ALMA LUSITANA ◾
O ELEVADOR, FILIPA FONSECA SILVA
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Fotografia da minha autoria |
«(...) tentarem descobrir o que significa uma vida a dois»
Gatilhos: Relações Disfuncionais
A ideia de uma narrativa passada num espaço fechado, praticamente vazio, agrada-me sempre, porque parece-me que o exercício criativo é mais entusiasmante. Como é que o escritor parte dali para algo que cative o leitor? Como é que se criam linhas paralelas e possibilidades de enredo? Que limites podem ser ultrapassados? Foi com estas questões no pensamento que avancei para o livro da Filipa Fonseca Silva.
QUANDO SOMOS OBRIGADOS A CONVERSAR
O Elevador transporta-nos para uma noite quente de verão, quando Sara e Alex se «preparam para ir jantar fora». O casal está em desacordo acerca desta saída, o que se sente na tensão da sua interação, e nós rapidamente percebemos que a relação não está estável e que eles serão obrigados a conversar sobre a mesma por causa de um contratempo: o elevador onde seguem encravou e eles ficam presos a noite toda.
A premissa é ótima, tem uma estrutura envolvente e gostei bastante da escrita da autora, que é fluída, descontraída e visual: sem saber quem poderiam ser os protagonistas e a zona em que vivem, tracei-lhes um perfil. Há ali um rasgo de realidade que resgata o enredo para o nosso quotidiano. Além disso, gostei das questões que foi levantando sobre o impacto que a comunicação - ou a falta dela - tem numa relação (seja ela de que natureza for), sobre querer coisas diferentes, sobre sonhos, sobre saber ceder e sobre as expectativas que os outros criam para nós. Cada um destes tópicos exerce influência na pessoa que somos e nos vínculos que estabelecemos com os outros. Sem qualquer hipótese de fuga, discutirão sobre todos eles.
A alternância temporal permite-nos perceber o que foi desgastando a relação de Sara e Alex e os vários focos problemáticos. Sinto que a autora fez um trabalho fantástico nestas partes. Por oposição, as cenas passadas no elevador foram as que menos apreciei, porque não me consegui relacionar com os diálogos. Consigo entender os pontos de rutura, os gatilhos que nos inquietam e, até, a falta de lucidez nas discussões, afinal, estamos muito mais emotivos do que racionais. No entanto, a conversa, as acusações e o próprio tom pareceram-me mais de adolescentes do que de adultos. Existem momentos em que nos sentimos impelidos a tomar partido, mas, de um modo geral, distanciei-me das personagens por causa desta incongruência.
O Elevador é uma história que se lê rápido e que, apesar de tudo, considero que vale a pena descobrir, sobretudo, pelos capítulos da narração. Por isso, fiquei com vontade de regressar a Filipa Fonseca Silva.
🎧 Música para acompanhar: Walk On By, Dionne Warwich
QUANDO SOMOS OBRIGADOS A CONVERSAR
O Elevador transporta-nos para uma noite quente de verão, quando Sara e Alex se «preparam para ir jantar fora». O casal está em desacordo acerca desta saída, o que se sente na tensão da sua interação, e nós rapidamente percebemos que a relação não está estável e que eles serão obrigados a conversar sobre a mesma por causa de um contratempo: o elevador onde seguem encravou e eles ficam presos a noite toda.
«É que, por vezes, apaixonamo-nos pelo que uma pessoa é e, noutras, pela maneira como nos faz sentir»
A premissa é ótima, tem uma estrutura envolvente e gostei bastante da escrita da autora, que é fluída, descontraída e visual: sem saber quem poderiam ser os protagonistas e a zona em que vivem, tracei-lhes um perfil. Há ali um rasgo de realidade que resgata o enredo para o nosso quotidiano. Além disso, gostei das questões que foi levantando sobre o impacto que a comunicação - ou a falta dela - tem numa relação (seja ela de que natureza for), sobre querer coisas diferentes, sobre sonhos, sobre saber ceder e sobre as expectativas que os outros criam para nós. Cada um destes tópicos exerce influência na pessoa que somos e nos vínculos que estabelecemos com os outros. Sem qualquer hipótese de fuga, discutirão sobre todos eles.
«Houve um tempo em que, de facto, tudo era leve e fácil»
A alternância temporal permite-nos perceber o que foi desgastando a relação de Sara e Alex e os vários focos problemáticos. Sinto que a autora fez um trabalho fantástico nestas partes. Por oposição, as cenas passadas no elevador foram as que menos apreciei, porque não me consegui relacionar com os diálogos. Consigo entender os pontos de rutura, os gatilhos que nos inquietam e, até, a falta de lucidez nas discussões, afinal, estamos muito mais emotivos do que racionais. No entanto, a conversa, as acusações e o próprio tom pareceram-me mais de adolescentes do que de adultos. Existem momentos em que nos sentimos impelidos a tomar partido, mas, de um modo geral, distanciei-me das personagens por causa desta incongruência.
«Achamos que sabemos tudo e que não precisamos de ninguém»
O Elevador é uma história que se lê rápido e que, apesar de tudo, considero que vale a pena descobrir, sobretudo, pelos capítulos da narração. Por isso, fiquei com vontade de regressar a Filipa Fonseca Silva.
🎧 Música para acompanhar: Walk On By, Dionne Warwich
◾ DISPONIBILIDADE ◾
Já ouvi falar muito deste livro e a tua opinião aumentou a minha vontade de o ler.
ResponderEliminarVou levar a sugestão.
Beijinho grande, minha querida.
Se leres, depois diz-me o que achaste, minha querida
EliminarGostei da sugestão, acheio interessante *.* E sim, a base de uma relacao é mesmo a comunicacao :)
ResponderEliminarO amor até pode ser grande, mas se a comunicação falha, rapidamente falha tudo
EliminarQue ainda não tinha ouvido mesmo falar, mas vou levar a sugestão
ResponderEliminarBeijinhos
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Boas leituras, Sofia 😊
Eliminarmais uma sugestão que vou levar! Obrigada pela partilha!
ResponderEliminarBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Obrigada pelo retorno 😍
EliminarMais uma sugestão a ter em conta!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Boas leituras!
EliminarLembro-me de ter comprado este livro na pequenina feira do livro em Montegordo. Já tinha ouvido a Helena Magalhães a falar sobre ele e como era de uma autora portuguesa que nunca tinha lido, resolvi arriscar. Tiraste-me as palavras, porque a minha opinião sobre o livro e a experiência de leitura foi muito semelhante à tua! E também recomendo este livro. Lê-se tão bem! 😊
ResponderEliminarJá não sei bem como é que me cruzei com este livro, mas estava mesmo entusiasmada para o ler. Acho que os diálogos têm algumas fragilidades, mas os capítulos narrados são preciosos! Quero muito ler mais coisas dela 😍
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