OS NICHOS: NECESSÁRIOS OU CONDICIONANTES DA CRIATIVIDADE?
![]() |
Fotografia da minha autoria |
«Cada um terá a vista da montanha que subir»
A minha jornada blogosférica começou com um propósito bastante definido, porque pretendia divagar através de textos ficcionais; através da vontade de escrever apenas pelo entusiasmo de brincar com as palavras, criando realidades alternativas. Portanto, ambicionava que esta fosse a minha identidade, mas, quando senti o pulsar de novas paixões, compreendi que seria muito redutor limitar-me a essa gaveta. E foi, também, por isso que levantei voo e renasci numa outra morada.
O ADMIRÁVEL MUNDO DOS NICHOS
O conceito dos nichos tem conquistado espaço e uma importância evidente, até porque, em várias estratégias de marketing, é reforçado esse conhecimento. Observando de um ponto de vista imparcial, entendo a lógica inerente à prática, pois é uma maneira de se focar num determinado interesse e, assim, desenvolver uma comunidade mais próxima e fidelizada, porque a partilha centra-se num dialeto comum. No entanto, pessoalmente, não é uma abordagem na qual me reveja, sobretudo, porque me limita. E porque prefiro uma comunicação plural.
PRIORIZAR A DIVERSIDADE
Entusiasmo-me bastante a escrever acerca de temas específicos - como literatura ou series, por exemplo - e também faço por ler sobre os mesmos. Contudo, não me sentiria tão motivada a criar conteúdo, caso reduzisse a minha lista de tópicos a uma opção única. Mesmo sabendo que existem inúmeros caminhos para explorar, o mais provável seria sentir que estava a andar em círculo, perdendo a oportunidade de fazer sobressair outras paixões. Porque não sou feita de um só apontamento.
Enquanto leitora, procuro conteúdo diversificado. Portanto, essa é a premissa das minhas plataformas [blogue e redes sociais]. Além disso, adoro a liberdade de, numa publicação, escrever sobre livros e, nas seguintes, destacar uma receita, transitar para um texto sobre futebol, deambular em verso, abrir o álbum de memórias e, quem sabe, oferecer música a todos os que me acompanham. Porque são tudo temas que me inspiram. E, nesta casa digital, há espaço para cada um deles.
Assento a base dos meus projetos na pluralidade que me caracteriza. E é essa a imagem que pretendo transmitir a quem me lê e resolve ficar.
DEVEMOS OU NÃO TER NICHOS?
A resposta a esta questão é bastante subjetiva, porque depende de um conjunto de fatores, a começar pelo propósito de cada pessoa. De um ponto de vista profissional, acredito que seja a abordagem mais inteligente, pois estamos a falar de um negócio que envolve uma linguagem específica e cujos serviços têm de cativar o consumidor. Por outro lado, dentro de um contexto de lazer, a rota pode sempre variar.
Certamente, haverá quem se sinta mais confortável a criar conteúdo de nicho, embora não tenha qualquer fonte de rendimento no digital, e é importante respeitar essa vontade, até porque será um impulso criativo. E, atenção, não é porque limitamos os assuntos que se torna mais simples produzir. Pelo contrário, obriga a sair da zona de conforto, para que as temáticas não saturem [em primeiro, quem cria].
Portanto, o segredo é descobrir o que, a longo prazo, nos realiza.
NÃO TENHO UM NICHO. E AGORA?
Continua a estar tudo certo, porque é mais uma maneira de mostrarem individualidade. E, se não vos faz sentido, não têm de o abraçar.
O pior que pode acontecer, da minha perspetiva, é que o retorno seja imprevisível. Porque os interesses dos leitores dispersam e é natural que se possam identificar mais com certas temáticas do que com outras. Porém, isso não deve ser um fator limitador. Deve, antes, ser aceite sem qualquer confrangimento, porque é um reflexo daquilo que é o leque infinito de opiniões, de emoções e de vozes que seguem nesta estrada.
Enquanto escutava a conversa entre a Sofia [A Sofia World] e a Inês [Bobby Pins], que teve espaço para abordar esta questão, retive um pensamento que resume a minha visão: «é mais interessante ter uma publicação de nicho, do que um blogue de nicho», atendendo a que nos permite ser mais específicos em alturas concretas, mas sem nos condicionarmos e ficarmos ligados num formato um pouco mais exclusivo.
AS MINHAS GAVETAS NÃO SÃO DE NICHO
O que me move é contactar com vários estímulos - criativos ou não. Por essa razão, distancio-me dos nichos, embora lhes reconheça valor, ainda para mais, quando me cruzo com criadores que, dentro do seu nicho, encontraram a identidade que procuravam. Simplesmente, num espectro vasto, não quero ficar refém numa bolha, nem de um rótulo.
Quero, isso sim, dar voz a todas as minhas paixões. Sempre no plural.
24 Comments
Concordo plenamente com esta publicação, o EscreViver começou com o propósito de partilhar textos meus e escrever sobre o meu percurso. Com o tempo foi-se amplificando e surgiram outras rubricas e outros temas. Também não dou grande importância ao nicho, prefiro ter liberdade para escrever.
ResponderEliminarBeijinho grande!
Claro que cada pessoa sabe o que funciona melhor consigo, mas é maravilhoso termos essa liberdade para abordar os temas que nos apetecerem, mesmo quando parecem tão antagónicos
EliminarBom dia querida Andreia!
ResponderEliminarConcordo contigo, essa questão de nos focar-nos apenas num nicho, ou ter um nicho e as nossas publicações serem apenas a isso, é demasiado limitador a meu ver.
Por isso os nossos blogs são generalistas, falam de tudo um pouco, Focam questões que nos interessam, que gostamos de escrever. Eu assim vou continuar a fazer.
Entendo perfeitamente que um blog que fale de moda ou de maquilhagem siga o seu nicho, mas esse propósito não se aplica a todos os que tem um blog.
Beijos e abraços.
Sandra C.
Bluestrass
Precisamente! Há pessoas que se sentem muito mais confortáveis a criar dentro de um nicho, o que é ótimo. Porém, para mim, também não funcionaria, porque gosto de escrever sobre o que me apetecer. E, tendo um blogue de nicho, acabaria por descartar muitas ideias, porque não iriam encaixar.
EliminarEstamos juntas mais uma vez, também por aqui me deixo levar ao sabor da maré, escrever por prazer, é assim que me sinto bem 🧡
ResponderEliminarÉ mesmo uma maravilha *-*
EliminarConcordo bastante contigo, acho que devemos acabar por partilhar o que mais gostamos de falar e escrever, mas nem sempre é fácil ter muitas ideias
ResponderEliminarBeijinhos
Novo post
Tem post novos todos os dias
Sim, sem dúvida, até porque é uma forma de respeitarmos a nossa vontade :)
EliminarO mais importante de tudo é fazermos aquilo que realmente gostamos. Se isso te faz feliz continua! E eu espero andar por aqui muitos anos a acompanhar-te!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Assino por baixo, Isa. É isso mesmo! Muito obrigada :)
EliminarTambém espero ter-te desse lado por muitos, muitos anos
Eu com um blog de moda também tento explorar vários assuntos, desde pessoais aos mais triviais, nesse sentido também sou plural!! Mas há certos nichos bastante lucrativos!
ResponderEliminarContinua como te sentires melhor!
Boa semana!
marisasclosetblog.com
Sim, há mesmo. E entendo que, de um ponto de vista profissional, os nichos façam muito mais sentido.
EliminarTexto excelente acompanhado por uma fotografia encantadora.
ResponderEliminarBravíssimo 💙
Muito obrigada, Teresa!
EliminarExcelente texto! Boa continuação Andrei.
ResponderEliminarBeijinhos
Obrigada, querida Amélia!
EliminarProfissionalmente faz sentido.
ResponderEliminarÉ um trabalho como outro e nesse sentido há que haver retorno.
Para mim, o blogue é uma brincadeira, e está tudo bem.
Boa semana
Também sinto o mesmo, até porque, em termos profissionais, convém que o consumidor entenda quais são os limites e os propósitos daquele negócio. Se fosse algo mais generalista, se calhar, não resultaria.
EliminarNuma questão de lazer, acho que depende muito
Concordo a 100% contigo, Andreia.
ResponderEliminarHá pessoas para quem os nichos fazem todo o sentido, e está tudo certo. Outras que preferem a liberdade de explorar coisas novas, e está tudo certo também.
Tal como tu, também me encaixo mais na segunda. Gosto da liberdade de poder vaguear por áreas distintas. Também gosto de acompanhar blogues assim, porque sinto que me enriquecem mais.
Nem mais! Na realidade, não há respostas certas nem erradas, há escolhas que fazem mais sentido para uns do que para outros. Desde que as pessoas invistam no que as motiva, então, só pode ser bom :)
EliminarSinto o mesmo!
O meu blog tbm é genérico por isso revejo-me no que escreves.
ResponderEliminarDá para explorarmos várias rotas :)
EliminarIdentifico-me imenso com tudo o que dizes. Quando comecei o meu blog, a ideia era mostrar fotos de outfits e, de vez em quando, abordar um pouco a parte do lifestyle. Hoje em dia, mudei completamente e abordo os temas mais variados, desde cinema, a literatura, a viagens, etc. Acho que os nichos, apesar de serem muito importantes a nível de estratégia de marketing, são muito limitadores e retiram muita liberdade a quem escreve, por isso prefiro o meu cantinho digital diversificado, para que possa partilhar as diversas coisas que me apaixonam com quem me lê:)
ResponderEliminarSix Miles Deep
Acredito que faz tudo parte do nosso crescimento, por isso, o caminho que traçamos em determinada altura da nossa vida pode sofrer metamorfoses. Foi por essa razão que senti necessidade de mudar de casa virtual, porque percebi que não queria continuar a abordar um só conteúdo. E sou muito mais feliz agora :)
EliminarEnquanto componente profissional, acredito que seja muito mais rentável, mas também sinto que nos retira essa liberdade que focaste.
Isso é tão bom!