ENTRELINHAS ◾ POESIA & DIA DO MAR
Fotografia da minha autoria |
«E nunca as minhas mãos ficam vazias»
O poema é um mundo de reencontros. Para Sophia de Mello Breyner, era a sua explicação com o universo e a sua convivência com as coisas, com as vozes, com as imagens. Por isso é que os seus versos partiam sempre de um ângulo concreto, envolvendo-nos na sua bolha e na sua intervenção ativa enquanto artista e cidadã.
A minha ligação à sua obra começou na prosa [possivelmente, com A Floresta], mas mantendo uma porta aberta para a poesia que ansiava descobrir. Pela amplitude. Pelo eu lírico que é tão relacional. Pela intemporalidade. Porque, mesmo numa altura em que apenas lia poemas soltos, reconhecia-lhes uma travessia no tempo, resgatando experiências plurais, que poderiam retratar problemáticas de gerações tão distintas.
É neste género literário que tanto me conforta que pretendo abraçá-la. E enquanto a sua Obra Poética não figura na minha estante, deixei-me inebriar por dois exemplares independentes que espelham a sua mestria.
POESIA
A leveza das suas palavras, que nos soam como uma melodia harmoniosa, camufladas numa linguagem acessível, confronta-nos, ainda assim, com um mundo desconhecido, por vezes algo sombrio, e uma metamorfose emocional, que nos faz reconsiderar a nossa alma fragmentada em diversas identidades.
«Ninguém sabe onde vai nem donde vem,
Mas o eco dos seus passos
Enche o ar de caminhos e de espaços
E acorda as ruas mortas»
Dividido em três partes, este livro é feito de solidão, de saudade e de paz. E leva-nos a deambular pela morte, pelo sonho, pela exaltação, pela fragilidade, pela plenitude, pelo terror e pelas ruínas. Com versos de uma humanidade ímpar, é a natureza - enquanto elemento e enquanto caráter - que nos proporciona um certo renascer e redenção, partindo de um lugar íntimo e compreendendo as dicotomias que nos correm por dentro.
DIA DO MAR
O cariz social, embora ténue, e a clara referência à infância, com um vínculo especial à Praia da Granja, em Vila Nova de Gaia, marcam o tom desta obra, tão rica em imagens, metáforas e silêncios sem tempo e lugar.
«Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei»
A viagem continua livre, por um ambiente que nos aproxima de um mar imenso de possibilidades e de sensações. Alternando entre a vontade de viver em pleno e a impossibilidade de o fazer, entre a harmonia e a solidão, entre o humano e o divino, confesso que foi a parte IV que arrebatou o meu coração. Sophia enlaçou-se «à força das coisas naturais», aos descobrimentos e a Abril para, no fim, procurar uma consciência de si.
|| Disponibilidade||
Poesia
Dia do Mar
Nunca é demais ler e lembrar Sophia.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim-de-semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Acredito no mesmo!
EliminarObrigada e igualmente, Francisco
Adoro *.* Tenho saudades de me sentar em frente ao mar ao pe da casa dela a escrever ou a ler as suas poesias <3 Vou me oferecer o Dia do Mar como presente de aniversario <3
ResponderEliminarQue memórias tão boas 😍
EliminarVale tão a pena mergulhar na sua poesia
Sem dúvida que Sophia de Mello Breyner Andresen, nascida no Porto, aos 6 dias de novembro de 1919, e falecida em Lisboa, aos 2 dias de Julho de 2004, foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o prémio literário Camões. Leio muitos poemas dela. Deixou obra para os vindouros. O livro que enuncia imagino ser deslumbrante de ler.
ResponderEliminar.
Sexta-feira feliz … Sorrisos poéticos.
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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É mesmo maravilhoso abraçar a sua obra, traz um conforto especial
EliminarLi no ano passado um livro de poesia do Mar, acho que foi este. Gostei imenso da leveza da sua poesia.
ResponderEliminarBeijinho grande, minha querida!
Tem uma capacidade fascinante de nos embalar
EliminarConfesso que poesia não gosto muito de ler.
ResponderEliminarBeijinho e bom fim de semana!
Compreendo, nem todos os géneros nos atraem, faz parte :)
EliminarComo é tºao bom sempre conhecer novos livros, mas esse deve ser bastante bonito para o fazer
ResponderEliminarBeijinhos
Novo post
Tem Post Novos Diariamente
Aconselho ambos, sem dúvida!
EliminarSem dúvida que Sophia de Mello Breyner foi uma grande poetisa portuguesa, gosto muito de ler seus poemas.
ResponderEliminarBeijinhos
Foi mesmo, Amélia. Que inspiração!
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