Entre Margens

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A tbr de julho, admito, foi um pouco ambiciosa: não tanto pela quantidade, porque estabeleci um número que está dentro do que costumo ler, mas porque este mês é sempre caótico e cansativo, e a minha concentração acaba por estar em serviços mínimos. Ainda assim, como tantas vezes acontece, a leitura foi a motivação que precisava para contrariar esse cansaço e aproveitar diferentes mundos narrativos. Fiz só um ajuste na lista inicial, uma vez que a minha reserva da BiblioLED ficou disponível mais cedo.


 a tbr de julho: expectativa

  • A Maldição, Lourenço Seruya;
  • Verão no Lago, Ann Patchett;
  • A Criada, Freida McFadden;
  • A Árvore Mais Sozinha do Mundo, Mariana Salomão Carrara;
  • Desconhecidos Num Casamento, Alison Espach;
  • Doidos Por Livros, Emily Henry;
  • Adrenalina, Filipa Leal;
  • Atmosfera, Taylor Jenkins Reid;
  • Lobos, Tânia Ganho

 a tbr de julho: realidade

Da lista anterior, adiei Verão no Lago, de Ann Patchett, para agosto, porque o substituí pela minha reserva na BiblioLED, Uma Árvore no Céu de Brooklyn, de Betty Smith. De resto, li todos os outros e ainda acrescentei:

  • Murdle #1, G. T. Karber (que me acompanhava desde novembro de 2024);
  • Um Espelho, Uma Década, Diogo Piçarra.


 algumas curiosidades

Em julho, li:
  • 10 livros: 5 romances, 2 policiais e thrillers, 1 de poesia, 1 de jogos e passatempos e 1 de não ficção;
  • 7 autoras e 3 autores: 1 brasileiro, 3 norte-americanos, 4 portugueses e 2 americanos;
  • 4 autores lidos pela primeira vez: Freida McFadden, Taylor Jenkins Reid, G. T. Karber e Alison Espach.

Favoritos do mês:
  • A Árvore Mais Sozinha do Mundo, Mariana Salomão Carrara;
  • Atmosfera, Taylor Jenkins Reid;
  • Lobos, Tânia Ganho.


  vamos a contas?

O milagre aconteceu: depois de, nas notas literárias de junho, ter partilhado que ainda não tinha tido um mês sem comprar livros, julho surpreendeu-me nesse sentido. Portanto, a poupança foi ainda mais significativa.

  • Ativei a subscrição do Kobo Plus, que aumentou para 7,99€. Li 5 eBooks, o que me permitiu poupar 86,27€ (para referência, usei os valores dos livros da Wook).
  • Comecei julho com 107€ na Apparte. Uma vez que li 10 livros, adicionei 10€, partindo para agosto com 117€.


  banda sonora












 tbr de agosto

  • Uma Árvore no Céu de Brooklyn, Betty Smith (para terminar);
  • Conta-me, Escuridão, Mafalda Santos;
  • Verão no Lago, Ann Patchett;
  • Lugar Feliz, Emily Henry;
  • Carta Para a Vila Berta, Miguel Esteves Cardoso.

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A história de um país pode alicerçar-se de tal modo às nossas raízes que o destino dependerá sempre das decisões sociopolíticas que sejam definidas em prol de um suposto bem maior. Invertendo a narrativa, Elif Shafak ata os nós entre a Turquia e o seu povo, através do olhar de quem está, lentamente, a desaparecer.


 «uma maré a recuar para a costa»

10 Minutos e 38 Segundos Neste Mundo Estranho tem uma cadência particular, uma vez que, «no primeiro minuto que se seguiu à sua morte, a consciência de Leila Tequila» começa a abrandar. Apesar de as células cerebrais estarem privadas de oxigénio, o cérebro continua a resistir, associando cada minuto a uma recordação específica.

O início da história é angustiante: não só por não termos uma noção imediata do que está a acontecer e de como se chegou àquele desfecho, mas também por abrir portas para uma vida cheia de contratempos e de traumas. No entanto, é no meio desse cenário doloroso, com muitos acontecimentos sombrios, que a protagonista conhece as suas cinco pessoas: Nalan, Sinan, Jameelah, Zaynab e Humerya. Todas elas tão diferentes, mas unidas por este elo comum que é Leila e por uma amizade sustentada pela força da proteção.

Os cheiros ativam as memórias e, assim, vai interligando a história da sua morte com a da sua família e dos seus amigos. Recuando à infância, descobrimos as feridas que obrigaram Leila a partir e a procurar um lugar que lhe desse esperança. Recuando ao passado, ficamos no limbo pela capacidade reativa, mas sobretudo por percebermos que o seu berço replica o dialeto do patriarcado, acentuando a violência contra as mulheres, as desigualdades sociais e o poder da religião, onde o perdão depende de demasiadas burocracias.

«- Bem, talvez seja verdade... mas quem é que sabe qual de nós merece mais o céu... esta mulher infeliz ou o fanático que pensa ser o escolhido de Deus»

Dividido em três partes, este livro é ficcional, mas com vários apontamentos reais, e isso continua a preocupar. Não obstante, como se destacou no Financial Times, é uma história «que dá voz aos invisíveis, aos intocáveis, aos desfavorecidos e aos que mais sofrem na sociedade». Elif Shafak, ao mergulhar nas profundezas obscuras do seu humano, não deixa de traçar um retrato luminoso, porque esta pequena comunidade que Leila reuniu e que cuidou dela em todos os momentos mostra-nos o que de mais valioso levamos desta vida.

10 Minutos e 38 Segundos Neste Mundo Estranho não romantiza a magoa, não esconde a dor de um país a regredir, nem as consequências de vários tipos de abusos. Com uma escrita comovente, é, também, uma carta de amor e, acima de tudo, é a prova de que é possível transformar a dor e prosperar.


 notas literárias
  • Gatilhos: Referência a aborto e a violação; linguagem gráfica e explícita
  • Lido entre: 18 e 22 de junho
  • Formato de leitura: Físico
  • Género: Romance
  • Personagens favoritas: Os cinco amigos
  • Pontos fortes: A amizade, o contexto social e político, a escrita lírica, a premissa, as reflexões
  • Banda sonora: Anatolia, Himma | Can't Help Falling In Love, Elvis Presley | Where Do Broken Hearts Goes, Whitney Houston | I'll Be There For You, The Rembrandts | One More Light, Linkin Park | Fly Away, Himma

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O nome do Lhast foi pairando nas minhas playlists de um modo subtil. Temas como O Clima, que o junta ao Dillaz, ou Over, que o junta ao 11 LIT3S, foram o impulso que precisava para estar mais atenta às suas criações e tem sido interessante acompanhar o arco evolutivo, porque, acredito, há uma sonoridade que o distingue. Se não tinha qualquer dúvida em relação à excelência do seu trabalho na produção, vê-lo a assumir projetos em nome próprio, sem estar nos bastidores, foi a confirmação da versatilidade do seu talento.


 antes de violetta

O álbum AMOR'FATI, onde continuo a regressar com regularidade, terá sempre um lugar especial, precisamente, por nos mostrar outra faceta do artista e por equilibrar as vicissitudes que pontuam o nosso destino, sempre de uma perspetiva intimista. Em ALK, sinto, chega com uma melodia mais cirúrgica, de quem está cada vez mais perto de saber o lugar que quer ocupar. Cold Summers & Warm Winters, em colaboração com Chaylan, por seu lado, trouxe duas certezas: uma viagem às profundezas de quem somos, interligada a um jogo de sombras e de luz, e uma ausência de pudor em continuar a explorar diferentes sonoridades.

Um aspeto curioso é que, apesar de terem registos distintos, há um fio condutor entre estes álbuns: os contrastes, a dualidade entre aquilo que precisamos e o que temos, a dicotomia entre terra firme e precipício, porque nós nunca somos uma só coisa. E há sempre várias brisas a embalar os nossos passos. Violetta, o trabalho mais recente de Lhast, bebe desta energia e fâ-lo com ainda mais maturidade e sagacidade.


 violetta: o quente, o frio, a consagração

A atenção ao detalhe não passou despercebida nos álbuns anteriores, mas acredito que as subtilezas são mais evidentes em Violetta, a começar logo pelo título que nos remete para uma mistura entre cores primárias, para a tal dualidade de emoções que nos molda ao longo da vida, por vezes, em sucessivas sobreposições. Se em Evil estava «a sonhar a preto e branco», aqui há um espectro de tonalidades inesgotável, que coloca em evidência a nossa vulnerabilidade e, inclusive, os microclimas que nos habitam e que contam a nossa história.

Aguardei Violetta com expectativa e apaixonei-me ao primeiro acorde. Dividido em três atos, leva-nos numa travessia pelo desconhecido, pelos saltos de fé, pela turbulência de certas decisões, pela tentativa e pelo erro. E tudo culmina na certeza de que entrelaçamos estas pontas soltas porque fazem parte do nosso caminho. Com um tom ora delicado, ora intenso, aproxima-nos das suas vivências, das suas dores, dos seus sonhos.

Há uns dias, o Alexandre Guimarães partilhou uma história a dizer que «podia soar a alguém a querer fazer tudo ao mesmo tempo, mas ouve-se coragem e versatilidade» e eu não podia estar mais de acordo. Além disso, estas palavras remeteram-me para a entrevista que lhe fez no .wav, porque há um momento em que o Lhast refere que «quer produzir com pessoal que [o] entusiasme, fazer música que [o] entusiasme», que não tem barreiras. Por um lado, creio que isso é notório em Violetta e, por outro, acho que essa predisposição é uma das suas maiores valências, porque não o limita, porque lhe permite chegar a outras camadas da sua arte.

Não tenho qualquer competência para analisar o álbum de um prisma técnico, nem é essa a minha intenção. Emocionalmente falando, foi um dos trabalhos que mais me impactou até agora, porque tão depressa expõe feridas, como as apazigua; tão depressa é vulnerável, como sabe provocar e não ter qualquer filtro. Transpondo fronteiras geográficas e sentimentais, oscila entre a instabilidade de quem dança na tempestade e o conforto de quem chegou a casa e encontrou o seu lugar. Aquilo que o Lhast fez aqui compete numa liga superior e não vejo qualquer mentira no verso «eu estou muito acima da média». Que viagem extraordinária!

No que diz respeito a músicas favoritas, confesso que tive alguma dificuldade em definir o meu pódio, porque acho fascinante a maneira como se complementam, como os versos parecem conversar entre si. Há alturas em que parece que nos lê a alma e, noutras, que nos confronta com as nossas inseguranças, mas sem nos largar a mão, já que é um lugar que também conhece. Ainda assim, À Procura, Voltas e Sol conquistaram-me com facilidade, por falarem de sentimentos sem constrangimentos, mas não resisto à Só Para Mim, à Olé ou à Casa, por exemplo, por terem aquele toque de safadeza que nos desarma. Para aprofundar a experiência, ainda lançou o filme completo do álbum, que nos oferece uma componente visual de cada cenário cantado.  

Violetta, parafraseando um dos temas que o compõem, tem inocência e maldade na dose certa. É leve, mas também é introspetivo. É generoso, honesto e enigmático e eu tenho estado a viver nas suas canções desde que saiu. Há uma viagem de autodescoberta incrível e acredito que seremos capazes de descobrir novas camadas a cada nova audição, porque as letras são feitas de subtilezas e porque o seu lado criativo abriu portas que ainda não tinham sido exploradas. O futuro pode ser incerto, no entanto, Violetta guia o caminho.


Violetta escalou muito rápido para a lista de favoritos do ano e de vida - e mal posso esperar para descobrir o álbum ao vivo. Lhast, se algum dia leres estas palavras, obrigada por esta obra de arte 💜

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O sorteio para o desafio literário que tenho com a Sofia, 5 autores para 2025, ditou que regressássemos a Lourenço Seruya em julho. Depois de uma estreia que me pareceu promissora, estava entusiasmada para conhecer mais da sua obra, no entanto, tenho de confessar que a experiência não correspondeu totalmente às minhas expectativas.


 uma peça amaldiçoada

A Maldição foca-se na investigação mais recente do inspetor Bruno Saraiva e, por isso, somos levados até ao Teatro da Passagem, em Lisboa, onde voltará a estar em cena a peça A Pedra do Pecado, na qual «nenhum encenador ousou voltar a pegar», durante quarenta anos, por se acreditar que estaria amaldiçoada. Afinal, foi representada duas vezes, em Portugal, e em ambas as datas de estreia morreu a atriz principal. Apesar de as mortes terem sido naturais, esta coincidência potenciou uma aura muito particular. Quarenta anos depois, o Teatro da Passagem desafia as probabilidades e a questão que se impõe é: nesta estreia também ocorrerá uma morte em palco? Tudo indica que sim.

A premissa é intrigante e continuo a achar fascinante um enredo construído a partir de um ambiente fechado, onde aparentam ser poucas as possibilidades de fuga ou de, pelo menos, se passar despercebido, porque há a necessidade de aprimorar detalhes e a própria criatividade, para que as decisões narrativas sejam credíveis. Ademais, sinto que a escrita cinematográfica do autor facilita todo o processo, porque torna o enredo mais claro, mais fácil de imaginar. Até aqui, não tenho qualquer crítica negativa, o que não funcionou comigo foi mesmo o tom novelesco que pontuou certas partes do texto.

Inevitavelmente, fui criando teorias e anotando possíveis culpados e motivações, mas sempre com margem para ser surpreendida, oscilando entre o desejo de fazer parte da investigação e a inocência de não estabelecer determinadas associações. Ainda assim, houve um nome e uma razão que se revelaram mais fortes e que nunca me saíram do pensamento, por mais que o autor nos levasse por rotas paralelas. Não sinto que este facto tenha condicionado a experiência de leitura e, aliás, até achei curiosos os desvios que fez, mostrando-nos que nem sempre as escolhas óbvias têm o desfecho esperado.

«O ser humano é tão peculiar - disse Américo, encolhendo os ombros. - Nunca sabemos bem o que vai na cabeça das pessoas, pois não?»

Num plano oposto, sinto que existiram opções um pouco rocambolescas, algumas até macabras, sem necessidade. Acho que o texto ganhava mais sem esses apontamentos extremos. E, embora não goste de comparar livros, porque cada um tem a sua valência, dei por mim a perceber que estive muito mais investida na obra de estreia, A Mão Que Mata, porque o ritmo foi mais frenético. Neste, com as arestas bem polidas, creio que conseguiríamos o mesmo efeito. Não obstante, é uma história que se lê com fluidez e que tem aspectos interessantes, que nos desarmam pela sagacidade/ousadia do autor.

A Maldição levantou o pano para nos fazer refletir sobre mágoas do passado, sobre os segredos que ecoam em silêncio, sobre aquilo que omitimos por medo ou insegurança e, acima de tudo, sobre o facto de, por vezes, o passado não ficar onde pertence: por vezes, fica só à espera da ocasião certa para vingar a honra de tudo o que se perdeu.


 notas literárias
  • Desafio: 5 autores para 2025
  • Gatilhos: Luto, linguagem gráfica e explícita
  • Lido entre: 15 e 16 de julho
  • Formato de leitura: Digital
  • Género: Policial & Thriller
  • Personagem favorita: Sr. Américo
  • Pontos fortes: Escrita cinematográfica e fluída
  • Banda sonora: Maldição, Gisela João | Closer Than Sisters, Abel Korzeniowski | Is It Poison, Nanny?, Hans Zimmer | A Pedra, Pedro Puppe & Tiago Bettencourt | You’ll Be In My Heart, Phil Collins

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se apenas sirvo por conveniência
para preencher vazios
repara em tudo o que deixo
de ter vontade de partilhar
não agora
nas conversas que não prolongo
nas perguntas que já não faço
nos silêncios que se arrastam por dias
já dizia o poeta Dillaz
eu não fico onde não faço falta
desacreditei-me
deixei de pedinchar por essa não atenção

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A vida constrói-se entre balanços, num reajuste constante entre o que se espera e o que se alcança e num conflito entre a urgência e a necessidade de acalmar. Em 2024, Filipa Leal celebrou 20 anos do lançamento do seu primeiro livro de poesia, por isso, arriscou «num exercício de maior reflexão», colocando-nos no centro das oscilações.


 um exercício de reflexão

Adrenalina transporta mais maturidade nas palavras, por força das circunstâncias e do crescimento da poeta, numa correlação íntima de quem compreendeu que a espuma dos dias pode ser intensa, desgastante, aconchegante e surpreendente, por vezes, com curtos períodos de tempo entre cada um desses estados. Assim, fazendo uma travessia pela infância, adolescência e idade adulta, redescobre-se e, em simultâneo, recupera memórias que, embora sejam apenas suas, nos provocam algum tipo de identificação.

O que mais me fascina na escrita da Filipa Leal é mesmo a capacidade de nos agregar às imagens que cria entre versos, de tornar tudo tão claro, ainda que possam existir infinitas camadas extra na sua mensagem. Por esse motivo, senti-me representada em sonhos, medos e visões do mundo. Sobretudo, senti-me alinhada com «a vontade de não ter pressa», porque a vida também precisa que desfrutemos da sua cadência sem acelerações. Há um desejo imenso de não deixar nada por fazer, porque não prevemos a última vez, no entanto, continuarmos num ritmo frenético talvez nos impeça de ver aquilo que existe de mais encantador em cada uma das etapas da nossa jornada.

«eu percebi que era para sempre,
eu percebi que, se me deixassem,
ficaria para sempre
a ver-te mexer assim o café»

É impressionante como as nossas vontades podem alterar-se com o tempo, graças à bagagem que vamos acumulando e ao conhecimento que adquirimos acerca da nossa identidade/personalidade. Portanto, até o próprio ato de nos observarmos ao espelho pode ser transformador, já que reparamos em detalhes que não estavam lá antes - o mais provável é que estivessem, nós é que não não tínhamos maturidade suficiente para os identificarmos e interpretarmos. Quase como se nos fizesse movimentar por um jogo de sombras e de luzes, convida-nos a olhar para dentro e a pensar sobre uma série de pilares do ser humano: família, amor, amizade, medos, cicatrizes e desgostos.

Adrenalina consegue ser irónico, mordaz e leve. E tão depressa nos inquieta, como nos arranca um sorriso - quem sabe, gargalhadas também. Concentrando-se na beleza das pequenas coisas, dos pormenores que poderiam passar despercebidos, a Filipa Leal transforma esses nadas em poemas que ficam a ecoar. Além disso, sem perder um tom confessional, há uma musicalidade nas palavras que nos permite refletir sobre escrita e sobre como o tempo nos muda sem pedir. É essa vulnerabilidade que nos molda.


 notas literárias
  • Lido a: 7 de julho
  • Formato de leitura: Físico
  • Género: Poesia
  • Poemas favoritos: Noctívaga, Quarto 332, Nuvem, Amigos Coloridos, Pedro, Homem de Mel
  • Pontos fortes: Transformar pormenores em poemas, a urgência de viver vs o querer abrandar, soar sempre a abraço
  • Banda sonora: Your Song, Elton John | Bravos, Van Zee & Frankieontheguitar | Sub-16, GNR | Dores de Crescimento, Carolina de Deus & António Zambujo | Dá-me Lume, Jorge Palma | Unicornio, Silvio Rodrígues

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O universo dos livros é infinito. Embora possamos retomar assuntos já abordados, há sempre um novo prisma de onde podemos olhar, até porque amadurecemos ideias e a capacidade para interpretar detalhes - e alterar a nossa perceção sobre certos tópicos. Por isso, tendo em conta que Afonso Cruz é exímio na arte de escrever, achei precioso que trouxesse um segundo volume destas paixões que nos agregam enquanto leitores.


 cruzar memórias, peripécias históricas e ideias

O Vício dos Livros II tem, para mim, uma funcionalidade dupla: por um lado, evidencia o processo criativo de nomes que vamos reconhecendo (mesmo ser os termos lido), os seus preciosismos e as visões que os distinguem no meio literário e, por outro, é uma fascinante carta de amor às palavras, ao livro enquanto objeto, ao prazer que é abri-lo e mergulhar numa infinidade de possibilidades, de dar um salto de fé no desconhecido.

O cruzamento de memórias, curiosidades, peripécias históricas, ideias e algum humor escancara sucessivas janelas para que possamos debater os mais distintos temas, que florescem neste vício que partilhamos com o autor. Incluindo, também, ilustrações, percebemos que existe, aqui, um diálogo intencional entre a parte visual e o texto, ao mesmo tempo que nos mostra que o ato de ler pode ser sempre mais profundo, que pode ter particularidades e camadas distintas para cada leitor - e todas elas válidas.

«Torno-a um lugar genérico, qualquer casa. Mas o lar é sempre singular. É feito daquilo que não se vê: os hábitos, os afectos, os silêncios e os ruídos íntimos que ali se repetem. Só as artes são capazes de descrever o lar, porque essa descrição é uma lacuna noutras áreas. A casa importa, mas é o lar que tem significado»

O primeiro volume já me tinha conquistado e este não ficou atrás. Honestamente, não vos sei dizer qual apreciei mais, uma vez que creio que se complementam na perfeição e que transmitem a sensação de haver continuidade. Ler Ou Não Ler, Eis a Questão, Um Livro Não, Linhas Vermelhas: Outra Vez a História da Separação do Autor e da Obra e Quer Queiramos, Quer Não, Somos Todos Poetas encaixam no grupo dos meus textos favoritos.

O Vício dos Livros II ensina, aguça a curiosidade e prova que é «possível compreender a vida através da literatura». É um livro precioso, no qual me senti sempre incluída, que me deixou a pensar na necessidade que temos de tornar a leitura mais apelativa, já que a gratificação não é imediata, na obra que deixa de ser do autor assim que é publicada, já que o leitor nasce e lhe atribui novos significados, na escrita enquanto manifesto de liberdade, no preconceito em relação a determinados ramos literários, na importância do silêncio e na solidão que parece ser imprescindível para os momentos de criação.


 notas literárias
  • Lido a: 27 de junho
  • Formato de leitura: Físico
  • Género: Não ficção
  • Textos favoritos: Ler Ou Não Ler, Eis a Questão, Um Livro Não, Linhas Vermelhas: Outra Vez a História da Separação do Autor e da Obra e Quer Queiramos, Quer Não, Somos Todos Poetas
  • Pontos fortes: As reflexões claras e sempre pertinentes e ser janela aberta para debate
  • Banda sonora: I Don’t Want To Set The World On Fire, The Ink Spots | O Caminho é o Poema, O Gajo & José Anjos | Vício, Jimmy P, Gson & Filipe Ref | Capitão Romance, Ornatos Violeta & Gordon Gano

Disponibilidade: Wook | Bertrand
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Fotografia da minha autoria


A perda vem revestida de um longo nevoeiro, que não tem de ser continuo, que pode ir só polvilhando os nossos dias em apontamentos que despertam memórias específicas. E algo que tenho sentido é que o tempo, afinal, não cura tudo: por um lado, ameniza a dor, contudo, por outro, torna ainda mais nítida a carência. A diferença é que talvez saibamos reunir ferramentas que nos tornem funcionais perante o processo de luto. O novo livro de Valter Hugo Mãe deixou-me a deambular por estas sensações ambíguas.


 património precioso

Educação da Tristeza concentra-se naqueles que perdemos e que «somam à ausência mas são nosso património mais delicado, um reduto de fortuna e saudade que detemos mais delicadamente do que ouro». Compilando textos unidos por este laço emotivo, o autor constrói um retrato intimista, que vem inverter a imagem que temos da dor: não com o intuito de a reprimirmos, mas com a intenção de nos mostrar outra perspetiva, visto que «uma tristeza educada não desaparece», pelo contrário, «torna-se respeitosa com a necessidade de sobreviver, de continuar a lembrar, de continuar a amar».

O tom diarístico aproxima-nos, até porque compreendemos que aquelas palavras vêm de um lugar muito pessoal, vêm de um lugar que conseguimos reconhecer por mais que as nossas histórias divirjam. Não obstante, sinto que Valter Hugo Mãe tem uma sensibilidade distinta a abordar estes assuntos, atendendo a que não tem pudor em realçar a injustiça, o sofrimento, a revolta e o egoísmo perante a morte. Como é que aquela pessoa teve a ousadia de nos abandonar? Quantos de nós não cobramos o seu desaparecimento, como se estivesse nas suas mãos impedi-lo? Este é um dos limbos que a dor potencia e que o autor explora de um modo exímio, numa voz quase coletiva.

Mergulhar nestas crónicas foi uma viagem intensa, sensível, cómica e sempre poética. E creio que chegou na altura perfeita, porque veio apaziguar uma ferida que continua exposta no meu peito: o ano passado, tive de me despedir do meu tio Mário, uma das pessoas mais importantes da minha vida. Continuo a lembrar-me dele com frequência, mas há datas que nos pesam mais e a altura do S. João é uma delas, porque tínhamos tradições muito nossas e que agora me faltam. Ler este livro não inverteu a narrativa, ainda assim, permitiu-me olhar para o cenário de uma forma que nunca tinha feito. A ausência persiste - persistirá sempre -, no entanto, «quem nos falta não pode ser ferido de tristeza. A saudade tem de vir à festa e ser presença que celebra» e eu celebrei-o.

«Vêm as festas, a família recolhe-se como se regressada à essência e, por menos que sobre, é fundamental a bravura de alegrar»

Foi duro cruzar-me com certas passagens, mas Valter Hugo Mãe teve a capacidade de transformar a dor em arte, iluminando as zonas escuras que nos habitam, fazendo-nos olhar para lá das sombras que o vazio nos deixa como herança. Em simultâneo, achei interessante que trouxesse para a discussão o facto de sabermos que a pessoa faleceu, mas sermos confrontados com pequenas epifanias que parecem trazê-la de volta. De repente, caímos na realidade e há um novo processo de luto. Portanto, esta obra vai-nos confrontando com as nossas oscilações emocionais e com as diferentes fases de superação que qualquer despedida irreversível acarreta, porque nunca nada é linear.

Educação da Tristeza é um objeto visualmente lindíssimo, cheio de cor, de vida e de memórias que nos amparam e que trazem esperança. Com ilustrações de Valter Hugo Mãe, parte da ausência para nos fazer refletir sobre o quanto a nossa vida é cheia por termos tido aquelas pessoas por perto. Também é por isso que a sua perda nos magoa mais, mas continuo a acreditar que as saudades partem de um lugar benigno, de um amor que é incondicional. O quotidiano fica fragmentado, mas nunca esqueceremos.


 notas literárias
  • Gatilhos: Luto, linguagem explícita
  • Lido entre: 23 e 24 de junho
  • Formato de leitura: Físico
  • Género: Crónica
  • Textos favoritos: Fazer a Alegria, Sem Festas, Notas Incompletas Sobre Assuntos do Tempo e Despedir
  • Pontos fortes: As sensações plurais da escrita, o facto de ser despojado e não ter qualquer pudor em falar abertamente sobre sentimentos
  • Banda sonora: A Felicidade, Tom Jobim | Dias de Abandono, Mão Morta | No Compasso da Vida, Elza Soares | Tristeza dos Dois, Salvador Sobral | Tristeza, Josh | Silêncio, Slow J

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O Dillaz tem presença garantida nas minhas playlists, embora não o acompanhe desde o início do seu percurso. Mo Boy abriu-me esse caminho, mas só um pouco mais tarde é que o firmei como um dos meus artistas favoritos, aguardando pela oportunidade de o ver a atuar ao vivo. Estava complicado, mas as Festas da Maia inverteram a narrativa.

É sempre inglório tentar pôr em palavras a sensação de estar num concerto de artistas que adoramos, porque nunca será suficiente. Nunca será possível descrever o impacto de escutar determinados versos, a pele eriçada por sermos tantos a cantar a mesma canção, a energia que une o palco à plateia, como se fosse um espaço só. Quando ele cantou Colãs e Gravidade, por exemplo, senti-me numa realidade à parte e, por mais que pareça um exagero, acho que houve coisas cá dentro que se apaziguaram. Tenho vivido n’ O Próprio desde que saiu, mas foi maravilhoso fazer esta viagem ao passado.

O único aspeto que alterava, sendo franca, era o autotune. Não que o use em exagero, pelo menos não senti isso, apenas preferia um pouco menos, porque gosto muito da voz do Dillaz e acho que não precisa de ser camuflada nestes recursos. Apesar disso, o espetáculo que ele dá, juntamente com o Zeca e toda a Seventy Five, é arrebatador. A entrada deste concerto foi livre, mas é daquelas artistas pelos quais vale mesmo a pena pagar para o ver, e espero reencontrá-lo no Coliseu do Porto ou na Super Bock Arena, porque sinto que a experiência será ainda mais poderosa. Não custa sonhar, certo?

As batidas e as letras incisivas ressoaram no Parque Central da Maia e encheu-me o coração olhar à minha volta e perceber que aquele recinto parecia transbordar. Ele merece-o e é a prova de que a cultura nacional tem nomes de máxima qualidade e de que há uma vontade e disponibilidade cada vez maiores para os acompanharmos. Se calhar, falo sem conhecimento de causa, mas creio que ficaríamos todos mais tempo a vê-lo em palco, a responder aos seus reptos e a cantar no mesmo compasso que ele - nem sempre fui capaz, porque não tenho alma de rapper, mas tentei dar o meu melhor.

Não houve Hennessy na mão às duas da manhã, mas, se o Dillaz diz Alô, nunca estamos ocupados. Que a vista para a ilha continue a ser uma maravilha, já sinto saudades!

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As imagens promocionais, pelo seu caráter cómico, transportaram-me para o universo da série Último a Sair - um autêntico marco televisivo, que nos deixou pérolas como «o mundo não é isto, o mundo é bué cenas». Ainda assim, as diferenças são óbvias e creio que se entende, desde o começo, que a nova produção da autoria de Bruno Nogueira, escrita em parceria com Carlos Coutinho Vilhena, Frederico Pombares e Luís Araújo, permanecendo no espectro do humor, nos permitirá refletir sobre censura e liberdade.


 impressões depois do primeiro episódio

Ruído apresenta-nos um mundo distópico, no qual foi criada uma lei que proíbe o riso, no qual «foi retirada a liberdade para expressar qualquer tipo de alegria em público». Assim, neste crescente ambiente de medo e de desconfiança, um grupo de atores e de argumentistas decidiu «criar um movimento de resistência clandestina, para que as pessoas possam rir em segredo». O resto, como o nome revela, será somente ruído.

A comédia tem o poder de transformar a realidade em que vivemos, portanto, sermos privados da sua essência é, no fundo, vermo-nos a ficar privados de certos direitos, por mais básicos que nos pareçam ser. Se nos impedem de rir, se restringem aquilo a que podemos achar graça, se nos limitam ao ponto de sentirmos necessidade de olhar por cima do ombro, não passaremos de máquinas programadas para agirem consoante um padrão, para agirem de acordo com aquilo que é considerado politicamente correto.

É um argumento ficcional, no entanto, passei a maior parte do episódio a pensar como seria habitar uma sociedade com estas características. Eu que tenho riso fácil, que sou capaz de me rir das coisas mais parvas, que uso o humor como mecanismo de defesa e dialeto para relativizar determinadas situações, percebi que teria muitas dificuldades para sobreviver sem pagar multas sucessivas. Por outro lado, se as consequências se revelassem piores com o tempo, creio que o medo acabaria por me paralisar e, aí, já não existiram motivos de preocupação, mas também deixaria de ser a pessoa que sou.

O primeiro episódio inicia-se com um interrogatório e, naturalmente, o objetivo de cada um dos intervenientes é não confessar o que fizeram, mesmo quando forem confrontados com imagens/informações que os comprometam. Essa desconstrução, no meu ponto de vista, está exímia, até porque nos mostra diferentes formas de reagir perante o mesmo problema. Além do mais, ao termos esse momento intercalado com sketches, conseguimos compreender a dimensão do movimento e o quanto as pessoas precisam de rir, sem estarem preocupadas com as repercussões dessa escolha livre.

Com um elenco fabuloso, acho impressionante como algumas cenas nem parecem ser filmadas, ou seja, como fica a sensação de estarmos a ver imagens reais e não atores a interpretar um papel para o qual ensaiaram a fundo. Sinto que esta dinâmica é mesmo sagaz, envolvendo-nos ainda mais com o contexto e com aquele grupo revolucionário.

Ruído coloca-nos no lado da clandestinidade, ao mesmo tempo que nos faz pensar na quantidade de condicionantes que parecem pairar no humor. E não me refiro à velha questão de quais são os seus limites, refiro-me, sim, ao facto de ser «cada vez mais visto como algo a combater», como indicou Bruno Nogueira, sobretudo se tocar em temas sensíveis. Embora não pretenda fazer da série um manifesto político, faz-nos pensar nessa vertente e, acima de tudo, refletir sobre aquilo «que poderia ser feito se, um dia, o riso fosse mesmo proibido», priorizando sempre o lado do entretenimento.


 considerações finais

O riso pode tocar em aspetos que nos fragilizam, porque ficamos vulneráveis perante os outros, porque isso significa que encontraram em nós - nas nossas crenças e/ou nos nossos comportamentos - detalhes com a capacidade de serem risíveis. Por isso é que o humor parece sempre sujeito a uma vistoria minuciosa, para que nunca ultrapasse os limites que julgamos intocáveis, mas se nós não nos pudermos rir e, desta maneira, desconstruir assimetrias, distâncias ridículas e preconceitos, o que é que nos resta?

A série Ruído transborda de subtilezas, mesmo quando parece que as rábulas não são mais do que representações parvas, com o propósito de entreter. Potenciar esse lado de lazer é ótimo e acredito mesmo que nos faz falta, porque talvez nem tudo tenha de ser educativo e profundo, mas acho genial quando, através da comédia, da piada mais ou menos fácil, existem cenários que ficam a ecoar e que nos obrigam a pensar neles.

Para além do argumento, adorei ver alguns atores em registos diferentes, como o caso do Gonçalo Waddington e do Albano Jerónimo, porque foi uma maneira de reforçar a versatilidade do seu talento - pessoalmente, acho que o Gonçalo Waddington tem um ritmo de comédia excelente. Ademais, sinto que a série foi crescendo de episódio para episódio e que terminou de uma forma brilhante, atando todas as pontas anteriores.

Não quero pormenorizar excessivamente para não condicionar a experiência de quem ainda não viu Ruído, mas permitam-me só listar o que me ficou de cada um dos restantes episódios:

  • episódio dois: a falta de representatividade, a falácia das aparências, o fascínio pela tragédia e a necessidade que algumas pessoas têm de querer agradar todos;
  • episódio três: os picos de energia de quem trabalha numa rádio e os filhos que são usados para ganhar dinheiro;
  • episódio quatro: os clichés que repetimos em momentos dolorosos (e que me deixou a pensar se são uma formalidade ou um mecanismo de defesa), a verdade e o rigor que se opõem ao que vende, ao clickbait;
  • episódio cinco: será que há somente um grupo de resistência ou haverá mais pessoas a tentarem ir contra a corrente?
  • episódio seis: a nossa obsessão pelos números e pelo abismo, a ausência de filtros sociais;
  • episódio sete: como é que o nada nos assusta tanto? Como é que o riso nos preocupa? Além disso, persiste a noção de que a liberdade dá trabalho, mas que, por mais que tentem, não é possível eliminar uma ideia;
  • episódio oito: os limites do humor, os ses que condicionam, o machismo e a coragem necessária para ir e para ficar.
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andreia morais

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O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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