MANUSCRITO EM CONSTRUÇÃO ◾
OS MEDOS E CONTRAPONTOS
Fotografia da minha autoria |
«Não tenha medo de falhar, tenho medo de não tentar»
Os pensamentos voam soltos, numa ânsia urgente de alcançar algum lugar que desconheço, mas a caneta nem sempre acompanha o seu ritmo intenso, frenético. Em surdina, vais-se manifestando a vontade de preencher os vários vazios de uma folha em branco, com todas as palavras que me saem da pele para o papel.
Escrever está-me no sangue, na alma e no dialeto que, por vezes, mantenho reservado dos demais. E a verdade é que me sinto muito mais feliz quando abro o caderno e deixo que a minha mão deambule livre, reproduzindo os fragmentos que idealizo mentalmente. Portanto, privilegio sempre uma rotina que me conceda espaço para usufruir desta arte que é o meu caos predileto; esta arte que rasuro, que abandono quando o texto não me serve os sonhos ou que coloco nas minhas gavetas, mantendo-a perto e disponível para ser revista.
Expor as minhas narrativas numa plataforma acabou por ser um pequeno salto de fé, porque, no fundo, estaria a abrir o meu coração - ainda que o público fosse reduzido. No entanto, sendo esta paixão tão forte, fez-me sentido diminuir os receios e avançar. Mas não deixa de ser curioso como, no que diz respeito à concretização do meu desejo mais antigo, a perspetiva mude, quase como se me habitassem personalidades antagónicas.
O meu manuscrito em construção evolui, aproxima-se do final e de tudo o que ambicionei [mesmo quando o caminho permanecia turvo]. Mas quais serão, então, os medos que me impedem de dar o passo seguinte?
MEDO 1: A REJEIÇÃO
A possibilidade de alguém não apreciar o que escrevo nunca me demoveu, confesso. Dentro de todos os cenários, acho que sempre lidei bem com essa possibilidade. No entanto... e se ninguém quiser publicar o meu livro? E se, afinal, não tiver assim tanta qualidade? E se estiver iludida em relação ao meu talento? Adorar escrever é ótimo e uma grande parte desta equação, mas não é suficiente para que este futuro seja exequível.
Contraponto: A rejeição faz parte do processo. Ademais, será o meu primeiro livro, não será perfeito e esse é o segredo. Porque terei outras ferramentas. Impedir-me de arriscar porque os «nãos» ou as ausências de resposta podem manifestar-se é limitar-me. Aliás, é ir de encontro a um pensamento que não tenho pudor em partilhar: escrever é o que faço de melhor. Portanto, lidar com rejeições não tem de ser o fim desta viagem.
MEDO 2: NINGUÉM COMPRAR O LIVRO
Imaginando que ultrapasso o primeiro medo e o manuscrito é publicado, preocupa-me que não chegue aos outros, que não seja apelativo o suficiente para que queiram abraçar um novo nome e ter um exemplar.
Contraponto: E se chegar? Aprender a questionar os dois lados da balança equilibra-me, até porque, assim, vou diminuindo o impacto destes receios paralisantes. Além disso, há outra questão que não deixo passar: eu vou querer publicar só para ter alguém que compre o livro [e, no fundo, para ganhar dinheiro com algo que me completa] ou vou querer publicar porque este amor pelas letras é tão maior? Ninguém quer lançar um livro e ter prejuízo ou sentir que não teve reconhecimento, mas também é crucial não perdermos o nosso propósito.
MEDO 3: NÃO SABER QUE RUMO SEGUIR
Sempre quis ser escritora, mas quanto mais me torno consciente de mim, mais procuro estar em sintonia com a obra que pretendo criar. Durante este processo criativo, tive medo de me afundar nas escolhas e de não ter espírito crítico suficiente para saber o que se mantém e o que é para descartar. Porque, por vezes, a vontade de mostrar trabalho é tanta, que acabamos por priorizar uma miscelânea sem sentido. E eu não quero isso.
Contraponto: Respeitar o nosso ritmo e não ter medo de demorar são aspetos fundamentais. Em primeiro lugar, devemos descobrir-nos enquanto potenciais autores, o resto virá por acréscimo. Colocar toda esta pressão nunca será benéfico e a verdade é que este caminho não tem de ser solitário, há quem nos auxilie.
MEDO 4: NÃO SER RELEVANTE, NEM ORIGINAL
Há perguntas que me vou colocando em surdina: quem és tu para querer publicar um livro? O que trarás de novo? Achas mesmo que trarás algum tema, um conceito que já não tenha sido explorado antes?
Contraponto: Quando começo a entrar nesta espiral, obrigo-me a parar e pergunto-me o que tenho a menos que os outros para não poder publicar um livro. Sendo o meu sonho, não faz sentido ignorá-lo, impedi-lo de crescer, porque ter um manuscrito meu é válido. Quanto à originalidade, há sempre maneiras distintas de explorar um mesmo assunto. Desde que se faça com honestidade e seriedade, tudo o resto é secundário.
MEDO 5: O LANÇAMENTO DO LIVRO
Falar em público causa-me ansiedade e deixa-me desconfortável, porque sempre detestei ser o centro das atenções. Escrever entusiasma-me de uma forma visceral, ser verbal sobre isso nem tanto. O que diria?
Contraponto: Um passo de cada vez. Primeiro, tenho de estruturar o meu livro, finalizá-lo e enviá-lo para editoras. Depois, penso neste contexto. E, além disso, se lá chegar, não ficarei presa àquele momento.
Este caminho transborda de avanços e recuos. Assim, para cada um dos meus medos tentarei ter sempre um contraponto, para que, mais tarde, não me desiluda por ter preferido desistir do que sair da minha bolha.
24 Comments
Revejo-me nas tuas dúvidas, já passei por isso quando publiquei o primeiro livro. Mas a paixão por contar histórias falou mais alto. Estarei aqui pronta para ler. ❤️
ResponderEliminarBeijinho, grande!
E ainda bem que falou, minha querida ❤
EliminarMuito, muito obrigada!
Estarei aí no lançamento do livro.
ResponderEliminarForça.
Bjs
Não vos mereço! Muito obrigada, Magui 😍
EliminarJa escrevi no meu Cantinho que "é nos nossos medos que encontramos a nossa coragem" Acredita que vais ter aqui uma compradora *.*
ResponderEliminarBem observado, minha querida! Awww, obrigada ❤
EliminarExpor os nossos medos é tambem um acto de coragem e de humildade <3 Estas no bom caminho, minha querida <3 Tambem nao gosto nada de falar em publico e de ser o centro das atencoes mas consegui superar isso nos empregos que tive. Faz-nos acreditar em nos mesmas <3
EliminarAcredito muito nisso. E acredito que também é uma maneira de, por vezes, conseguirmos desbloquear e dar o salto. Falar sobre as coisas ajuda-nos a pensar com outra clareza
EliminarQue o livro saia e que tenha - vai ter - o maior sucesso.
ResponderEliminar.
Cumprimentos poéticos
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Muito obrigada, Ricardo!
EliminarTambém tenho pavor de falar em público! Como se diz quem não arrisca não...
ResponderEliminarForça nisso e boa sorte! Só os irresponsáveis é que não têm medo!
xoxo
marisasclosetblog.com
Não petisca e é bem verdade!
EliminarMuito obrigada pela força, Marisa 😍
São medos normais, mas de certeza que vai tudo correr bem...
ResponderEliminarBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Obrigada, Teresa!
EliminarTodas as dúvidas e medos fazem parte do processo de ctescimento. Já és uma escritora pelo menos aqui no blog.
ResponderEliminarSo te posso desejar todo o sucesso do mundo.
É verdade, fazem mesmo!
EliminarOwww, obrigada, de coração 😍
Que é mesmo verdade, que sim, são sempre algo que acabamos por ter na nossa vida, mas como sempre digo porque não arriscar, pode ser que corra melhor que o esperavas
ResponderEliminarBeijinhos
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Sim, sem dúvida. O não é garantido, mas também podem existir outras respostas.
EliminarVindo de ti, esses medos são sem sentido, minha querida. Acredito em ti, nas tuas capacidades e estou ansiosa pelo meu exemplar autografado! ❤️
ResponderEliminarPara quem está de fora, acredito que a perceção seja essa, mas estes receios implicam sempre uma luta diária.
EliminarMuito obrigada!
É normal que todos esses medos existam, mas eu cá acho que vais ser tão bem sucedida! YOU GO, GIRL <3
ResponderEliminarMuito, muito obrigada <3
EliminarSão todos válidos e, se já consegues contrapor algo para cada um, estás no bom caminho! É um passo de cada vez e cada medo se resolve... embora nem sempre por completo.
ResponderEliminarA Sofia World
É um processo. Sim, é isso, vamos passo a passo :)
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