«Amo-te Em Todas As Línguas»


«Não basta a minha língua para dizer amo-te. 
Por isso repito-o em todas as línguas do mundo. 
Para que o sintas todos os dias da tua vida».


Quando peguei neste livro e o comecei a desfolhar, como quem tenta descobrir um segredo sem procurar, lembrei-me de uma notícia que li há uns tempos: duas militantes do BE que queriam proibir os piropos na rua. E lembrei-me disto porque numa das línguas, e por línguas entendemos idiomas, encontrei a seguinte tradução: «A tua mãe só pode ser uma ostra para cuspir uma pérola como tu». Qual é a língua em que «amo-te» se traduz por esta expressão? Precisamente... trolhês!

Questionei-me na altura qual a utilidade de criar uma lei para acabar com os piropos. E naturalmente não encontrei uma resposta clara e fidedigna que me fizesse acreditar que tal ação fosse benéfica. Eu entendo onde queriam chegar, até porque o que estava em causa era a violência verbal, que tantas vezes cria mais danos do que a física. Só acho é que há exemplos que não são, de todo, os mais pertinentes, precisamente por nos levarem a lugar nenhum.

Se acabassem com os piropos na rua - e aqui ainda me questiono como o iriam fazer, se colocariam um chip que apitava sempre que alguém tentava lançar o seu charme com uma palavra ou frase em nada charmosas ou se tinham outra solução qualquer em construção - perderíamos, muito possivelmente, pérolas como estas e não teríamos piadas para contar aos amigos entre uns tremoços e um jogo de futebol, no intervalo da novela ou numa outra situação que se proporcionasse gozar com tal expressão. O fundamental é que seja sempre com amigos, pois terá ainda mais graça. 

Sim, é um facto de que nem sempre o trolhês tem expressões que nos fazem rir, por ultrapassarem aqueles que consideramos ser os limites do bom senso - que muitas vezes falta às pessoas. Mas parece-me que o melhor nesse momento seja mesmo rir ou fazer de conta que não se ouviu. Ou então colocarmos a nossa máscara de pessoa mal encarada e mandá-los para a puta que os pariu (sem ofensa às mães, obviamente), seguindo com a nossa vida. Se isso não nos satisfizer, podemos sempre responder à letra com ironia. Não há melhor do que deixar as pessoas sem resposta. E seguimos caminho, com um sorriso maléfico e eufóricos por dentro, por não levarmos tudo tão a sério e tão a peito. Às vezes costumo dizer que «para chicos-espertos temos que ser chicos-espertos e meio». É que a inteligência é uma jogada perigosa, deliciosa e infalível. Sobretudo para quem se acha muito esperto, mas depois não tem jogo de cintura suficiente para dançar a lambada. 

Descobri «Amo-te em todas as línguas» hoje, encostado a outro livro que nada tinha que ver com este. Quase que me forçou a olha-lo, por ser de um tom vermelho garrido que não passa despercebido a quem passa. Só àqueles que não param para ver livros mesmo quando não têm intenção de aumentar a biblioteca pessoal. Aqueles que levam a vida a correr, como se todos os dias jogassem contra o tempo e estivessem na iminência de perder. Esses pertencem ao grupo de pessoas que se levam demasiado a sério. E que por isso não tiveram tempo de reparar nesta pequena chama de amor, nem tiveram que se controlar como eu na secção dos livros para não se rirem à fartazana quando abri a página dedicada ao trolhês e li «A tua mãe só pode ser uma ostra para cuspir uma pérola como tu».

Já é antigo. Já me ri muitas vezes à custa deste piropo a cair para o ridículo. Mas não deixa de ter a sua piada. E se o juntar ao «ó jóia, anda cá ao ourives», ao «ó febra, anda cá ao grelhador» ou ao «não sabia que as flores andavam» o esforço para não me rir é ainda maior. É que «amo-te» em trolhês pode ter várias designações. E, acreditem, é cada uma mais hilariante que a outra. Isto quando sabemos utilizar a jogada da inteligência e derrubamos possíveis abusos com a mestria de um riso ou do desprezo. E as duas juntas, para mim, serão sempre as melhores armas para derrotar quem se acha a última pepsi-cola do deserto. 

Conheci o livro hoje e fiquei fascinada pela ideia. E pela frase maravilhosa da contra capa. E mesmo que o livro seja apenas a tradução do «amo-te» em várias línguas parece-me uma ótima prenda para se dar e receber. Se quiserem surpreender alguém acho que o conseguem com nota elevada. Já pensaram como seria a vossa reação se ao desembrulharem um presente lessem «Amo-te em todas as línguas»? Quanto a vocês não sei, mas eu acho que ia ficar da cor do livro. 

Meu amor, não sei como te chamas, de onde vens, nem se tens cavalo branco. Mas se te quiseres dar a conhecer podes sempre enviar-me um exemplar destes. Eu vou compreender quando ler «Não basta a minha língua para dizer amo-te. Por isso repito-o em todas as línguas do mundo. Para que o sintas todos os dias da tua vida». É que eu própria sinto que também sou capaz de te amar em todas as línguas e que o meu amor por ti também não cabe num idioma só. Só não te conheço, mas assim que estiveres disposto a chegar terei as portas de minha casa, os meus braços e o meu coração abertos para te acolher e aconchegar.

Ah! Podes dizer «amo-te» na língua que te apetecer, não sou esquisita. Além de que terei todo o tempo de mundo para te surpreender noutro idioma qualquer. E juntos poderemos entrar neste jogo infantil que nos parecerá a coisa mais romântica do mundo. É que se é para aparvalhar que seja contigo, que serás o meu melhor amigo e o meu coração por inteiro.

Começo eu: «ti amo», estejas a chegar ou ainda perdido no caminho. Vês? Não custa nada. Agora é a tua vez. Fico à (tua) espera. 


«(...) Amo-te. A mais bela palavra do mundo.
Abre portas, conquista corações, termina guerras, une vidas. Nunca será demais repeti-la. 
Amo-te. Amo-te sempre e de todas as maneiras. 
E amo-te em todas as línguas do mundo».

Comentários

  1. Pelo que citas e escreves, fiquei curiosa em le-lo. Uma pequena palavra, com um grande significado.

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  2. Sempre ouvi dizer que a palavra "AMO-TE" é muito complexa e no que escreves-te fez-me mesmo ver isso :)
    Adorei a última citação!

    O da Bershka em preto é mesmo giro :p por acaso já vi várias pessoas ontem com um igual em preto vestido :)

    beijinho queridaa*

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  3. É verdadee! Eu já fui muito de dizer isso a amigas minhas porque sim ou porque houve uma altura que falávamos mais.. mas agora sim, sei a quem o digo e porque o digo! Até porque chega a uma altura que sentimos coisas diferentes que nos fazem mesmo conseguir sentir o significado complexo dessa palavra, dai a dizer-mos :)
    Gosto mesmo daquilo que escreves!!!

    ainda bem, ahah :b **

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  4. Fiquei curiosa em le-lo, e eu que adoro ler, ahah *o*
    Eu sei que sim, e vou esperar o tempo que for preciso pra encontrar a minha felicidade, ela um dia ha-de vir ao meu encontro, obrigada <3

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  5. Por acaso não sabia dessa tentativa do BE.... enfim, acho que há coisas mais importantes :).

    Quanto ao "Amo-te", acho que é muito importante dizê-lo, mas não banalizá-lo ao dizê-lo demais, porque assim acaba por ser como outra coisa qualquer e perde significado :)

    Sem Jeito Nenhum Blog

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  6. Já tive esse livro na mão e estive quase, quase para o comprar! Sinceramente acho desenquadrado tentarem proibir os piropos. É que, tal como tão bem dizes, como vão controlar? Tudo bem que há alguns ofensivos mas há outros tão engraçados... Resta-nos a nós saber filtrar e não ligar ao que se ouve na rua.

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  7. r: espero bem que trate bem dele ..

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  8. Nisso percebo perfeitamente, porquê não digo essas palavras a toda gente como é óbvio :) eu tenho a sorte de ter 3 melhores amigas, somos um grupinho de 4 e fizemos a todas.. já lá vão anos! De resto, só ao namorado :)

    não tens nada que agradecer querida :D
    beijinhoo *

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  9. eu não tenho essa sorte.. até porque mudei de turma quase todos os anos.. só no 8º e no 9º ano é que não mudei de turma, mas também éramos só 6 raparigas. percebi quem eram as minhas verdadeiras amigas no secundário :) e até agora, tentamos e falamos sempre!

    Um dia pode ser que experimentes :pp

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  10. Olha que sorte.. ao menos estão pertinho :) aqui é diferente provavelmente.. quando vamos para o secundário temo que ir para uma cidade (funchal), e lá há varias escola, desde o liceu, escola industrial, escolas profissionais e escolas privadas.. e todos vão para escolhas diferentes conforme os cursos, porque todas têm cursos diferentes e ai cada um já se vai identificando com as suas coisas, dai ficarmos dispersos. o que vale é que somos da mesma freguesia, mas agora há gente na tropa, gente a trabalhar, a estudar fora (continente), ou na faculdade daqui (que é no fim de mundo). É chato :\ e as minhas amigas do secundário são quase todas do funchal ou da outra ponta da Ilha! portanto encontramo-nos quando dá e aproveitamos tudo ao máximo :)

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  11. R: Disseste tudo, mesmo. Quero ter essa força toda de conseguir superar, mas neste momento parece que o mundo está contra mim. Está tudo a acontecer-me.

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  12. questão de horários e de combinar coisas também :)
    têm que se candidatar para escolas secundárias? :o pois , isso aconteceu com a minha turma no 9º ano! até porque os rapazes escolheram a maioria para artes (que é numa escola privada a melhor) e outra grande maioria desporto (que é no liceu). o resto foi mais dividido entre cursos profissionais ou então na escola industrial línguas e humanidades ou ciências :)
    sim, é verdade :)

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  13. que coisa estranha :o não tinha noção que era assim! aqui podemos ir para onde quisermos.. se bem que há escola pagas e escolas públicas.. o liceu e a escola industrial são as principais e são públicas e entra quem quer. mas o liceu costuma ser pro's betinhos riquinhos e a industrial pros mais "rebeldes".. mas já se sabe que nas duas escolas há as duas coisas x) eu no secundário tive que fazer exames, porque fui pro profissional privado, mas estava confiante que ia entrar porque até correu bem o exame de portugues e de matemática. aqui o resto das escola secundárias são pagas, excepto noutras localidades bem longe que nem conheço
    Tiveram sorte, :p ahah

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  14. Pois é.. isso depende de escola para escola :) não conheço a escola :o
    Tenho 3 amigas e estudar no Porto e uma dela acho que é perto de Gaia ou é mesmo lá :o
    aii História, odeio -.-
    Sim, isso de facto é verdade :)

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  15. Ohohoh agora quem o vai querer comprar sou eu! Mais um para a lista de espera... E credo... porque é que escolher é tão complicado?! :)

    Quanto às "trolhadelas", muito sinceramente, tolo é quem tem a coragem para deitar cá para fora uma ideia tão absurda... Se os nossos amiguitos deputados se preocupassem em arranjar soluções para o que é realmente importante é que eu ia aplaudir e de pé! As "trolhadelas" são cultura, por muito mau aspeto que isso possa dar a quem quer tanto mostrar ao exterior aquilo que não é... e mais, quem não gosta (e eu certamente não gosto de todas, como é natural) tem duas opções: ou responde à letra ou cala-se. Eu sempre ouvi dizer que "a minha liberdade termina onde a do outro começa", por isso há que não matar a liberdade (a de expressão).

    Quando falas-te da resposta à letra fizeste-me recordas das minhas típicas atitudes, das quais nem sempre me orgulho, quando, por exemplo estou a andar na rua descansadinha da minha vida e passa um camião e o condutor apita e eu, muito inocentemente, digo: vai apitar para o caralho que te foda!; mas raios! sabe tão bem dar uma resposta à altura! :)

    Muitos beijinhos.

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  16. cada vez tenho mais curiosidade em lê-lo, acredito que será mesmo amável.
    bom fim-de-semana *o*

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  17. A sério?! em que faculdade? :o tenho uma amiga daqui ai a estudar Educação também no Porto..

    óhh, obriigada querida :)
    beijinhoo *

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  18. Eu ando a ler um livro já há mais de uma semana o que não é normal. Esse livro pareceu-me bastante interessante. Andas em que ano querida, só por curiosidade.

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  19. Espero q sim, porque se não vai ser estranho enquanto não crescer.

    Claro q é :p

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  20. Eu também nunca fui grande adepta de matemática, a única cadeira que chumbei na faculdade foi de matemática ahaha

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  21. tenho umas ideias para o blog.
    vamos ver como fica.

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  22. Se sair o euromilhões também se deve arranjar uma casa com espaço suficiente para pôr os tesourinhos! :)

    Aqueles filmes já não são assim muito recentes... o "Finding Forrester" se não estou enganada já conta com uns 13 aninhos em cima, mas não é por isso que deixa de ser excelente. Acho que é como o vinho do Porto, quanto mais velho, melhor!
    Fico bastante mais descansada em saber que desistiram da ideia de levar isso ao parlamento, credo!

    Muitos beijinhos.

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  23. Como eu te percebo! espero que continue assim e que a minha vontade também :)
    a sério?! a minha amiga Patrícia também x) ahah estás em que ano? :o

    beijinho grandee *

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