o aquário, joão pedro mésseder & célia fernandes
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Fotografia da minha autoria |
As histórias que ficaram por contar na infância, de algum modo, tornaram-se parte do meu percurso. Num contexto educativo, fui eu que as passei a contar àqueles que têm o mundo pela frente, de olhares arregalados e deslumbrados, como se fossem esponjas a absorver os mais diversos estímulos. E é engraçado como a fórmula do «era uma vez» desperta sempre uma atenção particular, ainda que a narrativa nos possa inquietar por dentro. Com o propósito de antecipar a celebração do dia do livro infantil (hoje), abri uma exceção na missão de ler apenas autoras femininas em março e acrescentei um autor masculino - por curiosidade, foi meu professor numa cadeira de literatura.
uma história de preconceito e tolerância
O Aquário, de João Pedro Mésseder (texto) e Célia Fernandes (ilustrações), transporta-nos para um mundo pequeno, pousado em cima de uma mesa comprida, habitado por um peixe vermelho e três azuis; transporta-nos para um lago em miniatura, tão cheio de cor e de luz, que aparenta ser um expoente de liberdade. Porém, vamos perceber que também por lá existem problemas muito sérios a precisarem de ser solucionados.
O conto é simples, no entanto, é mais um alerta para temáticas que continuam a ser urgentes na sociedade, sobretudo, se pensarmos nos valores que estamos a transmitir aos mais novos. Por mais que conversemos sobre os assuntos, nem sempre parece ser suficiente, porque vemos a narrativa a repetir-se. Pode até mudar o contexto, mas o desfecho assume sempre os mesmos contornos. Por esse motivo, é necessário trazer o bullying para o centro da discussão, alertando para a diferença e para o facto de esta não ser argumento/justificação para que tratemos o outro com desprezo, excluindo-o.
«- Pois bem, amanhã vens comigo. Depois podemos brincar no outro lado do aquário. Lembras-te da concha branca, pousada junto à gruta? É para lá que vamos. E não te esqueças: a partir de hoje passas a tratar-me por tu»
Observando os comportamentos das personagens, questionei-me sobre a quantidade de crianças e jovens que poderiam encaixar neste retrato e sobre a quantidade de adultos que, por um lado, sofrem com as suas repercussões e, por outro, que ajudam a perpetuar preconceitos. Portanto, de uma forma empática e descomplicada, creio que este livro pode ser uma ferramenta bastante útil para que nos compreendamos todos um pouco melhor e, acima de tudo, para que compreendamos a urgência de cuidar.
O Aquário traz, em simultâneo, um discurso de tolerância, solidariedade e amizade, porque, no meio de águas turvas, existe quem opte por não responder com violência, independentemente da forma como se manifesta, por perdoar e não guardar qualquer rancor. Pelas feridas expostas, talvez fosse mais fácil alimentar o tom inflamado, mas a verdade é que a bondade desarma e tenho para mim que essa é a mensagem principal.
notas literárias
- Lido a: 26 de março
- Formato de leitura: Físico
- Género: Infantil
- Personagem favorita: Peixe Negro
- Pontos fortes: a empatia e simplicidade do texto, as temáticas e as ilustrações
- Banda sonora: Areia Fina, Tiago Nacarato & Fran | Aquário, Malinwa | Água Turva, Diogo Piçarra
Nunca li nada do autor.
ResponderEliminarFiquei muito curiosa com este livro. Levo a sugestão.
Beijinho grande, minha querida!
Li pouquíssimos dele, mas gostei bastante deste :)
EliminarUm excelente sugestão para oferecer ao meu sobrinho (que recentemente começou a desenvolver o gosto pela leitura).
ResponderEliminarBjxxx,
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Bem pensado, pode ser uma excelente oferta, sim :)
EliminarExcelente recomendação para o meu Louis que agora quer aprender português *.*
ResponderEliminarOww, que maravilha! Acho que ia gostar :)
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