Entre Margens

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O saldo literário de junho parece-me bastante positivo. Sinto que passei mais tempo com algumas leituras, nas primeiras semanas do mês, mas consegui ir a todas as que tinha pensado para a tbr e, pelo meio, ainda acrescentei alguns títulos que tinha debaixo de olho, portanto, observo esta travessia com imensa satisfação.


 a tbr de junho: expectativa

  • Querida Tia, Valérie Perrin;
  • 10 Minutos e 38 Segundos Neste Mundo Estranho, Elif Shafak;
  • Água Viva, Clarice Lispector;
  • A Vida Mentirosa dos Adultos, Elena Ferrante;
  • Romance de Verão, Emily Henry;
  • Que Nós Estamos Aqui, João Tordo;
  • Rosa, Sónia Balacó

 a tbr de junho: realidade

As minhas leituras são feitas sem pressas, porém, apesar do mês ter voado, ainda acrescentei à lista anterior:

  • Piranesi, Susanna Clarke:
  • Quem Tem Medo dos Santos da Casa, Sara Duarte Brandão;
  • Sintra, Hugo Gonçalves;
  • Educação da Tristeza, Valter Hugo Mãe;
  • O Vício dos Livros II, Afonso Cruz.


 algumas curiosidades

Em junho, li:
  • 12 livros: 6 romances, 2 de não ficção, 1 de fantasia, 1 de poesia, 1 de literatura de viagens e 1 de crónicas;
  • 8 autoras e 4 autores: 6 portugueses, uma norte-americana, uma inglesa, uma francesa, uma brasileira, uma turca e uma italiana;
  • 3 autoras lidas pela primeira vez: Susanna Clarke, Sara Duarte Brandão e Clarice Lispector.

Favoritos do mês:
  • Piranesi, Susanna Clarke;
  • 10 Minutos e 38 Segundos Neste Mundo Estranho, Elif Shafak;
  • Educação da Tristeza, Valter Hugo Mãe.


 vamos a contas?

As compras continuam a ser conscientes, mas cheguei à conclusão de que não houve um mês em que não comprasse livros. Apesar disso, a poupança é notória e estou com um bom orçamento para a Feira do Livro.

  • Comprei 4 livros físicos (o do Diogo Piçarra e os 3 de julho do Livra-te), gastando um total de 70,91€;
  • Ativei a subscrição do Kobo Plus, que me custou 6,99€. Li 5 eBooks, o que me permitiu poupar 67,84€ (para referência, usei os valores dos livros da Wook);
  • Comecei junho com 95€ na Apparte. Uma vez que li 12 livros, adicionei 12€, partindo para julho com 107€.


 banda sonora














 tbr de julho

  • A Maldição, Lourenço Seruya;
  • Verão no Lago, Ann Patchett;
  • A Criada, Freida McFadden;
  • A Árvore Mais Sozinha do Mundo, Mariana Salomão Carrara;
  • Desconhecidos Num Casamento, Alison Espach;
  • Doidos Por Livros, Emily Henry;
  • Adrenalina, Filipa Leal;
  • Atmosfera, Taylor Jenkins Reid;
  • Lobos, Tânia Ganho.

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A única vez que escrevi sobre os meus favoritos do momento foi em 2021, porque estava tão fascinada com cada um daqueles apontamentos que senti que mereciam um destaque maior. Entretanto, não repeti esse conteúdo, mas voltei a sentir vontade de agrupar coisas que me estão a entusiasmar em diferentes áreas.

Procuro sempre estar atenta a produtos/conteúdos que saiam da minha bolha habitual, não só para descobrir novas camadas das minhas preferências, mas também para não perder o encanto da descoberta. E acho mesmo que esta lista de favoritos cumpre esses dois propósitos.


 um álbum

Ouço música todos os dias e o álbum da Nena, Um Brinde ao Agora, veio posicionar-se num lugar privilegiado, porque adorei a cadência, as letras e a energia. Ao marcar a passagem dos 20 para os 30, abraçou o presente, o amor próprio e as imperfeições e creio que isso é notório nas suas canções - nem todas felizes, nem todas melancólicas. Há um equilíbrio muito interessante entre as histórias que nos conta. 



 uma música

Richie Campbell é um dos artistas que ouço há mais tempo (há quase metade da minha vida) e um dos meus favoritos. Em abril, lançou Insomnia e, desde então, sou capaz de a ter no spotify em repetição constante.



 um sabor

O tempo aquece e a vontade de fazer iced caramel macchiato é imediata. Adoro o sabor e, além disso, fazer esta bebida tem-me permitido experimentar diferentes tipos de café - só aspetos positivos.

   


 um podcast

O Guilherme Fonseca está em contagem decrescente para o próximo solo de stand up comedy, por isso, aventurou-se neste Má Ideia, um podcast que acompanha o seu processo criativo. Estou mesmo encantada com esta dinâmica, até porque nos aproxima dos bastidores sem comprometer o texto que virá a apresentar.



 um livro

A minha escolha é incontornável: embora já tenha lido vários livros depois deste, Apesar do Sangue, da Rita da Nova, continua a pairar nos meus pensamentos. Aliás, há alturas em que dou por mim a pensar naquelas personagens e a pensar como é que poderia ser o futuro delas, caso a narrativa continuasse.

   


 uma série

É certo que demorei mais de dois anos a chegar a Rabo de Peixe, mas já só estou em contagem decrescente para acompanhar as temporadas seguintes, porque agrega uma série de assuntos atuais e pertinentes. Ademais, sinto que o elenco foi escolhido a dedo e adoro que a amizade seja uma das valências desta série.



 produtos de skincare e maquilhagem

Estou na minha era da skincare e da maquilhagem e, curiosamente, tenho-me divertido neste processo de encontrar os produtos mais indicados para a minha pele, enquanto vou arriscando um pouco mais na forma como me maquilho. Por isso, não fui capaz de escolher um único produto, venho com vários: o Balsamo de Limpeza Facial da Byoma, absolutamente perfeito para remover a maquilhagem, o protetor solar da Garnier, leve e de rápida absorção, as gotas iluminadoras da Essence, com um brilho muito natural, a base da L'Óreal, que se adapta ao tom de pele, batons que nunca são em demasia, a sombra e o lápis de olhos da Mercadona e as máscaras de pestanas de cores diferentes. Além disso, estou a gostar de usar os pincéis da Primark.

      

      


 uma peça

O meu estilo tem mudado um pouco ao longo dos anos. Sempre procurei peças mais confortáveis, naquele intermédio entre o casual e o desportivo, mas tenho investido em artigos um pouco mais delicados, que me façam sentir bonita. Esta blusa, que combina cores que adoro, segue a narrativa e, não sei porquê, transmite-me muito a sensação de uma viagem a Itália, mesmo sem ter lá ido alguma vez.

   


 um lugar

O Comfort Cakes já estava no meu roteiro gastronómico há algum tempo. Aproveitando que tive folga, acabamos por ir até lá para uma sessão de escrita. Adorei a tranquilidade, as várias salas em que se divide, o facto de ter espaço exterior, o atendimento e, claro, a comida (pedi uma tosta de frango e bacon para o almoço e as panquecas de frutos vermelhos para o lanche) e as bedidas (pink limonade e iced latte). Vejam lá que, sem ser grande fã de queijo, fiquei rendida aos pães de queijo que servem. É mesmo para regressar.

      

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A autora Valérie Perrin escalou para aquele grupo de leitura quase imediata, porque há sempre algo nas suas histórias que me desarma. E, em junho, uma vez que é um dos nomes do desafio literário que tenho com a minha amiga Sofia - 5 autores para 2025 -, fomos descobrir o seu romance mais recente.


 pode alguém morrer duas vezes?

Querida Tia coloca-nos na rota de Agnès, uma cineasta a lamber as feridas de um divórcio, quando recebe um telefonema da polícia a informá-la que a sua tia, Colette September, faleceu. Imediatamente, achou que só podia tratar-se de um erro, uma vez que o funeral da sua tia tinha acontecido há três anos. O certo é que esta novidade obriga-a a regressar a Borgonha e a remexer no passado para compreender o que aconteceu.

As narrativas da autora escondem sempre mais camadas do que aquelas que a parecem compor. Na realidade, o telefonema foi apenas o início do novelo que desenrolamos devagar. Depois, descobrimos que Colette, uma apaixonada por futebol e pelo clube local, deixou uma série de cassetes áudio para que a sobrinha ficasse a conhecer a sua história e isso abre uma nova janela de possibilidades. Para quem teve uma vida aparentemente pacata, construída nos bastidores, há muito que lhe desconhecemos.

Achei poética esta ideia de irmos descobrindo a vida de alguém através da sua voz, dos registos que deixou eternizados, mas, por outro lado, também me fez sentir uma certa tristeza, porque cada uma destas memórias (ou uma parte delas, pelo menos) podia ter sido partilhada antes, em vida, se se estreitassem os laços e o conforto da presença. Este é outro dos aspetos que mais aprecio nas obras da autora, pois coloca-nos sempre a meio destes dilemas, mostrando-nos que nenhum caminho é linear.

«Todos nós devíamos gravar para alguém. Para sermos um pouco eternos. No fundo, realizar filmes é a mesma coisa, eternizar-se»

A quantidade de histórias paralelas que o acontecimento central permite explorar traz mais credibilidade e emoção, até porque sustentam atitudes, perdas, crenças e obsessões. Ainda assim, apesar de nos ajudarem a perceber que todos nós temos segredos, partes de vida ocultas, preferia que Valérie Perrin não se tivesse perdido em tantos parênteses, porque acho que isso quebrou o ritmo e fez com que algumas partes importantes ficassem menos desenvolvidas. Não se torna maçador de ler, de todo (e estive sempre investida na história), tenho só a sensação de que polir melhor essas arestas elevaria ainda mais o enredo.

Querida Tia fascinou-me pela vida de Colette (e, sim, revi-me muito na veia de adepta), pelas personagens secundárias que acrescentam sempre um sentido de comunidade e de pertença e por toda a carga humana. Acho que este livro nos inspira a estarmos mais atentos às nossas pessoas, ao mesmo tempo que nos comprova que há pessoas de uma luz inconfundível, florescendo no cuidado silencioso que dispensam a quem querem bem.


 notas literárias
  • Gatilhos: Luto, violência, linguagem explícita
  • Lido entre: 10 e 14 de junho
  • Desafio: 5 autores para 2025
  • Formato de leitura: Físico
  • Género: Romance
  • Personagens favoritas: Colette e os amigos de infância de Agnès
  • Pontos fortes: Personagens secundárias que elevam a narrativa, os segredos e o mistério e a falsa simplicidade da história, porque há sempre uma camada mais profunda
  • Banda sonora: Tata, Slow J | Chopin: Piano Sonata No. 2, Nocturnes, Barcarolle & Scherzo, Frédéric Chopin & Mikhail Pletnev | Dancing Queen, ABBA | Insensiblement, Django Reinhardt | Yellow, Coldplay

Disponibilidade: Wook (Livro | eBook) | Bertrand (Livro | eBook)
Nota: Esta publicação contém links de afiliada da Wook e da Bertrand

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O fenómeno Rabo de Peixe não me foi indiferente, nem tinha como, só que, na altura, ter uma subscrição da Netflix não era uma prioridade e, portanto, adiei a descoberta da série. Mais de dois anos depois, rumei ficcionalmente aos Açores para colmatar o atraso e ficar a conhecer as sombras de uma localidade onde nada parece acontecer.

Um veleiro carregado de cocaína, com dois mafiosos italianos a bordo, naufraga neste arquipélago no meio do Oceano Atlântico e a história desenvolve-se a partir daqui, até porque a droga surge como uma forma arriscada, mas rápida de ganhar dinheiro e de mudar de vida, tendo em conta que a população subsiste num cenário de pobreza, em alguns casos extrema. Eduardo, Rafael, Sílvia e Carlinhos serão os protagonistas desta tentativa de alcançar sonhos impossíveis e, no fundo, de ter uma perspetiva de futuro.

Isolados de tudo, presos a uma rotina sufocante, trabalhavam com o intuito de sair de Rabo de Peixe, acalentando o sonho americano. Depois de meia tonelada de cocaína dar à costa, abre-se aqui um precedente para também explorar algo que me interessa sempre: a influência que o lugar onde nascemos pode exercer no nosso destino. Acho que, acima de qualquer intenção mais ou menos legal, todas estas pessoas procuraram quebrar a corrente e escrever um desfecho diferente para as suas vidas. O problema é que ninguém passa por uma experiência desta dimensão sem sofrer consequências.

Os protagonistas eram pequenos peixes num mar imenso, que lhes exigia um tipo de jogo que não estavam habituados a jogar. Ainda assim, foram-se movimentando com mestria e inteligência, mesmo quando as emoções lhes toldavam a racionalidade. E um dos aspetos que mais me fascinou, para além de todo o contexto do narcotráfico, foi mesmo a relação de amizade que nunca perderam. Aliás, sinto que essa é uma das valências mais poderosas da série, não só porque humaniza o ambiente, mas também porque quebra a tendência subjacente das relações por conveniência tão associadas a este tipo de negócios obscuros. Eles estavam juntos no melhor e no pior, sem reservas.

Houve cenas que me parecem um pouco céleres e a necessitar de mais contexto para não perderem credibilidade. Não obstante, adorei como, no meio de tanta dor, trauma e descrença, pautaram o argumento com situações e diálogos cómicos, o que calibrou a energia da narrativa e a aproximou da vida fora dos ecrãs. Nem tudo é luz, nem tudo é tempestade, os nossos dias vão-se sucedendo num ponto intermédio, numa tentativa de manter essas duas metades equilibradas. Portanto, em nenhum momento senti uma visão paternalista. Senti, sim, a vontade de mostrar a pureza do lugar, das suas pessoas e a reação genuína «de um rapaz comum a quem aconteceu algo de extraordinário».

Vibrei muito ao longo dos sete episódios, comovi-me, fiquei surpreendida com certas decisões e revoltei-me na mesma medida. Porque há alturas em que parece que nada é suficiente, que não têm um segundo de sossego, que, inclusive, não podem relaxar, porque a vida das personagens está em perigo constante. Honestamente, queria que eles tivessem um pouco mais de sorte, que não sentissem o impacto das diferenças e do quanto o futuro é desproporcional. Há assimetrias sociais tão palpáveis que não podemos sentir outra coisa a não ser injustiça. Por tudo isto, dei por mim a refletir sobre o facto de nem sempre conhecermos quem nos rodeia, sobre a necessidade de não olhar a meios para atingir os fins, sobre tornarmo-nos invisíveis aos olhos de todos e, sobretudo, sobre o facto de não «serem apenas os degenerados a consumir».

Num cenário paralelo, pensei muito sobre vulnerabilidade, abandono e impunidade. Pensei muito sobre como o amor nos dá alento, sobre como nem sempre precisamos de soluções, só que alguém nos ouça e abrace os nossos medos, as nossas inquietações. Esta série agrega uma série de temas atuais e pertinentes e, por isso, entusiasma-nos.

Inspirada em factos verídicos, Rabo de Peixe «lembra cicatrizes», porém, acredito que vai para além do estigma: esta «vila é uma das mais pobres do país e da Europa», mas não é só isso, não é só aquele incidente. As memórias pesam, há problemas que ainda hoje se manifestam em várias famílias, porque as feridas são permanentes, mas a série talvez venha aligeirar o ambiente e reduzir os preconceitos, uma vez que também nos mostra a importância de sabermos quem somos ou quem não queremos ser. Embora ninguém saia ileso - fisicamente ou de consciência - preciso da segunda temporada.

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As capas dos livros contam-nos histórias paralelas, como se nos dessem um vislumbre de uma narrativa que pode nunca chegar a acontecer. Não obstante, é uma dinâmica entusiasmante, uma vez que nos desperta a imaginação e a capacidade para tecermos cenários que fogem ao óbvio. E a capa do livro da Sara Duarte Brandão, que me levou logo para uma zona muito específica da cidade, fez-me apaixonar por cada pormenor.


 entre sonhos, dores e (des)crenças

Quem Tem Medo dos Santos da Casa narra a história de Maria Teresa, «uma mulher que cresceu numa pequena vila piscatória entre a austeridade familiar e a liberdade que encontrava nos livros e numa paixão clandestina». Centrada nas ambições do pai e do marido, nas expectativas tão enraizadas em relação à postura da mulher em sociedade, acompanharemos uma protagonista a tentar quebrar esse desígnio e a emancipar-se.

A redenção de Maria Teresa aparece de braço entrelaçado a uma amizade improvável com Joana, «uma menina que aprende com ela a amar os livros», mas sinto que essa sensação de libertação, de salvação, começou muito antes: começou na altura em que compreendeu que a sua vida não se podia limitar a ser comandada por terceiros, por mais que os amasse. Aliás, acredito que a protagonista se foi resgatando a ela própria quando, no colo do seu avô, começou a perceber que o destino tinha de ser algo mais.

Este livro, sinto, transborda de detalhes e simbolismos, com a particularidade de ainda se inspirar «na história dos santos do escultor Altino Maia, retirados da Igreja de São Pedro da Afurada». O conjunto de nove imagens, criado especificamente para aquela igreja, não reuniu a empatia da comunidade, porque não se reconheciam nelas. Assim, realidade e ficção fundem-se para questionar algumas verdades e é curioso ver como é que a autora, ao recuperar esta história, a tornou tão central para a nossa protagonista.

«É tão bonita a poesia nas pessoas»

O tom poético, sempre introspetivo, aliado a capítulos curtos, permite-nos mergulhar neste enredo com facilidade, tornando-se quase palpáveis as superstições, a cultura, os preconceitos e o peso das tradições. Além disso, oscilando entre episódios dramáticos e doses de esperança, vamos construindo um retrato destas pessoas que poderiam ser um espelho de tantas outras - anónimas, da Afurada, de qualquer outra parte do globo. Achei esta construção fascinante, como se estivéssemos a montar um puzzle, contudo, gostava que os capítulos fossem mais desenvolvidos e que a sequência narrativa fosse mais linear. Transitamos entre o passado e o presente sem que isso seja um problema, mas não sabermos o ponto onde regressamos pode ser confuso para atar pontas soltas.

Quem Tem Medo dos Santos da Casa não me arrebatou como estava à espera. Contudo, acho que vale muito a pena pela escrita da Sara Duarte Brandão, que me deixou com vontade de descobrir o seu livro de poesia. Desafiando algumas normas, também nos permite refletir sobre maternidade, relações disfuncionais, amores impostos, crenças e luto - e a verdade é que me levou às lágrimas numa passagem específica. A Maria Teresa é inspiradora e acabei a sublinhar várias frases, só queria que a autora tivesse aberto mais a porta deste enredo, para compreender melhor algumas decisões/ligações.


 notas literárias
  • Gatilhos: Luto, referência a aborto
  • Lido entre: 8 e 10 de junho
  • Formato de leitura: Digital
  • Género: Romance
  • Personagens favoritas: O avô e o padre Belmiro
  • Pontos fortes: A ligação à poesia e algumas reflexões muito interessantes
  • Banda sonora: Infinito, Napa & Van Zee | Haja o Que Houver, Madredeus | Desfado, Ana Moura | Nasci Maria, Cláudia Pascoal | Tradição, Raquel Tavares

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tu dizias-me sempre que merecia estar
a escrever para qualquer lado
porque talvez tenhas sido, e continues a ser,
o maior entusiasta das minhas palavras
e talvez por isso mantenha cadernos
diários, newsletter, o blogue
o teu qualquer lado era mais profissional
sei-o bem, mas sem se proporcionar
continuo por estas folhas em branco

tenho saudades que me leias
não sei se o consegues fazer daí
desse lugar de onde nunca chegam missivas
mas espero que te contem que mesmo
vacilante não desisti

procuro transformar o vazio em poemas
e em cima da mesa, alegra-te,
já está quase a chegar o manjerico

[bom s. joão]

Fotografia da minha autoria



A memória é traiçoeira: já me tinha cruzado com o livro da Susanna Clarke várias vezes, no entanto, por ser de um género no qual me aventuro pouco, nunca acalentei muito a vontade de o ler. Entretanto, é a leitura conjunta de junho no Livra-te, mas nem assim achei que o fosse ler, porque estava convencida de que não o tinha disponível no Kobo Plus e não queria comprar a versão física. Corta para: afinal, estava mesmo no Kobo Plus e gostei tanto que vou querer ter um exemplar.


 da confusão ao fascínio

Piranesi habita numa casa invulgar e vai registando «nos seus cadernos de apontamentos» todas as maravilhas desse lugar, desde os labirintos às estátuas, desde «as marés que irrompem escadas acima» até às «nuvens que se deslocam em lenta procissão». Portanto, os seus dias são passados a explorar a casa, a conhecer-lhe os recantos e as histórias ocultas, nem sempre sozinho. E aquilo que parecia um quotidiano tranquilo, começa a dar sinais de uma possível destruição. Será que o mundo que o protagonista conhece esconde estranhos e perigosos segredos?

Parti para a leitura sem qualquer informação adicional e, honestamente, acho que é mesmo a melhor abordagem. Sei que pode ser péssimo para calibrar expectativas, mas, no final, acredito que compensa bastante, porque ficamos mais disponíveis para sermos surpreendidos e não vamos condicionados por pareceres externos, sendo mais fácil para mergulharmos neste universo particular.

«Na minha mente, estão todas as marés, as suas épocas, os seus fluxos e refluxos. Na minha mente, estão todos os salões, a sua sucessão interminável, os caminhos intrincados»

Nunca me senti tão à deriva e intrigada como neste livro. Nas primeiras duas partes, a sensação que tive foi de completo desnorte: para além de não estar a compreender o que estava a acontecer, também não estava a conseguir criar um cenário visual, por isso, temi não me relacionar com a narrativa. Contudo, assim que cheguei à terceira parte desbloqueei uma série de questões e dei por mim a formular teorias, a tentar atar as pontas soltas, a atribuir significados a detalhes que fui anotando. Se fui capaz de estabelecer ligações certeiras? Nem todas, mas a magia também passou por aí, porque Susanna Clarke apresentou uma sequência ainda mais entusiasmante. A certo ponto, senti que não podia confiar em ninguém.

Piranesi deixa-nos sempre no limbo e, depois, arrebata-nos com passagens de uma sensibilidade e beleza desarmantes. Comovi-me em momentos específicos e quis muito salvar o protagonista, mas sem saber se ele precisava de ser salvo. Esta história marcou-me mais do que aquilo que estava à espera e deixou-me a pensar, por um lado, na noção de casa e, por outro, nos mecanismos que a nossa mente arranja para sobrevivermos.


 notas literárias
  • Gatilhos: Saúde mental
  • Lido entre: 5 e 7 de junho
  • Desafio: Clube do Livra-te
  • Formato de leitura: Digital
  • Género: Fantasia
  • Personagens favoritas: Piranesi e Raphael
  • Pontos fortes: A construção da narrativa, a poesia e sensibilidade na escrita e a forma como retrata a saúde mental
  • Banda sonora: Wasteland, Baby, Hozier | Dreams, Sergio Díaz de Rojas | Michicant, Bon Iver | Wave, Beck | I Hate It Here, Taylor Swift

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Fotografia da minha autoria



vi-te refletida no olhar da tua mãe
o mesmo tom doce
irrequieto, expectante
mas sereno, esperançoso
e doeu-me essa ausência
o futuro que antes de mim
te tiraram sem perdão

continua tudo exatamente igual
esperando a tua chegada
mas tu partiste muito rápido
para longe de todos nós

poderá o céu ser tão longe
ou haverá uma ponte que
nos una em breve?

Fotografia da minha autoria


A atualização do catálogo da BiblioLED levou-me a descobrir um livro do João Tordo do qual nunca tinha ouvido falar. Intrigada, adicionei-o às primeiras leituras de junho.


 os passos para a recuperação

Que Nós Estamos Aqui, cujo subtítulo é 12 Passos Para a Recuperação, pretende fazer-nos refletir acerca dos caminhos que «estão por detrás de quem tem dependências e quer parar». Assim, através de entrevistas, experiências externas e pesquisas, o autor traça um retrato muito próximo de um problema ainda negligenciado na nossa sociedade.

O discurso não romantiza a realidade em questão, no entanto, mostra que é possível combater a compulsão para «beber, usar ou consumir». E, por esse motivo, estabelece um paralelismo com a criação dos Alcoólicos Anónimos e a evolução do programa dos 12 passos, que as pessoas adictas seguem nas reuniões. A existência destes grupos de recuperação é, portanto, uma via alternativa, uma noção de esperança, até porque fica a certeza de não terem de lutar sozinhas. O primeiro passo consiste em reconhecer o problema e pedir ajuda, mas essa abordagem pode demorar: por um lado, porque a pessoa adicta pode não reconhecer a dependência, o que condiciona uma intervenção precoce, e por outro, porque não é fácil avançar para a etapa seguinte se nos sentirmos julgados e/ou diminuídos. A Organização Mundial de Saúde tipificou a adição como uma doença, desde meados dos anos 60, contudo, persistem casos de marginalização.

«Ninguém entra alegremente pela primeira vez numa reunião de Doze Passos. Ninguém chega saudável ou inteiro. Chega-se derrotado, o corpo e o espírito vergados pela dependência»

O tema é de máxima importância e, ao apresentar-nos testemunhos reais, permite-nos compreender melhor os contornos da adição, as dificuldades, os estigmas associados e as possíveis saídas. Confesso, ainda assim, que o peso atribuído à espiritualidade me deixou um pouco reticente. São as nossas crenças que, muitas vezes, nos mantêm à tona, mas senti falta de algo mais concreto. Além disso, acho que a obra peca por se ficar num plano mais superficial desses testemunhos. Abre-nos a porta, sim, só que preferia que tivesse concedido mais espaço aos intervenientes e que tivesse ouvido familiares e amigos, porque acredito que traria uma visão mais completa do problema.

Que Nós Estamos Aqui deixou-me, sobretudo, a questionar o trabalho de prevenção.


 notas literárias
  • Gatilhos: Dependências
  • Lido a: 4 de junho
  • Formato de leitura: Digital
  • Género: Não ficção
  • Pontos fortes: A pertinência do tema, até por dar espaço a quem sente as repercussões desta realidade
  • Banda sonora: Rehab, Amy Winehouse | Ainda Estamos Aqui, Miguel Araújo | Don’t Leave Home, Dido | The A Time, Ed Sheeran | Last Hope, Paramore

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Fotografias da minha autoria



A Elena Ferrante era uma das autoras que mais queria descobrir: não só por me cruzar com A Amiga Genial em todo o lado, quase a toda a hora, mas também por haver um grande mistério associado à sua verdadeira identidade. Continuo a assumir que é uma escritora, porque acho que há partes que só poderiam ter sido escritas por uma mulher (são muito fiéis a certas realidades que sentimos na pele), mas tudo o resto paira na incerteza. Ainda assim, a minha primeira experiência não correspondeu às expectativas que tinha criado.

Em 2020, a história impressionou-me em alguns aspetos, mas não me deixou com vontade de avançar para os próximos volumes da Tetralogia Napolitana, talvez por não ter criado uma ligação com a escrita. No entanto, como A Amiga Genial foi leitura conjunta no Livra-te, em janeiro, decidi dar-lhe uma nova oportunidade e avançar para a leitura com uma abordagem diferente: encarar este volume como o primeiro capítulo da história.

Fez toda a diferença pensar no primeiro livro como uma parte de algo maior. Embora a minha opinião inicial não tenha mudado por completo, o certo é que fiquei com vontade para descobrir as narrativas seguintes.


 história do novo nome

O segundo volume, que começa após o casamento de Lila, permite-nos acompanhar a reta final da adolescência das protagonistas e o início da idade adulta. Tendo em conta tudo o que viveram antes, talvez já não reste qualquer traço de inocência, até porque existiram várias situações que as obrigaram a crescer rápido.

A sentirem-se «num beco sem saída», sufocadas pelo bairro e por um destino turvo, o que mais me impressionou nesta parte da história foi mesmo a pressão dos lugares: fora ou dentro deles, há aspetos que se colam a ambas e que acabam por influenciar cada decisão tomada - mesmo que nem sempre se apercebam disso. Por outro lado, intrigou-me a distância cada vez maior entre as duas amigas. Aliás, acho que isso trouxe outro fôlego ao enredo, porque me permitiu ter uma noção mais clara de ambas.

A instabilidade social e política, complementada por um clima de violência, funciona quase como uma personagem extra e é mesmo interessante tentar perceber os esquemas, as intrigas, os negócios dúbios e as ligações improváveis em prol de uma certa autoafirmação e de jogos de poder inesgotáveis e problemáticos.

História do Novo Nome abre-nos a porta para um lugar íntimo. Por um lado, deixou-me com a certeza de Lila estar a crescer enquanto uma das minhas personagens favoritas, por toda a sua complexidade, e, por outro, deixou-me a pensar que Lenù se está a libertar de algo que nem ela compreende. Gostei da vulnerabilidade.



 história de quem vai e de quem fica

O terceiro volume permite-nos conhecer a versão de Lila e de Lenú num tempo intermédio, compreendido entre os 20 e os 30 e poucos anos, «no mar alto dos anos 70, num cenário de esperança e incerteza, tensões e desafios até então impensáveis». Além de tudo isto, sinto que nos permite fechar algumas teorias e começar a atar as pontas soltas, sobretudo em relação à verdade de algumas personagens.

Descobrir esta história através do olhar de Lenù poderia ser bastante enviesado, mas, confesso, tornou-se uma dinâmica interessante, porque acredito que ela vai desconstruído as certezas com que se revestiu e compreendendo os motivos que sustentam algumas decisões de Lila e de todas as outras personagens com quem convive. Em simultâneo, achei interessante sentir que, como as duas amigas se cruzam pouco, há uma certa calma a pairar, embora também persista a sensação de estarmos sempre a um passo do abismo.

O que mais me entusiasmou neste livro foi, por um lado, este constante entra e sai, esta noção de que a presença física é oscilante, e, por outro, que nunca ficam totalmente longe: quanto mais não seja, há sempre um pensamento que as recupera, que as faz idealizar o que a outra faria naquele lugar. Com estilos de vida que aparentam distanciá-las ainda mais, o bairro continua a exercer uma influência gritante nos seus destinos. Por mais que se movimentem num sentido contrário, há uma força que as atrai, que as derruba, que as prende àquele lugar e à sua história por contar.

O discurso, mesmo que não pareça, tem sempre um tom político e a verdade é que as lutas que travam, muitas vezes de um modo silencioso, são um reflexo disso mesmo. Aqui, é mais notório o crescimento do fascismo, as revoltas e as ligações poderosas da máfia. Sempre foi claro, por exemplo, que a sociedade é amplamente machista, opressiva, mas também percebemos que o feminismo começa a conquistar o seu espaço, ainda que lentamente. E Lila, uma vez mais, tem um impacto fabuloso em todas estas questões, porque sempre se preocupou em estar no lado certo da História. Podem faltar-lhe os meios, mas nunca as convicções.

História de Quem Vai e de Quem Fica aborda temas atuais e cenários que se continuam a repetir e a preocupar, ainda que possa explorar outras situações paralelas menos intensas. Ademais, mostra-nos o quanto duas vidas tão distintas conseguem ter elos comuns. E deixou-me a pensar na influência de uma personagem em particular.



 história da menina perdida

O momento da despedida aproxima-se e, admito, este volume foi o que me deixou mais apreensiva, porque não sabia se estava preparada para descobrir todas as áreas cinzentas desta narrativa e os possíveis desfechos das personagens.

Lenù regressa a Nápoles «para viver com Nino Sarratore», o que me levantou muitas questões: por um lado, por não confiar em Nino e, por outro, por sentir que esta relação poderia desvirtuar todo o crescimento de Lenù, que parecia estar mais certa de quem era e das suas verdadeiras motivações. No fundo, sinto que ela estava a encontrar o seu caminho, mas que a figura deste homem a atirou para fora da rota. Mais tarde, de volta ao bairro que a viu crescer, nem tudo foi problemático, porque acabou por recuperar a ligação cúmplice com Lila, uma vez que engravidaram ao mesmo tempo.

Perante novos desafios, dentro de um ambiente sempre intenso e conflituoso, o que mais me entusiasmou foi perceber que há desígnios que se repetem, quase como se fossem uma passagem de testemunho (ou viessem colados ao ADN), e que há detalhes do passado que adquirem uma nova força neste enredo. Aquilo que poderia ter sido apenas um pormenor tem, na realidade, um significado maior.

A minha relação com a tetralogia foi evoluindo, tal e qual como as protagonistas, e este capítulo final acabou por conquistar um lugar de destaque no meu coração, porque interliga uma série de questões que me foram fascinando ao longo da história: o impacto dos lugares, das pessoas, do que se destrói e precisa de ser reerguido, da segurança que parece sempre comprometida; o impacto de não se ficar em silêncio e de se lutar, apesar do medo, das repercussões, das portas que se fecham sem piedade.

A escrita continua demasiado crua, mas a construção da narrativa conquistou um brilho diferente. E, verdade seja dita, Elena Ferrante traçou um retrato impressionante do país, das tensões políticas, da violência e das incoerências do ser humano. Não creio que as pessoas sejam só boas ou más, habitam espectros, e isso fica muito evidente nestes quatro volumes. Questionei muitas vezes a honestidade da amizade entre Lila e Lenù, porque espelham comportamentos competitivos levados ao extremo, toxicidade e, por vezes, pouca compreensão. Ainda assim, percebi que nem neste assunto conseguimos uma imagem consensual, porque há dinâmicas distintas dentro de diferentes relações. E, lá no fundo, sempre foram um espelho da sociedade, ainda que tentassem fazer o melhor que sabiam, com as ferramentas que tinham ao seu dispor.

História da Menina Perdida deixa-nos na dúvida e apreciei isso. E, até para mim, será difícil largar este bairro.



 notas literárias
  • Gatilhos: Violência, relacionamentos abusivos, saúde mental, luto, drogas, linguagem gráfica e explícita
  • Lido entre: fevereiro e abril (um volume por mês)
  • Formato de leitura: Digital
  • Género: Romance
  • Pontos fortes: O bairro, as questões sociais, a evolução
  • Personagens favoritas: Lila e Enzo
  • Banda sonora: My Brilliant Friend (soundtrack seasons 1, 2, 3 e 4)
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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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