Entre Margens

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A banda sonora de uma viagem literária


As leituras de abril foram, em parte, pensadas de forma estratégica, atendendo a que queria, no mês do meu aniversário, rodear-me de autores que já são indispensáveis. No entanto, também me permiti explorar novidades literárias e vozes que nunca tinha lido antes. Neste equilíbrio, voltei a construir uma playlist que demonstra bem a miscelânea que habita em mim - e que impulsiona uma viagem sempre surpreendente.


DEUSES E AFINS, AFONSO CRUZ
Um Deus, Xutos & Pontapés ▫ A associação foi feita, em primeiro lugar, pelo título. Depois, senti que a canção espelha as preces e as crenças que todos temos, por mais distintas que elas sejam, tal como acontece na narrativa em questão. Portanto, existe um elo entre aquilo que acreditamos e aquilo pode ou não ter existido.


AS ÚLTIMAS LINHAS DESTAS MÃOS, SUSANA AMARO VELHO
Motion Sickness, Phoebe Bridgers ▫ “I'm on the outside looking through”. Foi assim que senti a protagonista, não porque se distanciasse da sua história, mas porque passou a vida a observar e a questionar-se sobre as razões de certos comportamentos. E entre a revolta (não ódio) em relação à mãe e o querer tê-la funcional, foi construindo os seus alicerces, perguntando o que aconteceria, caso as coisas fossem de outra forma.


MAR ALTO, CALEB AZUMAH NELSON
Could Heaven Ever Be Like This, Idris Muhammad ▫ O autor parece que pensou em mim (e nesta dinâmica), visto que, no final do livro, disponibilizou uma playlist de músicas para escutarmos. Embora sinta que qualquer uma delas pudesse ser a escolhida, optei por esta, porque a relação entre os protagonistas parece transcender-se, porque a forma como se observam é terna, é doce e imprevisível. Além disso, mesmo quando não verbalizam um com o outro, o silêncio encarrega-se de comunicar por eles - um pouco como este tema, no qual há partes sem letra, mas a melodia continua a embalar-nos num ritmo frenético, intenso e familiar.


O DICIONÁRIO DAS PALAVRAS PERDIDAS, PIP WILLIAMS
Runaway, Aurora ▫ Este tema, parece-me, cumpre os requisitos necessários para acompanhar a narrativa: pela ideia de pertença, pela ideia de voltar sempre a casa, pelos constantes avanços e recuos que a protagonista foi abraçando no decorrer da ação e que estão tão presentes na letra da música. Ademais, a ideia subtil de estar à escuta (não do oceano, mas de palavras ditas por tantas mulheres anónimas) é uma parte crucial do enredo. E Esme continuou a correr, sem nunca esquecer o caminho de regresso: ao seu lar, ao que a move, a si.


O TORCICOLOGOLOGISTA, EXCELÊNCIA, GONÇALO M. TAVARES
Terra Firme, Benjamim ▫ Uma associação feita pela sensação de estar suspensa. Na música, ao presente, já no livro, aos diálogos surreais que nos transportam para tantos lugares e para lugar nenhum. Além disso, nesta terra firme, parece que andamos muitas vezes em contramão, sem compreendermos bem qual a rota a seguir.


TUDO É RIO, CARLA MADEIRA
Lisboa, Anavitória & Lenine ▫ A letra, ainda que de um modo subtil, consegue ter traços provocantes e demonstrar o desejo do outro - e um certo tom perverso, tal como a narrativa de Carla Madeira. Além disso, há um querer constante, esse desejo de ter o outro perto, por mais que este se afaste e que até procure algo diferente; porque o amor também consegue ser doentio, possessivo e é neste limbo que avançamos na leitura.


BLOOM #1, KEVIN PANETTA
Summer Mood, Best Coast ▫ Houve algo a mudar neste verão. E neste constante ir e vir, que se reproduz em ausências, inseguranças e saudade, existe um amor a crescer. De todos os temas partilhados em anexo, por cortesia dos artistas desta novela gráfica, senti que este era o mais indicado, pela mensagem concisa, pela aproximação à estação do ano com mais ênfase na obra, pelos próprios tons das tiras que o elevam.


M TRAIN, PATTI SMITH
Frederick, Patti Smith ▫ Ainda não tinha começado e já sabia que, para esta leitura, só podia ter uma artista associada. Oscilei entre alguns dos temas de Patti Smith, mas senti que este lhe assentava melhor. Embora os textos não sejam apenas sobre Frederick, há muito dele nesta obra e naquilo que ela é. Além disso, é um tema que mostra todo o seu lado aventureiro, cuidadoso e que encontra sempre uma maneira de regressar a casa.


NA TERRA SOMOS BREVEMENTE MAGNÍFICOS, OCEAN VUONG
Fast Car, Tracy Chapman ▫ Sinalizei algumas referências musicais que apareceram ao longo da narrativa, mas, ao escutá-las, senti que não se adequavam, porque queria uma melodia mais saudosista. Esta história é profundamente triste, com uma personagem que comunica muito através do que fica por dizer, quase como se falasse de outra pessoa que não ela. Ainda assim, tenta encontrar uma saída, um propósito, por isso, e por também referir detalhes que são explorados no livro, creio que este tema se aproxima mais da mensagem.


PARA QUE O FOGO ACONTEÇA, FILIPE HOMEM FONSECA
Estrada, Pedro Mafama ▫ Uma associação, talvez, um pouco questionável, mas este livro pareceu-me uma longa estrada, que se percorre para fugir e, ao mesmo tempo, uma estrada que nos leva de volta a lugares que conhecemos de cor. Em simultâneo, houve uma quadra que me recordou dos versos “Cada subida é uma descida acentuada/É uma paisagem com perigo de derrocada”. Por isso, e porque “há dias quentes e noites frias/No deserto que é a vida”, fez-me todo o o sentido tecer este elo entre as palavras escritas e as cantadas.


QUERO MORRER, MAS TAMBÉM QUERO COMER TTEOKBOKKI, BAEK SEHEE
Afraid, The Neighbourhood ▫ Fui procurar por este livro no Spotify e perdi-me numa playlist com o mesmo nome (versão em inglês). De entre todas as hipóteses disponíveis, embora não me tenha arrebatado de imediato, achei que esta era a que se enquadrava melhor: pelo medo de ser substituída, pela mentira, pela imagem do outro, pela própria vontade de morrer. A protagonista luta contra os seus fantasmas e, nesta música, também.


O LUGAR DAS ÁRVORES TRISTES, LÉNIA RUFINO
Um Lugar, Rui Massena ▫ Escolhi um instrumental, porque queria que fosse o silêncio (das palavras) a assumir uma posição de destaque e porque queria que a melodia transmitisse um certo mistério e um infindável número de cenários para a sua continuação. Nem sempre linear, nem sempre claro, tal como a narrativa, segui embalada neste tema com a mesma urgência com que voltei a folhear as páginas do livro da Lénia.

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- título sugerido pela Matilde Ferreira -


A casa branca deita flores pela chaminé. Tantas vezes repetiu este pensamento, quando por lá passava, que começou a acreditar nele. E a acreditar que via um desfile de tulipas, girassóis, margaridas, gerberas e mais uma série delas a ascender por aquele mar azul translucido, em plena tarde de verão, por cima da sua cabeça.

Numa das suas longas caminhadas, decidiu parar e, enquanto criança curiosa, deitar-se em terreno alheio, que julgou abandonado, para desfrutar do espetáculo que apenas ele observava, mas que o enternecia mesmo assim. Julgou-se adormecer, até que uma borboleta colorida, numa dança delicada, pousou no seu nariz.

– Também vieste ver a casa que deita flores pela chaminé?
– Que casa é essa?

Arregalou muito os olhos, a achar que tinha enlouquecido. Não tinha, só não reparou que não estava sozinho.

– Tu falas?
– Sim... Qual é o espanto?
– Mas és uma borboleta?
– Essa é boa – e o riso daquela voz encheu o ar.

Naquele instante, uma sombra aproximou-se e ele levantou-se num ápice.

– Calma, não precisas de ficar assustado. O que fazes aqui? Estás perdido?
– Ah, não, não, só vim dar um passeio, já vou embora – respondeu algo desorientado. – Achei que este jardim estava abandonado e resolvi deitar-me um bocado, para descansar. Lamento ter incomodado, até à próxima.

Preparou-se para desaparecer dali, mas algo o impedia. Era como se o olhar daquela mulher, que poderia bem ser sua mãe (e talvez não se importasse se fosse), o hipnotizasse, como se lhe dissesse para não sair dali.

– Podes ficar o tempo que quiseres – sorriu.
– Obrigado!
– Diz-me lá, que história é essa de a casa branca deitar flores pela chaminé?
– Uma brincadeira que tinha com a minha mãe...
– Tinhas?
– Um incêndio destruiu a nossa casa, do outro lado do monte. Ela não sobreviveu.
– Lamento, meu querido.
– Eu também.

O ar ficou envolto num silêncio desconfortável, mas nenhum recuou. Aquelas duas almas não se conheciam de parte alguma e, ainda assim, tinham histórias de vida semelhantes. Talvez tivessem tempo de o descobrir.

Como se nada tivesse acontecido, retomaram a conversa.

– Tínhamos o hábito de ir para o jardim, em tardes de céu aberto, para imaginar figuras em cenários improváveis. Por isso, passei a ver mais do que existe na realidade. É divertido pelo que podemos criar.
– Então basta-te olhar para o céu?
– Sim, tão simples quanto isso.
– Parece-me um bom plano. Vou deixar-te sossegado.
– Pode fazer-me companhia.
– Fazemos assim, eu cedo o espaço e todos os dias regressas com uma história nova. O que te parece?
– Perfeito!

A partir daquele dia, o rapaz voltou sempre à mesma hora. Quem o visse, julgava-o sempre atrasado para um compromisso inadiável. Mas que compromisso poderia ser aquele? Apesar da curiosidade, ninguém perguntou.

Passou o verão e todas as estações seguintes. Floriram as flores, chegaram as primeiras chuvas e os nevões da serra. E ele sempre de um lado para o outro, a criar narrativas, a deitar-se no jardim e a olhar para o céu à procura de inspiração. Houve olhares desconfiados, mas a verdade é que ninguém se atreveu a segui-lo.

A voz da mulher era a única que lhe preenchia os dias. Ali, encontrou um lar e sentiu que, tal como ele, ela deveria estar sozinha no mundo, numa bolha de perda da qual não conseguia falar. Que triste é estar-se só.

Quando o ano deu mais uma volta, o rapaz deixou de ir e passou a ficar. Primeiro, no quarto de hóspedes, depois na casa toda. E cresceu a imaginar, afinal, a casa branca continuava a deitar flores pela chaminé.

Era já inverno nos suspiros descompensados da mulher. Os espaços em branco na sua memória eram mais intensos, ampliados de falhas, mas, observando um último pôr-do-sol, pegou na mão do rapaz de quem nunca conheceu o nome, talvez porque existam elos que não precisem de saber mais do que aquilo que alcançam.

– O sol parece a lua, não achas?

E, depois, o silêncio. E uma chaminé vazia.

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«Ela aproxima-se e pergunta-me: o que pretende?»

Avisos de Conteúdo: Referência a Violência, Cancro e Morte; Linguagem Explícita


Os livros que nos retiram da nossa zona de conforto são bastante estimulantes, porque impulsionam o nosso pensamento, mesmo quando não nos sentimos seguros na compreensão total da mensagem. Como diria Bruno Nogueira, «o mundo é bué cenas» e no livro de Gonçalo M. Tavares percebemos isso muito bem.


ENTRE DIÁLOGOS E CIDADE

O Torcicologologista, Excelência é um livro de ficção, composto por duas partes. A primeira, dedicada aos diálogos, a segunda, centrada «na agitação da cidade». Embora apresentem tons e propósitos distintos, há um traço de ambiguidade que as aproxima e que nos permite conhecer uma série de personagens peculiares.

«- A diferença é que os gestos que fazemos no centro 
da praça não são musculares, são gestos sociais»

As Excelências desta narrativa conversam sobre tudo e sobre nada, num contraponto que tem tanto de cómico, como de estranho, que tem tanto de filosófico, como de inocente. Envoltos numa aura irónica, dura e absurda, «vão dissertando sobre o bem e o mal, as revoluções, o tédio, a dança, a preguiça, as grandes questões, os pequenos contratempos, os saltos e as quedas». No fundo, são dois curiosos a desenhar os mais diversos cenários - credíveis ou estapafúrdios, não importa para o caso - e a tentar chegar a algumas conclusões.

«- As revoluções seguem assim a metodologia que alguns 
poetas aconselhavam: promover uma nova combinação de palavras»

Talvez pelo formato, estes diálogos leem-se num sopro, porém, concedem-nos espaço para refletir sobre várias problemáticas sociais. No entanto, não fui completamente arrebatada, porque senti falta de um pouco mais de profundidade nas conversas. Há um tom engraçado, que entretém e que nos faz rir da insanidade, mas também há um certo vazio e repetição em algumas partilhas. A premissa é excelente, mas foi esmorecendo.

«- Pois, não sei. Dominar o mundo sempre me aborreceu. Prefiro uma sesta»

Em suma, achei curioso que Diálogos seja uma crítica à sociedade, realçando todas as suas incoerências, e que Cidade nos mostre vidas banais e que seja sobre ninguém em concreto e tanta gente ao mesmo tempo.


🎧 Música para acompanhar: Terra Firme, Benjamim
📖 Do mesmo autor, li e recomendo: Uma Menina Está Perdida no Seu Século à Procura do Pai (também já li Uma Viagem à Índia, mas preciso de o reler para fundamentar a minha opinião, embora o aconselhe)

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«Em cada rosto igualdade»


A autora Ana Bárbara Pedrosa, para o blogue literário da Wook, preparou um artigo sobre o 25 de abril - Outra Vez o 25 de Abril -, no qual afirmou que «a data não cansa nem quem escreve, nem quem lê». Porque, mesmo que o nome de muitos de nós seja sinónimo de liberdade, esta conquista não foi garantida com cunho vitalício.

É, portanto, vital compreender o ponto de viragem, para que o passado permaneça onde pertence. Por isso, acho sempre importante debatermos o assunto de várias perspetivas, em vez de o ocultarmos, de modo a ampliarmos o nosso conhecimento e percebermos o que está ao nosso alcance para não recuarmos.

De um ponto de vista cultural, existem inúmeras iniciativas que potenciam esta abordagem e que nos aproximam da mensagem. Assim sendo, optei por trazer cinco delas para assinalarmos esta data memorável.


LIVROS PROIBIDOS 
NO ESTADO NOVO


«Esta é a terceira edição do catálogo da exposição que esteve patente na Livraria Parlamentar, ao longo do mês de abril de 2004, no âmbito das comemorações do 30.º aniversário da Revolução de Abril. Trata-se de uma edição revista e com um novo grafismo e integra a coleção Imagens e Documentos. Esta obra contém os títulos dos livros censurados e apreendidos e retrata os critérios de censura literária ocorrida no período do Estado Novo. Reúne, assim, um vasto conjunto de documentação, nomeadamente, pareceres e autos de apreensão dos Serviços de Censura do Fundo da Pide/DGS, registos sobre a proibição ou a autorização de circulação de certos livros, entre outros».


ESPETÁCULO LIBERDADE

«A Praça do Giraldo, considerada a sala de visitas de Évora, vai acolher o espetáculo “Liberdade”, interpretado por artistas de cinco nacionalidades, para assinalar os 49 anos do 25 de Abril, anunciou hoje a Câmara Municipal. Em comunicado enviado à agência Lusa, a autarquia explica que o espetáculo, agendado para as 22:30 do dia 24, foi criado “propositadamente” para comemorar o 25 de Abril naquela cidade alentejana».

✏ Évora acolhe espetáculo "Liberdade" para assinalar o 25 de abril


ALEGRIA DA LIBERDADE

«Um conjunto de objetos e imagens nascidos com o 25 de Abril, pertencentes ao arquivo Ephemera, que espelham a pluralidade da vida política e a “alegria da liberdade”, vai estar patente em Lisboa a partir de sexta-feira. Cartazes, emblemas, autocolantes, postais, faixas, cinzeiros, pratos, discos, objetos das mais diversas naturezas e dos mais diferentes partidos políticos, que ilustram a enorme diferença na paisagem visual pública surgida após o fim da ditadura integram a exposição “Sinais da liberdade – Iconografia da democracia no arquivo Ephemera”, que fica aberta ao público de 14 de abril a 28 de maio, no Tribunal da Boa Hora».

✏ Iconografia da "alegria da liberdade" do arquivo Ephemera para ver em Lisboa


SALGUEIRO MAIA - 
O IMPLICADO


«
A História é feita de grandes momentos. E dos grandes homens que os viveram. Na história recente de Portugal, o 25 de Abril de 1974 é um desses momentos. Já muito se escreveu e contou sobre o que se passou nesse dia, o novo país que se criou nessa madrugada. São muitas as histórias. Todas diferentes. Mas em todas sobressai o nome de um homem: Fernando Salgueiro Maia. O capitão que chefiou os elementos da Escola Prática de Cavalaria de Santarém e tomou Lisboa, mudando para sempre o curso da História política e social do país. Esta é a história de Salgueiro Maia. Da criança, do jovem, do homem. É a história da formação de uma pessoa simples e fiel, mas que fez dois cursos superiores na Academia Militar e se tornou num líder nato, respeitado tanto pelos seus subordinados como pelos seus superiores hierárquicos. Um herói que, pela sua atitude modesta e correta, sempre fiel à sua missão e à sua Arma, assumiu a postura típica do anti-herói, da figura histórica improvável, do jovem rosto da mudança. Sempre cumpridor do seu dever, teve dificuldade em ver-se como herói da Revolução, mas nunca renegou o papel crucial que teve no 25 de Abril. Amado, temido, odiado e saneado por aqueles que viam nele uma ameaça, foi sempre uma pessoa frontal e sem medo. Salgueiro Maia foi, acima de tudo, português, militar e cidadão».

✏ Minissérie realizada por Sérgio Graciano a ser exibida na RTP


ÀS ESCONDIDAS, ELAS TAMBÉM FIZERAM A REVOLUÇÃO


«A história do 25 de Abril é quase sempre contada por corajosos capitães, poetas e cantautores, revolucionários, intelectuais e dirigentes de partidos. Todos homens. De fora, ficam as mulheres que estiveram na linha da frente no combate ao regime, que também sofreram ameaças de prisão, tortura e morte, que renunciaram à família e até à própria identidade. Quem são estas mulheres? Onde viveram clandestinas? E qual foi, afinal, o seu papel na Revolução? É este o ponto de partida do projecto multimédia “Às escondidas, elas também fizeram a Revolução”, da revista digital DIVERGENTE, que, primeira vez, mapeia as casas onde várias mulheres viveram clandestinas durante a ditadura e apresenta uma compilação de nomes e moradas que, até hoje, nunca tinha sido feita. A investigação também recupera o dia-a-dia de duas mulheres durante a clandestinidade, Luísa Tito de Morais e Maria Machado Pulquério».

✏ Projecto dedicado às mulheres que viveram clandestinas durante a ditadura


«A liberdade, unicamente a liberdade» ♥

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«Uma viagem literária para descobrirmos os nossos autores»


Maio é o mês do Alma Lusitana por excelência, já que foi neste mês, em 2020, que nasceu: primeiro, para celebrar o Dia do Autor Português, depois, para se transformar numa viagem literária. Assim, trago uma autora que me arrebatou com Apneia, Tânia Ganho, e um autor que me desperta imensa curiosidade, João Reis.


TÂNIA GANHO

Nasceu, estudou e deu aulas «de tradução como assistente convidada da Universidade» em Coimbra. Além disso, no seu percurso profissional, fez «legendagem de filmes» e passou «pela redação da SIC como tradutora de informação». A tradução continua, deste modo, a ser uma parte bastante significativa da sua vida, mas, felizmente, também se dedicou à literatura enquanto escritora - e conta com alguns romances publicados.

      

A Vida Sem Ti: «Ana tem 27 anos, uma colecção de namorados e uma total falta de vocação para casar e ter filhos. Mas quando conhece Richard, um homem vinte e um anos mais velho, divorciado e com dois filhos pequenos, não hesita em fazer as malas e mudar-se para Londres, convicta de que encontrou o amor da sua vida. Para trás deixa um emprego na Universidade, a família que adora e, acima de tudo, a sua independência. Chegada a Inglaterra, descobre que a vida a dois não é a aventura que esperava e que ser mãe dos filhos dos outros não é simplesmente brincar às casinhas. Uma tragédia vem pôr fim aos seus pequenos dramas diários e mostrar que todos escondemos terríveis segredos».

Cuba Libre: «Como é que alguém pode saber o que se passa dentro da cabeça de uma mulher que foi educada para fugir à tentação? Uma mulata de cabelo rapado à beira de uma piscina, numa madrugada em Cuba. Um homem vindo de Bruxelas, na véspera de um casamento. Uma relação de sete anos e o medo do escândalo, numa terra de «gente austera e devota». Duas ilhas estanques no meio do Atlântico. O desejo louco de libertação. Um regresso inesperado a Paris. Dez anos na vida de uma mulher de sexualidade ambígua, em busca do seu rumo no mundo».

A Lucidez do Amor: «Uns meses depois do 11 de setembro, Michael Adam, piloto da Força Aérea francesa, é enviado para o Afeganistão no âmbito da luta contra o terrorismo. Passados quatro anos, parte novamente em missão, mas desta vez com plena consciência da natureza letal do seu trabalho. É com o inquietante pressentimento de que poderá não regressar a casa que se despede da mulher, Paula, e do filho recém-nascido. Atirada para um mundo sem homens, Paula é obrigada a tornar-se mãe solteira e a criar laços de amizade com o heterogéneo grupo de mulheres que a rodeia e que vive ao ritmo do toque do telefone - até ao dia em que as linhas ficam mudas».


   

A Mulher-Casa: «Ela é uma modista de chapéus pouco conhecida; ele, um ghostwriter de políticos menores e personalidades duvidosas. Quando trocam a pacata Aix-en-Provence pela imponente Paris, levam consigo toda uma bagagem de sonhos e promessas de glamour. Porém, o crescente sucesso profissional do marido depressa reduz Mara ao papel de mãe e dona de casa, arrastando-a para um abismo de solidão e desencanto. É então que se envolve com Matthéo, um jovem chef mais novo do que ela, e de súbito se vê enredada numa espiral de sentimentos contraditórios onde a lealdade, a luxúria e o dever encerram as agonizantes perguntas: poderá uma adúltera ser uma boa mãe? Poderá ela esperar que este amor proibido a salve de si mesma e da sua falta de fé?».

Apneia: «Quando Adriana ganha finalmente coragem para sair de casa com o filho de cinco anos, pondo fim ao casamento com Alessandro, mal pode imaginar que o marido, incapaz de aceitar o divórcio, tudo fará para a destruir - nem que para isso tenha de destruir o próprio filho. Apneia é uma viagem ao mundo sórdido da violência conjugal e parental, através de um labirinto negro em que os limites da resistência psicológica são postos à prova, ameaçando desabar a qualquer instante, e dos meandros tortuosos de uma Justiça por vezes incompreensível, desumana e desfasada da realidade».

Li e recomendo: Apneia


JOÃO REIS

É natural de Vila Nova de Gaia, licenciou-se em Filosofia, «fundou a Eucleia Editora (da qual foi editor durante dois anos), viveu e trabalhou na Escandinávia e traduz obras de línguas escandinavas para português». Nomeado para vários prémios, chegando a finalista em alguns deles, a lista de obras publicadas está a crescer.

      

A Avó e a Neve Russa: «Babushka está doente. Esta russa idosa, emigrante no Canadá, sobreviveu ao acidente nuclear de Chernobyl. Esconde no peito a doença que a obriga a respirar a contratempo e lhe impõe uma tosse longa e larga e comprida e sem fim — um mal que a faz viver mergulhada nas memórias do seu passado luminoso, a neve pura da Rússia, recordação sob recordação. Na fronteira com a realidade caminha o seu neto mais novo, de dez anos, um menino que não desiste de puxar o fio à meada e de tentar devolver a avó ao presente. Para ajudar Babushka, precisa de encontrar uma solução para os seus pulmões destruídos, sacos rasgados e quase vazios — mesmo que isso o obrigue a crescer de repente e partir em busca de uma planta milagrosa, o segredo que poderá salvar a família e completar a matriosca que só ele vê».

A Devastação do Silêncio: «A Grande Guerra assola a Europa do início do século XX. Um capitão do Corpo Expedicionário Português encontra-se num campo de prisioneiros alemão, sem documentos que atestem a sua patente de oficial, obrigado a partilhar a vida e o destino dos seus conterrâneos mais pobres. Tem fome, ouve detonações constantes, observa, sonha, procura um sentido para tudo aquilo que o rodeia, tenta terminar o relato de uma estranha história sobre cientistas alemães e gravações de voz, procura desesperadamente o silêncio e, acima de tudo, a paz das coisas simples».

A Noiva do Tradutor: «Destroçado com a partida da sua noiva, um jovem tradutor entra num elétrico a caminho de casa. À sua volta, pessoas que são o retrato de uma cidade — e de uma vida — que ele abomina: mesquinha, cruel, injusta e, de algum modo, ridícula. Sozinho, confuso e sem chapéu, apercebe-se de que chegou o derradeiro momento de encontrar uma saída, algo que o afaste para sempre de editores ardilosos, inquilinos bizarros, da senhoria e dos seus insuportáveis guisados — custe o que custar».


      

Quando Servi Gil Vicente: «Gil Vicente, figura insigne do Teatro e das Letras portuguesas, de vida incerta e misteriosa, e alvo de admiração e honrarias ao longo dos séculos. Menos afamado, talvez, seja seu servo, Anrique de Viena, homem humilde e leal que conheceu em batalha o mundo, e que regressou para o lado de seu senhor para o acompanhar no inverno de sua vida e o ajudar na escrita da sua última peça. E através da pena de Anrique, ágil e dedicada, veremos o mestre como nunca antes foi visto».

Se Com Pétalas ou Osso: «Um jovem autor português instala-se numa residência para escritores em Seul para escrever o seu próximo romance. Em vez disso, deambula pela cidade com a namorada, possivelmente grávida, e entrega-se a todo o tipo de fait divers mais ou menos absurdos...».

Cadernos da Água: «Num romance composto a múltiplas vozes, é feminina a voz que se sobrepõe, através do fio condutor de um caderno onde regista o seu dia a dia de refugiada na companhia da filha. O destinatário dos seus apontamentos é o marido, em parte incerta, e somos nós quem os lemos. São portugueses estes refugiados. O Estado português dissolveu-se, e o território está sem lei. Deram-se as Guerras Meridionais da Água, o Primeiro e o Segundo Eventos, e até uma pandemia de rex-vírus 3, que se espalhou pela Europa, pelo Médio Oriente e pelo Norte de África. Os países do Norte fecharam as fronteiras e interromperam o apoio financeiro que vinham a dar aos países do Sul da Europa, a «taxa do deserto». A seca é extrema».

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«Uma cidade sem livrarias é uma cidade sem alma»


Livro. Essa palavra exata que se amplia em tantos significados, consoante as histórias que nos enlaçam, consoante os sentimentos que elevam; essa palavra que nos agrega como comunidade e que nos permite viajar pelas mais distintas rotas. Livro. Esse objeto transcendente que serena o mundo, que nos permite desfrutar do silêncio, que nos torna mais críticos, mais empáticos, mais plenos. É sempre inacreditável quando as palavras nos acrescentam tanto. E, por isso, é nos livros que nos perdemos e nos encontramos sempre.

Enquanto apaixonada pela leitura, o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor é uma data que faço questão de celebrar, porque acredito que todas as ocasiões são perfeitas para conversarmos sobre narrativas que adoramos e nos transformam e sobre escritores que têm o nosso coração por inteiro - ou muito perto disso. Dia Especial (2015), responder à proposta da Sofia Costa Lima (2018), Comprar vs Requisitar Livros (2019), Estante Cápsula (2020, acompanhado de uma semana temática), Dois Para Três (2021) e Contem-me Histórias (2022) foram as minhas abordagens até hoje. Para este ano, procurei dedicar-me a outro formato.

É inevitável, neste dia, pensar em todas as obras/todos os autores que se colaram à minha pele - e os quais recomendo sempre que possível. No entanto, quis distanciar-me de elementos concretos e concentrar-me no lugar onde a magia acontece. Assim, nesta data tão bonita, abro o Passaporte Livrólico para uma edição especial, para irmos descobrir quatro livrarias portuenses extraordinárias - e os livros que adquiri em cada uma.


LIVRARIA ABERTA

      

A Livraria Aberta não deixa ninguém à margem. Assumindo-se como uma livraria queer, na designação mais inclusiva do termo, o espaço encantou-me pelo traço minimalista e aconchegante, com um catálogo diverso e cuidado e um ambiente que aparenta ser «uma galeria de arte», na qual o livro é o centro das atenções.

O Paulo e o Ricardo idealizaram o projeto com todo o empenho e isso é bastante percetível pelo trabalho desenvolvido nas redes sociais e pela preocupação que ambos têm em proporcionar uma experiência confortável a todos os que procuram a livraria: quer na seleção das obras que podemos encontrar por lá, quer pelos eventos que organizam e que nos permitem debater tantas questões sociais pertinentes e urgentes.

      

Com exemplares em várias línguas e para diferentes faixas etárias, encontram-na na Rua do Paraíso.

Os livros que comprei
📖 Tudo Sobre o Amor, Bell Hooks;
📖 Mar Alto, Caleb Azumah Nelson;
📖 Rádio Silêncio, Alice Oseman;
📖 Bloom Volume 1, Kevin Panetta.

✏ Desta lista, já li Mar Alto (que se tornou num favorito) e Bloom (que ficou aquém das expectativas).


LIVRARIA TÉRMITA

      

É necessário ir de olhar atento para não passarmos ao lado deste lugar cheio de charme, com inúmeras histórias para contar e lançamentos de livros à espreita. Paredes meias com o Café Candelabro, temos de percorrer «um corredor para entrar». E é nesta transição que nos transportamos para uma realidade paralela.

      

O espaço recebe-nos como se chegássemos a casa. E por entre mesas, estantes altas, bem preenchidas, plantas e um jogo de luzes - naturais e artificiais - que lhe confere um ambiente singular, descobrimos um catálogo generalista, que comprova o quanto continuam «a acreditar no livro como objeto materializado».

      

Na Térmita vendem-se livros novos e usados, com particular destaque para títulos de fotografia, poesia, prosa e ensaio. Além disso, oferecem um programa versátil e apetecível. Encontram-na no Largo de Mompilher.

Os livros que comprei
📖 Obras Completas Maria Judite de Carvalho II, Maria Judite de Carvalho;
📖 Obras Completas Maria Judite de Carvalho V, Maria Judite de Carvalho;
📖 Para Que o Fogo Aconteça, Filipe Homem Fonseca.

✏ Pretendo ler Para Que o Fogo Aconteça ainda este mês (ou outros reservei para o Alma Lusitana).


LIVRARIA FLÂNEUR

      

A Flâneur é paragem obrigatória, para mim, em cada visita à Feira do Livro do Porto - e é onde faço a maior despesa. Curiosamente, nunca tinha visitado a livraria e perdi-me de encantos, assim que a inclui no roteiro.

A Cátia e o Arnaldo encontram nos livros «novos fôlegos, entusiasmo, vida», mas sempre de um ponto de vista livre, para que sejam partilhados. É por isso que, quando entramos neste espaço, somos logo acolhidos por uma sala ampla, recheada de estantes, de coleções, de títulos que contemplam vários géneros. Simultaneamente, somos convidados a ficar, a deambular entre prateleiras e mesas tão coloridas, e a voltar sempre que nos apetecer, para vermos livros específicos ou, então, para termos um encontro literário às cegas.

      

Livraria e Editora, relativamente perto da Casa da Música, encontram-na na Rua de Fernandes Costa.

Os livros que comprei
📖 A Estrada Para Firopótamos, Filipa Leal;
📖 Volta Para a Tua Terra Volume 2, Manuella Bezerra de Melo & Wladimir Vaz;
📖 Os Meus Sentimentos, Dulce Maria Cardoso;
📖 M Train, Patti Smith;
📖 Já Não Me Deito em Pose de Morrer, Cláudia R. Sampaio;
📖 Mar Negro, Ana Pessoa (que deixei encomendado e que, entretanto, já chegou).

✏ Desta lista, li M Train (que viagem tão bonita) e estou a pensar incluir A Estrada Para Firopótamos, Já Não Me Deito em Pose de Morrer e Mar Negro na TBR de maio (mês em que leio apenas autores portugueses).


LIVRARIA POETRIA

      

A Poetria nasceu, em 2003, «com dois grandes amores: a poesia e o teatro». Já a tinha tentado visitar noutras ocasiões, mas sem sucesso. Ainda assim, à terceira foi de vez e valeu totalmente a pena estes desencontros.

      

Com edições próprias, através da Fresca, e um catálogo «escolhido a dedo», encontramos títulos de autores portugueses, ingleses e brasileiros, fomentando a diversidade e dando voz a escritores marginalizados. A primeira casa da livraria situava-se nas Galerias Lumière, no entanto, após um período turbulento, com «ordens de despejo, propostas de indemnizações, petições públicas e mobilizações cívicas», a Poetria resistiu e mudou-se para uma nova morada, «a 100 metros da localização anterior», para continuar a sua missão.

      

O espaço, que conta com dois pisos (o primeiro com prateleiras recheadas de histórias e o segundo para lazer), é encantador, acolhedor e irresistível. Mas não se faz só de livros, já que também organizam eventos na livraria. Encontram-na na Rua Sá de Noronha, com o melhor anfitrião de sempre: o amoroso cão Blake.

Os livros que comprei
📖 Guarda Nocturno, Ana Freitas Reis;
📖 A Importância do Pequeno-Almoço, Francisca Camelo;
📖 O Ano do Macaco, Patti Smith.

✏ Desta lista, ainda não descobri qualquer título, mas devo incluir Guarda Nocturno nas leituras de maio.


Feliz Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor ♥

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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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