CLUBE LEITURAS DESCOMPLICADAS ||
AUSTRÁLIA: PEQUENAS GRANDES MENTIRAS
Fotografia da minha autoria |
«Vamos viajar à volta do Mundo?»
Avisos de Conteúdo: Violação, Bullying,
Violência Doméstica, Homicídio, Linguagem Explícita
A viagem reservava outro bilhete de ida, uma vez que o livro selecionado para o Clube Leituras Descomplicadas foi Vivo ou Morto, de Michael Robotham. No entanto, tendo em conta que a Austrália é um dos meus destinos de sonho, quis embarcar nesta aventura à boleia de uma autora que já figurava na minha lista de desejos: Liane Moriarty. E foi assim que me rendi a uma das suas obra - com adaptação a série pela HBO.
A PREMISSA
Pequenas Grandes Mentiras decorre numa vila costeira de Pirriwee, que é caracterizada como um ótimo lugar para se viver. Cruzando a história de mulheres muito diferentes entre si, há um acidente que as unirá numa amizade inquebrável - e, talvez, improvável. Para tornar o enredo mais estimulante, multiplicam-se as versões acerca desse acontecimento, deixando o leitor com imensas questões e a descobrir confissões antagónicas.
«A raiz de todos os conflitos encontra-se sempre nos
sentimentos magoados de alguém, não lhe parece?»
UMA PACATEZ FALACIOSA
O suposto ambiente de festa que nos recebe esconde um universo muito mais sombrio, até porque ocorreu uma tragédia e isso é evidente desde o início. Não obstante, fui avançando na leitura com a sensação de existir um segredo maior, uma realidade ainda mais angustiante, embora vários aspetos não fossem explícitos.
«Talvez a mudança para ali fosse o início
de qualquer coisa, ou o final, o que ainda seria melhor»
Portanto, o que me inquietou foi o silêncio. Foi o que ficou por partilhar verbalmente, surgindo em pormenores subtis. Porque a aparente pacatez do local não se coaduna com os comportamentos dos intervenientes. Ademais, a verdadeira história, percebemos depois, acontece dentro de casa, onde as aparências já não podem iludir quem nos observa, na tentativa de não quebrarmos a fachada edificada para nossa proteção.
«Há uma diferença entre ter o coração partido e estar fragilizado»
É este tom algo dicotómico e misterioso, brilhantemente alternado por uma certa leveza e traços cómicos, que nos arrebata e que nos envolve no real impacto das situações - muitas vezes, sem percebermos bem como atingimos aquele ponto da ação, porque a ânsia de desvendarmos as motivações intrínsecas é muito maior.
QUEM CONTA UM CONTO
A autora fez um trabalho excelente a estruturar a narrativa. Porque construiu um leque de protagonistas fascinantes, cujas personalidades têm tanto de complexo e intrigante, como de frágil. E, sobretudo, porque conseguiu humanizá-las, ao ponto de nos identificarmos. Aquele contexto é completamente diferente da minha realidade, porém, senti-me parte do quotidiano descrito, quase como se todos os dramas me pertencessem.
«Os pais tendem a julgar-se uns aos outros. Não sei porquê.
Talvez porque nenhum de nós saiba realmente o que anda a fazer»
Em simultâneo, foi impressionante acompanhar a agilidade com que se criavam teorias e juízos de valor, dando voz a múltiplas versões dos mesmos factos. O que nos faz refletir sobre o caráter do ser humano e sobre as alianças potenciadas em benefício próprio. Recorrendo a analepses, mas resgatando-nos sempre para o tempo presente, esta história é sobre pessoas. E sobre quem somos, quando estamos numa comunidade.
UM RETRATO DE ASSUNTOS DELICADOS
Esta obra confronta-nos com temas delicados e urgentes: bullying, relações familiares negligentes e conturbadas, violência doméstica, preconceito, pressão escolar e falta de diversidade. Mostra-nos a necessidade de recomeçar e de deixar de perseguir o passado. E explora o caminho que poderia ser traçado por qualquer um de nós. Por isso é que este enredo tem tantas reviravoltas surpreendentes, mas credíveis.
«Gostamos de achar que somos tremendamente diversificados,
mas a única coisa que varia são as contas bancárias»
Pequenas Grandes Mentiras divide-se por vidas aparentemente perfeitas, com os segredos a serem desvendados no momento certo, numa tensão ténue, mas persistente: para desconstruir estereótipos e para nos levar a reconhecer as mentiras que contamos aos outros e, pior, a nós, na tentativa de não sucumbirmos - aos medos, à imagem que construíram sobre nós e, quem sabe, ao término daquilo que julgávamos eterno.
|| Disponibilidade ||
14 Comments
Que bom começar a semana a falar de livros. Não conhecia a autora nem o livro, fiquei curiosa. Vou levar a sugestão.
ResponderEliminarBeijinho grande, minha querida! Boa semana!
Fica-se logo com outro ânimo :) foi a minha estreia com a obra da autora e mal posso esperar para ler mais
EliminarConcordo com a Ana, nada melhor que começar a semana a falar de livros.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
É maravilhoso *-*
EliminarObrigada e igualmente!
Existe quem diga que é melhor uma mentirinha piedosa que uma verdade cruel. Será verdade?
ResponderEliminarImagino ser um livro - o aqui exposto - muito bom de ler..
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Uma semana feliz … Saudações poéticas
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
Confesso que é uma questão que me deixa sempre no limbo. Porque a verdade é que uma mentira será sempre uma mentira e isso interfere com a confiança.
EliminarÉ fantástico!
Boa sugestão de leitura, beijinhos
ResponderEliminarDea
Aconselho imenso *-*
EliminarQue te posso dizer que não conhecia de todo esse livro, mas parece ter uma história bem bonita
ResponderEliminarBeijinhos
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Tem Post Novos Diariamente
Vale muito a pena!
EliminarParece um livro bastante interessante e que aborda temas muito importantes
ResponderEliminarMuito! E equilibra muito bem os temas mais delicados com o tom cómico
EliminarDesconhecia por completo. Beijinho
ResponderEliminarAconselho :)
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