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Fotografia da minha autoria |
«Palavras são, na minha nada humilde opinião, a nossa fonte inesgotável de magia»
O plano estava traçado, os receios estavam a ser desconstruídos com contrapontos lógicos e o manuscrito estava concluído, à espera de sair da gaveta. Aparentemente, estava tudo alinhado, no entanto, estagnei.
SÍNDROME DO IMPOSTOR E CRISE DE IDENTIDADE
As folhas de papel, o material de escrita e as palavras sempre foram fiéis companheiros de estrada [independentemente de qual fosse]. Mesmo que tudo fique em ruínas, acabarei por me libertar e expurgar fantasmas, se tiver onde anotar pensamentos. Por isso, ser escritora sempre esteve no horizonte, mas, a partir do momento em que assumi a intenção de tornar esse caminho mais sério, encontrei formas de me sabotar.
A Síndrome do Impostor não é uma miragem, nem um capricho: é um sacana paralisante, que nos assombra. É claro que, numa análise introspetiva, tudo isto se prende com a minha insegurança, que se agiganta e me faz duvidar das minhas capacidades. Como se torna tão audível, acredito que não tenho assim tanto para partilhar, que há muitas pessoas a fazerem o mesmo que eu - e muito melhor. Portanto, diminuo-me e o resto fica turvo.
Por consequência, o manuscrito permaneceu no lugar de onde nunca saiu. Quer dizer, minto, porque enviei-o a pessoas em quem confio. Mas nunca transpôs esta bolha de segurança. Para dificultar o processo, senti uma enorme crise de identidade a aflorar, impulsionada pelo eco das palavras proferidas por Valério Romão, aquando da Feira do Livro do Porto - e que reencontrei numa entrevista -, porque realçou a falta de experiência pessoal na poesia atual. Sendo o meu livro deste género, acusei o embate e fiquei presa à sua observação.
Reli cada verso e não me reconheci. Só não sei se por lhes faltar esse músculo ou se por ter a visão enevoada por um julgamento externo - e que nem me foi endereçado. Parte de mim, quis apagar tudo; a outra parte, respirou fundo, fechou o documento e impôs a distância necessária para pensar com clareza. Não quero, de forma alguma, que a minha escrita seja vazia. Por esse motivo, fiz aquilo que sei que faço melhor: escrever.
Um passo de cada vez, letra a letra, vou contrariando os «ses» que parecem colocar em causa a minha coragem para arriscar e para respeitar o compromisso que estabeleci comigo. Sim, há muitos autores com um talento inspirador, quase transcendente. O mais certo é que nunca alcance esse patamar e é mais do que certo que irei falhar, mas este também é o meu propósito. E não lhe faltará emoção, porque faço-o com amor.
A Síndrome do Impostor há-de habitar sempre em mim, mas, para lá do medo, encontrarei uma maneira de a silenciar. Embalada por este vaivém de vulnerabilidade, farei por pulsar o destino que se entrelaça à escrita.
16 Comments
Compreendo perfeitamente o que tu sentiste. No início temos sempre receio de mostrar o que escrevemos. Quando estava a rever o meu Ao Teu Lado também senti necessidade de o deixar em pausa, por vezes também vacilo quando recebo um não de uma editora. Mas temos que confiar no nosso trabalho, não é um não que define se o trabalho é bom ou não.
ResponderEliminarEu adoro a tua poesia, se optares por esse género, tu sabes. Acho que é belíssima. Tenho a certeza que o livro será um sucesso. <3
Beijinho grande, minha querida.
Sim, isso sem dúvida. Por mais lugar comum que seja, temos de transformar esses «não» em motivação, para continuarmos a investir em nós e no nosso trabalho.
EliminarMuito obrigada pela confiança, minha querida!
Vais ver que no final tudo irá correr bem, querida! Coragem.🤍
ResponderEliminarObrigada *-*
EliminarVai nascer um bom livro.
ResponderEliminar.
Poema: “” Vive-se uma vida de ninguém””… Feliz Ano Novo
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Obrigada, Ricardo!
EliminarEste teu post lembrou-me deste que escrevi aqui ha uns tempos https://matildeferreira.co.uk/2021/07/28/sindrome-do-impostor/ ... por isso entendo-te bem. Acredita que vais conseguir, demore o tempo que demorar, seja agora ou aos 35 ou 40 vais sempre a tempo de mostrar ao mundo o teu valor *.*
ResponderEliminarObrigada, minha querida!
EliminarFiz um artigo sobre a síndrome do impostor e é algo bem complexo!
ResponderEliminarAproveito para desejar uma boa semana!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
É verdade, é mesmo!
EliminarObrigada e igualmente
Compreendo perfeitamente o que dizes.
ResponderEliminarBeijo
Coisas de Feltro
É uma síndrome transversal
EliminarComo não te compreender, mas tudo a seu tempo e um passo de cada vez que sei bem que acabamos por chegar onde queremos.
ResponderEliminarBeijinhos
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Sim, é isso mesmo!
EliminarHá sempre momentos destes e está tudo bem! O importante é regressar em forças. Tenho a certeza que vais dar sempre a volta por cima destes momentos porque escreves tão bem e entregas-te tanto que tem tudo para terminar bem :)
ResponderEliminarOww, tão querida, muito, muito obrigada!
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