ALMA LUSITANA: OS LIVROS DE MAIO

Fotografia da minha autoria



«Uma viagem literária para descobrirmos os nossos autores»


Maio é o mês do Alma Lusitana por excelência, já que foi neste mês, em 2020, que nasceu: primeiro, para celebrar o Dia do Autor Português, depois, para se transformar numa viagem literária. Assim, trago uma autora que me arrebatou com Apneia, Tânia Ganho, e um autor que me desperta imensa curiosidade, João Reis.


TÂNIA GANHO

Nasceu, estudou e deu aulas «de tradução como assistente convidada da Universidade» em Coimbra. Além disso, no seu percurso profissional, fez «legendagem de filmes» e passou «pela redação da SIC como tradutora de informação». A tradução continua, deste modo, a ser uma parte bastante significativa da sua vida, mas, felizmente, também se dedicou à literatura enquanto escritora - e conta com alguns romances publicados.

      

A Vida Sem Ti: «Ana tem 27 anos, uma colecção de namorados e uma total falta de vocação para casar e ter filhos. Mas quando conhece Richard, um homem vinte e um anos mais velho, divorciado e com dois filhos pequenos, não hesita em fazer as malas e mudar-se para Londres, convicta de que encontrou o amor da sua vida. Para trás deixa um emprego na Universidade, a família que adora e, acima de tudo, a sua independência. Chegada a Inglaterra, descobre que a vida a dois não é a aventura que esperava e que ser mãe dos filhos dos outros não é simplesmente brincar às casinhas. Uma tragédia vem pôr fim aos seus pequenos dramas diários e mostrar que todos escondemos terríveis segredos».

Cuba Libre: «Como é que alguém pode saber o que se passa dentro da cabeça de uma mulher que foi educada para fugir à tentação? Uma mulata de cabelo rapado à beira de uma piscina, numa madrugada em Cuba. Um homem vindo de Bruxelas, na véspera de um casamento. Uma relação de sete anos e o medo do escândalo, numa terra de «gente austera e devota». Duas ilhas estanques no meio do Atlântico. O desejo louco de libertação. Um regresso inesperado a Paris. Dez anos na vida de uma mulher de sexualidade ambígua, em busca do seu rumo no mundo».

A Lucidez do Amor: «Uns meses depois do 11 de setembro, Michael Adam, piloto da Força Aérea francesa, é enviado para o Afeganistão no âmbito da luta contra o terrorismo. Passados quatro anos, parte novamente em missão, mas desta vez com plena consciência da natureza letal do seu trabalho. É com o inquietante pressentimento de que poderá não regressar a casa que se despede da mulher, Paula, e do filho recém-nascido. Atirada para um mundo sem homens, Paula é obrigada a tornar-se mãe solteira e a criar laços de amizade com o heterogéneo grupo de mulheres que a rodeia e que vive ao ritmo do toque do telefone - até ao dia em que as linhas ficam mudas».


   

A Mulher-Casa: «Ela é uma modista de chapéus pouco conhecida; ele, um ghostwriter de políticos menores e personalidades duvidosas. Quando trocam a pacata Aix-en-Provence pela imponente Paris, levam consigo toda uma bagagem de sonhos e promessas de glamour. Porém, o crescente sucesso profissional do marido depressa reduz Mara ao papel de mãe e dona de casa, arrastando-a para um abismo de solidão e desencanto. É então que se envolve com Matthéo, um jovem chef mais novo do que ela, e de súbito se vê enredada numa espiral de sentimentos contraditórios onde a lealdade, a luxúria e o dever encerram as agonizantes perguntas: poderá uma adúltera ser uma boa mãe? Poderá ela esperar que este amor proibido a salve de si mesma e da sua falta de fé?».

Apneia: «Quando Adriana ganha finalmente coragem para sair de casa com o filho de cinco anos, pondo fim ao casamento com Alessandro, mal pode imaginar que o marido, incapaz de aceitar o divórcio, tudo fará para a destruir - nem que para isso tenha de destruir o próprio filho. Apneia é uma viagem ao mundo sórdido da violência conjugal e parental, através de um labirinto negro em que os limites da resistência psicológica são postos à prova, ameaçando desabar a qualquer instante, e dos meandros tortuosos de uma Justiça por vezes incompreensível, desumana e desfasada da realidade».

Li e recomendo: Apneia


JOÃO REIS

É natural de Vila Nova de Gaia, licenciou-se em Filosofia, «fundou a Eucleia Editora (da qual foi editor durante dois anos), viveu e trabalhou na Escandinávia e traduz obras de línguas escandinavas para português». Nomeado para vários prémios, chegando a finalista em alguns deles, a lista de obras publicadas está a crescer.

      

A Avó e a Neve Russa: «Babushka está doente. Esta russa idosa, emigrante no Canadá, sobreviveu ao acidente nuclear de Chernobyl. Esconde no peito a doença que a obriga a respirar a contratempo e lhe impõe uma tosse longa e larga e comprida e sem fim — um mal que a faz viver mergulhada nas memórias do seu passado luminoso, a neve pura da Rússia, recordação sob recordação. Na fronteira com a realidade caminha o seu neto mais novo, de dez anos, um menino que não desiste de puxar o fio à meada e de tentar devolver a avó ao presente. Para ajudar Babushka, precisa de encontrar uma solução para os seus pulmões destruídos, sacos rasgados e quase vazios — mesmo que isso o obrigue a crescer de repente e partir em busca de uma planta milagrosa, o segredo que poderá salvar a família e completar a matriosca que só ele vê».

A Devastação do Silêncio: «A Grande Guerra assola a Europa do início do século XX. Um capitão do Corpo Expedicionário Português encontra-se num campo de prisioneiros alemão, sem documentos que atestem a sua patente de oficial, obrigado a partilhar a vida e o destino dos seus conterrâneos mais pobres. Tem fome, ouve detonações constantes, observa, sonha, procura um sentido para tudo aquilo que o rodeia, tenta terminar o relato de uma estranha história sobre cientistas alemães e gravações de voz, procura desesperadamente o silêncio e, acima de tudo, a paz das coisas simples».

A Noiva do Tradutor: «Destroçado com a partida da sua noiva, um jovem tradutor entra num elétrico a caminho de casa. À sua volta, pessoas que são o retrato de uma cidade — e de uma vida — que ele abomina: mesquinha, cruel, injusta e, de algum modo, ridícula. Sozinho, confuso e sem chapéu, apercebe-se de que chegou o derradeiro momento de encontrar uma saída, algo que o afaste para sempre de editores ardilosos, inquilinos bizarros, da senhoria e dos seus insuportáveis guisados — custe o que custar».


      

Quando Servi Gil Vicente: «Gil Vicente, figura insigne do Teatro e das Letras portuguesas, de vida incerta e misteriosa, e alvo de admiração e honrarias ao longo dos séculos. Menos afamado, talvez, seja seu servo, Anrique de Viena, homem humilde e leal que conheceu em batalha o mundo, e que regressou para o lado de seu senhor para o acompanhar no inverno de sua vida e o ajudar na escrita da sua última peça. E através da pena de Anrique, ágil e dedicada, veremos o mestre como nunca antes foi visto».

Se Com Pétalas ou Osso: «Um jovem autor português instala-se numa residência para escritores em Seul para escrever o seu próximo romance. Em vez disso, deambula pela cidade com a namorada, possivelmente grávida, e entrega-se a todo o tipo de fait divers mais ou menos absurdos...».

Cadernos da Água: «Num romance composto a múltiplas vozes, é feminina a voz que se sobrepõe, através do fio condutor de um caderno onde regista o seu dia a dia de refugiada na companhia da filha. O destinatário dos seus apontamentos é o marido, em parte incerta, e somos nós quem os lemos. São portugueses estes refugiados. O Estado português dissolveu-se, e o território está sem lei. Deram-se as Guerras Meridionais da Água, o Primeiro e o Segundo Eventos, e até uma pandemia de rex-vírus 3, que se espalhou pela Europa, pelo Médio Oriente e pelo Norte de África. Os países do Norte fecharam as fronteiras e interromperam o apoio financeiro que vinham a dar aos países do Sul da Europa, a «taxa do deserto». A seca é extrema».

Comentários

  1. Já ouvi falar muito da Apneia e Cadernos de Água.
    Parecem-me excelentes sugestões.
    Beijinho grande, minha querida. Boa semana.

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    1. Apneia é um livro extraordinário, mas necessita de ser lido connosco num lugar bom, porque é um tema que nos sufoca. Tenho imensa curiosidade em relação ao Cadernos de Água
      Obrigada e igualmente, minha querida!

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  2. Excelentes sugestōes *.* Falta é tempo para os ler ;)

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  3. Sem dúvida uma apaixonada pela leitura!
    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  4. Que acaba mesmo por ser mais uma boa sugestão para ler e até conhecer
    Uma boa semana
    Beijinhos
    Novo post
    Tem Post Novos Diariamente

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    1. Nada como conhecermos autores novos - ou conhecermos melhor aqueles que já tivemos oportunidade de ler
      Obrigada e igualmente, Sofia

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