FEIRA DO LIVRO DO PORTO:
AS SESSÕES QUE [OU]VI
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Fotografia da minha autoria |
«O que assusta mais é o escuro»
A poesia reserva na sua essência um traço abundante de partilha, acalentando memórias e projeções. Impulsionando o diálogo, marcou o tom do evento e manifestou-se nas conversas, nas ilustrações e nos silêncios intencionais, transversais aos rostos que tornaram esta edição da Feira do Livro do Porto tão especial.
O programa, dividido por vinte e dois concertos, onze conversas, nove lições, quarenta e seis atividades infanto-juvenis, quatro sessões de cinema e cinco sessões de palavra soprada, caracterizou-se pela amplificação da arte e pela diversidade, que acolheu diferentes públicos num espaço comum. Além disso, foi uma forma de explorarmos pontos de vista singulares, de escutarmos pessoas que admiramos ou de vivenciarmos experiências que nos vão retirando da nossa zona de conforto, conhecendo novas abordagens.
Este ano, consegui usufruir um pouco mais da programação e acredito que só elevou a minha viagem.
DAS PALAVRAS, MATÉRIA
A artista Franpancispiscapa, a partir da «constelação de poemas de Ana Luisa Amaral», criou uma marcha de personagens sobre a superfície da Concha Acústica. Nesta lindíssima ilustração, sentimos a inquietação, as metamorfoses e as questões de género e de liberdade, porque nenhum detalhe foi pintado ao acaso.
ESCREVO PARA UM AMIGO QUE VIRÁ
O Núcleo de Programação do Museu da Cidade idealizou esta exposição para o Gabinete Gráfico, «instalado no foyer do Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett» e centrou-se no autor e professor Manuel Gusmão, natural de Évora, cuja obra ocupa um lugar de importância na nossa literatura. O traço intimista desta exposição, tão bem conseguido pelo local onde se encontrava, transporta-nos para um mundo de palavras, de declamação, de descoberta, sobretudo, porque assistimos a uma «constelação de autores» que o, também, poeta e ensaísta estudou. Assim, observando negativos, escutando mensagens gravadas e folheando os fragmentos literários sobre aquela instalação, tivemos acesso a muitas vozes. E que interessante que foi.
BAIÔA SEM DATA PARA MORRER

A MINHA MÃE É A MINHA FILHA
Valter Hugo Mãe é um dos meus escritores-casa, portanto, seria impensável - num cenário sem contratempos - perder a apresentação do seu mais recente livro: A Minha Mãe é a Minha Filha. Ao seu lado, responsável pela apresentação em si, teve Júlio Machado Vaz, cujo discurso foi de uma ternura e comoção que me deixou bastante sensibilizada. Ouvi-los a debater sobre o papel do cuidador, sobre a velhice e sobre a angústia e o amor que tantas vezes caminham de mãos dadas foi um privilégio tremendo, ainda para mais pela generosidade de partilharem experiências pessoais, envolvendo-nos, sem receio, na sua vulnerabilidade.
VALÉRIO ROMÃO

Raquel Marinho é a autora do projeto O Poema Ensina a Cair [podcast que estou a descobrir aos poucos]. Para esta conversa, um dos convidados foi Valério Romão. Ainda só li um livro da sua autoria - Autismo -, mas marcou-me tanto, que quis conhecê-lo um pouco melhor. Foi percetível o discurso honesto, sem a pretensão de agradar, da mesma maneira que se tornou evidente que as palavras são o seu motor. Desafiado a escolher os cinco poemas da sua vida, também foi interessante descobrir a sua relação com este género literário.
FILIPA LEAL CONVERSA COM JOÃO GESTA

A sessão iniciou-se com a leitura de poemas por Emília Silvestre e, posteriormente, embalou-nos numa conversa descomplicada entre dois amigos. Com muito humor, cumplicidade, histórias hilariantes e reflexões inspiradoras, creio que foi um dos momentos mais bonitos do evento. Além disso, a Filipa Leal trouxe dois poemas inéditos, que corroboraram a minha vontade de ler toda a sua obra. Ficaria a escutá-los por mais um par de horas - e talvez continuasse a saber a pouco, porque a ligação é absolutamente maravilhosa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No canal de Youtube Portoponto, podemos ver as homenagens e lições que fizeram parte da Feira do Livro do Porto. Já tive a oportunidade de ver «Da Tradução e Outros Desvios», com a leitura de poemas em várias línguas, e procurarei ver os outros conteúdos. Para concluir, tenho de mencionar um apontamento crucial: as conversas realizadas no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett foram todas acompanhadas por um intérprete de Língua Gestual Portuguesa. É um passo mais digno para a inclusão e para a acessibilidade.
10 Comments
Tenho mesmo que tirar partido da Feira do Livro no próximo ano. Estas sessões devem ter sido fantásticas.
ResponderEliminarBeijinho grande, minha querida!
Sinto que nos acrescentam imenso! E tenho pena de não ter conseguido ir a mais umas que também me despertaram interesse.
EliminarApoio muito essa ideia :)
Beijo grande, minha querida
Que experiencias incriveis *.* Fiquei mesmo muito curiosa no livro do VHM :)
ResponderEliminarÉ um texto de uma ternura extraordinária *-*
EliminarQue interessante! Eu fui apenas um dia à Feira do Livro de Lisboa onde consegui assistir a duas sessões de autógrafos.
ResponderEliminarSessões de autógrafos não consegui ir, com muita pena minha
EliminarIsso é que foi aproveitar a feira do livro!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Foi mesmo :D
EliminarComo é tão bom mesmo aproveitar para visitar lugeres assim
ResponderEliminarBeijinhos
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Sinto que nos dá logo outro alento
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