O que fala ao coração #7
«A minha ideia é que há música no ar, há música à nossa volta, o mundo está cheio de música e cada um tira para si simplesmente aquela de que precisa», Edward Elgar
Não passo um dia sem ouvir música. Esta semana voltamos a mudar o estilo musical e o género do artista. Desta vez caminhamos pelo Fado, mas no feminino. Aqueles que já descobriram quem é facilmente identificam a sua voz poderosa. Quente. Que nos faz perder no seu talento interminável. Se fecharmos os olhos, conseguimos reconhecer automaticamente alguém pela sua voz, pelo seu timbre, pela forma como pronuncia as palavras, pela capacidade de interpretação, pela alma que lhe sai dos poros quando canta. Com esta fadista acontece isso mesmo - ela mal pronunciou as palavras e nós já estamos a pronunciar o seu nome.
Adoro fado! Por ser nosso. Por ser do que temos de melhor. Por carregar em si a alma de quem o canta. Pela tristeza poética que tantas vezes nos aquece a alma. Pela verdade. E por guardar em si artistas com tanta qualidade como aquela que hoje quero partilhar convosco. Não é qualquer um que se aventura neste caminho. Não é, porque o fado é perigoso, exige muito de nós. Requer uma espécie de jogo de cintura, mas na voz, que nem todos conseguem acompanhar. Cantar fado é deixar cantar o coração. Tem uma energia própria e inesgotável. Cantar fado é levar nas palavras a cultura de um povo que se emociona de olhos fechados. E que por mais que o tempo passe nunca se esquece da pele eriçada. Cantar fado é ficar sem palavras, por sentir o coração a explodir de um orgulho tal que o nosso corpo não mais esquece. E as memórias - ficam sempre as lembranças - guardam tudo. As lágrimas que rolam baixinho, em silêncio, o batimento acelerado do lado esquerdo do peito, o sorriso automático, a voz que continuamos a ouvir quando a luz se apaga e os microfones se desligam. Cantar fado é cantar-nos a nós, com toda a história que isso carrega.
Adoro fado! Por ser nosso. Por ser do que temos de melhor. Por carregar em si a alma de quem o canta. Pela tristeza poética que tantas vezes nos aquece a alma. Pela verdade. E por guardar em si artistas com tanta qualidade como aquela que hoje quero partilhar convosco. Não é qualquer um que se aventura neste caminho. Não é, porque o fado é perigoso, exige muito de nós. Requer uma espécie de jogo de cintura, mas na voz, que nem todos conseguem acompanhar. Cantar fado é deixar cantar o coração. Tem uma energia própria e inesgotável. Cantar fado é levar nas palavras a cultura de um povo que se emociona de olhos fechados. E que por mais que o tempo passe nunca se esquece da pele eriçada. Cantar fado é ficar sem palavras, por sentir o coração a explodir de um orgulho tal que o nosso corpo não mais esquece. E as memórias - ficam sempre as lembranças - guardam tudo. As lágrimas que rolam baixinho, em silêncio, o batimento acelerado do lado esquerdo do peito, o sorriso automático, a voz que continuamos a ouvir quando a luz se apaga e os microfones se desligam. Cantar fado é cantar-nos a nós, com toda a história que isso carrega.
«No regresso a casa, o Fado encontrou o Norte.
Nasceu e cresceu em Barcelos, viveu seis anos no Porto e chegou a Lisboa há dois para fazer História. Sendo a mais velha de 7 irmãos, de uma família ligada pelo trabalho à indústria têxtil, teve, ainda criança, o primeiro contacto com o Fado através da rádio e começou logo a cantá-lo. Primeiro para a família, depois para os amigos e vizinhos e finalmente em concursos locais.
Quis estudar design de moda, mudou-se para o Porto e acabou no circuito boémio da Invicta, a “en-cantar” numa casa de Fados da Ribeira. Finalmente o canto impôs a sua vontade e levou-a para Lisboa.
Numa pequena casa “emprestada” na Mouraria debateu-se com o peso imenso da solidão, pensou várias vezes em desistir, mas resistiu. Conquistou o Sr. Vinho, a Tasca da Bela, a Mesa de Frades primeiro, para depois encher a Fábrica do Braço de Prata, o Lux (primeiro num set do mago do pós-Dubstep, Nicolas Jaar e depois em nome próprio, a convite de Manuel Reis), e, mais recentemente, uma pequena legião de fãs esgotou o Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém duas semanas antes do espectáculo. A sua voz grave e poderosa, a forma como se entrega às palavras, como permite que dominem a sua prestação, mostram que não é apenas mais uma. E Camané proclama-a a grande aposta do momento.
Chegara a hora de gravar o seu primeiro disco, esse grande desafio. Encontrou em Frederico Pereira o cúmplice ideal e depois de ultrapassarem a difícil tarefa de escolher repertório – queria gravar mais de cinquenta canções, entre Fado e Música Popular – iniciaram as gravações. Estávamos em Fevereiro de 2013, no Palácio Marquês de Pombal, certos do caminho que havia para percorrer mas longe de prever o que iria acontecer.
O disco de estreia é um marco na História do Fado contemporâneo. Sem desvios nem artifícios, parte duma formação tradicional e mergulha na sua génese, reencontra a sua autenticidade, questiona os seus excessos e maneirismos, para se tornar genuíno como nunca e apontar o seu futuro.
Francisco Vasconcelos, que já acompanhou alguns dos nomes maiores da música portuguesa das últimas décadas, primeiro enquanto A&R da EMI-Valentim de Carvalho e mais tarde enquanto administrador da Edições Valentim de Carvalho, diz que esperou 30 anos para editar este disco e, a julgar pelo entusiasmo com que foi recebido, pelo consenso de que tem sido alvo por muitos dos que estudam estas coisas da música, a consomem avidamente e escrevem colunas de opinião em grande parte das nossas publicações de referência, parece que tinha razão.
Uma coisa é certa: há um Fado antes da Gisela João e há um Fado depois da Gisela João...»
Miguel Esteves Cardoso escreveu que «Gisela João é a grande fadista do século XXI». E eu não posso deixar de concordar, porque é mesmo. É do melhor que já ouvi. Não só pelo talento inegável, mas também pela personalidade vincada que cativa. A espontaneidade com que se apresenta, com que fala, com que sente é de uma ternura ímpar. É diferente e soube impor o seu estilo pessoal. Soube conquistar o seu espaço e duvido que alguém lhe consiga ficar indiferente. «Tem tanta voz e tanta inteligência», tem mesmo! E o amor com que se envolve nos seus fados, mesmo que os peça emprestados a quem os escreveu no passado, faz-nos acreditar que lhes pertencem, porque a simbiose é perfeita.
«Oxalá não a estraguem». Oxalá mesmo, porque gostamos dela assim: com a alegria que a caracteriza, com o coração na boca, com a genuinidade e humildade que a têm acompanhado, com a garra que a faz chegar longe e vencer todos os dias. Oxalá a deixem crescer ainda mais, porque há poucas como ela. Ouvi-la é um privilégio. Oxalá consiga sempre acompanhá-la porque fadistas como ela não podemos perder de vista. Do ouvido. Do coração.
A artista desta semana é, como todos já perceberam, Gisela João. Ouçam-na. Conheçam-na. Fechem os olhos e percam-se na magia com que canta. Acredito que não se vão arrepender.
Podem ler as letras das músicas carregando sobre o título das mesmas. Já conheciam? O que acham? Qual gostam mais?
34 comments
Mais do que as músicas, ela é uma pessoa fantástica. Vi uma entrevista dela e adorei. :)
ResponderEliminarAcho o Fado lindíssimo...
ResponderEliminarBjos
chuvadecamelias.blogspot.com.br
muito obrigada por cada palavra, por estares sempre aqui <3
ResponderEliminarNão é para ouvir em todas as ocasiões mas gosto imenso. O fado é lindíssimo e é nosso.
ResponderEliminarr: muito obrigada *
ResponderEliminarAdoro fado. Mas velhota como sou, contínuo a ser uma fã incondicional de Amália. E, como estudante de Coimbra que fui, adoro fado de Coimbra.
ResponderEliminarBeautiful music
ResponderEliminarwww.shaunasharp.com
Pena que não seja um estilo musical muito apreciado pelos mais jovens.
ResponderEliminarCada um tem os seus gostos. :)
ResponderEliminarr: Em relação aquilo de não conseguir comentar o teu blogue, parece que já está tudo bem :) desculpa, depois nunca mais disse nada.
Não conhecia:( Apesar de não ser muito apreciadora de fado até gostei.:)
ResponderEliminarNão conhecia a música de Gisela João, só o nome. Achei interessante, gostei da voz, apesar de fado não ser "my cup of tea" :) eu sou mais rock (acho que deu para perceber, no meu blog). Obrigada por partilhares, foi da maneira que eu fiquei a conhecê-la.
ResponderEliminarBeijos e bom fim de semana :)
Aww, muito obrigada! Fiquei com um sorriso de orelha a orelha quando li o que disseste! Obrigada! :3
ResponderEliminarNão conhecia, não é um estilo de música que costume ouvir mas, há músicas que me prendem e que gosto muito :)
ResponderEliminarhttp://morningdreamsfree.blogspot.pt/
Sofia Silva
Beijos*
Muchas gracias, me encanta el fado
ResponderEliminarBesos
SHOPPING STYLE
um dia vamos querida :)
ResponderEliminarbom domingo *
de nada :)
ResponderEliminarobrigada, não tenho tido inspiração para escrever textos então coloco frases com as quais me identifico :x
obrigada por seres tão atenciosa e por ires sempre comentar os meus desabafos nem que seja com um ''muita força'' , é de pessoas assim que o mundo precisa. Um beijinho*
ResponderEliminarAdoro fado mas confesso que nunca tinha ouvido Gisela João. Agora que essa grande falha foi apagada tenho que dizer que a adorei. Que voz!
ResponderEliminarTão bom :') Se houver mais alguma coisa que queiras saber, deixa nos comentários que eu vou acrescentando ao post! Já tinha saudades tuas, princesa <3
ResponderEliminarmuito muito obrigada, pequena <3
ResponderEliminarCurioso seres novinha e gostares de fado, não é muito comum ;)
ResponderEliminarSónia
Taras e Manias
Não conhecia querida, mas também a minha cultura musical é bastante fraquinha. Gostei muito, obrigada pela partilha querida <3
ResponderEliminarA minha cultura de musica de fado é muito pouco, sei que é artista mas muito pouco sabia há cerca dela, acho que conheço muitos "jovens" a gostar de fado gosto imenso de ouvir fado há capela principalmente nalgumas casas de fado.
ResponderEliminarbeijinhos
http://retromaggie.blogspot.pt/
Fado é poesia. Adoro me perder nas letras e interpretar cada palavra. Não conhecia a fadista, mas gostei muito
ResponderEliminarbeijinho grande ♥
http://naervilhadapolly.blogspot.pt/
nao conhecia mas gostei :D
ResponderEliminaruma optima semana :)
beijinhos
A música também faz parte da minha vida! :D
ResponderEliminarela está nomeada para Revelação do Ano nos Globos de Ouro.
ResponderEliminarresp: tenho sim, ainda bem que gostas :)
Espero que volte, por até gosto de escrever
Tenho momentos do "meu dia" que gosto de ouvir fado. Não conhecia..
ResponderEliminarEstás à vontade! :)
ResponderEliminarEu ultimamente não passo muito tempo no blog. Só tenho vindo responder aos comentários e nada mais. Mas daqui para a frente vou tentar mudar isso e passar por aqui mais vezes, linda <3
É mesmo! :p
ResponderEliminarNão conheço bem o fado da Gisela João. Mas gosto muito de fado no geral. Gosto especialmente das letras. É pura poesia :)
Um beijinho! *
Já conhecia e achei bastante piada ao seu fado...forte e pessoal...com um gostinho diferente. É uma boa opção escolheres artistas ainda não conhecidos em demasia...há coisas novas e grandes neste nosso portugal. É preciso dar-lhe crédito =)
ResponderEliminarnada disso me consegue tranquilizar cada vez se aproxima mais essa data e cada vez me encontro mais assustada.
ResponderEliminarsim, também é verdade :$
vou fazer isso :p
ora essa claro que tenho que agradecer és sempre tão gentil comigo.
p.s. mudei o meu nome de one princess para Marie D. por isso não se assustem com os meus comentários :)
não conheço as coisas da gisela joão, particularmente. mas de um modo geral, o fado diz-me muito porque a minha avó o canta desde que me conheço como gente :)
ResponderEliminarai que ela é linda e canta bemm :D
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