ALMA LUSITANA ||
ERICEIRA: A SIBILA

Fotografia da minha autoria



Tema: Um livro que te transporta para uma 
zona do país que gostas ou queres [re]conhecer

Avisos de Conteúdo: Morte, luto


A vontade de conhecer Portugal de Norte a Sul transformou-se numa das minhas maiores missões, porque temos lugares encantadores, sempre à espera de nos receberem. Por isso, tendo em conta que sou tão feliz em cada novo regresso à Ericeira, senti que era o mote perfeito para o tema mensal do Alma Lusitana. E apanhei boleia até às redondezas de Amarante, que é palco da história do livro de Agustina Bessa-Luís.

«O seu tom possuía a nota irónica que nela testemunhava bom humor e generosidade»

A Sibila é um retrato do nosso Portugal rural. Mas também é um espelho de afetos crus, quase inexistentes, como se se descartassem de qualquer utilidade. E é no centro desta ausência afetiva que vamos conhecendo a família de Quina - a protagonista -, que é bastante complexa, dicotómica, humana. Além disso, é feito de inúmeras camadas e de uma energia feminina que comprova a importância e a força da mulher. Porque um dos aspetos mais interessantes de toda a obra é compreender como a personagem principal desconstrói a ditadura masculina, tornando-se figura de prestígio nas suas terras. Assim, atribuindo um papel de destaque à mulher, a autora desenha-lhes uma imagem, ao mesmo tempo que as torna num alvo: de inveja e de maldade.

«A gente tem que se defender sempre, e em toda a parte corre perigo»

Embora reconheça a pertinência das temáticas, confesso que não me relacionei como esperava - senti as páginas a passar, mas eu não passei por elas. Talvez por não apresentar uma estrutura familiar, na qual existe um problema, tentativas de resolução e um desfecho. Aqui, a caminhada é mais linear, monocórdica, transmitindo a sensação de vivermos o seu quotidiano. No entanto, de uma forma lenta, melancólica e onde as fatalidades se vão sucedendo, numa desigual luta por poder.

«Era uma fortaleza de prudência cuja torre de menagem era sempre a vaidade»

A Sibila é feita de silêncios, dramas familiares, ironia, amizades improváveis e alguma incompreensão. E exige-nos a predisposição certa para decifrarmos a sua essência. Mais tarde, hei-de revisitá-la, para procurar compreender melhor todas as suas entrelinhas que me falharam.

«Ela possuía a faculdade de não viver apenas limitada à sua geração»


Disponibilidade: Wook | Bertrand

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20 Comments

  1. Nunca li nada desta autora, mas reconheço o sucesso deste livro. Tenho que me aventurar a lê-lo.

    Beijinho grande, minha querida!

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    1. Foi a minha estreia na obra da autora e confesso que não me arrebatou

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  2. Admiro tanto a tua coragem por teres conseguido ler este livro que tantas dores de cabeça me deu nos exames nacionais do 12o ano ha mais de 20 anos atras... <3

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    1. Tem temáticas muito interessantes, mas a narrativa é tão lenta, que acaba por desmotivar, o que é uma pena :/

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  3. Bom dia:- Conheço relativamente bem a Ericeira. Acredito que o livro de que fala seja muito interessante de ler.
    .
    Abraço poético
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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    1. Tem aspetos interessantes, mas confesso que não me arrebatou

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  4. Uma grande escritora, este livro já estava na minha lista.
    Obrigada pela partilha.

    https://adizercoisas.blogs.sapo.pt/

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    1. Foi a minha estreia na obra da autora, mas acho que não selecionei o livro mais indicado. Tenho de o reler

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  5. Óptimo destino a Ericeira.
    A Sibila está na minha lista de leituras, mas vou deixando sempre para trás.

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    1. Sinto o mesmo *-*
      Confesso que fiz render bastante esta leitura, porque a narrativa é monocórdica

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  6. UM DOS LIVROS DA MINHA VIDA.

    Já fui muitíssimo feliz na ERICEIRA.

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  7. Suas postagens são ótimas, estou seguindo seu blog e curtindo bastante!! Parabéns!

    Meu Blog: Eduarda Lima

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  8. Uma boa sugestão, ainda não conhecia de todo esse livro, mas parece ter uma história bem bonita
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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    1. Tem apontamentos interessantes, mas não foi o melhor livro que li

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  9. Quero ter este livro, está na minha lista.
    Beijinhos
    Coisas de Feltro

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  10. É verdade! Não é um livro nada típico. Há ali uma densidade que é difícil de alcançar. Acho que é um livro exigente, porque exige ao leitor: predisposição, atenção e muita concentração.
    Eu demorei a conectar-me com o livro. Sentia tudo demasiado lento, sem um narrativa típica que me orientasse os sentidos. E depois, mais ou menos a meio, deu-se o clique e entrei finalmente na história. Não amei, mas gostei bastante. Deixou-me com vontade de explorar outras obras da escritora :).

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    1. Nunca chega a existir um impulso forte, que nos faça querer descobrir os acontecimentos de forma quase compulsiva. É tudo muito monocórdico e, quando senti que podia ter feito esse clique, a história já estava muito perto do fim. Ainda assim, tem temáticas muito interessantes e a própria estrutura narrativa, quando a compreendemos, também, mas, lá está, exige-nos uma predisposição maior. Hei-de relê-lo mais tarde.
      Apesar de tudo, também fiquei com essa vontade :)

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