festas da maia: dillaz

   


O Dillaz tem presença garantida nas minhas playlists, embora não o acompanhe desde o início do seu percurso. Mo Boy abriu-me esse caminho, mas só um pouco mais tarde é que o firmei como um dos meus artistas favoritos, aguardando pela oportunidade de o ver a atuar ao vivo. Estava complicado, mas as Festas da Maia inverteram a narrativa.

É sempre inglório tentar pôr em palavras a sensação de estar num concerto de artistas que adoramos, porque nunca será suficiente. Nunca será possível descrever o impacto de escutar determinados versos, a pele eriçada por sermos tantos a cantar a mesma canção, a energia que une o palco à plateia, como se fosse um espaço só. Quando ele cantou Colãs e Gravidade, por exemplo, senti-me numa realidade à parte e, por mais que pareça um exagero, acho que houve coisas cá dentro que se apaziguaram. Tenho vivido n’ O Próprio desde que saiu, mas foi maravilhoso fazer esta viagem ao passado.

O único aspeto que alterava, sendo franca, era o autotune. Não que o use em exagero, pelo menos não senti isso, apenas preferia um pouco menos, porque gosto muito da voz do Dillaz e acho que não precisa de ser camuflada nestes recursos. Apesar disso, o espetáculo que ele dá, juntamente com o Zeca e toda a Seventy Five, é arrebatador. A entrada deste concerto foi livre, mas é daquelas artistas pelos quais vale mesmo a pena pagar para o ver, e espero reencontrá-lo no Coliseu do Porto ou na Super Bock Arena, porque sinto que a experiência será ainda mais poderosa. Não custa sonhar, certo?

As batidas e as letras incisivas ressoaram no Parque Central da Maia e encheu-me o coração olhar à minha volta e perceber que aquele recinto parecia transbordar. Ele merece-o e é a prova de que a cultura nacional tem nomes de máxima qualidade e de que há uma vontade e disponibilidade cada vez maiores para os acompanharmos. Se calhar, falo sem conhecimento de causa, mas creio que ficaríamos todos mais tempo a vê-lo em palco, a responder aos seus reptos e a cantar no mesmo compasso que ele - nem sempre fui capaz, porque não tenho alma de rapper, mas tentei dar o meu melhor.

Não houve Hennessy na mão às duas da manhã, mas, se o Dillaz diz Alô, nunca estamos ocupados. Que a vista para a ilha continue a ser uma maravilha, já sinto saudades!

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