos de ser verdadeiros nas observações que fazemos, porque acredito que só assim podemos evoluir. De que é que adianta escrever que livro x é genial, se a nossa opinião é contrária? É para sermos notados e termos cinco segundos de fama? Não compensa, porque cria uma imagem distorcida.

Neste ponto, aproveito para me concentrar nos nossos autores, sobretudo naqueles que estão a dar os primeiros passos neste meio. Uma coisa é partilharmos uma opinião sobre a obra de um escritor conceituado, porque, embora o critério deva ser o mesmo, já terá outros mecanismos para gerir a crítica (e quanto mais estabelecido, menos provável será ler tudo). Quando nos dedicamos a livros de novos autores, acho que esse cuidado deve ser mais evidente, porque a interação é mais direta e porque é normal, no começo, procurar-se por validação. Sem fazer da nossa visão o expoente máximo (é só a nossa opinião e vale o que vale), acho bonito quando abrimos o coração e não enganamos o outro, fazendo-o acreditar em algo que não sentimos.

Por fim, considero essencial ser esta a nossa pauta, se formos contactados pelo autor para lermos o seu livro. Se ele tem coragem para se expor à nossa apreciação (partindo do pressuposto que está mesmo disposto a acolhê-la, seja ela favorável ou não), só podemos ser honesto. Devemos-lhe esse compromisso franco.

SER HONESTO É DIFERENTE DE SER DESAGRADÁVEL
Há maneiras e maneiras de demonstrarmos o nosso ponto de vista, portanto, não existe necessidade de se ser cruel só para se fazer entender que o livro não correspondeu às expectativas. Além disso, não é preciso ser-se condescendente ou andar em bicos de pés, apenas é preciso ter cuidado na forma como nos expressamos, porque do outro lado está alguém que, por mais que esteja recetivo à crítica, não deixa de ter sentimentos.

COLOCAR-ME NO LUGAR DO OUTRO
O ponto anterior relembrou-me deste, porque acredito que escrever reviews também é um exercício de empatia. Não perco muito tempo a pensar que determinado autor lerá o que escrevi sobre o(s) seu(s) livro(s) - caso o identifique -, mas perco tempo a pensar no impacto que as minhas palavras podem ter, caso o faça.

Há histórias que descubro e que não me fazem tanto sentido, há tipos de escrita que não me servem, há obras que até posso considerar uma perda de tempo, contudo, não o escreverei desta forma. Tentarei sempre encontrar um meio termo que me permita refletir sobre o que não resultou comigo sem ser rude e faltar ao respeito ao autor e ao seu trabalho. Posso passar a leitura a bufar e a revirar os olhos em desaprovação, mas se eu não ia gostar de ler isso sobre um texto meu, parece-me evidente que não o direi sobre o dos outros.

CONTEXTUALIZAR E FUNDAMENTAR
Pessoalmente, não aprecio opiniões que sejam uma versão alargada da sinopse. São válidas, claro, mas acho que essa dinâmica omite a experiência do leitor, talvez por esse motivo tenha evitado, durante muito tempo, incluir essa informação no texto. No entanto, comecei a perceber que focar-me apenas no lado emocional, naquilo que a história me fez sentir, podia não ser suficiente para transmitir o tema geral. Assim, passei a fazer uma breve contextualização do enredo, para que seja mais fácil de perceber quais são os alicerces do livro.

Em simultâneo, procuro fundamentar bem os meus argumentos, principalmente quando exploro aquelas que foram, para mim, as fragilidades da obra. No Goodreads, por exemplo, limitava-me a classificar a leitura, mas passei a querer explicar o porquê daquela nota, porque a verdade é que dois livros não têm 1, 2, 3, 4 ou 5 estrelas pelas mesmas razões. Justificar isso parece-me, agora, uma forma mais justa de pontuar e de permitir que os outros percebam o meu ponto - e esta necessidade é maior quando a pontuação é mais baixa.

SER COERENTE
Entre a classificação que atribuo nas plataformas literárias, o que escrevo e aquilo que posso vir a dizer ao autor - caso esse cenário se aplique -, porque não me parece muito razoável partilhar que a leitura foi transformadora e, depois, as minhas palavras e/ou a minha nota estarem desalinhadas. Coerência é a chave.

NÃO ESCREVER
1) Em demasia, contando detalhes que possam estragar a experiência de leitura de terceiros - se precisar mesmo de desabafar sobre um detalhe revelador, indico que o texto conterá spoilers, evitando surpresas.

2) Se perceber que tenho pouco a dizer ou se sentir que não conseguirei escrever uma opinião cordial.


A velha máxima do «eu sou responsável pelo que falo, não por aquilo que entendes» (deixo uma margem de erro, caso não sejam estas as palavras exatas) funciona até certo ponto, porque acredito que a nossa transparência evita interpretações incorretas. Não faremos sempre tudo bem, certamente que também já escrevi palavras menos afáveis sem ter noção dos seus efeitos, mas é tão melhor quando nos predispomos a fazer melhor, a ser melhor - seja na literatura, seja na vida. Portanto, estes são os meus cuidados quando escrevo opiniões literárias e assumo o compromisso de os rever sempre, para que nunca falhe na empatia.

Fotografia da minha autoria



«Data criada pela Sociedade Portuguesa de Autores»


As caixas de madeira que utilizo para albergar os livros por ler, como se fossem uma estante alternativa, têm cada vez mais nomes portugueses, porque há vozes que estou a adorar descobrir e há outras que me despertam interesse. E que bom que é ver autores portugueses a conquistarem um lugar no meio literário.

À semelhança dos últimos dois anos - aqui e aqui - não quis deixar de assinalar o Dia do Livro Português, visto que sou feita de tantas histórias e que tenho sempre espaço no meu peito para acolher muitas mais. Num quotidiano em que parece que andamos em modo acelerado, a minha parte favorita do dia é quando, já de pijama, com uma chávena de chá por perto, posso abrir um livro e transportar-me para outras realidades.

Para este ano, optei por dividir a minha celebração em três categorias.


OS ÚLTIMOS 3 LIVROS PORTUGUESES 
A QUE ATRIBUÍ 5 ESTRELAS

📖 O Pecado de Porto Negro, Norberto Morais;
📖 Racismo em Português, Joana Gorjão Henriques;
📖 As Coisas Que Faltam, Rita da Nova.



3 LIVROS PORTUGUESES NA MINHA TBR 
- E PARA DESCOBRIR EM 2023

📖 Três Mulheres no Beiral, Susana Piedade;
📖 O Coração dos Homens, Hugo Gonçalves;
📖 Deste Silêncio em Mim, Rui Conceição Silva.



3 LIVROS PORTUGUESES NA MINHA INTERMINÁVEL LISTA DE DESEJOS

📖 Lisboa, Chão Sagrado, Ana Bárbara Pedrosa;
📖 Mãe, Doce Mar, João Pinto Coelho;
📖 Quantos Ventos na Terra, Maria Isaac.



Feliz Dia do Livro Português!


«Eu bebi da raiva como sumo
Deve ser por isso que eu não durmo
Sim eu já errei, isso assumo
Mas não fiques se é para fazeres disso assunto

[...]

Sou caos e calma, é no centro que me fundo
Sou toda a alma mas dizes que te confundo
Na tua sala não te vejo entre o fumo
Não sei se é karma ou se sou eu que te consumo

Fecho a porta, desta vez eu deixo o trinco
Fechas-me a porta, gritas, dizes que te minto
E na verdade a saudade é labirinto
Entre o que é certo e é certo saber que sinto

Ficou mórbido o que um dia foi bonito
Os poemas não se ouvem entre os gritos
Sinto muito sentir tanto e admito
Que saio com mais vontade do que a que fico

[...]

Eu dizia que a dor é minha vizinha
Afinal nem sabia quantos quartos tinha

Não estou para ninguém, cortei a campainha
A mágoa arrasta não lhe vou fazer bainha
Acendo a vela, selo esta vida minha
Onde foi o sonho que era meu e sei que tinha»

Fotografia da minha autoria



Uma viagem literária para descobrirmos os nossos autores


Abril de leituras mil. O ditado não é bem assim, no entanto, é o que desejo que aconteça no mês do meu aniversário. Desta vez, o Alma Lusitana será escudado por dois nomes conhecidos, visto que já tive a oportunidade de ler duas obras de ambos, e por uma nova autora, que lançou o seu primeiro livro. Estou ansiosa por me reencontrar com dialetos que aprecio, ao mesmo tempo que me cruzarei com uma novidade.


SUSANA AMARO VELHO

A leitura e a escrita, reconhece, são duas das suas maiores paixões. Licenciada em Jornalismo e Solicitadoria, deu asas ao seu sonho e arriscou «escrever para ser lida». Até ao momento, conta com três obras publicadas, porém acredito que o seu «caderno na mesa de cabeceira» reserve muitos mundos por explorar.

      

As Últimas Linhas Destas Mãos: «Depois da morte de Alice, a sua filha Teresa recebe uma herança que a deixa intrigada: um monte de cartas, algumas com tantos anos quanto ela, que contam uma história de amor que não sabe se é ou não real. Não conhece os lugares. Não reconhece as personagens. Não sabe, sequer, quem é a própria mãe e onde se encaixa naquele enredo. Este amor em linhas vivido por Alice, de tão intenso, tão mordaz, tão vivo e tão presente vai abrindo espaços, alimentando dúvidas, resgatando culpas antigas e memórias apagadas. Mas será ele suficiente para que Teresa possa, finalmente, perceber e perdoar a mãe? Poderão as últimas linhas de Alice ser mais fortes e enlaçar o que ela em vida não conseguiu prender?».

O Bairro das Cruzes: «Conta a história da Luísa. E da Rosa. Conta a história das cruzes que carregamos desde a infância e que condicionam escolhas futuras. Caminhos que se seguem e outros que se evitam. O Bairro das Cruzes atravessa o tempo. O espaço. Mistura comunistas e PIDE e sobrevive às cheias de Lisboa. Carrega um fardo pesado e agarra à terra quem lá nasceu. Quem de lá quis sair, mas regressou. Porque o sangue pode pesar tanto quanto a pedra. E pode ser mais pesado que uma cruz».

Inquieta: «Julieta parece ter a vida perfeita. Aos trinta e sete anos tem um marido adorável que cozinha os melhores bolos. O emprego com que sempre sonhou e que a preenche. Uma casa cheia de luz e livros, onde a mesa está enfeitada com camélias. Então, por que motivo está agora sobre o varadim escorregadio de uma ponte, descalça e suja de sangue, prestes a saltar?»

Li e recomendo: O Bairro das Cruzes e Inquieta


GONÇALO M. TAVARES

O ano de 2001 marca o início de uma jornada literária dividida por diferentes géneros - estando traduzidos em mais de 50 países. Os seus livros «receberam vários prémios em Portugal e no estrangeiro» e também foram palco para peças de teatro, dança, curtas-metragens, teses académicas, entre outras manifestações artísticas. Uma vez que a lista é extensa, optei por selecionar alguns exemplos (podem consultar mais aqui).

      

Um Homem: Klaus Klump: «
Há exercícios para treinar a verdade como, por exemplo, ter medo. Ou então ter fome, Depois restam exercícios para treinar a mentira: todos os grupos são isto, e todos os negócios. Estar apaixonado é outra forma de exercitar a verdade. Klaus comandava pela primeira vez os negócios da família. Não tinha medo, nem fome, nem estava apaixonado. Cada dia era, pois, um exercício novo da mentira. Já tinha feito a vida real (tinha-a feito como se faz uma construção, algo material), agora começara o jogo: ganhar mais dinheiro ou menos. Nada de essencial; mas a mentira interessante é aquela que quase parece verdade».

A Máquina de Joseph Walser: «Não tinha sequer uma pistola, mas eliminara a grande fraqueza da existência, fizera desaparecer a primária fragilidade da espécie: não possuía qualquer inclinação para o amor ou para a amizade! E nesse momento, a caminhar em plena rua, desarmado, observando de cima os seus sapatos castanhos, velhos, sapatos irresponsáveis como troçava Klober, nesse momento Walser sentia-se seguro - e ao mesmo tempo ameaçador - como se avançasse dentro de um tanque pela rua».

Jerusalém: «Uma mulher, um assassino, um médico, um menino, uma prostituta e um louco. E uma noite».


      

Aprender a Rezar na Era da Técnica: «Conta a história de um cirurgião, Lenz Buchmann, que abandona a medicina para se dedicar à política. Tem a ilusão de poder salvar muitas pessoas ao mesmo tempo, em vez de salvar uma pessoa, de cada vez, no seu acto médico. A sua subida impiedosa no Partido do poder só é interrompida por um acontecimento surpreendente e definitivo. A mão forte que segurava no bisturi e nos comandos da cidade começa, afinal, a tremer».

O Osso do Meio: «Talvez um tom, os livros com tons (cores, agressividades, velocidades) e não géneros literários. Um tom, este: como flui o mal, a excitação, a passividade, a violência, pelos muitos solos da terra? Passado num período de pós-guerra, num movimento de ressaca colectiva. É um livro onde o meio aí está, logo no início, e aí fica até ao final. Três homens e uma mulher apanhados num ponto das suas violentas vidas (quase) felizes. A felicidade tem muitas variantes e algumas nada benignas. Kahnnak, Albert Mulder, Maria Llurbai, Vassliss Rânia, três homens e uma mulher. Um livro duro e triste».

O Torcicologologista, Excelência: «- Gosto muito de bater na cabeça das pessoas com uma certa força.- Gosta?
- Sim, agrada-me. Dá-me prazer. Uma pessoa vai a passar e eu chamo-a: ó, desculpe, Vossa Excelência?!
- E ela - a Excelência - vai?
- Sim. Quem não gosta de ser chamado à distância por Vossa Excelência? Apanho sempre, primeiro, as pessoas pela vaidade… é a melhor forma.
- E quando a pessoa-Excelência chega ao pé de Vossa Excelência, o que acontece?
- Ela aproxima-se e pergunta-me: o que pretende? E eu, com toda a educação e não querendo esconder nada, digo: gostava de bater com certa força na cabeça de Vossa Excelência. É isto que eu digo, apenas. Nem mais uma palavra».


      

A Mulher-Sem-Cabeça e o Homem-do-Mau-Olhado: «É o primeiro livro do universo das Mitologias, universo de ficção em que Gonçalo M. Tavares recoloca o humano e a história numa dimensão mitológica, que distorce para mostrar melhor e que, recorrendo ao universo narrativo da oralidade e do fantástico, explora brilhantemente aquilo que é a natureza humana».

Cinco Meninos, Cinco Ratos: «No meio da floresta, cinco meninos perdidos. Ou quatro. Porque a mais pequena das irmãs se perdeu dos que já estavam perdidos. Os meninos encontram um homem de mau olhado, mas ele é bom. Também se cruzam com a Velocidade, que é um elemento perigoso que faz dos homens, loucos . Há um Comboio que não gosta de humanos e um homem que não consegue deixar de ter a boca aberta diante do mundo. Há uma igreja minúscula onde cabe um corpo com dificuldade, mas esse corpo tem espaço para rezar. E há quem saia curado de espaços muito pequenos».

O Diabo: «É um espaço imaginário onde, entre muitos outros, se entrecruzam o diabo, a escola, os corvos e o trator, as palas com todas as suas limitações e virtualidades, o cemitério de aviões e a loucura, os direitos dos homens, o Grande-Armazém, o Povo-Armazenado, os três fios vermelhos, os Doze-Apóstolos, a canalização, os piolhos, o crânio de Olga, os nomes, Paris, os Nómadas, o Comboio e os Meninos, o Homem-que-Quando-Fala-Não-se-Entende-Nada, o crescimento de Alexandre (a linha recta). É um mundo de histórias e possibilidades quase infinitas em que um espaço ou uma máquina se podem transformar em personagem, mas é também um universo onde encontramos valores fundamentais, território privilegiado do mito, como o bem e o mal, o medo e a coragem, a tranquilidade e a violência, o desconhecido e o familiar».

Li e recomendo: Uma Viagem à Índia e Uma Menina Está Perdida no Seu Século à Procura do Pai


ANA RITA AREIAS

É formada em Marketing e Comunicação Empresarial, «amante do significado das palavras», «sonhadora nata» e «dona da poesia que escorre para uma infinidade de papéis perdidos num ápice de momento». Publicou, recentemente, o seu primeiro livro e, por isso, quero incluí-la como autora extra do Alma Lusitana.


Ad Astra Per Aspera - Por Ásperos Caminhos até aos Astros: «
Entre o mar e o céu existe a poesia de uma mulher. Palavras que se refugiam num coração que teima em não se apagar. Umas que escolhem mergulhar em altos mares e outras que deslumbram a noite ao pé das estrelas. Mas, todas são vozes de uma cabeça na lua. É poeticamente triste o frio e quando a chuva vem de noite, os sonhos por momentos têm o hábito de tremeluzir. Porém, há demasiadas histórias que o mar tem por contar, que os poetas insistem em gritar em papéis que poucos lêem e as paredes da cidade são as que registam as sombras de um dia que escure­ceu cedo demais. Na infinitude da perda encontram-se conver­sas que ficaram a meio e quando há poemas que te fazem es­quecer a vida, o melhor é os guardar no íntimo de quem sente».

Mensagens mais recentes Mensagens antigas Página inicial

andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


o-email
asgavetasdaminhacasaencantada
@hotmail.com

portugalid[arte]

instagram | pinterest | goodreads | e-book | twitter

margens

  • ►  2025 (136)
    • ►  julho (12)
    • ►  junho (19)
    • ►  maio (21)
    • ►  abril (22)
    • ►  março (21)
    • ►  fevereiro (19)
    • ►  janeiro (22)
  • ►  2024 (242)
    • ►  dezembro (24)
    • ►  novembro (17)
    • ►  outubro (17)
    • ►  setembro (18)
    • ►  agosto (12)
    • ►  julho (23)
    • ►  junho (20)
    • ►  maio (23)
    • ►  abril (22)
    • ►  março (21)
    • ►  fevereiro (21)
    • ►  janeiro (24)
  • ▼  2023 (261)
    • ►  dezembro (23)
    • ►  novembro (22)
    • ►  outubro (22)
    • ►  setembro (21)
    • ►  agosto (16)
    • ►  julho (21)
    • ►  junho (22)
    • ►  maio (25)
    • ►  abril (23)
    • ▼  março (24)
      • MOLESKINE DE MARÇO
      • ESTANTE CÁPSULA JUKEBOX (3)
      • DOCE OU SALGADO ◾ HÚMUS E TARTELETES
      • ESTANTE CÁPSULA ◾ MAUS, ART SPIEGELMAN
      • CUIDADOS AO ESCREVER OPINIÕES LITERÁRIAS
      • DIA DO LIVRO PORTUGUÊS 2023
      • JUKEBOX ◾ RAIVA
      • ALMA LUSITANA: OS AUTORES DE ABRIL
      • UMA CAIXA DE CUPCAKES
      • POESIA SUGERIDA POR LEITORES
      • ALMA LUSITANA ◾ DISLIKE, DIOGO SIMÕES
      • CARACÓIS NA LUA ◾ PONTAS SOLTAS
      • ESTANTE CÁPSULA ◾ A FILHA REBELDE, JOSÉ PEDRO CAST...
      • O DIA EM QUE CHEGASTE PELO CORREIO
      • REGISTAR OS MOMENTOS IMPEDE QUE OS APROVEITEMOS?
      • CLUBE LEITURAS DESCOMPLICADAS ◾ CORRERIA DOS PÁSSA...
      • ESTANTE CÁPSULA ◾ O ÚLTIMO VOO DO FLAMINGO, MIA COUTO
      • TERAPIA DE CASAL & AS COISAS QUE FALTAM
      • MULHERES NÃO SÃO CHATAS, MULHERES ESTÃO EXAUSTAS, ...
      • MIL FLORES
      • ALMA LUSITANA ◾ ALEGRIA PARA O FIM DO MUNDO, ANDRE...
      • JUKEBOX ◾ TUDO BEM
      • CARACÓIS NA LUA ◾ DECLARAÇÃO DE NECESSIDADES
      • LIVROS QUE VOU QUERER COMPRAR NA PRIMEIRA PAUSA DO...
    • ►  fevereiro (20)
    • ►  janeiro (22)
  • ►  2022 (311)
    • ►  dezembro (23)
    • ►  novembro (22)
    • ►  outubro (21)
    • ►  setembro (22)
    • ►  agosto (17)
    • ►  julho (25)
    • ►  junho (30)
    • ►  maio (31)
    • ►  abril (30)
    • ►  março (31)
    • ►  fevereiro (28)
    • ►  janeiro (31)
  • ►  2021 (365)
    • ►  dezembro (31)
    • ►  novembro (30)
    • ►  outubro (31)
    • ►  setembro (30)
    • ►  agosto (31)
    • ►  julho (31)
    • ►  junho (30)
    • ►  maio (31)
    • ►  abril (30)
    • ►  março (31)
    • ►  fevereiro (28)
    • ►  janeiro (31)
  • ►  2020 (366)
    • ►  dezembro (31)
    • ►  novembro (30)
    • ►  outubro (31)
    • ►  setembro (30)
    • ►  agosto (31)
    • ►  julho (31)
    • ►  junho (30)
    • ►  maio (31)
    • ►  abril (30)
    • ►  março (31)
    • ►  fevereiro (29)
    • ►  janeiro (31)
  • ►  2019 (348)
    • ►  dezembro (31)
    • ►  novembro (30)
    • ►  outubro (29)
    • ►  setembro (30)
    • ►  agosto (16)
    • ►  julho (31)
    • ►  junho (30)
    • ►  maio (31)
    • ►  abril (30)
    • ►  março (31)
    • ►  fevereiro (28)
    • ►  janeiro (31)
  • ►  2018 (365)
    • ►  dezembro (31)
    • ►  novembro (30)
    • ►  outubro (31)
    • ►  setembro (30)
    • ►  agosto (31)
    • ►  julho (31)
    • ►  junho (30)
    • ►  maio (31)
    • ►  abril (30)
    • ►  março (31)
    • ►  fevereiro (28)
    • ►  janeiro (31)
  • ►  2017 (327)
    • ►  dezembro (30)
    • ►  novembro (29)
    • ►  outubro (31)
    • ►  setembro (30)
    • ►  agosto (17)
    • ►  julho (29)
    • ►  junho (30)
    • ►  maio (24)
    • ►  abril (28)
    • ►  março (31)
    • ►  fevereiro (28)
    • ►  janeiro (20)
  • ►  2016 (290)
    • ►  dezembro (21)
    • ►  novembro (23)
    • ►  outubro (27)
    • ►  setembro (29)
    • ►  agosto (16)
    • ►  julho (26)
    • ►  junho (11)
    • ►  maio (16)
    • ►  abril (30)
    • ►  março (31)
    • ►  fevereiro (29)
    • ►  janeiro (31)
  • ►  2015 (365)
    • ►  dezembro (31)
    • ►  novembro (30)
    • ►  outubro (31)
    • ►  setembro (30)
    • ►  agosto (31)
    • ►  julho (31)
    • ►  junho (30)
    • ►  maio (31)
    • ►  abril (30)
    • ►  março (31)
    • ►  fevereiro (28)
    • ►  janeiro (31)
  • ►  2014 (250)
    • ►  dezembro (31)
    • ►  novembro (30)
    • ►  outubro (28)
    • ►  setembro (23)
    • ►  agosto (13)
    • ►  julho (27)
    • ►  junho (24)
    • ►  maio (18)
    • ►  abril (16)
    • ►  março (14)
    • ►  fevereiro (11)
    • ►  janeiro (15)
  • ►  2013 (52)
    • ►  dezembro (13)
    • ►  novembro (10)
    • ►  outubro (9)
    • ►  setembro (11)
    • ►  agosto (9)
Com tecnologia do Blogger.

Copyright © Entre Margens. Designed by OddThemes