Entre Margens

«Não posso ficar 
Nem mais um minuto com você
Sinto muito amor, mas não pode ser
Moro em Jaçanã,
Se eu perder esse trem
Que sai agora as onze horas
Só amanhã de manhã».
Imagem retirada do google

«O limite de cada dor é uma dor maior», Emil Cioran


Apetece-me acender um cigarro. E esvaziar aquela garrafa de vinho tinto, que eu odeio, pousada na bancada da cozinha. Quero perder-me nesta nuvem de fumo que se propaga enquanto ouço o tilintar do copo sobre a mesa, em todas as vezes em que o encho e o pouso novamente. Eu não sou assim. Tu deixas-me assim. Sinto esta necessidade louca de infligir dor a mim própria, não me importando se amanhã acordarei com uma enxaqueca terrível. És, em simultâneo, a luz e a minha escuridão. Vou a meio da garrafa e só me apetece afogar no meu choro descompensado. Como é que cheguei até aqui? E de repente fico a transbordar de raiva, atirando o copo contra a parede, sentindo os estilhaços a cortar-me a pele. Estou desejosa de acender um cigarro. E acalmar. Desaparecer. E submergir nesta letargia.


M, 18.02.2015

O estágio em Pré-Escolar começou há duas semanas. E com ele vieram as caracterizações, o diário de bordo, as reflexões, as planificações e todos os outros parâmetros que lhe estão associados. O tempo, apesar de não parecer, é curto. Mas hoje vou fazer uma pausa e aproveitar aquele que poderá ser o meu último comboio do caloiro. Vai ser estranho - e até angustiante - não ir desde o início, mas as responsabilidades são outras. Quando o relógio marcar as 15h, o destino será apenas um: Braga!
Imagem retirada do google

Vou amar-te para sempre, apenas deixaste de ser o amor que toda a vida procurei.

#devaneio #divagação #mudanças #amor #promessa #procura

...

Imagem retirada do google

A Matilde, do blogue Cantinho da Tily, a quem agradeço antes de avançar, nomeou-me há já algum tempo para responder a uma tag. Finalmente consegui fazê-lo, por isso deixo-vos com as minhas respostas. Quem quiser responder a este desafio, sinta-se, como sempre, à vontade para o levar.


«Há coisas que o vento não leva
Assim como a lua vai e vem
O ciclo leva-nos sempre ao mesmo ponto
E o meu ponto és tu

O vento vai passando
Vai trazendo e levando
As cores, a vida, o amor e a saudade
Quem sou eu, ao pé do vento e do destino?
A vida vai passando e eu sonho que a agarro
Imagem retirada do google

«Uma pequena frase pode conter uma grande historia», Wesley D'Amico


A coroa caiu
Desfez-se em dois
Somos príncipes
Sem trono
E de espadas de cartão

Desabitamos o castelo
De traços a aguarela
Fugindo a cavalo
De sonhos enfeitiçados  
E a contrarrelógio



Há datas que nos levam a recuar no tempo e a relembrar momentos carregados de amor. Há pessoas que valem o mundo, que merecem o melhor de nós, que nos são tanto que tudo é motivo para o demonstrar. E no dia em que celebram vinte e seis anos de idade, o Diogo Piçarra não quis deixar esta ocasião passar em claro, sobretudo quando a partilha com alguém com tanto significado para ele.
Imagem retirada do google

Determinadas circunstâncias têm-me permitido compreender algo que talvez não fosse tão claro. Damo-nos demasiado às pessoas e elas habituam-se à nossa presença e a terem-nos constantemente disponíveis para tudo. E isso não é saudável para nenhuma das partes. Portanto, a conclusão a que chego é que temos que aprender a fazer falta!
Imagem retirada do google

Já não és tu. Há dias em que não te reconheço. Alteras de um coração bondoso para uma alma negra como se não existisse qualquer muro a separá-los. Como é que não sucumbimos quando as nossas pessoas parecem já não estar em si? Essa bipolaridade transtorna-me. Magoa-me ainda mais por saber que essa imagem não corresponde àquilo que és verdadeiramente. Não sei por quanto tempo mais vou aguentar sem levar tão a peito todos os ataques que insiste em infligir. Mas fiz-te uma promessa. E quer queiras, quer não queiras vou permanecer ao teu lado!

«Não consigo mais guardar 
Já nem sei como lidar 
Vou fechar o meu coração

Já nem sei o que é viver 
Já não há o que temer 
Não consigo aguentar esta dor 
Esta dor que o tempo vai levar

(...)
Imagem retirada do google

Vou colhendo chaves, como quem colhe maçãs, tentando abrir portas que se mantêm fechadas para o mundo. Os fios não tardam a esgotar-se e as fechaduras permanecem imaculadas. As oportunidades desvanecessem-se e há sonhos que continuam por abrir. Agarro o único símbolo em suspenso que sobra, de coração meio aflito e meio esperançoso, e peço baixinho para que seja desta. Um simples estalido distancia-me da liberdade. É a vida em movimento. E a minha anda às voltas, emaranhando-se em caminhos que não são os meus.
Imagem retirada do google

[Quantas palavras em vácuo sentimos dizer?] 

Calamos a voz da razão. Da alma. Do nosso espírito aventureiro, sem regras e caminhos fixos para seguir. Ficamos estáticos, por vezes vazios, vendo as oportunidades a escapar, como se fossem um pedaço de papel movido pelo vento revolto de uma noite de inverno. 

[Quantas palavras aprendemos a calar?]

E nesse vazio que se torna familiar, passei a guardar tudo o que não fui capaz de dizer. Porque há palavras em vácuo, enquanto dentro de mim os gritos são ensurdecedores.
Imagem retirada do google

«Vislumbrei um clarão no mistério da sua presença», Antoine de Saint-Exupéry


Há uma luz
Que emana
E reflete
Os meus sonhos guardados
Em frasquinhos de vidro
Reluzentes
Sedentos de liberdade
Imagem retirada do google

Não brinques com o meu coração. Não faças e desfaças os nós com a mesma rapidez com que nos mantemos a brincar ao «mal me quer, bem me quer». Já ultrapassamos a fase ingénua de não sabermos o que esperar um do outro. Crescemos. E, embora nem sempre nos saibamos ler, fomos apresentando pistas suficientes sobre o caminho que queríamos seguir. Ofereceste-me uma flor, sem espinhos, ciente de que cuidaria dela como se fosse um complemento da minha vida. Sem palavras, fizemos uma promessa que não pretendíamos quebrar. E agora que nos sinto a balançar neste futuro incerto peço-te que preserves as pétalas que um dia partilhei contigo. Aguenta só mais um pouco. De amor firme. Enquanto a tempestade avança, a lengalenga vai-se transformando em eco. E os nossos olhos acompanham a dança delicada dos nossos dedos. A expectativa aumenta. E sem misericórdia, como se o nosso futuro dependesse de um simples sinal, fico a segurar o caule que sobrou.   

Mal me quer
Bem me quer
Mal me quer
Bem...
E a última pétala cai
E o silêncio afunda-nos.
Imagem retirada do google

Tens as cidades nas pontas dos dedos. Nesse trilho incessante que insistes em percorrer mentalmente. E viajas, de pés presos ao chão, com esse sorriso melancólico que te faz suspirar por memórias que nunca pudeste viver. E isso não te trava, dá-te alento. No teu mundo encantado, o teu bilhete é de ida, mas sem volta. Vais de bagagem leve, carregando o essencial para quem atravessa o mundo de esperança acesa. Afirmas que o melhor lugar para se estar é no peito de alguém. Encostado. Deitado por baixo de uma manta polar, com um copo de café a ferver. Mas não tens qualquer feitio para parar. Para deixar a poeira assentar. O mundo grita pelo teu nome e tu vais. Nessa aventura interminável de quem transporta os sonhos na palma da mão. Olho para ti e destroça-me o coração saber-te tão sereno, nesse sono profundo, ciente de que terei que te retirar desse estado de latência saudável em que te afundas. Num impulso com o qual não estou a contar, puxas-me para esse mar revolto de peripécias que fazes questão de relatar de uma assentada. É delicioso ouvir-te. Mas cansativo também. Porque o teu entusiasmo obriga-nos a viver tudo como se fosse o último dia. Tens as cidades nas pontas dos dedos. Mesmo quando tudo não passa de uma breve ilusão. E te encontro ao pé da janela, perdido a contemplar aquela que já foi a tua casa na árvore. Ficas sem chão. E é o meu abraço que te ampara a queda. Tens mil e uma histórias de bolso, mas nenhuma é real. A tua memória atraiçoa-te. E a tua imaginação assume o papel de destaque. Não te desfaço essa realidade inventada. Porque, no fundo, todos esses momentos podiam ter sido teus, senão tivesses tido tanto medo de ganhar asas.
Imagem retirada do google

Há frases, comentários, observações, que nos fazem pensar, porque desconstroem aquilo que julgamos certo ou que aceitamos sem grandes questões. Estava no twitter quando encontrei uma imagem que me obrigou a parar. Em poucas palavras, conseguiram criar um impacto que nos impede de ficar indiferentes ao que acabamos de ler, porque o poder da mensagem é, realmente, uma chamada de atenção!

«(...) 

Se a noite insiste
Eterna e triste
Lanterna em riste, eu vou voltar


Imagem retirada do google

«(...) Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida», 
Antoine de Saint-Exupéry


Há, por aí algures, um conto de fadas perdido. Invertido. Mas real. 

Aprendi a proteger os meus sonhos sem precisar das referências a cavalos brancos. Só que, inocentemente, deixei que tudo o resto me acalentasse a esperança. Tive medo. Sim, tive medo que ao desacreditar destas histórias perdesse a fé. No amor. Nas pessoas. Em mim. Reciei que aquelas linhas preenchidas de palavras e uma moral no final não saltassem do papel se eu colocasse em causa a sua veracidade. Parecia-me absurdo dormir por cem anos quando não consigo ficar deitada mais de oito horas. É tudo tão fantasiado e, ainda assim, desejei em segredo viver qualquer um daqueles enredos.
Imagem retirada do google

Sonhos de mil cores
Escapando por entre os dedos
[Os nossos]
Que se afastam
E se descruzam
Em paralelo 
Nessa luz ténue
Que nos distancia
Do horizonte
Imagem retirada do google

Sinto-me sem chão. E a frustração de não saber como agir torna tudo mais angustiante. Falta-me um pedaço de paz. E uma armadura que não me permita quebrar quando tudo o resto parece esmorecer. 
Imagem retirada do google

«Frágil, já nem consigo ser ágil», Jorge Palma


Meia frágil
Meia ágil
De pensamentos
Vagos
Esvoaçantes
Que nem dentes de leão

Meia tudo
Meia nada
De voo picado
Apontando a sul
De amargos desejos
Perdidos em emoções paralelas


«É difícil, eu sei, largar alguém que nos fez tão bem
Olhar para trás e pensar mas não convém
Porque a saudade aperta e eu fico sem saber
Como é que tudo mudou tanto

(...)
Imagem retirada do google

«E poemas são escritos assim, de madrugada
Para te dizer que as nossas mãos são tão leves
E quando os nossos corpos se tocam
O vazio é perfeito
E o céu e o mar estão em nós...»
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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


o-email
asgavetasdaminhacasaencantada
@hotmail.com

portugalid[arte]

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