As minhas viagens de metro #51

Imagem retirada do google

«Sinto necessidade de arriscar minha vida. Só assim vale a pena viver», 

Clarice Lispector

Ouvi-te falar numa vida a dois. E recuei. Confesso, fui invadida por um arrepio que me fez duvidar deste avanço. Tenho medo de não estar à altura, de não corresponder às expectativas que criaste sobre mim e, principalmente, de não querer avançar.

É como se estivesse a infringir as regras e a passar mais casas do que aquelas que o dado me permite. Não achas que tudo isto é uma loucura? Queres mesmo arriscar? E se as coisas não resultarem? Não te quero culpar. Não quero que me julgues. Não quero chegar ao ponto em que te vou atacar e acusar de que deixei de viver porque quiseste ir demasiado rápido. E não quero que olhes para mim como se fosse o motivo que te impediu de seguir por outros caminhos. 

Os meus pensamentos ganham vida. E foi então que me obriguei a parar e a aclarar as ideias. Não me estás a pressionar. Nunca me obrigaste a fazer algo que me deixasses desconfortável. E conhecendo-te como te conheço, quando esse momento chegar será tão assustador para ti como está a ser para mim. Quereres tentar mesmo assim dá-me segurança. E começa a rotular as minhas incertezas como meras desculpas. De repente, a ideia de termos um espaço só nosso não me parece assim tão descabida. E se eu não quiser arriscar e por minha causa as coisas não resultarem? Também me poderás culpar por isso...

Se há coisa que aprendi é que não há alturas certas ou alturas erradas. Há oportunidades. Que aproveitamos ou deixamos fugir. E o segredo não é perguntar porquê, mas perguntar "porque não?".

M, 23.02.2015