ALENTEJO: UMA HISTÓRIA DE AMOR

Fotografia da minha autoria


«Vamos ficar?»


O meu Alent[ej]o. A minha identidade divide-se entre duas cidades, ou não fosse eu filha de uma mãe de Gaia e de um pai do Porto. Mas algures no meu crescimento, sem saber explicar como, devo ter herdado uma costela alentejana. E como há lugares que sentimos como casa, quero sempre regressar para os seus braços.

Esta história de amor começou como começam todas as que nos acrescentam: com investidas naturais, sem perder a essência e partilhando os seus segredos - e os seus recantos - devagar, para que este namoro se prolongue e nos revista com detalhes de absoluto encanto. A primeira vez que me perdi por esta região era, ainda, uma criança. E não tinha despertado a minha veia de exploradora e viajante. No entanto, houve algo naquelas planícies que me prendeu, conquistando-me de imediato. É a paz do silêncio. E até o céu me parece mais azul. E no peito aprendi a reservar um espaço vitalício para cada descoberta. Porque nenhum lugar é suficientemente nosso, mas existem pedaços que nos pertencem um pouco: pela ligação inexplicável. Pela identificação. Pelo sentimento que lhes destinamos. Acredito, de coração, que cada local tem a sua magia. Mas eu descobri aqui a bolha da qual não pretendo sair, porque levanto voo no seu caráter familiar.

Durante anos, foi o meu destino de férias. Calcorreei muitas ruas. Eternizei paisagens. Fascinei-me com monumentos, pontos turísticos e paragens mais resguardadas. Adaptei-me ao seu calor imenso - suportável com litros de água na bagagem. E senti-me sempre livre. A parte especial é que continuam a faltar-me percorrer inúmeras rotas, com a certeza de que a minha reação será apenas uma: render-me à mística. À beleza. À personalidade. Depois de um interregno, que nos afastou, regressei ao meu amado Alentejo. E aquele quadro que fui avistando ao encurtar a distância, confesso, deixou-me nervosa com o reencontro. Porém, sosseguei ao reconhecer cada traço. E, confirmo, esta região floresce. Eleva-se. E deslumbra - na história, na simplicidade e na hospitalidade de quem nos acolhe.

Alentejo é, sem dúvida, uma das minhas histórias de amor mais bonitas. Morri de saudades enquanto estive longe, mas mantive-o no pensamento. E, na chegada, percebi que me entreguei a esta fortaleza para sempre.

Comentários

  1. Não me importava de fazer umas férias no Alentejo.


    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  2. O Alentejo é incrível! :D

    www.amarcadamarta.pt

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  3. Como sempre um belo texto.
    Não sendo alentejana, tenho pessoas queridas que o são e isso também nos prende à terra
    Beijinhos

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    1. Muito obrigada, Magui!
      Sim, sem dúvida, faz toda a diferença, até porque olhamos para os locais com esse filtro mais emocional

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  4. Não me importava de passar lá uns dias, pois é bem bonito
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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  5. Nunca fui ao Alentejo, mas do que já pude ver, é muito bonito. A temperatura no verão é que não é muito compatível comigo. Beijinho

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    1. É lindíssimo mesmo! Pois, a temperatura é que pode prejudicar um pouquinho

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  6. Entreguei-me ao Alentejo há mais de 40 anos. Em 1976, quando comecei a namorar a minha alentejana, fiz do Alentejo a minha segunda terra. Agora é a primeira, pois a minha terra natal há muito que ficou esquecida e Lisboa não conta. lol
    Tenho pena que já tenham morrido quase todas as pessoas importantes e hoje as nossas visitas se limitem a visitas de passagem. Mas continuamos a reunir a mei caminho para as nossas almoçaradas. A maior parte das vezes nem nos encontramos com ninguém. "Abalamos" os dois, almoçamos nos sítios do costume e a seguir damos um passeio para matar saudades da planície e das aldeias brancas de cal.
    Gosto muito do Norte, sobretudo no verão, onde tudo continua verde. Mas o Alentejo é como um regresso às origens e ele está sempre bonito, o ano inteiro.
    P.S. eu nasci no Ribatejo, a poucos quilómetros da "fronteira" com o Alentejo. A minha terra é de montados de sobro, como no Alentejo...

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    1. Já tens quase um casamento com o Alentejo :)
      Esses programas são só espetaculares. E fazem tão bem à alma! Por acaso, era algo que gostava de fazer com mais frequência, em vez de restringir apenas a tempo de férias, mas não tem sido possível
      Confesso que não troco o meu Norte, mas a verdade é que o Alentejo transmite mesmo uma enorme sensação a casa. E sei que hei-de regressar sempre
      Então consegues matar um bocadinho das saudades pela familiaridade da paisagem :)

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  7. Uma bela declaração de amor 💚 ao Alentejo. Uma região de Portugal que não conheço, mas que um dia quero conhecer‼

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  8. Em 2015 fiz férias em Vila Nova de Milfontes e gostei muito. Agora quero muito ir á rua do José Luís Peixoto em Galveias.

    Beijinhos!

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    1. Adoro Vila Nova de Milfontes! E tenho pena de não ter passado por lá
      Que bela ideia :)

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  9. Percebo-te perfeitamente. Dizem que nós não devemos voltar ao sítio onde fomos felizes mas eu digo que isso é treta. Senti essa ligação com a cidade de Aveiro, mal cheguei, senti-me em casa.
    Alentejo ainda não estreei confesso :)

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    1. Consigo perceber o motivo que leva as pessoas a dizer isso, porque, no fundo, é uma maneira de resguardar a memória feliz que temos do sítio. No entanto, partilho da tua opinião. Adoro regressar onde fui feliz :)
      Adoro Aveiro! Isso é tão especial.
      Tens que te aventurar por lá, tenho a certeza que vais adorar

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  10. Fizeste-me querer conhecer melhor o Alentejo com as tuas palavras :)
    Sinto o mesmo quando conheço novos sítios que me deixam marcas, tão bom!
    Beijinhos

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    1. Não te vais arrepender de o fazer, minha querida, porque é um regalo para a vista e para o coração *-*

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  11. Nunca visitei o Alentejo, mas tenho imensa curiosidade e já ouvi maravilhas das paisagens, das terras, das pessoas. É, sem dúvida, um local a conhecer :)

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    1. Quando tiveres oportunidade, vai, minha linda! É uma experiência indescritível, porque tudo nos encanta *-*

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  12. É tão bom termos lugares assim na nossa vida e no nosso coração <3

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