CLUBE DO LIVRA-TE
COMO SE FÔSSEMOS VILÕES, M. L. RIO

Fotografia da minha autoria



«Quando amigos se tornam inimigos»

Avisos de Conteúdo: Referência a Consumo de Drogas, Violência, Homicídio, 
Relações Tóxicas, Negligência/Ausência Parental


O género Dark Academia [que glamoriza a educação superior, as artes, a poesia, a arquitetura gótica, a literatura clássica] não é transversal à maioria das minhas leituras. Aliás, penso que só A História Secreta, de Donna Tartt, e Ás de Espadas, de Faridah Àbíké Íyímídé, se enquadram neste ambiente. Portanto, desviei-me um pouco do meu caminho habitual ao selecionar o livro de estreia de M. L. Rio. Altamente influenciada pela Rita da Nova, constatei que foi uma decisão acertada, porque a experiência narrativa tornou-o num favorito.


HAVERÁS LIMITES PARA O MAL?

Como Se Fôssemos Vilões acompanha sete amigos que frequentam um curso de Teatro centrado em William Shakespeare, «numa escola de artes de elite». Esta apresentação aparenta ser simples e pouco impulsionadora de uma ação intrigante, porém, percebemos que um dos protagonistas esteve preso, durante uma década, graças a algo que aconteceu nesse lugar «mágico, isolado e elegante». Com a pena cumprida, e a última investida do detetive responsável pelo caso para atar as pontas soltas, vamos desvendar a verdade.

«Estávamos sempre rodeados por livros e palavras e poesia, 
todas as paixões ferozes do mundo em papel fino...»

A aura sombria e vincada por uma tensão permanente cativa-nos e leva-nos a imiscuirmo-nos nas suas dinâmicas. A premissa deixou-me logo curiosa, mas acredito que a relação desenvolvida entre as personagens é a sua força matriz, porque a ligação dos amigos é próxima, é obscura e muito vulnerável; porque há uma energia disfuncional, que os une e que os move num instinto de quase sobrevivência. E, quando a pressão adensa e a exigência académica os leva ao limite, é como se fosse mais difícil distinguir o real da ficção.

«Com as minhas suspeitas confirmadas, senti uma leve pontada de orgulho. 
Contudo, ao mesmo tempo, despertou em mim algo como uma premonição, um desassossego indistinto»

Dividido em atos, transportando-nos para uma verdadeira peça de teatro, este livro revela-se, a partir de certo ponto, um pouco previsível no desfecho, mas não é por isso que a leitura é menos estimulante. Muito pelo contrário, visto que somos impelidos a compreender o que vai no pensamento destas sete personagens e tudo aquilo que foram dizendo sem o partilharem por palavras, criando uma bolha de receios e insanidade O próprio design das páginas encaminha-nos para esta espécie de abismo, desconstruindo os limites da maldade.


UM DRAMA SHAKESPERIANO

O universo tão sustentado por Shakespeare fascinou-me: não só por contextualizar melhor o enredo, mas também pela sua originalidade. Talvez seja mais entusiasmante para quem for conhecedor da sua obra, mas não sinto que seja um aspeto crucial. Embora transmita alguma presunção às personagens, por conversarem através de falas do dramaturgo, creio que parte do charme também depende dessa característica. E, assim, embarcamos numa viagem imersiva, intensa e vertiginosa, percebendo que o caos não paira muito longe.

«Podemos justificar seja o que for, se o fizermos com suficiente poesia»

Como Se Fôssemos Vilões tem tanto de tristeza, como de beleza; tanto de tragédia, como de poesia. Com personagens moralmente questionáveis - e levantando considerações acerca das estruturas familiares -, é um retrato muito interessante do bem, do mal e da obsessão, inúmeras vezes justificada pela amizade e pelo amor.


|| Disponibilidade ||

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18 Comments

  1. Fiquei mesmo com vontade de ler este livro, adoro livros com uma pitada de mistério.

    Vou já acrescentar à lista.

    Beijinho grande, minha querida!

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  2. No mundo em que vivemos não há limites para o mal, infelizmente.
    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  3. Acredito que seja um livro fascinante de ler
    .
    Cumprimentos poéticos.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  4. Fiquei mesmo muito curiosa com esta sugestao ;) Muito obrigada pela partilha *.*

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  5. Oh, que parece ser mais uma boa opção para se conhecer, ainda não tinha ouvido falar
    Beijinhos
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  6. Parece ser uma leitura interessante.

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