MANUSCRITO EM CONSTRUÇÃO ◾
ERA UMA VEZ
Fotografia da minha autoria |
«Escrever é a minha forma de mudar o mundo. Pelo menos, o meu»
A memória mais antiga que eu guardo, nesta esfera de escrita, sou eu na marquise, com um caderno de capa preta aberto e folhas pautadas, a espreitar pela janela à procura de inspiração para criar versos e rimas. E, como se as palavras fossem uma autêntica extensão da minha identidade, começou cedo a minha história.
UM CAMINHO DE DESCOBERTA
Português sempre foi a minha disciplina de eleição, porque entusiasmam-me as camadas em que a nossa língua se divide [ou multiplica, dependendo da perspetiva]. E tinha particular apreço pela hora de escrever composições, visto que era extraordinária a sensação de sentir a imaginação a oscilar entre vários cenários.
Embora não me recorde do diálogo em si, tenho bem presente o momento em que tive a impressão que esta relação seria para continuar, porque um texto que escrevi sobre o outono [terceiro ou quarto ano, por aí] foi elogiado pela professora. Hoje, tenho capacidade para reconhecer o quanto seria ingénuo sustentar a vontade de continuar a escrever por causa desta lembrança. Mas, por outro lado, mostra o impacto que os adultos de referência têm no nosso crescimento - e nos nossos sonhos, mesmo quando permanecem mais silenciosos.
Independentemente das motivações inerentes ao processo, comecei a traçar um caminho de descoberta. Primeiro, porque escrever era um porto seguro de distração e de entretenimento. Segundo, porque, pouco a pouco, passei a acalentar a esperança de ver este passatempo a transformar-se em algo ainda mais sério.
PERFIL DE ESCRITA
A poesia foi a minha primeira forma de expressão, talvez pela sonoridade da rima. Mas também comecei a ter interesse em desenvolver contos, fazendo com que as personagens tivessem uma direção, um propósito. Curiosamente, nunca tive a pretensão de estruturar algo de grandes dimensões, como um romance. Ou, melhor, nunca senti que fosse esse o meu perfil, porque era de desfechos rápidos - e, convenhamos, a falta de proximidade com a leitura também limitava a minha capacidade para ver para lá de certos horizontes.
No hiato que me afastou dos poemas, tentei aventurar-me na escrita de histórias mais longas, mas regressava sempre às origens dos textos curtos, das crónicas. E, senão me falha a memória, só Meu Querido Mês de Agosto [que comecei no Parte do Que Sou] e O Nosso Amor é Como o Vento é que foram os meus projetos mais ambiciosos nesse sentido. E percebi que, apesar de os ter adorado, talvez não sejam o meu futuro.
Creio que arriscar é a maneira mais fidedigna de descobrirmos o nosso dialeto, até porque não acho que um autor só possa escrever num género [pode destacar-se mais em algum, mas isso não lhe retira a liberdade de criar]. É por isso que me divirto tanto no processo e que me permito escrever em diferentes formatos - o exemplo mais evidente prende-se com a criação de contos de crime e mistério. Porque, assim, sei quem sou.
AS MINHAS AVENTURAS
O meu percurso passou dos cadernos para as plataformas digitais - primeiro, no fotolog; mais tarde, no blogue. Sem esquecer todos os blocos onde faço anotações, até porque continuo a escrever à mão e a guardar fragmentos só para mim, encontrei outro entusiasmo na partilha, porque é a crítica que lima as arestas.
Por consequência, perdi a vergonha, o receio, de mostrar o que me sai do lado esquerdo do peito e comecei a participar em alguns concursos, sobretudo, pela curiosidade. Por isso, há paragens que guardo com carinho.
✏ Escrever poemas para o jornal da escola [ainda na primária];
✏ Ter dois textos publicados em dois números da Revista Montepio;
✏ Enviar um texto para o Concurso Literário Infanto-Juvenil do El Corte Inglês;
✏ Arriscar n' A Audiência Escreve Um Crime [concurso promovido pelo AXN];
✏ Aventurar-me, finalmente, no Prémio de Literatura Infantil do Pingo Doce.
E faço por tê-las presentes por uma razão muito simples: porque são o reflexo de uma paixão antiga e de um abrir de portas para o desafio que é sair da minha zona de conforto, estando à mercê da apreciação de um júri, independentemente do resultado. Além disso, são pequenos passos que me mostram que, sem esperar validação, acredito o suficiente para saber gerir respostas negativas e continuar a tentar encontrar o meu lugar.
Era uma vez uma menina a olhar pela janela, que mal sabia que o seu mundo teria mais encanto no meio de tantas palavras escritas. Mas aprende-o todos os dias. E, portanto, permanece deslumbrada com a sua magia.
16 Comments
Um dia tens que publicar os teus poemas em livro, sabes que sou uma apaixonada pelas tuas rimas. São frontais, directas e carregadas de emoções <3
ResponderEliminarVou continuar a acompanhar com entusiasmo as tuas aventuras literárias. Obrigada por nos deixares ler. :)
Beijinho grande, minha querida!
Enche-me o coração ler essas palavras. Muito obrigada, minha querida 💛
EliminarSignifica muito!
Que percurso tao bonito *.* Vai ser um orgulho imenso ver os teus poemas publicados :) a minha disciplina preferida tambem sempre foi o Portugues, e mais tarde o ingles e o alemao :) Nao tenho nada publicado, sempre gostei mais de escrever para mim, acho que me entendes e das memorias mais bonitas que tenho é de escrever no meu caderno preto, em frente ao Mar de Sophia nas escadarias da Praia da Granja <3
ResponderEliminarHá palavras que sabem bem guardar só para nós, porque pertencem a uma esfera de memórias muito privada. E é bom quando temos coisas só nossas🥰
EliminarMuito obrigada, minha querida!
Texto lindíssimo de ler. A minha admiração e elogio.
ResponderEliminar.
Saudações poéticas
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Muito obrigada, Ricardo!
EliminarComo é tão bom quando tudo que fazemos é feito com amor, quem sabe um dia esses teus textos não estaram em um livro lançado
ResponderEliminarBeijinhos
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Dá-nos logo outra motivação :) espero que sim
EliminarQuando fazemos por gosto sabe sempre melhor!
ResponderEliminarContinua o bom trabalho!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Sem dúvida, Teresa, concordo totalmente!
EliminarAdorei conhecer mais sobre este teu percurso no mundo da escrita, tu és um poço de talento. Sei que já te disse isto inúmeras vezes, mas é a realidade. Perco-me nas tuas palavras, sejam prosa, sejam poesia, tu és maravilhosa!
ResponderEliminarQue nunca pares de escrever e que venha rápido esse livro teu, porque serei das primeiras a querer ler <3
O meu coração não aguenta tamanho carinho e generosidade! Mil obrigadas, coração. Isso significa muito <3
EliminarRevi-me nessas palavras, partilhamos do mesmo gosto. Embora sejamos diferentes e ainda bem que assim é, pois se todos escrevêssemos igual, não teria interessem para o público. Conheci-te no fotolog :) beijinho e que nunca te falte inspiração para nos aqueceres a alma :)
ResponderEliminarhttps://eudaniela28.blogspot.com/
Há uma parte de mim que tem muitas saudades do fotolog :)
EliminarSim, é verdade, é essa diversidade que cativa.
Muito, muito obrigada
Quero muito um livro teu na minha estante!!
ResponderEliminarHá-de acontecer! Obrigada pelo incentivo *-*
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