ESTANTE CÁPSULA ◾
DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA, HUGO GONÇALVES
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Fotografia da minha autoria |
«(...) uma versão alternativa do nosso passado, com ecos no presente»
Avisos de Conteúdo: Morte, Referência a Suicídio, Violência
O percurso da nossa História não é isento de especulações. E os resquícios do Estado Novo ainda povoam na memória dos portugueses. Imaginem, agora, que, desde o regime ditatorial à [não] participação de Portugal na II Guerra Mundial, sem esquecer os milagres de Fátima, tudo mudava. Seria a realidade alternativa melhor ou pior? Talvez não cheguemos a uma resposta única, mas esse exercício é possível no livro de Hugo Gonçalves.
AFASTAR SALAZAR, ABANDONAR A NEUTRALIDADE
Deus, Pátria, Família, cujo título nos remete logo para os princípios conservadores que nortearam Salazar, envolve várias frentes: políticas, sociais e religiosas, mostrando um contexto ligeiramente diferente do que é conhecido. E é nesta desconstrução, com um toque distópico, que o autor nos faz questionar o que é historicamente verídico ou meramente ficcional. Nesse sentido, acompanharemos a sua liberdade criativa.
«(...) para perceber que o desterro da sua viuvez não tem volta,
que para certas estirpes de solidão não se conhece a cura»
Um aspeto que achei fascinante prende-se com o facto de existirem muitos acontecimentos verosímeis. Mesmo que deambulemos por cenários improváveis, percebemos que todos eles poderiam ter marcado o nosso passado, enquanto nação. Portanto, interligando um mistério policial com uma saga familiar, num jogo de simbolismos e analogias subtis, somos desarmados pela escrita e pela construção minuciosa do enredo.
«Num país em que as principais causas de homicídio são o adultério, os ciúmes e a honra,
as mãos dos homens estão entre as armas mais populares para matar mulheres»
Uma morte suspeita, uma neutralidade desfeita e um forte sentido de justiça [que procurará afastar António de Oliveira Salazar do poder] são apenas três dos ingredientes que tornam este livro tão viciante, tão magnético.
UMA PREMISSA IRREAL
A premissa irreal abre, ainda, portas para uma crítica sagaz à religião, principalmente, católica. Porque imperam valores duvidosos, vidas feitas de pressões e de fachada. E tudo isto é transversal aos pilares que sustentam a narrativa. Por isso é que detetamos o tom irónico, de intriga e de conspiração, que pretende desentorpecer o leitor e levá-lo a questionar vários momentos e comportamentos. Assim, destacando a portugalidade do século XX, «os tempos são estranhos», mas navegamos nos ecos que vieram agitar Portugal.
«Concentra-se naquilo que podes controlar. O trabalho e a retidão de caráter.
A resistência e a dignidade. Mas nunca te esqueças que aqueles que não têm
escrúpulos vão aproveitar-se dos teus escrúpulos para te passar a perna»
Deus, Pátria, Família retira-nos de um lugar de conforto e confronta-nos com inúmeros estilos e sensações. Por esse motivo, somos envolvidos numa viagem transcendente - e, no mínimo, original. Feito de silêncios, de camadas e de múltiplas teorias, também nos mostra a importância de nos sabermos colocar no lugar do outro.
|| Disponibilidade ||
Confesso que sou pouco apreciadora do género histórico, ainda assim fiquei curiosa com este livro. Nunca li nada do autor. Vou levar a sugestão.
ResponderEliminarBom feriado, minha querida. Beijinho grande!
Sei que sou suspeita, mas acho que vale muito a pena. E as partes históricas não são nada aborrecidas, porque o autor consegue equilibrar tudo muito bem
EliminarVou guardar a sugestão!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Boas leituras, Isa!
EliminarParece um livro bem forte, mas ainda assim fiquei curiosa! :)
ResponderEliminarwww.amarcadamarta.pt
Recomendo, Marta :)
EliminarAcredito que seja um livro fascinante de ler.
ResponderEliminar.
Cumprimentos poéticos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Bastante, Ricardo, sobretudo, por explorar tantos temas
EliminarQuero muito ler apesar do meu marido ter ficado de pé atras com ele pelos motivos que ja te falei...
ResponderEliminarTenho estado um pouco desligada do podcast, mas confesso que, até onde ouvi, não senti esses problemas. Se conseguirem separar o artista da obra, aconselho imenso o livro.
EliminarHum, vou acabar por mais uma vez levar a sugestão
ResponderEliminarConfesso que ainda não conhecia de todo
Beijinhos
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Boas leituras, Sofia :)
EliminarEm tempos foi um item de desejo. Mas acabei por nunca o compraer.
ResponderEliminarAdoro o tema, é tipo a última criada de Salazar que também tenho e gosto muito. Beijinho
https://docejoornadablog.blogspot.com/
Esse nunca li, vou procurar
EliminarDesconhecia, confesso.
ResponderEliminarAconselho imenso!
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